A casa era totalmente diferente.

Do lado de fora parecia ser uma mansão normal, mas entrando, Kuon pode ver a beleza da casa. Era como se entrasse dentro do mar, literalmente! Em muitos locais, havia quadros, esculturas, e detalhes fiéis ao mar, só que secos. Em um dos quartos, Kuon viu várias tralhas, coisas de navios afundados, como cofres, pedaços de madeira diferentes, estátuas, roupas, móveis, colares e bijuterias, talvez de navios afundados. Kuon pode ver algumas moedas de outro, que eram moedas de seu tempo, outras que eram de tempos passados, riquezas que, se um ladrão entrasse naquela casa, seria fácil levar tudo.

Sem saber o que esperar, Kuon continuou a procurar até achar uma passagem neste mesmo quarto, e quando ele abriu, Kuon sorriu vendo o quão lindo era aquele pequeno espaço. Era como um banheiro, mas tinha água do mar no espaço que era uma banheira, ou seja, era uma banheira com água do mar verdadeira.

Saindo dali ele explorou o resto da casa, havia alguns quartos, que dava para caber uma família realmente gigantesca lá. Muitos dos pontos era com buracos, desenhados especialmente para que tivesse contato com a água salgada do mar, como um escape se precisassem sair correndo.

Ele se dirigiu para a sala grande e viu o chão transparente, ou seja, era possível ver muitos peixes, nadando abaixo dele. Era como um gigante aquário em terra. Espécies que Kuon nunca havia visto, ali estavam. Ele sorriu para todas elas, e viu mais ao fundo, uma grande abertura, toda trabalhada, e parecia uma caverna, dando uma larga entrada para o mar, como uma passagem. Ele queria muito entrar na água, mas não sabia se deveria. Afinal, nenhuma das espécies de peixe que ali estavam, ele conhecia, e se fossem venenosos, ou agressivos?

Não, ele preferiu esperar por sua princesa.

Ele viu um sofá, no meio da sala e se deitou nele. Era bem confortável, e Kuon sorriu. Olhando para o colar ele beijou uma das escamas.

— Estou te esperando, minha princesa. - E com isso ele pôs o colar no pescoço, e segurando a pedra que ele havia dado a ela, fechou os olhos, esperando por sua amada.

—-

Ok, essa era a chance dela escapar de seus guardiões e desaparecer por um tempo.

Desde que tinha chegado a maioridade sereia, não faltava homens a seus pés! Com isso sua mãe e pai, colocaram algumas escoltas, dificultando as pequenas aventuras de Kyoko. Até mesmo Reino não conseguia chegar muito perto sem ela estar escoltada. E isso o irritava. Se irritava ela, imagina como ele estava.

Ela queria respirar, sozinha, se aventurar, mas maldita maioridade sereiana! Poderia ser qualquer coisa, não? Espinhas no rosto, escamas nascendo nos braços, mas nãããããão, tinha que ser um aroma mais forte do que as sereias normais? Isso iria passar com alguns meses, mas ela mesma não aguentava estar rodeada de mulher guerreira, que a impediam de ir até mesmo ao banheiro sozinha!

E o pior de tudo, sua mãe havia advertido-a para ficar longe da superfície, pois dizia que seu cheiro deixaria qualquer humano louco, e poderiam fazer coisas ruins a ela. Como se ela fosse acreditar.

Reino havia lhe dito onde tinha escondido a pedra dela. “Até que enfim”. Não conseguia mais ficar longe de Corn, mesmo que isso a impedisse de ir na superfície.

Ao longe ela o viu e nadou até ele

NII-SAN!— Reino sorriu e abriu os braços, para recebê-la.

— Vejo que conseguiu despistá-las.

— Despistei meu cheiro.

— Percebi - Disse Reino com cara desgostosa. - Pelo menos ninguém vai lhe seguir. Mas tem certeza, que quer ir lá? Não seria bom esperar alguns meses mais?

— Estou esperando há quase 2 anos você me dizer onde está minha pedra! Não aguento mais de saudades!

— Da pedra, ou do dono da pedra?

— Ambos! Só com a pedra eu sabia com ele estava, podia ter vislumbres dele, mas sem ela, me sinto vazia!

— Vi que o escolheu mesmo. - Disse sem gostar. - É isso mesmo que quer?

— Sim! Agora para onde vou?

— Minha casa na superfície. Sua pedra está lá. Mas por favor, cuidado.

— Terei! Obrigada nii-san - E dando um beijo no rosto dele, ela nadou em disparada para casa de Reino. Poderia finalmente ter seu Corn em suas mãos, depois de dois longos anos.

— Sei que ela não me quer perto, mas, preciso ficar de olho. Não confio no humano, não com ela exalando o perfume da maioridade…

Kyoko chegou a casa, entrando pela maior fenda, sinalizada como ‘sala’. Kyoko riu. Reino era metódico com ela. Ela saiu no local mais lindo que virá. Reino havia caprichado na casa.

— Muito bem… - Foi quando ela sentiu um arrepio em sua cauda. Ela olhou para todos os cantos e o cheiro dele lhe pegou desprevenida. Sua pedra estava ali? Mas por que o cheiro dele também estava?

Ela resolveu nadar por debaixo do piso transparente, antes de ir a superfície novamente, e passando pelo sofá ela parou e olhou para cima, vendo-o dormindo no sofá.

Corn!— Ela abriu um lindo sorriso. Ele estava ali? Reino havia armado aquilo?! Mas ela estava fedorenta! Tudo para tirar o cheiro de sua maioridade, e tinha que encontrá-lo daquela forma?

— O que faço? - Ela olhou ao redor, e viu outra sinalização de banheiro. Nadando até lá, Kyoko voltou a superfície, e se viu em um banheiro gigante. Perto da saída viu uma enorme banheira, preparada com água pura, e sais, que Kyoko sorriu

— Reino-nii, me lembre de lhe dar um presente inesquecível! Mas como vou me limpar e chegar novamente a sala? Se eu nadar no mar, elas vão sentir a essência e vão aparecer aqui imediatamente.

Ela olhou ao redor e viu o que parecia ser uma cadeira com rodas? Ok, Reino estava lhe surpreendendo.

Com certa dificuldade, Kyoko saiu do buraco, e se rastejou até a enorme banheira, que lhe cabia por completo. Ela mergulhou e começou a se limpar, tirando o cheiro do polvo que havia lhe coberto para despistar do seu próprio cheiro. Depois de se limpar e sentir-se limpa, Kyoko pegou umas toalhas que estavam ali, e se enxugou um pouco, não muito, pois não podia ficar seca. Se arrastando para a cadeira, Kyoko conseguiu se sentar nela, por sua cauda na rede de baixo da cadeira, para impedir que passasse com a roda por cima dela, e pode ir até a sala.

Já no sofá, Kuon estava incomodado. Sentiu um cheiro estranho, mas logo o cheiro havia desaparecido. Ele acordou novamente sentindo uma mão em seu rosto, e seu cheiro maravilhoso lhe atravessar as narinas.

Era um cheiro afrodisíaco, delicioso, com que fez que seus instintos masculinos se conflitarem em desejo. Mas ao sentir a mão delicada em seu rosto ele parou, antes de abrir os olhos.

“Quem é?”

— Corn! Que saudades. - Disse a voz que ele instantaneamente reconheceu. Seu instinto masculino queria pega-la ali mesmo, e beijá-la, mas ele se comportou. Aguentou os afagos que ela fazia em seu cabelo e rosto. Era uma doce tortura, sim, era. - Quanto tempo quis vim te ver e não pude… Piorou agora! Se acordar, será que vai se controlar? - Ele sentiu a voz dela ficar magoada. - Maldita maioridade sereiana! Tenho medo de lhe ver acordado e ter que fugir de você…

“Porque? Por causa do cheiro afrodisíaco?”

— Corn, me diga que não vai cair por mim só por causa do cheiro, é só isso que peço a Netuno-sama. Não quero fugir de você… - Estava sendo difícil , mas ela estava chorando. como ele queria lhe abraçar e confortá-la. Doía tanto aquele cheiro nela? - Foi tão difícil escapar das minhas guardiãs, tive que me melecar com o cheiro do polvo, que é podre pra nós! Só pra vir aqui! Quando te vi, não queria que me sentisse fedendo daquele jeito, mas me arrependo não ter deixado. E se você acordar e tentar fazer alguma loucura? Não… Corn não faria isso… Né?

Ele suspirou, o cheiro dela era inebriante, mas ele se seguraria sim. Por ela.

— Claro. - Respondeu ele, fazendo a mesma dar um grito, e pular para traz, fazendo a cadeira virar e ela cair no chão, se não fosse os braços dele, lhe segurarem, impedindo uma queda feia. - Não quero lhe ver se afastando de mim, princesa. - Disse Kuon sorrindo. Kyoko ficou vermelha, mas o abraçou

— Corn!!!

Eles se abraçaram e ficaram algum tempo daquela forma. Kuon foi o primeiro a afrouxar o abraço e senta-la no chão, junto com ela, bem próximo ao corpo dela.

— É tão complicado assim o seu cheiro?

— Bastante… Você não está afetado?

— Mentiria se disses que não. É um cheiro agradável, e um pouco afrodisíaco, mas meu desejo de lhe ter perto supera meu desejo carnal. Além do que, ainda é uma menina.

— Corn! - A mesma se atirou nos braços dele, ele pode sentir os pequenos seios dela no seu tórax, mas se concentrou no braço dela. Era um cheiro muito bom, sim, mas a vontade dela em primeiro lugar.

Nem que depois ele tivesse que se satisfazer sozinho…

— Vejo que está usando. - Disse envergonhada e Kuon sorriu.

— Sim. Mas são suas mesmo?

— S-sim. O cristal também.

— Cristal? - Ele olhou entre as três escamas - Sim, eu vi. Pensei que fossem pedrinha que achou no mar, são cristais mesmo?

— Não, são minhas lágrimas. - Kuon travou escutando.

— Isso é bom ou é ruim?

— Não são lágrimas de tristeza, Corn. Tristeza são pedras brutas feias. Lágrimas como estas são de felicidade. Achei que o talismã ficaria mais forte se tivesse um pouco da minha essência junto.

— Escamas não sao sua essência?

— Não. fazem parte de mim, mas essência são aquelas que vem dentro de mim. É um pouco complicado para humanos…

— Eu entendo. - Disse ele se aproximando dela e a beijando na bochecha. - Obrigado pelo presente, será meu bem mais precioso.

Kyoko estava vermelha, mas sorriu.

— Corn.

— Hum?

— Agora temos uma ligação.

— O que me diz… - Ele pega a pedra e faz menção dela abrir, quando a mesma abre, se assusta, e põe a pedra no chão, ele arqueia a sobrancelha vendo-a soltar a pedra rapidamente como se ela lhe queimasse. - O que foi?

— ah, nada. - Disse sorrindo e pegando a bolsinha que estava com ela. Ela abriu e tirou a bolsa de moeda, e de dentro um tipo de cúpula, na qual ela com cuidado, pegou a pedra, sem tentar tocar, prendeu nesta cúpula de metal, colocou na bolsa de moeda e colocou dentro da bolsa. Sorrindo satisfeita, ela o abraçou. - Agora sim, estou completa.

— Pra que tudo isso pela pedra?

— Se eu a tocar, posso purificá-la, e assim perder o contato contigo.

— Tem alguma coisa que a faça não perder o contato?

— Tem, mas não conheço ainda. Não estou no curso avançado de magia ainda.

— Hum…

Tudo era divertido, ambos passaram muito tempo conversando. Kuon a levou perto da borda da água, mas ela não entrou. Havia contado sobre as guardiãs, e Kuon, sentado proxio a abertura, começou a jogar água para Kyoko, molhando a linda cauda dela.

— Quando se forma?

— Falta alguns anos ainda.

— Vamos nos ver?

— Sim. Se eu não tiver mais guardiães até lá.

— Como faz para se livrar?

— Passar a pior parte da maioridade seriana, ai me liberatam.

— E como faz?

— Aprendendo as magias avançadas.

— Hum, e o que te impede?

— Não tinha Corn comigo! Reino nii-san me tirou ela por dois longos anos. O que queria?

— Que se concentrasse para voltar logo aos meus braços? - Disse sorrindo. Kyoko corou.

— Mas…

— Concentre-se em terminar. O que me diz, de segurar eu mesma a pedra até se formar e vir pega-la?

— Mas eu perderia o contato contigo para sempre.

— Mas não estou lhe carregando comigo?

— Mas eu não estaria lhe carregando comigo!

— Conseguiria me encontrar se eu tivesse somente a ligação?

— Conseguiria, aliás, conseguiria me chamar sempre.

— Como? - Ela começou a ficar vermelha.

— B...beijando…

— Beijando?

— …

Kyoko estava tão vermelha que Kuon não aguentou e começou a rir.

— Ok, não precisa dizer… - Ele tocou na escama, e Kyoko sentiu um leve tremor em uma parte de sua cauda. Ele pode sentir que a cauda dela respondeu. - Só tocando você sente?

— À-às vezes… - Ele sorriu e trouxe as escamas até sua boca e beijou uma por uma. Kyoko tinha ficado como um pimentão, quando o arrepio passou por todo seu ser. - C-corn! - repreendeu. - Pare!

— É ruim?

— Não, mas sempre que fizer vou sentir este calafrio. Por isso saberei que está pensando em mim.

— Se outro tocar?

— Não acontece nada se este outro não for portador de magia. você é o portador da escama e eu tenho conexão só você. - Disse ficando um pimentão. Kuon observou e sorriu.

— Entendo. - Ele disse chegando perto dela. - Está tarde, e amanhã volto para casa. Então, se esforce, quero logo lhe ver de pernas para lhe apresentar a minha família.

— Por que?

— Quando tiver maior vai saber. Mas, quanto tempo mesmo até a graduação?

— Meus 17 eu termino ela toda, e me formo.

— Neste meio tempo nos encontraremos no mar, pequena.

— Nem sempre vou conseguir vir, mesmo me chamando.

— Eu sei. Permanecerei no mar pela noite, pois sei que posso te chamar este horário, durante o dia você tem que se concentrar na escola. E eu tenho um navio a comandar.

— És capitão?

— Sim, agora sou. Eu disse que mesmo que tivesse que morar no mar, eu voltaria a lhe ver. - Disse ele com um sorriso se aproximando do rosto dela novamente. - Cumpri minha promessa, agora cumpra a sua, ok?

— Ok!

Ela estava feliz, e ele também.

Ambos encostaram a testa um do outro, e olharam no fundo dos olhos um do outro.

— Te amo, Kyoko-chan.- Kyoko ficou vermelha da cabeça aos pés.

— Também, Corn…

Ele beijou a testa dela e sorriu.

— Queria passar a noite contigo, mas sei que não pode. Então, melhor irmos agora para nossas casas. Nos encontraremos em uma semana. Este vai ser o tempo de nossos encontros. De semana em semana, ok? Para você se concentrar.

— Tentarei, ok? - Ela entrega a bolsinha para ele. - Quando eu tiver com duas pernas, você devolve.

— Ok, então isso fica contigo.

Ele pegou dentro do bolso dele, e sorriu. Quando ela notou ele tirando a mão de volta do pescoço dela, notou algo gelado em seu pescoço. Era um lindo pingente rosa, com muitas faces.

— Quando vi este colar, pensei logo em você, talvez assim se lembre de mim quando tiver lá longe. - Ele disse e abaixou até o pescoço dela beijando o pingente, que ficava quase próximo aos seios pequenos dela. Kyoko sentiu a pele arder.

— Hum. - Disse e sorriu. - Me..melhor eu ir. Se esconda, pois no momento que eu entrar na água, podem aparecer.

— Quer que eu esteja longe da casa?

— Sim. Vou contar até 10, consegue sair neste tempo?

— Sim. - Ele deu um beijo no topo da cabeça dela. - Até daqui uma semana…

— Até… - Ele correu antes dela começar a contar. Ela suspirou. - 1… 2… - E assim começou a contar. Sentindo ele longe da casa, foi o momento que deu 10 e entrou na água. No mesmo segundo, duas guardiãs apareceram.

KYOKO-SAMA! NUNCA MAIS FUJA DESTE JEITO! — E ela a agarrou com um choro solto.

— Hai… hai… Chiori-chan.

— Vamos logo! Já dissemos para não vir à superfície! Mo! - Terminou Kanae e a mesma suspirou.

— Hai… Hai…

E as três foram embora.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.