~ponto de vista do Freddy~

— Puta merda – Chica exclamou do outro lado do telefone, era por volta de duas horas da madrugada, mas nunca é tarde para uma chamada de voz, não concordam? –E o seu pai? Ele sabe que você está indo para casa dele?

— Ele que deu a idéia, e a mãe disse que eu não seria falta de educação recusar –Suspirei e olhei para as minhas malas no fundo do meu quarto, eu ia sair da cidade por volta das oito da manhã, então eu precisava estar com tudo arrumado e bem descansando para acordar cedo amanhã. Eu ainda estava meio incrédulo pela minha mãe ter aceitado esse convite estúpido do meu pai, principalmente depois de tudo o que ele fez á nós – Sinceramente, Chica, eu estou bem nervoso com essa idéia, tipo, eu irei para uma cidade desconhecida e passarei um mês na casa de dois desconhecidos. Eu não vejo o Golden desde quando tínhamos dez anos, o quão grande ele deve ter ficado? E se ele me estranhar? Ele ainda será o garoto com que eu brincava de fazer bolinhos de lama e que chorava quando alguém brigava com ele, ou se tornará alguém totalmente diferente? E o que mais me preucupa nisso é o meu pai: Será que ele realmente deixou de ser um alcoólatra?

—Só Deus sabe – Chica respondeu. Ela era assim: Curta e grossa – Você está se preocupando demais, relaxa, vai ser só um mês, vai dar tudo certo.

— E se não der? Eu to sentindo que algo vau dar errado, meu sensor de azar está apitando!

—Sensor de azar? Você é o que? O Homem-Aranha com super pessimismo? – Ela riu, isso fez com um pequeno sorriso se abrisse em meus lábios. Era bom conversar com ela, me fazia esquecer um pouco essa história de ir visitar meu pai. – Eu preciso ir dormir. Até mais, Freddy, e me ligue quando chegar na casa do seu pai

—Boa noite, eu ligarei. Até mais. –respondi

— E tente ficar calmo

— Eu estou calmo – Falei, mesmo a minha mente gritando: " Eu não consigo consigo me acalmar!".

Ela encerrou a chamada. Eu não tinha vontade de dormir, então fiquei encarando o teto até que o cansaço finalmente me venceu.

~Algumas horas depois~

Eu estava sentado no banco de trás do carro da minha mãe, e ao meu lado, havia duas malas cheias de pertences pessoais. Eu mexia, impacientemente, no meu celular , tentando encontrar uma forma de me distrair com joguinhos aleatórios.

— Está animado, Freddy? – Minha mãe disse, no banco do motorista

—Sim, estou super animado –Respondi com um tom irônico na voz – Eu tenho mesmo que passar as férias com o Mike?

Ouvi a minha mãe suspirar, como se minha resposta não tivesse agradado ela

— Olha, filho, sei que se sente assustado com este encontro, mas ele ainda é o seu pai, e ele mudou bastante – Seu tom de voz era baixo, mas, de certa forma, tranquilizador – Golden me disse que, desde a nossa separação, ele não toca em uma garrafa de cerveja. Por favor, tente se dar bem com ele

—Então por que ele não ligou antes? Se ele realmente mudou, deveria ter ligado antes, bem antes! – deixei meu telefone de lado, senti meu olhos arderem – Ele afastou o Golden da gente, e ele abandonou a senhora quando mais precisava dele – Minha voz ficou embargada, meus olhos ficaram marejados – Eu jamais esquecerei disso, e nunca o perdoarei. – Enxuguei, discretamente, as lágrimas que se acumularam em meus olhos.

— Que tal fazermos o seguinte: Passe uma semana com ele, para ver se ele realmente mudou alguma coisa – Disse ela, enquanto virou para me encarar e ignorou o fato de estarmos em uma avenida movimentada – Mas se ele mostrar que não mudou nada neste últimos anos que se passaram, me ligue que eu venho te buscar, Ok?

— Por mim, tudo bem – Eu coloquei o sinto de segurança enquanto falava – Agora olhe para frente antes que um caminhão nos acerte!!

Ela sorriu e voltou a olhar para frente, dirigindo como uma pessoa normal.

Meu pai morava perto do litoral da cidade, o que é o mesmo que morar próximo a uma praia! E eu odeio praias! Não me levem a mal, leitores, é que eu não sou um grande fã de voltar pra casa com areia em lugares estranhos, e, pra falar a verdade, eu até iria se fosse só esse o problema, mas o meu corpo também não me ajuda muito: Ele está longe de ser bonito, e sou magro demais, qualquer pessoa que olhe para mim deve pensar: "Coitadinho, deve passar fome!", então se for para eu ir em um lugar que eu teria que tirar qualquer vestimentas minha, prefiro não ir. Demorou trinta minutos para chegarmos a casa do Mike, o que totalizou cinco horas e trinta minutos de viagem extremamente chata, e falando na casa, está na hora de descreve-la: Ela era de alvenaria e de dois andares, sua cor era azul, a casa até que era bem grande, havia também um muro com um portão de ferro que cercava a casa. Assim que o carro parou, olhei para fora pela janela do carro e vi Golden e Mike me esperavam na frente da casa,

— Até mais, mãe – Falei, abrindo a porta do passageiro e pegando minhas malas

— Até, meu filho – Dei uma última olhada para ela e vi o seu rosto cheio de preocupações –Qualquer coisa, me ligue.

— Vai dar tudo certo. – Disse, tentando não preocupa-lá – eu acho. – Sussurrei para mim mesmo.

Assim que sai do carro, ouvi os pneus do mesmo cantarem contra o asfalto, aparentemente ela não estava muito afim de ver o pai. Eu vi Golden saindo de perto do meu pai e vir correndo para abrir o portão pra mim

— Freddy! – Ele abriu o portão e me pegou em um abraço apertado – Que saudades eu tava de você, meu irmão! – Sua voz estava cheia de animação

— Oi, Golden – Retribui, timidamente, o abraço. Não sou um grande fã de contatos físicos, mas, mesmo que eu tenha passado cinco longe do meu irmão, sinto que ele era uma pessoa confiável.

Golden era meu irmão gêmeo, um minuto mais novo que eu, mas era totalmente diferente de mim: Sua altura é de cerca de 1,65; Seu corpo parecia ser bem definido para a nossa idade; seus cabelos eram loiros, o que gerou o apelido "Golden Freddy", mas tarde apenas sendo chamado como Golden. Olhar para ele era como olhar para uma versão melhorada de mim mesmo, o que me fez sentir uma certa inveja. Assim que nos soltamos do abraço, percebi que o Mike, meu pai, estava encostado no portão, nos orbservando.

— Olá, Frederick. – Mike disse, aproximando-se de mim com os braços abertos, como se esperasse um abraço também.

Tudo o que eu fiz foi o olhar com um semblante de "é sério isso?"

— Olá, Mike. – Não me aproximei dele, ele não merece um abraço.

— Hã... – Golden disse, provavelmente sentindo a tensão que havia se formado rapidamente – Que tal entrarmos? Aposto que o Freddy está casando da viagem.

— Deixa eu o ajudar com as malas – Disse Mike, tentando tirar a minha mão esquedar da alça de uma das malas

— Não precisa– falei, dando um tapinha na mão dele com minha mão direita. Ouvi Golden sussurrar alguma coisa, mas decidi ignorar, e passei pelo portão de metal, indo em direção a porta daquela casa.

Agora, irei fazer um breve resumo da casa para vocês: Havia uma cozinha imensa com vários armários, um porão cheio de tralhas velhas, Um quintal relativamente grande, dois banheiros na parte inferior da casa, e mais dois no segundo andar, e falando no segundo andar, era lá onde ficavam quatros quartos. Aliás, no momento, Golden e eu estávamos no meu, eu arrumava as minhas coisas enquanto conversávamos sobre os mais diversos assuntos

— E como vão as coisas na sua escola? Fez novos amigos? – Golden disse

— Ah, vão até que bem. Não sou o melhor aluno, mas sempre tento melhorar, e sobre amigos: uma você já conhece, a Chica, mas fiz mais dois amigos, agora tenho o total de três amigos, são poucos, mas são de confiança, e você?

— Eu fiz apenas um amigo este ano, o nome dele é Springbonnie Tirando isso, não aconteceu nada de mais – Ele deu um sorriso amarelo – Enfim, vou ver se o pai precisa de algo, qualquer coisa, pode me chamar, a senha do wi-fi é: TB1987

Assenti com a cabeça e Golden saiu do meu quarto.Terminei de arrumar minhas coisas, peguei meu celular, era por volta das quatros horas da tarde, coloquei a senha do wi-fi, e assim que fiz isso, várias notificações de mensagens, e todas de um único indivíduo: Foxy. Ele deveria querer algo muito importante comigo para mandar várias mensagens, então decidi ligar pra ele

— Capitão Foxy na linha! – Ele disse assim que atendeu. Foxy tinha a estranha mania de fingir que era um pirata – Parece que um marujo me ignorou o dia inteiro, por acaso deseja andar na prancha?

— Oi Foxy, queria falar comigo?

— Fui na tua casa hoje de manhã pra de convidar pra ir no cinema com o pessoal amanhã, o Bonnie até disse que ia pagar o teu ingresso, o Bonnie! Achei que ele não ia com a tua cara por causa da Chica, mas parece que não! Ei, acabei pensar numa parada: e se, mas é só um e se..., o Bonnie realmente está afim da Chica e esta se aproximando de você, o melhor amigo dela, apenas para usá-lo para ganhar a confiança dela e se aproximar ainda mais dela? Não seria louco? Mas e se... – Foxy continuou tagarelando diversos "e ses..." que me deixavam extremamente desconfortável – Do que estávamos falando mesmo? Ah é: Eu fui na tua casa, não tinha ninguém lá. Cê tá aonde?

— A Chica não contou pra vocês?

— Não falei com ela ainda, com certeza ela deve estar dormindo – Conhecendo a Chica, era bem provável mesmo.

— Bem, eu estou na casa do meu pai, vou passar as férias com ele e com meu irmão – Disse eu

— Ah tá, isso explica tudo – Ele falou – Espera, Você tem pai!? – Ele gritou, subitamente – E um irmão!?

— Obviamente eu tenho pai, se não tivesse, eu não estaria vivo agora, e sim, tenho um irmão. Irmão gêmeo, aliás.

— Como eu nunca soube disso? – Foxy disse, ele estava perplexo – Eu estou perplexo! O que cê vai fazer ai na casa dele? Arranjar uma namorada? Derrotar um ser místico que está espreitando a cidade desde a sua fundação? Traficar galinhas angolanas?

— Sem spoiler, filho da puta, e você ainda não é importante para a história, quando você tiver relevância novamente, te contarei os detalhes. – Encerrei a ligação e me deitei na cama. Ainda era bem cedo, mas como eu estava entediado e sem nada para fazer, resolvi dormir um pouco.

Me acordei com um barulho de algo explodindo, por causa do susto, cai da cama e acabei fazendo outro barulho

— puta merda – sussurrei pra mim mesmo

Me levantei e sai do meu quarto, quando estava descendo a escada, senti um cheiro de queimado vindo da cozinha, apressei meus passos e entrei na cozinha, e a situação era mais caótica que eu imaginava: Havia uma gororoba de cor meio esverdeada por todo o chão, Golden batia com uma vassoura em um pano que estava pegando fogo no chão, e meu meu pai jogava no lixo uma substância pastosa de cor negra

— Cacete, aconteceu uma guerra aqui e eu não fui chamado?

— Ah, oi Frederick – Mike disse, encarando-me e dando um sorriso forçado – O que aconteceu foi só uma tentativa falha de fazer lasanha

— Uma tentativa? Eu contei vinte e três! – Golden falou assim que apagou o fogo – E o pior de tudo: Ficamos sem ingredientes!

—Eu tenho uma pergunta: alguma vez vocês já fizeram uma lasanha? – perguntei, Golden e o pai se olharam

— Olha... – Mike começou a falar

— Nunca tocamos no fogão – Golden cortou ele – Ele está alí só de enfeite

Dei um tapa na minha própria cara, eles só podiam estar de brincadeira

— Ei, Mike_ falei, olhando para ele – tens algum trocado pra comprar mais ingredientes?

— Isso serve?_ Mike colocou a mão no bolso e tirou a carteira, a abriu e retirou uma nota de cem reais

— Serve – me aproximei e peguei o dinheiro da mão dele – Golden, você vem comigo, preciso de alguém pra me mostrar o mercadinho mais próximo, e você, Mike – apontei em sua direção – trate de arrumar esta cozinha

— Ei, era eu quem devia ditar as regras por aqui – Mike disse – Frederick, você e o Tyson irão comprar novos ingredientes para a lasanha, enquanto eu irei arrumar essa bagunça.

Golden e eu nos dirigimos até a porta da frente

— Ok, são cinco e meia da tarde, o mercadinho mais próximo fecha as seis – Golden falou, olhando para um relógio que havia aparecido magicamente em seu pulso – Será que dá tempo?

— Vamos ver no próximo capítulo – Respondi, indiferente.

Continua...