John chega em casa exausto, aquela noite foi extremamente difícil para ele, imediatamente se joga no sofá e começa a refletir sobre toda aquela história estranha. Não tinha a mínima ideia no aquilo iria dar, estava com medo, inseguro e confuso, ao se meter naquela situação poderia estar trazendo a sua morte, porém estava disposto a fazer esse sacrifício. Aquelas crianças estavam num sofrimento sem fim há 30 anos, por causa desse assassino frio e cruel, isto é muito injusto da parte dele, elas merecem ter paz.

Eu vou salvá-las, eu prometo! Não vão derramar nenhuma lágrima novamente. - Acabou dizendo em voz alta, mas não se importou.

Levantou-se calmamente do sofá e foi em direção à janela, olhou toda aquela imagem magnífica e também um pouco bagunçada, por culpa do intenso trânsito e dos vários prédios. Se sentou e o vento veio forte e leve, indo de encontro ao seu rosto e, ao sentir aquela brisa, o jovem teve sua energia e esperanças renovadas, a sensação do vento em seu rosto, os pássaros cantando alegremente e o belo nascer do majestoso Sol, deu a força que ele precisava. Quando menos esperava, percebeu que já estava anoitecendo, provavelmente dormiu e nem percebeu, então se levantou e rumou até o banheiro, olhou no espelho e encarou seu reflexo, estava com olheiras bem visíveis, consequência das noites não dormidas, notou que o seus cabelos castanhos claro estavam ligeiramente bagunçados, então tentou arrumá-los, falhando miseravelmente.

Parou de enrolar e despiu-se rapidamente e ligou o chuveiro, a água estava fria, causando um arrepio no rapaz ao ter contato com a água. Finalmente, foi para debaixo do chuveiro, deixando a água bater em seu corpo por um longo tempo, antes de sair do banheiro e dirigir-se até o seu quarto, estava prestes a pegar seu uniforme, quando uma ideia veio em sua cabeça. Pensou em simplesmente não usar o uniforme, mas sim suas próprias roupas, queria ir bem arrumado e parecia ser adequado a ocasião.

É claro. Muito adequada para a ocasião... Com quase toda a certeza eu irei morrer. - Murmurou para si mesmo, após pegar uma roupa e analisá-la. Uma camisa social preta com alguns botões também pretos e uma calça jeans azul escuro e um cinto que completava o conjunto, não tinha muito tempo, então vestiu-se rapidamente e penteou seus cabelos, deixando-os um pouco arrumados. Observou-se no espelho, antes de sair de sua casa, parecia até que ia à uma festa chique ou uma reunião importante, mas não estava indo à uma pizzaria assombrada por robôs e com um dono louco.

Foi em direção à porta e saiu de sua casa, dando de cara com uma rua absurdamente escura, ficou receoso, mas seguiu em frente até virar a esquina e encontrar outra rua, dessa vez um pouco mais clara. Ele andava devagar, apenas seus próprios passos eram ouvidos, de repente, ouviu outro passo que com certeza não era dele. Sua respiração ficou mais rápida, então começou a andar mais rápido, novamente ouviu o passo e por isso acelerou ainda mais, podia ser coisa da sua cabeça, mas ainda fazia questão de acelerar para poder chegar logo na pizzaria. Depois de um tempo que parecia horas, ele chegou em frente a pizzaria, quando ia passar pela porta, um barulho novamente, mas dessa vez não era um passo e era bem mais perto. O som parecia ser de alguma coisa batendo contra o chão, mas não soube indentificar o que seria, então permaneceu quieto, o coração acelerado e a respiração ainda mais rápida e curta.

Olha só quem eu encontrei por aqui! O serviçal do chefe. Na verdade, eu estava seguindo você... - Uma gargalhada ecoou pela rua escura e silenciosa. O homem do sorriso que fazia John ter calafrios estava ali, na sua frente.

O-O que você quer?

Ah, nada de mais. Só quero enfiar minha linda espada em você. Não consegui fazer isso naquela vez, mas agora será diferente. Não vou cometer este erro... - Um sorriso maléfico surgiu de sua boca.

Por favor... Não faça nada. Eu não irei atrapalhar mais nada naquela gangue do Justin.

Sinto muito, mas ordens são ordens. Eu decepcionei o chefe, mas hoje ele ficará muito satisfeito! O Justin também não fica nada feliz em ter que me mandar fazer isso com você, mas não há outro jeito.

Acho que agora entendo porque você é o mais confiável pra ele, vocês são parecidos. É por isso que ele não vem hoje, não é mesmo?

Sim, você acertou. Que esperto! Vamos pular para parte em que eu mato você, pode ser? - Ele retira a espada que estava nas suas costas, presa com um cinto. Mas antes de fazer qualquer coisa, encara sua espada por um momento, dando a chance que o outro precisava para fugir. Ele dispara em direção à porta da pizzaria e, antes de partir para o corredor, vê uma estante perto da entrada, então decide derrubá-la, assim impedindo a passagem do outro rapaz.

Após um pouco de esforço, ele consegue derrubar a estante e o barulho alto interrompe o assassino de seus pensamentos e o traz de volta à realidade. John vai para o corredor e percebe que já era meia-noite, ou seja, mais um problema para ele esta noite, ele se acalma e decide dar uma olhada para trás, antes de virar o corredor. Kevin está empurrando a porta com uma força impressionante, conseguindo fazer a estante se mexer e provavelmente, sairá do caminho dele logo, então ele acelera indo até o salão da pizzaria, nunca tinha ido lá antes, mas não era hora de olhar o que havia lá. Ele se escondeu numa sala que encontrou por perto, nunca havia visto ela, não era possível vê-la pela câmera, parecia ser um escritório, pensou que poderia ser do antigo dono ou talvez gerente do local, antes de tudo acontecer. Permanente quieto e esperou, estava tudo muito silencioso e não havia nenhum sinal de alguém andando por ali, quando se deixou relaxar, um barulho alto atravessou todo o lugar, alguma coisa grande fora cortada.

John! Onde está você? Venha aqui. Minha espada está te esperando! - A voz vinha do corredor, o que significava que estava perto de chegar no salão. Outra gargalhada preencheu o local, dando outro arrepio no rapaz escondido. John olhou ao redor da sala e reparou tarde demais que era muito apertado ali, se Kevin o achasse não teria nenhuma possibilidade de fuga, portanto teria que sair dali logo se quisesse ter alguma chance. Abriu a porta devagar e pôs-se a andar em direção ao outro corredor que havia mais na escuridão, estava tudo muito escuro, então tinha que ter muito cuidado para não tropeçar em alguma coisa e fazer barulho.

Andou pelo corredor escuro devagar e, novamente uma risada ecoou mais perto, ele deve ter chegado no salão agora. Apressou-se um pouco, então ouviu uma voz vem baixa, quase como um sussurro, era bem grave e rude, a voz pareceu familiar para ele, mas não se lembrou de quem seria. A voz parecia ter dito algo como:

Corra...

John ouviu sons de coisas sendo derrubadas e quebradas, por causa disso disparou até o salão menor e subiu o palco com uma cortina e uma pequena placa escrita: Fora de serviço. Abriu a cortina para ver se havia algo, mas não tinha nada, por isso entrou lá e fechou a cortina e ficou em silêncio.

Te peguei! - Kevin abre a cortina rapidamente, surpreendendo o jovem amedrontado.

O quê? Mas como?

A sua respiração se podia ouvir a dois quilômetros de distância, não foi difícil. - Mais uma vez, um sorriso brota de seus lábios, um sorriso ainda mais arrepiante. Estava prestes a lançar sua espada em direção de John, quando um barulho é ouvido, assustando os dois.

Mas quê diabos foi isso?

Eu não sei. - Sua mente clareou, aquela voz que havia ouvido era de SpringTrap.

Eu... Eu acho que é o SpringTrap.

Aquele robô assombrado que o chefe tanto fala?

Acho que sim.

Mas o que ele quer?

Ele é assombrado, então provavelmente, quase certeza absoluta... Quer matar nós dois.

Isso não vai acontecer. Eu vou acabar com ele primeiro! - Outro barulho ecoou pelo salão, mais alto. SpringTrap surge no corredor escuro, se arrastando calmamente, um sorriso no rosto, os costumeiros olhos esbugalhados, ele faz um som terrível, como um rugido, mas muito mais agudo e perturbador.

Ele... Ele é mais assustador do que pensei. - O assassino ao lado murmura, pela primeira vez, parecendo pertubado.

Olá... John. - SpringTrap se aproxima dos dois devagar, ainda com um sorriso. Olhando de perto, viu que por trás daquele sorriso pertubador e dos olhos esbugalhados, havia alguma coisa que fazia o robô parecer ter uma dor imensa, John nunca achou que sentiria uma coisa dessa por alguém, mas pela primeira vez, sentiu pena daquele ser. Apenas para saciar seu egocentrismo, matou aquelas crianças inocentes e olha o que se tornou: um humano desprezível e digno de pena, apenas isso e nada mais.

Chegou a sua hora, John. Mas olha que coisa boa, trouxe um amiguinho pra brincar comigo também? - Soltou uma risada fraca, mas amedrontadora.

Eu tenho pena de um ser como você! - John cuspiu as palavras, como se tivessem sido guardadas, mas agora precisava jogar tudo pra fora. De repente, sentiu uma dor em seu queixo e, quando deu por si mesmo, estava caído no chão, sua boca sangrava.

Quem te deu direito de abrir a sua maldita boca?! Verme! - O robô amarelado estava com o punho erguido, tinha um olhar de fúria, mas o mesmo sorriso de vitória no rosto, agora com um pouco de deboche.

Continua...