Four and Four - Steps of Tomorrow

Capítulo 16 - Lágrimas Negras


No capítulo anterior...

– Aquela ruivinha lá, a que tava falando um monte de besteira antes da gente se apresentar... Bom. Ela disse que não haveria mais desafios nessa semana. Apenas uma festa hoje à noite.

...

– Olá campistas! Estão gostando da festa?

– Hoje não será dia apenas de alegrias... Teremos mais um desafio e mais uma eliminação!

– Mas essa festa não era uma folga nos desafios?

– Temos que admitir que ninguém estava, realmente, acreditando nessa história...

...

– Mas acho que alguns grupos estão escondendo algo... – ela falou com um sorriso sapeca brincando em seus lábios. – 4 grupos entre vocês têm ajuda especial. – Não é, assistentes? – ela falou com o sorriso se expandindo. – Vocês não vão escapar queridos. – a ruiva continuou. – Vocês farão parte dos grupos... – houve um silêncio que pareceu ser calculado. – Grupo 1. Vocês têm 5 minutos!

...

Não fomos mal, mas tem o fato dos assistentes...

Será que foi tudo armação para nos eliminar?

– O grupo eliminado é o grupo...

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(especial)

Pov Magali

– Grupo...

A ruiva fez um suspense...

– 6!

Começamos a gritar e comemorar aliviados.

– O que vocês acham disso garotas? – gritou Jack para nossas assistentes, levantando os braços.

Nosso sorriso desapareceu quando vimos a forma em que elas se encontravam. Estavam paralisadas! Não só elas, mas os meninos do Grupo 1 também...

– O que houve? – perguntei chegando perto deles.

– Não pode ser... – murmurou Anna.

– Não pode ser o que? – perguntou Merida confusa.

– Não... – sussurrou Manu abaixando a cabeça.

– Não! – exclamou Bia caindo de joelhos no chão.

– Porque todo esse drama? – indagou Soluço. – Não fomos eliminados!

– Você não tá entendendo! – gritou Alice.

– Eu entenderia se vocês me explicassem!

– É uma conspiração! – exclamou Bia chamando nossa atenção.

Ficamos a encarando em silêncio.

– Como assim... Uma conspiração? – perguntou Violetta quebrando o silêncio.

– Vamos sair daqui... – sussurrou Kaique me puxando pelo braço, enquanto os outros assistentes puxavam outros e o resto acompanhava.

As portas haviam sido abertas e saímos do salão. Andamos em uma direção do acampamento que eu não conhecia.

– Pra onde a gente está indo? – questionei olhando ao redor.

– Para a fogueira. – respondeu Taylor.

Andamos mais um pouco e vi um cone quase da minha altura, envolvido em um plástico, surgir no horizonte.

Chegamos ao cone e havia vários bancos de madeira ao redor. Nos sentamos e Leo tirou de seu bolso um isqueiro e ascendeu a fogueira.

As labaredas quentes que variavam em vários tons de vermelho, ou suas cores derivadas, começaram a se expandir e tomar conta da lenha.

Ficamos um bom tempo em silêncio, sem falar nada. Literalmente, apenas os grilos apresentavam sinal de vida naquele lugar!

“Cri, cri... Cri, cri... Cri, cri...”

– Então... – chamou Wil quebrando o silêncio. – Agora vocês podem nos explicar essa história de conspiração?

Todos os assistentes olharam pra nós. O grupo 1 e o grupo 3. Todos mutuados, curiosos, confusos... Todos à espera de uma resposta!

– A história é a seguinte... – começou Kaique e depois...

Depois mais silencio!!!!!!

– Está tudo bem? – questionou Anna, a ruiva, não nossa assistente!

– Sim. – falaram os assistentes.

– NÃO! – contrariou Bia.

O resto dos assistentes a encarou com uma cara de: “Porque você falou isso?!”.

– Eu não vou mentir pra eles!

– Então deixa isso comigo. – respondeu Lili, então se virou para nós e respondeu. – Estamos bem!

– Para com isso! – exclamou Bia.

– Não existe nada de errado! – exclamou Kaique.

– Não vou mentir pra eles! – a loira gritou exaltada. – Vocês também não deviam... E não finjam que não sabem, que não viram, tudo o que já aconteceu! Vocês sabem perfeitamente bem que todos os grupos saíram ilesos daquele labirinto, menos os que tinham assistentes! Vocês sabem que o grupo que foi eliminado naquele dia tinha assistentes! – ela começou a tremer nervosa.

– Bia... – chamou Leo fazendo menção de ajuda-la, porém ela se afastou e continuou a gritar:

– Eles dormiram durante dois dias! – ela apontou para nós e lágrimas começaram a escorrer do seu rosto. – Se não estivéssemos aqui eles não teriam dormido durante tanto tempo!

– Mas teriam dormido de qualquer jeito. – afirmou Taylor.

– Você quer morrer? – ouvi Once perguntar.

– Eles não teriam sido atacados por aqueles loucos!

– Isso não faria diferença. Aquele grupo não sabia de nada até hoje! – explicou Punzie.

– Na verdade... – se manifestou Bryan. – Acho que eles sabiam sim. Não ficaram nem um pouco surpresos com o anúncio, na verdade estavam até... Satisfeitos!

– Você não tinha falado nada até agora e quando abre a boca é pra falar besteira! – gritou Merida quase voando em cima dele.

– Não devíamos estar aqui! – gritou Bia.

– Você e todos nós, não queríamos estar nesse lugar! – falou Alice se referindo aos assistentes presentes. – Mas fomos obrigados a vir!

– Obrigados? – questionou Marvis.

– Nossos pais nos obrigaram a vir... – explicou Leo em tom de decepção.

– Em 2 semanas todos nós já podemos estar eliminados! – a loira continuou gritando.

– E daí?! – exclamou Terence. – Só vamos ser eliminados, não mortos!

Bia encarou Leo e todos os outros assistentes começaram a trocar olhares.

– Não vai rolar isso. Vai? – perguntou Peri preocupada.

– Não. – afirmou Patrick. Não sei se foi só eu, mas senti uma insegurança na voz dele quando ele falou isso.

– Erámos 5 grupos... Em dois desafios, 2 foram eliminados... – Bia desabou de joelhos no chão. – Não temos nem sequer chance... E o pior é que vocês vão sofrer as consequências...

– Cinco? – perguntou Elsa confusa.

– Sim. – concordou Gui. – Mas... As coisas não estão indo tão bem assim para esses grupos...

– Não sei se vocês notaram, mas... – pensou Anna, a morena, nossa assistente... – O grupo 9 não estava na festa.

– O que tem o Grupo 9? – perguntou Jack.

– Foi o grupo eliminado no Labirinto... – respondeu Bia. As lágrimas negras escorrendo pelo seu rosto e caindo no seu vestido azul claro. – É disso que eu estou falando...

– Mas era um desafio! – argumentou Leo. – Eles não podiam participar.

– Isso não significa que não podiam ver. – ela falou levantando a cabeça. – Além disso, ninguém sabia que era um desafio. Isso pegou todo mundo de surpresa!

– Mas mesmo assim! – exclamou Lili chamando nossa atenção.

– Isso não pode continuar! – Bia gritou se pondo de pé.

– Eu sei que não pode! Sei que isso fai machucar muita gente! Mas... Não podemos fazer nada!

– Eu não posso aceitar isso! Aquela ruiva acabou com eles, e vai acabar com a gente! Tem algo errado aqui, e eu sinceramente pretendo descobrir... Ela não vai acabar com a vida deles. Só vai fazer isso passando por cima de mim!

A loira saiu correndo para a floresta.

– Bia! – gritamos nos levantando.

– Beatriz Cestilli. Volte já aqui. – gritou Lili batendo o pé na grama.

– Acho que ela não vai fazer isso... – afirmou Peter.

– Eu vou atrás dela... – Lili saiu correndo floresta à dentro.

Ficamos parados, em pé, encarando a escuridão que se estendia pela floresta. Até que uma ideia, ou melhor, uma pergunta, me ocorreu.

– Vem cá... – chamei as outras garotas. – Elas sabem como é aquele caminho?

– Nunca andamos por lá... – respondeu Alice.

Elas pararam. Então do nada todos lamentaram:

– Oh, oh...

– Eu vou atrás delas! – exclamei correndo por aquela direção.

Tive ima ideia no mínimo, idiota. Mas ela nem chegou a ser considerada pelo meu cérebro! Eu simplesmente... Fiz!

– VOCÊ VAI O QUE?! – todos gritaram assustados enquanto eu entrava na trilha em meio às árvores.

Uma neblina grossa estava tomando conta da floresta, lentamente preenchia o chão e pouco a pouco eu enxergava cada vez menos à frente.

Corri um pouco até me cansar. Parei ofegante, e foi quando ouvi o barulho de galhos se partindo logo à frente. Com cuidado segui na direção do barulho.

Vi Lili ajeitando o cabelo e colocando a franja atrás da orelha para enxergar melhor.

– Lili! – chamei e ela automaticamente se virou.

Fiquei chocada com a cena!

Cambaleei para trás assustada, fiquei com medo do que vi...

– Lizandra... – falei quase sem voz. – Vo-você... QUE CICATRIZ É ESSA?!

Uma cicatriz cortava seu olho esquerdo.

– Não se assuste! – ela exclamou colocando a franja novamente sobre seu olho.

– Ta-ta-ta... Tarde demais!

– É complicado... – ela falou fitando o chão repleto de folhas.

– Te-tenho tempo... – falei segura (ou talvez nem tanto...), mas ainda afastada dela.

– Bom... Chegue mais perto.

– Eu estou bem aqui! – falei sorrindo, enquanto tentava conter meu medo.

Ela bufou enquanto rolava os olhos e começou:

– Como você sabe eu tinha uma irmã...

– Eu não sei de nada da sua vida! Não sei se você notou, mas vocês não quiseram falar nada pra gente!

– Há... – ela fez uma pausa constrangida, e deu uma risada envergonhada. – Na verdade, não. Eu não tinha notado.

Arqueei uma sobrancelha incrédula. Ela era realmente lerda daquele jeito ou estava se fazendo? Até onde eu lembrava ela era uma boa mentirosa...

– Mas enfim... A...

Silêncio...

– A o que? – perguntei impaciente.

Ela deu um longo suspiro e completou:

– A história é a seguinte. Eu tinha uma irmã...

– Desculpe interromper, mas... Como assim “tinha”?

– Ela morreu.

A encarei mais assustada ainda! Morreu? Como assim.

– E por mais que eu não queira lembrar que ela foi assassinada... Essa cicatriz vai me lembrar daquele dia para sempre...

Ela se virou para a floresta escura a nossa frente e continuou.

– Há muito tempo atrás eu e minha irmã fomos acampar... Uma certa pessoa que odeia nossa família nos seguiu.

– Quem é essa pessoa?

– Isso não vem ao caso. É outra história. Mas continuando... À noite depois de brincarmos o dia todo e observar as estrelas, fomos dormir, mas a pessoa estava lá, se esgueirando nas sombras, como uma cobra esperando o momento certo para atacar e não deixar sobreviventes...

– Sobreviventes?! – gritei assustada. – Essa pessoa queria...

– Não só queria, como fez! Ela achou o momento certo e atacou minha irmã, mas quando veio me atacar eu acordei e consegui desviar do seu ataque, mas... Não consegui completamente. Apenas pude sentir o sangue, quente e implacável escorrendo pelo meu rosto. Naquele momento, sabe-se lá como, eu acabei aprendendo a me esconder nas sombras, e fazia isso tão bem que ela não me achou, mas tentou atirar a faca no meio da floresta encoberta pela escuridão. A faca não me acertou e eu a peguei. Sem munição e sem sua presa, Aquela pessoa fugiu. Entrei desesperada na barraca, mas já era tarde... Minha irmã já havia morrido! – lágrimas tão negras quanto a floresta à nossa frente começaram a escorrer pelo rosto dela...

– Eu... Sinto muito. – falei a abraçando.

– Eu não pude fazer nada!

– Não se culpe! – falei autoritária.

– Eu não me culpo. – ela afirmou séria. – Eu culpo essa pessoa. Ela nunca devia ter atravessado meu caminho!

A abracei novamente. Ela realmente tinha muito rancor de tudo o que havia acontecido, sabia que ela havia guardado aquelas lágrimas desde o dia seguinte ao que a irmã dela morreu. E chorar apenas no momento da tragédia, não é o suficiente.

Agora, não tinha palavras que pudessem consolá-la. Infelizmente, é necessário aceitar e deixar fluir esse sentimento tão ruim.

Mas ainda existia um remédio:

Chorar...