Flor Branca

Capitulo 01 - DaeYang POV


"Não acredito. Não acredito. Não acredito!!!! OH MEU SANTO PAI DO CÉU.... EU PASSEI!!!!!!!!"

Acordei assustada com o barulho alto do despertador, me tirando daquele sonho que eu tanto gostava de reviver. Aquele dia glorioso em que uma Brasileira passou nos testes de uma companhia para se tornar trainee. Não somente trainee, mas que daria tudo de si para se tornar o que finalmente é hoje, uma idol.

-DAEYANG-AH!!! - de repente meus olhos se arregalaram e eu tive a visão turva de ShinHa, Leader* e Main* Raper da Mystery*. Pisquei algumas vezes ate conseguir ter foco de seu rosto, mas não precisei dizer uma palavra pra que ela continuasse a berrar - ACORDO, FINALMENTE! Estou te chamando há meio século!!!!

-Quanto drama! - protestei.

-Drama? Ate a Nicole já levantou! O que aconteceu contigo?

Aish, se ate a Nicole, maknae*, Lead* Dancer e Vocal, já acordou então não terei paz hoje. Nicole de fato é a que mais dormia naquele dormitório, se você acha que um ser humano não pode hibernar, é por que não conhece Nicole!

Mas de qualquer jeito, dei um pulo da cama, quase caindo por falta de equilíbrio, diga-se de passagem, e sai correndo pelo apartamento. No que Nicole era conhecida por dormir, eu era conhecida por ser rápida. Meu banho não durou mais de 3 minutos, voltei pro quarto correndo e vesti a roupa que ShinHa havia me separado, e segui correndo para a cozinha. Peguei a primeira coisa que achei na frente, desejando que fosse algo saboroso, mas minha capacidade de distinguir alimentos enquanto corro ainda tem que ser aprimorada. Fiz uma careta quando me dei conta que estava com uma banana na mão, mas já era tarde demais para trocar.

Assim que me dei conta já estava entrando, ou melhor dizendo, me atirando dentro da Van, para que pudéssemos ir para o ensaio. E mesmo tendo recém acordado... Acabei cochilando de novo.

*FLAHSBACK*

E cá estava eu, uma brasileira fazendo audições para tentar ser uma ídol coreana. Um tanto quanto ridículo, era o que minha mãe falava, mas estou sem falar com ela desde que sai de casa, e fui em direção ao aeroporto com destino a Coreia. Fico me perguntando como será que ela deve estar, ou se eu passar, como ela reagiria?

Toda vez que me pego pensando nela, meu coração diminui a aceleração, mas ao menos tempo bombeia o sangue pelo meu corpo com tanta força que às vezes ate acho que esta querendo me machucar. São momentos difíceis, mas que não irei desistir... Farei isso por ela, para que ela possa se orgulhar da filha que tem.

-DaeYang-ssi? - aquela voz monótona da secretaria soou pela sala de espera e então meu coração mudou de rumo. As batidas calmas e fortes se aceleraram de um jeito que eu posso jurar que se fosse possível, ele quebraria minhas costelas!

-Aqui! - me manifestei, levantando daquela cadeira nada confortável e indo a sua direção.

-É a sua vez, entre! - aquela mulher precisava de um homem, e com urgência! Não que ela fosse feia, ou sei lá o que, mas seu humor parecia ser tão contagiante que assim que entrei na sala vi o rosto dos três jurados não muito diferente.

Cheguei a duas conclusões de imediato: Ou eles estavam querendo me amedrontar e me fazer sair correndo dali, o que não fiz por detalhes. Ou as audições estavam realmente um lixo e eles não estavam encontrando o que queriam. Torci para que fosse a primeira, por que se fosse à segunda, eu estaria bem ferrada!

-Apresente-se! - falou o homem no centro daquela bancada.

Engoli em seco e encarei os três jurados. Imagino eu, que o da ponta direita fosse o professor de dança, por que mesmo sentado ele tinha um jeito que amava rebolar. O que me preocupava, por que ele parecia aqueles bixas atacados, que se possível trancava as tranees no porão sem comida, para emagrecê-las! Mas com ele eu deveria me preocupar outra hora...

Na outra ponta deveria ser o professor de canto, com a postura bem reta e por detrás dos óculos grossos um olhar severo. Este sim era meu motivo de pavor, eu teria que agrada-lo agora.

Ao centro estava, acredito eu que fosse, o CEO* da companhia. Lee WonMin. Este nome me deu calafrios desde a primeira vez que o ouvi, confesso. Mas assim que vi aquele homem com o rosto meio gordinho, tentando se passar por invocado, a única coisa que eu queria era fazê-lo sorrir.

-Meu nome é DaeYang, nasci em 1992, e sou Brasileira...

-E o que você vai cantar? - perguntou o professor de canto, me cortando.

-Eu irei cantar 'I Hope' da banda 'FT Island'*. - disse o mais confiante que pude, mas eles não pareceram tão surpresos quando eu esperava. Olhei para a secretaria, que parecia que estava prestes a se jogar da janela ao seu lado, de tanto tédio que estava.

Esta por sua vez revirou os olhos e enfim deu play na versão instrumental da música selecionada. As notas agitadas entraram em meus ouvidos, me preenchendo por dentro, como de costume, e então esqueci que estava sendo avaliada. Fechei meus olhos, inalando profundamente o ar e então os abri, e juntamente minha boca.

As palavras tanto cantadas, tanto treinadas, começaram a sair do jeito que eu as conhecia. Meus braços e pernas não ficaram parados ao lado do corpo como minha amiga havia tentado me ensinar a controlar.

Quando dei por mim, já havia terminado de cantar a música, e um sorriso nos meus lábios era segurado pelos dentes para não demonstrar mais entusiasmo que devia. O professor de dança não parava de escrever nas folhas a sua frente, o de canto perdera a feição irritada, mas ainda permanecia rígido como uma pedra.

-Muito bom... Por favor, se dirija a sala ao lado, a Senhora Kim HaYa ira lhe acompanhar. - e essas foram às palavras de Lee WonMin. Nada de "parabéns, você arrasou, nos vemos nos treinos..." ou o que me assustava "por que você esta aqui? Que horror, pelo amor de deus, se manda da minha frente...”.

Well, claro que ele nunca usaria palavras assim.......... Espero. Mas de qualquer forma, ele não me falou nada. Só deu tempo de que eu agradecesse e então seguisse a simpatia em pessoa, Kim HaYa, para a sala ao lado. A maldita sala com cadeiras nada confortáveis, a sala que tive que esperar na ultima meia hora para que eles me ouvissem cantar.

Lá estava eu, de novo. Naquela simpática sala - sinta minha ironia - esperando para o que eu deveria fazer... Eles ao menos poderiam me explicar o que esta a acontecendo. Mas NÃO... Eles simplesmente me abandonam aqui, para ouvir mais pessoas. Respirei fundo, ao menos já havia cantado, e então sentei em uma cadeira mais ao canto.

Imagino que eu devesse saber por que - com certeza, meus olhos - as pessoas me olhavam estranhamente. Mas algo dentro de mim não se deixou abalar por olhares nada amigáveis. Ao invés disso, meus olhos tomaram outro rumo, e começaram a observar a estrutura do lugar. Culpe meu irmão arquiteto por isso, vivia entrando nos lugares e falando da estrutura e "onde esta a viga sei lá o que" ou coisas assim. Nunca entendi e nem pretendia, aprendi com minha mãe que louco não se contraria.

Eu estava bem, observando o detalhe do piso, quando dois... Quatro... Seis pares de pés se puseram diante do detalhe que eu tanto estava a admirando. E como em filmes, meus olhos percorreram o corpo inteiro dos donos, ou devo dizer das, e assim que vi seus rostos, o meu se inclinou. Sinal de duvida, com certeza. Elas pareciam as mais desesperadas pela fama em um raio de 8735426982374 km, usando roupas incrivelmente justas e maquiagens a mais do que se deveria usar em plena 3h da tarde.

Confesso que estranhei mais pelo fato de estas terem sido as primeiras a virem falar comigo. Mas no segundo que a garota do centro falou, entendi toda a situação.

-Por que você esta aqui? - aquela voz nojenta e enjoativa ecoou em meus ouvidos, e juro que desejei ter um balde por perto para vomitar. Tenho pena dos pais dela, que foram obrigados a escutar esta voz desde sempre...

-Não entendo muito Coreano, desculpe! - disse em inglês, meio envergonhada. Na real eu entedia, mas ainda não tinha tanta facilidade, se fosse para me xingarem, que me xingassem em uma língua que eu pudesse responder a altura.

-Por que você esta aqui? - ela repetira, em inglês, totalmente a contra gosto, e com uma voz mais nojenta e irritante ainda.

-Para fazer a audição...? - eu tive de colocar um ar de duvida em minha resposta. Ela realmente estava fazendo uma pergunta daquelas?

-Isso é obvio, acha que sou idiota?! - não falei nada, mas meus lábios se espremeram em um leve sorriso, fazendo-a nada feliz. - Me refiro a Coreia. você não é oriental e isso vemos ate de olhos fechados... - eu permaneci quieta, apenas perdi o sorriso dos lábios, e fiquei a observa-lá. O que ela queria de mim? Eu estava quieta no meu canto... Olhando o piso bonitinho...

-É, se manda daqui! - a garota da esquerda se manifestou, de um jeito um tanto quanto... Retardado?! Mas eu tive de rir do olhar reprovativo que a do meio a encarou.

-Cala a boca!

Minha risada trancou na goela, mas não passou desapercebida pela garota da direita.

-Do que esta rindo?

-É proibido rir, na Ásia?! - perguntei desafiadora - Já que não sou Coreana, não sei de suas regras... - disse em ar de deboche, fazendo os olhares curiosos de todos se concentrarem mais ainda em nos.

-Como ousa falar assim comigo?

-Ouso falar do mesmo jeito que esta falando comigo... - disse simples, me acomodando na cadeira e voltando a observar as pessoas naquela sala. Deixando ali, diante de mim, três garotas nada felizes, e se pudessem, soltando fogo pelas ventanias.

*FLAHSBACK END*