Naquela mesma manhã, Sam levou Lizzy para escola (não exatamente uma escola, chamamos de jardim de infância apesar de ser praticamente a mesma coisa) e foi trabalhar. Nenhuma mudança na rotina das Puckett’s. Sem contar o fato de que Cat passou pra visitar Sam no restaurante. O que deixou Sam meio irritada, afinal de contas ficar conversando com Cat estava atrapalhando seu trabalho. Mas como explicar isso para Cat? E como Sam não ia aproveitar o momento pra tirar uma, digamos, folga?

– Olha o que eu achei! – Dizia Cat enquanto mostrava certa fotografia

– Aff Cat, onde achou isso? – Pergunta Sam ao pegar a foto

– Como assim “aff”? – Pergunta Cat irritada – Eu achei em uma caixinha no meu armário

Tratava-se de uma foto antiga, por assim dizer. Cat havia guardado com carinho em sua “caixinha da amizade” que tinha colocado em algum canto do armário e não conseguia encontrar até hoje.

– Ei eu me lembro desse dia... – Dizia Sam

– Foi quando o Dice comprou um monte de peixe daquele pescador – Completou Cat

– Não, ele não comprou, eu me lembro de que ele tinha ganhado no poker sei lá...

– É... Acho que você já estava grávida da Lizzy nessa época, não estava?

Em questão de segundos certas lembranças passaram pela mente de Sam e ela entregou a foto de volta para Cat.

– Eu não sei – Dizia ela tentando desconversar – acho que não...

– Sim! Você até passou mal nesse dia se eu não me engano – Continuava Cat sem percebe que Sam não queria continuar no assunto.

– É... Pode ter sido... Tanto faz! Bom, Cat eu tenho que voltar a trabalhar.

– Ah sim eu já estou indo para o teatro, mais tarde eu busco a Lizzy como de costume?

– Sim, as chaves estão aqui. A Senhora Bloom trocou todas as fechaduras porque se separou recentemente e disse que não queria o marido bêbado dela invadindo o prédio...

– Ah coitada!

– Pois é! Que seja... Então quando for buscar a Lizzy não leva ela pra loja de doces, não quero e nem posso gastar dinheiro com dentista nem tão cedo.

– Ora por que não? Você é a dona de um restaurante! – Dizia Cat rindo, ela amava doce e sempre levava Lizzy na loja de doce mais próxima no caminho de volta pra casa, o que deixava Sam um pouco preocupada.

– Cat!... – Reprendia Sam

– Ok! Ok! Eu juro que não levo mais a Lizzy no Candiness!

– Ótimo! Agora vai logo

– Ok mandona, quanto amor em...

Sam revira os olhos e se despede brevemente dela. Ela amava Cat, porém tinha esse velho costume de maltratar, digamos assim, a quem ama. Não que Sam vá fazer alguma maldade com Cat. Afinal ela era frágil demais pra suportar as maluquices de Sam. Porém ela às vezes ofendia sem perceber. Por sorte Cat já estava mais que acostumada com o temperamento forte de Sam e sempre levava na esportiva para não gerar nenhuma discussão desnecessária.

O dia se passava frio na bela e amada cidade de Nova Yorque. Sam já estava se preparando pra ir pra casa depois de checar todas as encomendas que seu restaurante havia recebido.

Tanto Sam quanto Cat haviam se mudado para Nova Yorque logo que Elizabeth tinha nascido. Cat foi tentar a sorte em alguma audição de algum musical já que sua carreira, infelizmente, não deu muito certo em Hollywood. Já Sam, começou a trabalhar em um restaurante. Com prática e experiência, Sam logo conseguiu montar seu próprio restaurante. Claro que nada disso foi fácil, afinal as duas eram jovens e Sam havia acabado de dar a luz, mas era algo preciso naquele momento e com esforços as duas, ou melhor, as três conseguiram se virar e como diz a Sam: “O fato de estarmos vivas já é o suficiente”.

Ao chegar em casa, Sam recebe todo o carinho de costume de Lizzy. Uma porção de abraços e beijo e a velha pergunta:

– Trouxe comida mamãe? – O que se esperar de uma Puckett?

– Hum, hoje não.

– Mas eu estou com fome! A tia Cat não comprou doce pra mim mamãe! – Dizia ela com cara de brava.

– Ah pelo menos ela me obedeceu dessa vez!

– Não sou sua escrava Sam – Diz Cat enquanto assistia TV

Sam apenas riu e foi em direção à cozinha guardar algumas coisas que trouxe do restaurante.

– Disse que não trouxe comida mamãe – Diz Lizzy tentando se sentar na cadeira do balcão.

– Não trouxe pronta e já disse pra não sentar nessa cadeira, você pode cair, sai daí!...

– Ah Sam eu tenho que ir – Diz Cat se levantando do sofá

– Não vai ficar pra jantar? – Pergunta Sam

– Fica tia Cat! – Diz Lizzy

– Não posso princesa, tenho skype marcado com o Robbie ás nove e meia!

– Por que essa hora? – Pergunta Sam

– Ah nós vamos jantar online

– Legal, mas por que vai agora? São só seis e quarenta

– Oras! Eu tenho que me arrumar! – Dizia Cat com uma cara de óbvio

– Cat, é online...

– Mesmo assim!

Sam não se atreveu a discutir o assunto, apenas se divertia com aquilo. Antes de ir Cat vasculhava sua bolsa a procura de algo...

– O que está procurando? – Pergunta Sam

– A foto

– Que foto?

– Aquela que eu te mostrei no restaurante...

– Ah... O que tem?

– Não acho!

– Pra que você quer essa foto?

– Pra te dar...

– Ah... Não precisa – Diz Sam, ela parecia meio nervosa ao dizer isso;

– Eu posso perde em casa de novo, melhor deixar com você... Olha! Achei! Toma

– Ann... Cat tem certeza?

– Me deixa ver mamãe! – Diz Lizzy pulando pra pegar da mão de Sam

– Foi na época que Sam estava grávida de você! – Diz Cat para Lizzy

– Cat! – Repreende Sam

– Que foi? O que á de errado nisso?

Sam engole o seco

– Me deixa ver mamãe! – Insiste Lizzy

– Toma – Sam entrega pra Lizzy – se quiser amassar, pode.

– Sam! – Repreende, dessa vez, Cat

– Que foi? Crianças fazem isso...

– Hum sei... Toma cuidado com essa foto Lizzy! – Diz Cat – Eu já vou indo, tchau meus amores e Sam!

– Tchau tia Cat!

– Tchau e não se esquece de se depilar pro seu encontro online – Ironiza Sam

Cat vai embora e Lizzy começar com sua série de perguntas:

– Eu estava aonde mamãe? Por que a tia Cat tinha um cabelo vermelho assim? Onde vocês tiraram essa foto?

– Você estava na minha barriga, Não sei por que Cat pintava o cabelo assim e esse era nosso antigo apartamento.

– Mas as mulheres grávidas não tem uma barriga grande?

– Não no inicio Lizzy...

– Como eu fui parar na sua barriga mamãe?

– Ann... Vem cá, a senhorita não acha que tá perguntando demais não? Chega! Me da essa foto!

Sam toma a foto das mãos de Lizzy e fica olhando pra foto lembrando-se daquele dia, daquela época... Passando uns 30 segundos, Lizzy pergunta:

– O que foi mamãe?

Sem resposta ela grita:

– Mamãe!

– Ai o que? Não grita! Anda vai assistir o filme ou sei lá o que você estava assistindo antes...

– Era desenho! – Diz Lizzy

– Que seja! Vai logo que eu tenho que fazer o jantar

Lizzy foi murmurando até o sofá, onde deitou e em poucos minutos se entediou e dormiu ali mesmo. Sam não havia visto, estava cozinhando e pensando na foto. Não entedia o porquê de tanta cisma com a tal foto. Talvez porque a fazia lembrar aquela época “assombrada” que viveu. Para Cat era só uma foto legal que ela tinha com sua melhor amiga, mas pra Sam era mais que isso, era o inicio de todo seu pesadelo.