Ao chegar em Santa Teresa, João Lucas sentia que seu coração ia sair pela boca, era um misto de alegria com medo do que ia acontecer, não sabia ao certo o que ia dizer, como ia agir diante dela, tudo que ele queria era tê-la de volta, não sabendo no entanto se ela ainda o queria.
Ao descerem do carro, Cristina o levou até a casa de Xana, que logo abriu a porta para eles. João Lucas sentia vontade de sair gritando e correndo atrás dela porém se controlou e esperou Xana os guiar até o quarto onde ela estava.
Assim que abriu a porta sentiu uma grande emoção ao vê-la deitada de lado com a mão em sua barriga que já estava aparecendo. Foi tirado de seus pensamentos quando Xana e Cristina o avisaram que estariam na sala caso ele precisasse de alguma coisa.
Ele não sabia o que fazer, por isso ficou um bom tempo ali só a observando, e quando finalmente criou coragem caminhou até, se agachou perto dela com lágrimas nos olhos pois estava tão feliz por vê-la outra vez, sentia um amor tão grande dentro do peito, lentamente ele colocou sua mão em seu rosto fazendo um leve carinho que a fez despertar assim que o viu.
– O que você estava fazendo aqui? perguntou, já se levantando exaltada. Como você me encontrou?
– A Cristina me falou que você estava aqui. disse, por fim, calmamente pois não queria que ela se alterasse pois sabia dos risco que ela tinha na gravidez, respirou fundo enquanto ela o encarava ainda um pouco assustada e disse: Porque você foi embora daquela forma? Porque você me deixou? ele dizia já deixando a suas lágrimas rolarem. - Eu senti tanto a sua falta, você não imagina o quanto, não teve um dia desde que você foi embora que eu não senti sua falta e do nosso filho, que agora eu sei que são dois, um dia que eu não chorei por vocês, porque Du? Por que?
– Porque eu sabia que você não me amava, sabia que não queria os nossos filhos, eu me sentia uma inútil naquela casa. dizia ela, tentando se manter firme, pois por dentro tinha vontade de pular nos braços dele. Eu não sabia o que fazer Lucas, então decidi ir embora e deixar você, sabia que se eu te contasse você não me deixaria ir, afinal apesar de tudo nós sempre fomos amigos. ela disse se permitindo dar um sorriso a ele.
João Lucas respirou fundo e disse:
– Não somos, não, nós não somos amigos. Nem nunca fomos. Nós apenas tentamos manter esses segredos à luz. - disse, colocando tudo o que sentia em seu coração pra fora, e citando uma música da qual ele sabia que ela gostava.
João Lucas não se permitiu perder aquela oportunidade de se declarar para ela, que podia ser a única. Lá, no fundo de seus devaneios, ele sabia que podia a perder para sempre. Não era fácil, e ele sempre soube que não seria, só que ele precisava tê-la de novo. Por Deus, necessitava dela como um ser humano precisava de oxigênio, e só percebeu quando sentiu tê-la perdido.
João Lucas respirou fundo e continuou:
– Então eu poderia tomar o caminho de volta. Mas seus olhos vão me levar de volta pra casa. E se você me conhece, como eu te conheço. Você deve me amar, você deve saber. Amigos apenas dormem em camas separadas. E os amigos não me tratam como você trata. Bem, eu sei que há um limite para tudo. Mas meus amigos não me amam como você. Não, meus amigos não me amam como você. Nós não somos amigos. Nós poderíamos ser qualquer coisa, se nós tentarmos. Para manter esses segredos seguros. Ninguém vai descobrir. Se tudo deu errado. Eles nunca saberão. O que nós passamos. Mas meus amigos não me amam como você. Não, meus amigos não vão me amar como você. Oh, meus amigos nunca vão me amar como você.
Du estava com muitas lágrimas em seus olhos pois conhecia muito bem aquela música, era a música que eles sempre ouviam juntos.
– Lucas essa mú... ela dizia mais foi interrompida por ele:
– Não fala nada, só termina de me escutar por favor. Du eu sei que fui um burro de não dizer o quanto eu te amava antes, sei que eu fiz muita coisa que te magoou, eu devia ter cuidado mais de vocês e deles. ele falava enquanto coloca sua mão sobre barriga dela. - Eu fui um burro e deixei você ir embora pra perceber tudo isso. E quando você foi embora eu senti uma dor tão grande, que doía meu coração, eu deixei de viver, porque se eu não tenho você eu não tenho nada. Volta pra mim, volta pra minha casa com os nossos lekinhos aqui, volta pra minha vida, por favor não me deixa mais uma vez, eu preciso de você mais que tudo nesse mundo, eu quero muito cuidar de você e dos nossos filhos. Volta pra mim por favor? Eu te amo... - e até lágrimas ele deixou cair.
Era daquele jeito que os dois se encontravam: ele debruçado sobre aquela cama, naquele quartinho de pensão, acariciando a pouca barriga que agora começava a aparecer e a maçã esquerda do rosto de Eduarda. Os olhares conectados.
– Lucas eu não sei nem o que dizer, você me fez sofrer muito, demais... Mas apesar de tudo eu também te amo muito, e eu te conheço muito bem pra saber que você está sendo sincero. E também os nossos filhos precisam de você, e eu também preciso. Por isso, sim, eu volto pra você.
Ao ouvir isso Lucas não pode mais se controlar e a puxou para um beijo, um beijo com um misto de saudade e muito amor. Eles ficariam ali para sempre naquele beijo, não precisavam mais de nada além de um do outro.