POV Steve Rogers

Entro na Torre levando tudo o que encontro pela frente. Depois da ligação do Hayden, sai correndo do bar em que estava com Tony e Thor e voltei para a torre. Precisava de explicações. Bato na porta varias vezes até que ela se abre num rompante.

– Steve? – Natasha me encara com o cenho franzido – aconteceu alguma coisa? – questiona preocupada.

– Precisamos conversar. – entro no quarto sem ser convidado. Caminho direto para o centro do mesmo enquanto tento clarear minha mente.

– Steve, está tudo bem? – Natasha para diante de mim.

– Porque você não me contou? – pergunto incisivo. Natasha parece confusa. – porque não me contou sobre o Bucky? – disparo.

Ela arregala os olhos e faz um “O” com a boca, sem som. Encaramos-nos por algum tempo em completo silêncio. Sei que devo parecer extremamente magoado, pois Natasha me olha com um misto de culpa e pesar.

– Quem te contou? – pergunta.

– Não importa. – retruco – porque você não me contou sobre o Bucky? – repito a pergunta. Ela suspira cansada.

– Porque eu não sabia como. – ela caminha até a cama e senta-se na mesma – eu sabia que você ficaria magoado ao saber que o Bucky não tem nenhuma recordação sobre você, mas tem sobre mim. – sinto meu sangue gelar.

– Então vocês realmente já se conheciam? – pergunto com a garganta seca.

– Sim. Conhecemos-nos há muito tempo. Muito tempo mesmo. Antes mesmo de eu me tornar a viúva Negra. Naquela época ele era apenas James. – ela me olha – eu não sabia como te contar. Pra mim o passado havia ficado no passado.

– O passado vive batendo a nossa porta. Você deveria saber disso. – respiro fundo – que tipo de relacionamento você teve com ele?

– Porque mexer nisso agora? – ela pergunta claramente irritada.

– Por quê?! Por quê?! –questiono indignado – porque o Bucky é meu amigo e você minha namorada! – exclamo exasperado.

– O Bucky não é mais seu amigo! – devolve no mesmo tom – ele tentou nos matar!

– Mas aposto que agora ele não tentaria mais nada contra você, afinal, agora ele se lembra de você!

– Você está sendo injusto comigo! – ela se levanta – nós não tínhamos nada, nem mesmo nos conhecíamos! Como você pode cobrar de mim satisfação por algo que já aconteceu? – aponta o dedo para mim, ameaçadora.

– Não estou cobrando satisfações, apenas explicações. Droga! Você podia ter me contado desde o principio! – jogo as mãos para o alto irritado.

– Eu não sabia que o Soldado Invernal é o James, que é o Bucky, que já foi meu namorado e seu melhor amigo! – Natasha explode.

Arregalo os olhos e fico em silêncio, sendo imitado por Natasha. Eu sabia que havia acontecido alguma coisa importante entre os dois, mas eu torcia para que não houvesse sido algo tão importante assim.

– Eu achei que ele tivesse morrido. – Natasha fala baixo – eles me enganaram e eu acreditei, nunca passou pela minha cabeça que ele pudesse estar vivo e que teria sido transformado em uma maquina de matar. Só fiquei sabendo que o seu James Buchanan Barnes é o mesmo James que eu conheci quando ele foi aprisionado na SHIELD.

– E porque não me contou? – pergunto e Natasha olha pra mim.

– Como eu poderia contar uma coisa dessas em? – ela pergunta com o cenho franzido – “Hey Steve, sabe o Bucky seu melhor amigo? Eu descobri que ele foi meu namorado há muitos anos atrás, mas eu espero que isso não afete a nossa relação”. – sugere com desdém.

– Você me enganou. – acuso-a.

– Deixa de ser dramático Steve. Eu não te enganei, apenas omiti. O que eu admito, não diminui minha culpa. – ela suspira, derrotada – você tá certo, eu não deveria ter omitido isso de você, mas eu não sabia como te contar isso sem te magoar. – ela senta-se novamente na cama e cruza as pernas.

Eu me sento ao seu lado. Um turbilhão de coisas passando pela minha cabeça. Eu estava sendo dramático? Talvez.

– Tenta se colocar no meu lugar. – pede.

– Eu não teria “omitido”. Eu sou sempre...

– Sincero. – ela completa minha fala e solta uma risada. – sim você é. E eu não sei como ser.

– É só você falar a verdade. Falar o que está sentindo. – incentivo.

– Eu sinto um medo enorme de te perder. – Natasha admite me deixando boquiaberto. – céus, como isso soa piegas. – ela ri da própria declaração.

– Isso soa verdadeiro... E sincero. – falo e não posso evitar rir também.

– Steve, eu sinto muito, por tudo. Pelo o que aconteceu com o Bucky, por ele não se lembrar de você, por eu não ter tido coragem de te contar. Eu queria que as coisas fossem simples entre nós, mas infelizmente elas não são e provavelmente nunca serão. Nós dois temos problemas e demônios que independente do que façamos vão continuar a nos atormentar. – ela abaixa a cabeça. – eu gosto de você. Você foi a primeira pessoa que conquistou minha confiança sem nem mesmo ter que me provar que era digno dela. E olha que nem o Nick nem o Clint conseguiram isso.

– Isso me deixa lisonjeado. – brinco e ela ri novamente – Nat, eu sinto muito também. E eu estou disposto a passar uma borracha por cima disso tudo se você estiver disposta a não omitir mais nada de mim. – começo – acho que devemos contar um para o outro coisas importantes que aconteceram nas nossas vidas.

– Eu não sei... – Nat faz uma careta – meu passado é bizarro demais e não quero estragar a sensação de normalidade que você me traz.

– Eu prometo que vai continuar a ser como sempre foi. – pego na sua mão. – vamos lá...

– Talvez essa não seja a melhor hora para isso.

– Eu acho que essa é a hora perfeita pra isso. Nós estamos conseguindo caminhar para uma coisa mais séria e acho importante compartilhamos essas informações. – Natasha franze a testa e semicerra os olhos.

– Pergunta logo o que você quer perguntar Steve. – manda. Minha insistência deixando claro o que eu queria.

– Okay. – começo – você disse que foi namorada do Bucky... – engulo seco – e do jeito que você falou, parece que você ficou bastante chateada quando ele foi dado como morto e.... –

– Seja direto Steve – ela ordena.

– Você o amava? – ela arregala os olhos – quer dizer, vocês tinham algo muito sério? – corrijo nervoso. A perspectiva da resposta me deixando aflito.

– Bom, eu era apaixonada por ele sim. – ela responde tranquilamente – ele me treinou e eu tinha uma admiração muito grande por ele. Fiquei muito chateada e triste, ele era o único amigo que eu tinha, alem de ser o único em quem eu confiava. – dá de ombros.

– Eu sentia o mesmo em relação a ele. – e eu realmente sentia. Por muitos anos Bucky era tudo o que eu tinha, minha única família.

– Você também era apaixonado por ele? – Natasha pergunta fingindo surpresa, me deixando desconcertado.

– O que?! Não! – exclamo. – de onde tirou isso? – sinto meu rosto corar. Natasha começa a gargalhar e eu fico cada vez mais sem graça. – por favor, para. – peço.

– Steve, você precisava ver sua cara! – Nat fala entre risos.

– Vocês transaram? – pergunto. Ela para de rir imediatamente e me encara séria.

– Você querer mesmo saber a resposta? – ela arqueia uma sobrancelha.

– Querer eu não quero. Mas preciso. – retruco.

– Você parece que é masoquista. – eu dou de ombros e ela suspira.

– Você não precisa saber os detalhes também não né? – engulo seco.

– Não. Não preciso. – abaixo a cabeça. Droga! Eles transaram!

– Você não vai brigar por causa disso também, vai? – ergo a cabeça.

– Não, não vou. – afirmo. – você agora é minha namorada e nada pode mudar isso.

– Repete. – Nat pede.

– O que? – fico confuso.

– Essa parte de eu ser sua namorada. Você não faz idéia do quão sexy você ficou dizendo isso... – ela morde o lábio inferior e eu dou um sorriso malicioso.

– Você agora é minha namorada e nada pode mudar isso. – repito pausadamente, enquanto me curvo sobre ela, que se deita na cama.

– Acho que está na hora de você arcar com as suas responsabilidades de namorado. – Natasha fala, me puxando para um beijo selvagem.

– Pois eu acho que já passou da hora. – murmuro entre o beijo.

POV Hayden O’Cornel

Estou sonhando. Como tenho tanta certeza? Consigo sentir a brisa que vem do mar contra meu rosto, consigo sentir o cheiro de sal e algas e sentir o sol queimar minha pele. Olho ao redor, tentando entender o porquê de estar aqui, e fico surpreso ao ver duas pessoas caminhando na beira da água. Olho atentamente para eles, tentando reconhecê-los e logo percebo se tratar de um casal, estão de mãos dadas, rindo e conversando um com o outro.

Eles apontam para a água, de onde um garoto loiro emerge. Ele corre para o casal que o abraça e em seguida sai correndo, com os dois em seu encalço. Eles correm pela areia e depois para a água, onde começam a atirar água uns nos outros. O homem pega o menino e o levanta, depois o joga na água. A mulher dá um tapa no braço do homem que a agarra, fazendo a mesma coisa com ela. Não consigo segurar o sorriso que me vem aos lábios ao ver aquela cena. Os pais, sim, com toda certeza eles são os pais do garoto, saem da água e ficam observando o garoto, que tenta da alguns saltos na água.

– Muito bom Hayden! – procuro pela pessoa que me chamou e não encontro ninguém. As únicas pessoas ali sou eu, o casal e seu filho.

Não incentiva! – escuto a voz da mulher – já tá tarde, temos que ir. – a imagem começa a ficar cada vez mais nebulosa. Não consigo ver o rosto do casal, apenas ver suas silhuetas e ouvir suas vozes.

Ele tá se divertindo tanto! – o homem retruca.

Vamos Hayden! – novamente escuto meu nome e finalmente percebo que na verdade, não estão me chamando ou falando de mim, mas sim do garoto que continua na água.

Mãe! Vamos ficar só mais um pouco! Por favor! – a voz do menino (a minha voz) soa pidona e dengosa.

Nem mais um minuto! – a mulher se mantém firme. O garoto sai relutante da água e se aproxima dos pais. O pai se agacha, ficando da altura do menino.

Não fica triste Hayden, eu prometo que a gente volta outro dia. – o garoto o encara por alguns minutos.

Você promete? – pergunta com a voz manhosa.

Claro querido. – quem responde dessa vez é a mulher. O garoto pula em seu colo e ela o abraça. – agora precisamos mesmo ir Hay. – o garoto concorda com a cabeça. O pai sorri e o garoto passa para seu colo o abraçando também.

Então vamos! – o pai fala. Coloca o garoto no chão e seguram em suas mãos. O que não dura muito tempo, pois ele se solta e sai correndo.

Vocês não me pegam! – ele grita, enquanto corre. Os pais trocam um olhar e em seguida saem correndo atrás do garoto. Atrás de mim.

– Papai. Mamãe. – eu murmuro com os olhos abertos.