Fix A Heart

Capítulo 2 - Goodbye


P.O.V Demi

Quarta-feira. Daqui a dois dias não estarei mais em NY. Acabei de sair do banheiro e estava indo ver minha roupa pro meu penúltimo dia de aula aqui, quando paro em frente ao grande espelho que tem no meu quarto. Estava com minhas roupas intimas, mas enrolada na toalha. Tiro a toalha do meu corpo e passo a mão pela minha barriga, eu estava gorda, e me odiava por isso. Lembro quando eu tinha uns 12 anos e parei de comer, somente poucas vezes por semana e deu certo, pois consegui emagrecer. Mas depois, sempre quando eu comia e sentia culpa, eu jogava tudo pra fora. E jogo até hoje.


Desci as escadas para encontrar meu pai no café da manhã, e lá estava ele, com uma xícara de café na frente e lendo o jornal do dia, típico dele. Me sentei e fiquei olhando pra ele, que parecia não ter percebido a minha presença ali.

– Bom dia pai. – disse o fazendo abaixar o jornal.

– Bom dia, filha! Não tinha te visto. – é eu já estou acostumada. – Então .. tenho uma novidade pra você.

– Qual?

– Vou com você sexta pra Atlanta, mas já volto no sábado – disse empolgado.

– Isso é .. bom. – sorri falsamente.

Olhei pra mesa, encarando aquele monte de comida na minha frente. Peguei a jarra com suco de laranja e coloquei o líquido em meu copo. Isso seria meu café: Pouco mais da metade de um copo de suco de laranja.

– Quer carona pra escola? – perguntou meu pai.

– Não, liguei pra Mike e ele vem aqui com a turma.

– Hum. Já falou com eles sobre a viagem? – porque ele sempre fazia questão de ficar me lembrando disso?

– Falei com Maddie, falo com os outros hoje. – disse friamente, queria que ele visse o quanto a sua ideia brilhante, estava me deixando com raiva.

– Tudo bem, eu vou indo. Tchau, filha. – ele se levantou e foi em direção a sala.

– Tchau, pai. – sempre assim, sem contato, sem palavras mais bonitinhas, sem um beijo no topo da cabeça, como todo pai faz.

Levantei-me da mesa e fui até a sala, me jogando no sofá. Peguei o meu celular e fiquei fuçando nele, jogando um joguinho qualquer, esperando meus amigos.

Assim que ouvi o barulho do interfone, peguei minha bolsa e sai, caminhando pelo enorme jardim até chegar ao portão. Minha casa era muito grande, grande demais pra viver somente duas pessoas. Quer dizer, tá mais pra uma. Abri a porta de trás do carro de Mike e entrei.

– Oi gente! – disse assim que entrei.

– Oi Dems – disseram em coro.

– Vocês demoraram, pensei que iam vir mais cedo. – disse.

– Adivinha de quem é culpa? Da noiva ai do seu lado. – disse Rick se referindo a Jenna e eu ri. Ela sempre demorava pra se arrumar, parecia uma noiva mesmo.

– Ei, pode parando – disse num tom autoritário, mas ninguém levou a sério e só riram mais.

Pensei em contar pra eles da viagem agora do que na escola, não queria que ninguém soubesse, só eles. Ninguém se importa com isso, só seria mais um assunto pra estarem cochichando pelos corredores da escola. E assim fiz.

– Pessoas, tenho que contar uma coisa pra vocês. – olhei para Maddie, ela sabia do que se tratava e assentiu para que eu continuasse.

– Fala ai, Demi – disse Mike, sempre curioso.

– Eu vou viajar na sexta – disse rápido.

– Pra onde seu pai vai te levar dessa vez? – perguntou Jenna empolgada, já que as poucas vezes em que eu viajava com meu pai, nós íamos para um país diferente.

– Pra Atlanta.

– Ahh – agora Jenna tava desapontada. – pensei que iam pra outro país.

– Bem que eu queria – pensando que poderia ser o Brasil - Principalmente que fosse só uma viagem. – suspirei abaixando a cabeça.

– Como assim? – perguntou Mike, olhando pra trás pelo espelho do carro, parando no sinal vermelho.

– Vou me mudar. – nisso todos olharam pra mim.

– Porque se mudar? - perguntou Rick.

– Também não sei, mas parece que agora meu pai ta se importando se eu fico sozinha em casa ou não.

– Mas o que isso tem haver? – perguntou Jenna.

– Eu não quero ir – repeti a mesma que disse para Maddie ontem, limpando uma lágrima que estava prestes a escorrer.

– Já falou isso pra ele? – diz Mike, acelerando o carro agora.

– Já gritei com ele, mas nada tira essa ideia dele, além dele gostar de lembrar disso a cada segundo.

– Demi, tu volta né? – diz Jenna com os olhos transbordando. Tá ai porque a chamamos de noiva, além de demorar pra se arrumar, é emotiva, como uma noiva no dia do casamento.

– Assim espero.

– E quem que eu vou ficar provocando agora? – pergunta Rick, fazendo biquinho.

– Eu também vou sentir sua falta Rick – disse com ironia e ele riu.

– Mike? – chama Maddie.

– Sim?

– Não vai dizer nada? – ele ficou em silêncio e eu olhei feio para Maddie. Mike não é das pessoas melosas, além de ser igual a mim em um quesito: odeia despedidas.

– Dems, eu .. não sei o que dizer. Uma das minhas melhores amigas vai embora e .. – eu o interrompi.

– Ta tudo bem Mike, sei que não gosta de momentos assim.

– Eu vou sentir saudades. – ele disse por fim.

– Eu também vou, de todos vocês. – as meninas que estavam atrás comigo, me deram um abraço ao mesmo tempo, me espremendo no meio delas me fazendo rir. Eu me senti bem, sabia que essas pessoas sentiriam a minha falta. Eu acho.


******


– Desce logo, Demi. – Gritou meu pai.

– Já vou. – gritei em resposta.

Hoje já é sexta feira, dia de ir. Estava pegando minhas coisas no banheiro, escova de cabelo, cremes e tals.

Logo já estava tudo lá embaixo, as minhas duas malas e uma bolsa com outras coisas. Meu pai devia estar no escritório enquanto seu motorista colocava as malas no carro. Era mais onze da manha agora, segundo meu pai, íamos mais cedo para almoçarmos no aeroporto mesmo, e quando ele disse isso eu entendi: pra ele almoçar. Meu pai logo apareceu na sala, com o celular na orelha, mas logo desligou.

– Vamos? – suspirei e respondi.

– Vamos.

Fomos até o carro e entramos, meu pai estava do meu lado, mas não trocamos nenhuma palavra o caminho todo, pois assim que entrei coloquei meus fones de ouvido e encostei minha cabeça no vidro do carro e assim fui, ao som de Maroon 5.

Por conta do trânsito, chegamos ao aeroporto meio dia. Me pai foi resolver os últimos detalhes das nossas passagens e voltou, me levando a um restaurante ali mesmo.

– O que vai pedir filha? – perguntou meu pai, lendo o cardápio.

– Eu to sem fome, pai. – fechei o cardápio que eu estava lendo também e coloquei em cima da mesa.

– Demetria, você tem que comer alguma, não vi você tomando café. - odeio quando me chamam de Demetria.

– Mas eu to sem fome – nessa hora minha barriga fez um barulho indicando que eu estava mentindo, meu pai com certeza ouviu, pois me olhou arqueando uma sobrancelha.

– Mesmo? – disse ele com ironia.

– Ta bom, pode pedir o mesmo que o seu. – ele assentiu e chamou garçom.


******


– Tchau Dems, – disse Rick me abraçando, ele e os outros vieram aqui no aeroporto se despedir.

– Tchau Rick – disse com voz de choro, pois algumas lágrimas queriam sair.

– Hey Dems, vou sentir saudades – disse Maddie, me abraçando apertado.

– Eu vou sentir sua falta Maddie – a abracei mais forte. Assim que soltei, Jenna praticamente pulou em cima de mim.

– Demi, eu te amo amiga, vou sentir muito sua falta. – ela me abraçava forte e eu já não aguentei e deixei as lágrimas que estava segurando antes caírem pelo me rosto.

– Eu também te amo Jenna – a soltei e sorri. Mike estava ao seu lado e abriu os braços pra mim e logo o abracei.

– Demi, vou sentir saudades suas.

– Eu também vou Mike, muita saudade.

Assim que me soltei de Mike ouvi uma voz anunciando o voo.

“Última chamada para o voo 174, Atlanta”

Meu pai se levantou da cadeira, onde estávamos esperando e colocou as mãos no meu ombro.

– Hora de ir Demi. – assenti com a cebeça.

– Eu amo vocês, gente. – disse assim que peguei a minha bolsa.

– Nós também te amamos Dems – disse Rick por todos.

Sorri e fui acompanhando meu pai, olhei pra trás e eles acenaram pra mim com as mãos me fazendo acenar de volta. Entreguei a passagem para uma moça e fomos na direção do avião.