Aos poucos abro meus olhos, minha cabeça dói e não consigo me levantar. Tem uma enfermeira no quarto que logo me impede de levantar.
– Senhor DiNozzo, você deve ficar em repouso!
Vejo do outro lado do vidro uma mulher, de maria-chiquinha. Sinto que a conheço, porém não recordo de seu nome.
– Senhora, pode chama-lá para mim.
A enfermeira assente e chama a mulher que corre para o meu quarto me abraçando o que confirma que eu a conheço.
– Tony, Tony. Finalmente acordou! Estou tão feliz que esteja bem! Espero que posso logo voltar ao trabalho, estamos com tanta saudade.
– Trabalho?
– Sim, NCIS.
– Os bons e velhos policiais da marinha. - digo, mesmo não lembrando muito bem.
A mulher atende o telefone, toda sorridente. Se o lugar onde eu trabalho tem tantas pessoas sorridentes deve ser um bom lugar.
Um senhor de idade entra em meu quarto, a mulher o comprimenta chamando de Ducky.
– Anthony bom te ver acordado novamente! A senhorita Sciuto e eu viemos te visitar todos os dias, não desistimos de você nem por um segundo.
– Estou ansioso para rever a senhorita Sciuto. - digo, tentando disfarçar o fato de eu não me recordar direito das pessoas importantes para mim.
Mas quando termino a frase a mulher e Ducky se olham.
– Tony você não sabe quem eu sou, não é mesmo?
– Agora acredito que você seja a senhorita Sciuto. - digo sorrindo envergonhado.
– Abigail Sciuto. Abby! Todo mundo me chama de Abby!
– Do que você se lembra Tony?
– De várias pessoas e coisas. Eu só não consigo entender e organizar essas informações.
Tenho que parar um pouco para respirar. A enfermeira pede que eu recoloque a máscara que retirei. Coloco e fecho meus olhos, mas percebo que Ducky e Abby ainda estão no quarto. Aos poucos em minha memória volta a imagem de uma bebesinha em meu colo e ao meu lado uma mulher sorridente. Abro meus olhos novamente e retiro a máscara.
– Eu tenho uma filha, não tenho?
– Tem sim, ela se chama Elisa. - Abby me responde.
– Ela é um bebê, a mãe dela está cuidando dela? Bom, eu acho que a mulher que eu vi é a mãe dela.
– Ela não é mais um bebê Anthony. - Ducky fala rindo.- E sim, ela está com a mãe.
A enfermeira interrompe nossa conversa e pede gentilmente para que eles me deixem descansar. O que é angustiante, porque tudo o que eu quero é respostas. Pego no sono e quando acordo novamente vejo um homem, mais novo que eu sentado na cadeira.
– Olá DiNozzo, estou sabendo que não se recorda muito bem das pessoas. Prazer, sou seu chefe. - ele diz, todo confiante.
Olho bem para o rosto dele e lembro de nós dois no trabalho e de eu batendo atrás da cabeça dele.
– Não é não. Se fosse eu não bateria atrás da sua cabeça. Você é o novato!- Ele ri e eu também, mesmo se saber ao certo o porque.
– Timothy McGee na verdade. Mas fico feliz que tenha se lembrado de mim.
Um homem com o cabelo branco, velho, porém mais novo que Ducky entra no quarto, ele está sério mas quando me vê da um leve sorriso e logo fica sério novamente.
– DiNozzo!
– Chefe?
– Lembrou de mim?
– Na realidade de você batendo atrás da minha cabeça. - digo e rio, meu chefe também.
– Sim, sou seu chefe, Gibbs.
– Alguém pode me contar sobre a mulher que eu lembro?
– Que mulher? - O novato pergunta.
– Cabelo eencaracolado, mais ou menos sua idade. Eu acho que ela é a mãe da minha filha, ela é?
– Sim, ela é sim. Seu nome é Ziva.
– O que eu e ela temos? Somos casados?
– Não. - Gibbs responde.
– Eu me divorciei? - digo e Gibbs ri, eu não consigo entender porque.
– Não, você nunca se casou Tony. Você e ela namoravam. E o que vocês tem agora é melhor ela dizer!
– Aonde ela está?
– Israel.
– Ela e minha filha foram embora?- digo desesperado.
– Não, ela está viajando para resolver uns problemas. A volta delas está programa para semana que vem, mas agora que você voltou acho que ela vai querer vir antes.
– Afinal, porque eu estava em coma?
– Longa história. Tem certeza que ele esta preparado? - McGee me perguntou.
– Tem que estar. - Gibbs falou e eu assenti.
– Você, Ziva e Elisa foram sequestrados. Seu pai foi baleado, mas ele está bem, está se recuperando.
– Elisa? Minha filha? Fizeram alguma coisa com ela? - digo tentando me levantar, enfurecido.
Gibbs e McGee se olham, pelo olhar eu posso entender. Meu coração se entristece, pela filha que eu mal lembro mas sei que amo.
– Mas agora ela esta bem?
– Vai ficar melhor quando ver o pai.
– E Ziva?
– Não sei do que você se lembra dela DiNozzo, mas ela é uma mulher muito forte!
Flashs de memória me fazem lembrar dessa mulher, Ziva, lutando. E eu sorrio ao perceber que aos poucos me lembro dessa mulher que eu tenho certeza que é importante para mim.
– Pai! - digo para o homem que está na porta.
– Você se lembra dele?
– Olhem bem para aquele rosto. Tem como negar que é meu pai? Mas sim eu me lembro.

Sabe, é estranho as coisa que você lembra e aquelas que você esquece. Isso acontece com todo mundo, mas no meu caso, minha memória foi gravemente afetada, mas tem algumas coisas que o cérebro insiste em lembrar, como seu pai te deixando sozinho em um hotel, não que eu não tenha perdoado-o, mas é que as vezes você simplesmente não pode esquecer e em outras Você simplesmente esquece. Sempre fui fã de filmes, e é bem comum neles um personagem perder a memória. Não imaginava que era assim que ficava alguém que perdia a memória, todas as lembranças estão lá, mas elas estão bagunçadas, confusas.

Meu pai conversou um pouco comigo e depois disse que teria de ir para casa, pois os médicos recomendaram repouso. Nos despedimos e ele foi embora. O celular de McGee tocou, ele atende, fala rapidamente e em seguida desliga.
– Chefe, Ziva pediu para avisar qque você está com o celular desligado e que vai te ligar de novo. Gibbs pega o celular e vai para o corredor.

Ziva... Aquele nome novamente, o nome da mulher das minhas memórias. Eu não me recordava de seu nome, mas eu me lembrava que eu a amava. Lembrava que ela era a dona do meu coração, ela e a pequena garotinha que nós tivemos.