Pont of view: Grace

Enquanto ele falou, me abaixei para pegar o tablet que tinha quebrado a tela. Eu estava desnorteada, com as mãos trêmulas. Peguei o que restou dele e nem me liguei que aquilo era vidro. Só senti a dor quando o vidro fez um corte em minha mão.

—Ai... - Sussurrei para mim mesma e me levantei.

O corte não era nada grande, talvez nem precisasse de pontos, mas estava sangrando.

—Ei, posso ver? Você se cortou.

—Não precisa, está tudo bem.

Ele nem esperou direito por minha resposta e já foi se aproximando pegando minha mão para ver o ferimento. Me senti sufocada, pois, mesmo sendo o homem que amo, ou amava, ele havia morrido, eu tinha aceitado isso. E ter ele ali de novo me deixava maluca.

—Carlton, eu estou bem! - Disse soltando minha mão dele e dando um passo para trás.

—Eu sei, eu só quero te ajudar... - Sua voz saiu baixa.

—Eu não quero que você me ajude, eu estou bem! Aprendi a viver sem você, aprendi a levar a vida sem a sua presença! As crianças também... Não preciso que se preocupe agora, a vida seguiu sem você! - Estava estupefata com o retorno dele, o que me fez ficar alterada naquele momento e não me liguei que todos na emergência podiam ter presenciado minha "discussão".

—Mas eu não. Não aprendi a viver sem você. - Falou alto para que eu escutasse, me vendo se afastar.

—Eu sinto muito... - Falei baixo com a expressão ainda séria e em seguida sai dali indo para as entranhas do hospital, acabei parando em uma sala de exames onde fechei a porta e, sem conseguir mais me segurar, deixei as lágrimas rolarem. Encostando na porta, fui me abaixando até sentar no chão e abaixei a cabeça chorando. Liberando toda a confusa, magoa e tristeza que eu estava sentindo.