Flor do deserto

Capítulo 30- Um convite para o Pub


O inverno chegou sobre a grande Londres. As chuvas prenunciavam a neve que logo logo cairia. Ao cair da tarde a chuva deu uma pausa, e o sol se pôs atrás das nuvens cinzentas, fazendo um intenso frio se abater sobre a cidade. De frente à uma antiga construção, dois mendigos bebiam um café quente e forte, pagos por Sherlock. O detetive observava ambos saborearem o café.

—Foram muitos? -perguntou Sherlock. Um dos mendigos retirou uma folha de caderno amassada do bolso, entregando ao detetive. Sherlock observou que havia pelo menos 10 linhas escritas.

—Parte norte ou parte sul? -perguntou Sherlock.

—Norte -respondeu o que lhe entregará o papel- pelo menos foi tudo o que consegui recolher com os outros caras.

Sherlock assentiu com a cabeça, se virando para o que ainda bebia o café. O mendigo não esperou Sherlock falar, tirou uma folha amarelada do bolso, entregando ao detetive. Sherlock viu que essa tinha algumas linhas a mais escritas que a outra folha. O detetive juntou as duas folhas guardando-as no bolso. Ele perguntou aos dois:

—O que os outros viram de estranho pra essa lista estar tão cheia?

— A vida noturna é algo matemático senhor Holmes -disse um deles- quem vai pegar um vôo de madrugada, enche o táxi com malas, bolsas e pacotes. Mas nessa madrugada não eram viajantes. Caixas eram colocadas dentro dos táxis, e os sujeitos eram muito mal encarados.

— É verdade -completou o outro- um dos meus chegou até a ver a pistola na cintura de um dos que carregavam o táxi com caixas e mais caixas escuras. Nada de malas e bolsas. Pareciam mais contrabandistas do que viajantes.

—Porque viajantes? -perguntou o detetive.

—Quem mais pegaria um táxi de madrugada cheio de malas? Um viajante ou alguém que quer se esconder. E esses caras que estavam enchendo o táxi com essas caixas pretas parecia bem suspeitos.

O detetive refletia no que os dois homens lhe falaram. Então ele agradeceu e se despediu e, antes que virasse a esquina, um deles perguntou:

—Temos motivos para nos preocupamos senhor Holmes?

— Mostrem seus lábios.

Os dois homens, de forma confusa, puxaram seus lábios inferiores, mostrando a parte que fica dentro da boca. O detetive então respondeu:

—Não, podem dormir tranquilos. E me avisem de novo, se virem algo suspeito.

E dito isso, Sherlock se afastou dos dois homens, pegando um táxi em seguida. “Scotland Yard”, disse para o motorista. Enquanto Sherlock esperava chegar a seu destino, ele perguntou ao taxista:

—Todos vocês sempre trabalham à noite?

—Não, não senhor. Alguns de nós é que aceita fazer isso. Eu tenho família entende? Não posso estar me arriscando durante a noite.

—Se arriscando?

—Sim, à noite a criminalidade anda solta. E depois desses últimos meses...enfim, mas se o senhor pretende pegar um táxi muito tarde da noite, vai ser difícil pegar algum deles na rua. Geralmente eles ficam no posto esperando receber alguma ligação ou solicitação pelo aplicativo no celular.

—Entendo.

O resto da viajem foi feita em pleno silêncio. Ao chegar na Scotland, Sherlock subiu até a sala de Lestrade. Ele encontrou o inspetor dormindo na mesa, ele pigarreou, mas Lestrade não acordou. Então ele gritou “chamando inspetor Lestrade!”, Acordando o homem. Lestrade esfregava os olhos e bocejou.

—O que faz aqui? O que aconteceu?

—Quero acesso ao programa de rastreamento dos táxis.

—Como é?

—Eu sei que vocês têm um radar em tempo real que indica onde cada táxi está no momento. Sei que ele grava a rota das últimas vinte e quatro horas, e quero acesso à ele.

—E porque eu faria isso? Cismou com algum motorista em particular?

—Na verdade com trinta deles.

O detetive jogou as duas folhas na mesa de Lestrade.

—Mas o que é isso? -perguntou o inspetor.

— Uma lista com a placa do táxi e o respectivo endereço que ele foi para buscar suspeitos essa madrugada tanto na parte sul quanto norte da cidade.

—Não estou entendendo.

—A operação de ontem espantou os terroristas, fazendo eles escaparem de madrugada para não levantar suspeitas. Então, levantei meus informantes noturnos, e eles deram isso. Você ainda tem as fichas que deu para Harrison essa manhã?

—Sim, disse pegando alguns papéis na gaveta. Tomei o cuidado de tirar uma cópia antes dele pegar.

—A propósito, ele não está mais nos chefiando. Meu irmão assumiu o lugar dele.

—Como é?

—E com a autorização da própria rainha.

—Hein? Calma Sherlock, é muita informação de uma vez. Eu vou pegar um café e volto.

Lestrade saiu da sala resmungando seu cansaço. Sherlock sentou-se e aproveitou para comparar os endereços das fichas com o dos papéis. Todos os que os mendigos lhe deram batiam com os da ficha. Lestrade voltou e Sherlock explicou-lhe tudo de novo, pacientemente, mostrando a comparação que ele acabara de fazer. Lestrade abriu o computador à sua frente. Abriu algumas páginas e clicou num ícone, passando em seguida o teclado para o detetive.

Na tela apareceu o mapa de toda a cidade e pontinhos amarelos eram vistos em movimento com um conjunto de letras e números, correspondente à placa do táxi.

—O que vai fazer? -perguntou Lestrade

— Rastrear esses táxis pela placa, e ver onde eles foram depois de sair desses endereços.

— Isso vai mostrar para onde eles fugiram?

— Sim.

Lestrade assistiu Holmes fazer a sua busca, e com uma caneta ele anotava os dados e informações que Sherlock lhe passava. Logo estaria escurecendo, e Lestrade torcia para que aquilo acabasse logo. Ele inegavelmente precisava dormir.

***

Era noite. Emanuelle acordou com o som do seu telefone tocando. Caiu na caixa postal. Um pouco zonza ela se levantou e foi ver quem era. Uma voz familiar surgiu na caixa de gravação. Era Marcus, ele dizia:

Manu oi, como você está? Eu sei, eu sei. Também deve estar cansada. Foi uma madrugada complicada. Eu espero que você esteja bem. Mas eu estou ligando para informar que infelizmente nossa residência vai ser congelada”

Emanuelle arregalou os olhos, e sentou-se perto do telefone

“Eu falei com Charles, e ele disse que só poderemos voltar quando reconstruírem a emergência. E quando isso vai acontecer...bom, ninguém sabe. E foi para isso que eu liguei...ok, não foi só para isso. Eu queria ver você, conversar contigo. ver você. Depois de hoje fiquei com muito medo de algo ter te acontecido. O que você acha de irmos no Pub perto da minha casa? É novo, tem petiscos muito bons, e não é caro. Você vai ter que jantar não é? Vamos jantar comigo lá. O convite está de pé, me liga para dizer algo.

A gravação acabou. Emanuelle lembrou-se que não comeu nada o dia inteiro, fazendo seu estômago reclamar. Ela queria sair, queria esquecer os acontecimentos dos últimos dias por pelo menos alguns momentos. Ela então aceitou o convite. Pegou o celular e ligou para Marcus.

—Alô, Marcus? Aqui é Emanuelle.

— Manu, que bom falar com você! Você ouviu meu recado?

— Sim, acabei de ouvir.

— E então?

— Ok, eu aceito sair com você. Gostaria de conversar com alguém que não me sondasse o tempo inteiro.

— Hein?

— Nada, nada -disse, rindo- enfim, onde é esse Pub?

— Eu busco você de carro.

— Ah, ótimo. Você lembra do endereço?

— Lembro sim. Qualquer coisa eu ligo. Daqui a vinte minutos passo por aí.

— Estarei pronta.

— Excelente, até logo.

Emanuelle desligou, e rapidamente foi se arrumar para o jantar com o colega de trabalho.

***

Lestrade e Sherlock avaliavam o último item da lista que os mendigos entregaram ao detetive. Finalmente eles rastrearam o último táxi. Depois do endereço indicado, eles observaram que o veículo parou na estação London Victoria, assim como todos os outros veículos, em horários da madrugada distintos.

— Ótimo -resmungou Lestrade- eles podem estar em qualquer lugar do sul da Inglaterra. Surrey Hills, Cotswolds, Kent, Canterbury... podem estar em qualquer um desses!

— Nem todos. Qualquer um desconfiaria se várias pessoas chegassem de madrugada para comprar bilhetes para o mesmo local. Eles precisam ser muito discretos. Existem vários hotéis ao redor daquela estação. Eles devem estar por lá.

— Espera aí. Você está dizendo que esse pessoal todo ainda não saiu de Londres?

— Pelo menos metade deles não.

— Mas são só trinta pessoas.

— Não. Só as fichas que você pegou tem mais de trinta, e ainda deve ter mais gente que não conseguimos rastrear.

Lestrade levantou-se da cadeira e pegou seu casaco. Agarrou também seu celular e ligou para Donovan. Enquanto esperava a agente atender, Lestrade comentou:

— Vou mandar uma equipe para lá. Vamos pegar esses desgraçados que ainda não pegaram o trem.

— E quanto aos que pegaram?

— Isso resolvemos depois. Tire uma cópia dessas folhas e deixe na minha mesa.

Dizendo isso, Lestrade saiu apressado do escritório, deixando um detetive com cara de entediado sentado na cadeira. Sherlock levantou-se e usou a impressora da sala para tirar as cópias. Ele deixou a xerox em cima da mesa, e saiu do escritório, rumo ao 221b.

Ao chegar em casa, foi recebido com alegria pela sra Hudson.

— Ah, que bom que voltou cedo querido, está uma noite muito fria. Espero que Emanuelle tenha se agasalhado bem antes de sair.

— Emanuelle saiu?

— Sim, faz algumas horas já. Um rapaz veio buscar ela num carro. Ela disse para não me preocupar, que ela voltaria tarde para casa.

Sherlock não gostou da notícia que recebera. O detetive nem sequer retirou o sobretudo, e subiu as escadas rapidamente, indo para o 221c. Ele entrou no apartamento da jovem, farejando qualquer indício que revelasse para onde ela fora. Até que o detetive viu uma luz piscando no telefone que estava numa mesa. Havia uma mensagem na caixa postal. Sherlock apertou o botão, e ouviu a mensagem que Marcus deixara para Emanuelle antes dela sair.

***

O lugar era de ambiente escuro e aconchegante. Alguns sofás vermelhos, o balcão do bar todo feito em mogno e mesas e cadeiras feitas de madeira decorada com a bandeira do Reino Unido, davam ao lugar uma aparência elegante. O público jovem abarrotava aquele lugar, e uma seleção de músicas de Adele era a escolha da noite. Ao chegar, Emanuelle e Marcus escolheram uma mesa para dois no canto do ambiente. Eles sentaram-se e o garçom se aproximou:

— Boa noite. O que vocês vão querer?

— Eu vou querer uma cerveja -disse Marcus.

— Anotado, e para a senhorita?

— Whiskey duplo e um hambúrguer com muito queijo -respondeu Emanuelle.

Marcus olhou surpreso para a colega, ao que ela comentou:

— O que foi? Estou com fome.

— Nunca imaginei você bebendo Whiskey.

— Eu saí para me divertir, não é?

Marcus riu de forma encantadora para a jovem, achando graça do comentário. Então ele se dirigiu ao garçom e disse:

— Se ela vai beber Whiskey, traga para mim um Shirley Temple.

O garçom acenou com a cabeça e saiu para atender os pedidos.

— Shirley Temple?

— É um drink tropical, só para os fortes -disse ele essa última parte num cochicho, como se aquilo fosse um segredo, fazendo a jovem rir do comentário. O homem continuou- eu não lembro qual foi a última vez que te vi rir.

—É...faz muito tempo -disse triste.

— Sua tia...digo, a tia de sua amiga está lhe perturbando de novo?

— Nem tanto. Eu encontrei ela no mercado um dia desses. Me ameaçou de novo, louca como sempre.

— Entendo.

— Mas não é por causa dela que estou assim. É complicado na verdade.

O garçom chegou com os pedidos naquele momento. Marcus propôs um brinde com a moça:

— Um brinde, às complicações da vida que nos fazem querer encher a cara com colegas chatos de trabalho -Emanuelle deu uma risada, comentando depois de beber:

— Você não é chato.

— Obrigado, bom saber.

— Essas complicações é que me tiram do sério...mas eu não quero falar delas hoje à noite.

— Do que vamos conversar então?

— Não sei...o que você sugere?

— Eu estou preparado para ficar duas horas falando sobre cirurgia de intestinos -Marcus disse, colocando a mão no peito numa versão cômica de um patriota, arrancando sorrisos da jovem doutora.

As horas foram se passando, e eles pulavam de um assunto para outro. Drinque após drinque, Marcus sentia-se cada vez mais à vontade com a jovem. Emanuelle esquecera as broncas do dia, focando somente naquele momento. O garçom ao ver que o copo de Emanuelle tinha secado mais uma vez, foi à mesa:

— Mais um whiskey para a senhorita? -perguntou o funcionário.

— Ah não, obrigada -disse a moça. Ela olhou para Marcus e comentou- se eu beber mais uma não vou conseguir acertar a chave na fechadura da minha casa.

— Talvez você devesse ir para casa comigo então.

Marcus puxou a cadeira para ficar mais perto do que já estava da jovem, ao ponto de suas cadeiras ficarem lado a lado. Emanuelle não sabia o que responder, ela olhava atônita para aqueles olhos verdes e ao sedutor sorriso de Marcus. O homem colocou a mão por cima da dela, e repetiu o comentário:

— Venha comigo para casa…-Marcus com a outra mão colocou um fio de cabelo solto por trás da orelha da jovem, pousando sua mão em seu rosto- Eu gosto de você Emanuelle, gosto ardentemente. Marcus se inclinou para Emanuelle. Sua boca semi-aberta ia em direção à dela. A jovem por um momento quis ser beijada pelo homem, mas ela virou o rosto, fazendo Marcus beijar sua bochecha. Ela com feição preocupada pediu licença e se levantou dizendo que precisava ir ao banheiro. A passos rápidos ela cruzou o corredor e entrou no cômodo. Emanuelle sentiu seu coração quase sair pela boca. Ela sentiu medo, seu estômago doeu. Ela teve que segurar-se na pia, a bebida a tinha deixado muito tonta. A jovem lavou o rosto, olhou-se no espelho, perguntando a si mesma “o que é que estou fazendo?”. A jovem quis voltar para casa imediatamente. Não gostou do que sentiu quase sendo beijada por Marcus, definitivamente não foi a mesma coisa com o Sherlock. “Sherlock” ela lembrou. A moça tirou o celular da bolsa e discou para o detetive, iria pedir para ele vir buscá-la, não queria sair por aí zonza do jeito que estava, mas ele não atendia. Ela praguejou, comentando “onde está quando eu preciso de você?”. A moça então respirou fundo, e decidiu sair do banheiro. Emanuelle foi ao balcão sutilmente, de forma que Marcus não a viu. Ela pagou a sua parte da conta e, ao guardar o cartão e virar-se para sair, deu de cara com Marcus. Ele segurava dois drinques, oferecendo um deles à Emanuelle. A moça negou, dizendo que estava se sentindo mal e que precisava ir para casa. Mas marcus insistiu muito para que ela tomasse pelo menos aquele último com ela. Emanuelle cedeu. Ambos brindaram e, ao encostar a boca no copo e beber um pouco de seu conteúdo, a jovem sentiu alguém puxando o copo dela, a impedindo de beber o resto. Ao ver quem era, seu coração acelerou:

— Holmes? O que faz aqui? -perguntou a moça.

O detetive se virou para Marcus, que no momento estava boquiaberto, e disse:

— Eu disse para você ficar longe dela.

— E quem é você para me dizer o que fazer? -respondeu o homem, assumindo a mesma postura de confronto que ele assumira no hospital.

Emanuelle, vendo a situação onde poderia chegar, segurou no ombro de Holmes e disse:

— Tudo bem Sherlock, eu ia tomar mais esse drinque e ia para casa depois.

— Não, você não ia. Ele drogou sua bebida, e sabe-se lá o que ele ia fazer com você depois.

Emanuelle piscou algumas vezes, e perguntou, incrédula:

— Como é? Marcus, você drogou minha bebida?

— Não, não, de jeito nenhum.

Marcus ficara assustado como uma criança. Sherlock tirou um pequeno frasco do bolso, colocando algumas gotas de seu conteúdo na bebida que Marcus tinha dado para a jovem. Imediatamente a bebida mudou de cor, atestando que o que Sherlock falou era verdade. “Rohypnol”, comentou o detetive, seguido de um “boa noite cinderela” dito por Emanuelle. A jovem olhava incrédula para o colega. Marcus ficou furioso com a intromissão do detetive e, consumido pela raiva, deu um soco contra Sherlock. O detetive se desviou do golpe, acertando um gancho de direita em Marcus, levando o médico ao chão, desacordado. Sherlock pegando na mão da jovem, a puxou para fora do estabelecimento e atravessou a rua. Estava chovendo muito forte, e ambos ficaram ensopados em questão de minutos. Sherlock e Emanuelle caminhavam, à procura de algum táxi. Até que a jovem parou e colocou a mão na cabeça. Sherlock viu a moça pender para o lado, e a segurou para não cair no chão. Seus dois braços passaram ao redor de sua cintura, e a moça segurou-se no pescoço de Sherlock. Ela comentou baixinho:

— A bebida...eu cheguei a tomar um pouco.

— Calma, eu estou aqui, nada vai te acontecer.

O detetive abraçou mais forte a jovem com um dos braços sentindo-a escorregar, e a outra mão ele colocou atrás da cabeça dela, caso ela desmaiasse para a cabeça não pender. Ambos se olhavam nos olhos. Emanuelle sentiu novamente aquela sensação boa no estômago. A sensação daquela fatídica noite também voltou para Holmes. As gotas da chuva escorriam pelo rosto de ambos, refletindo a iluminação da rua. Apesar do clima congelante, um aquecia ao outro através do abraço, não sentiam o frio daquela noite. Aos poucos, o rosto de ambos ficava muito próximo, encostando seus narizes. Movida pelo calor do momento, ou pela quantidade abusiva de álcool que corria em suas veias, Emanuelle diminuiu a distância entre os dois, e encostou seus lábios nos do detetive. Sherlock respondeu à moça beijando-a de volta, no que ela retribuiu da mesma forma. Essa troca de respostas não durou muito tempo. Em determinado momento, Emanuelle parou de beijá-lo, deixando cair sua cabeça para trás. Ela desacordou devido ao efeito da droga. O detetive a segurou, impedindo-a de ir ao chão. Ele a olhava docemente, observando cada detalhe de seu rosto. A moça realmente tinha uma beleza peculiar. Ele estava atônito pelo o que acabara de acontecer. Sherlock simplesmente não pensou, não calculou, apenas deixou-se levar pelo momento. Sherlock estava tão distraído que quase não percebeu que um táxi estava vindo no fim da rua. Como que despertando de um sonho, ele estendeu a mão para o táxi, fazendo-o parar. O detetive carregou a moça para dentro do carro, seguindo rumo ao 221b. Ele também não notara que alguém, do outro lado da rua, o fotografou diversas vezes.