First Snow

O amor é uma flor delicada...


O amor é uma flor delicada, mas é preciso ter coragem de ir colhê-la à beira de um precipício.
(Sthendal)


Prólogo


Os pingos d’água despencavam do céu nublado à colidirem-se violentamente com o asfalto mal tratado por marcas das rodas dos carros que estacionavam-se numa linha exageradamente grande, defronte à residência bastante tumultuada, era ali que acontecia um dos eventos ao qual eu odiaria estar no momento. As folhas secas acoplavam-se frente ao local, e não só as pétalas das flores que despencavam das árvores exageradamente grandes do terreno, quanto as gotas que uniam-se numa dança perfeitamente graciosa, a fim de abater os cascalhos numa brisa gostosa, de modo que um friozinho quase que apetitoso pudera fazer parte daquela tarde maravilhosa, é claro, se não fosse por conta daquele acaso. Deixei o carro, marchando sem cumprimentos que pudessem gastar meu pouco tempo diretamente até o pequeno quadro apoiado defronte a uma mesinha improvisada no fundo do corredor, era óbvio que eu teria de atravessar tanto as múmias que ora fofocavam ou desfrutavam de comida em algum canto, das vítimas das lágrimas, das escadas e do exuberante corredor da casa, algo esperado.

No quadro havia a imagem de sua face clarinha e livre de qualquer impureza, os olhos sempre cálidos e desprovidos de qualquer vida somavam-se aos lábios carnudos e quase sempre rosados, algo que não se podia ver graças à foto em preto e branco, assim como seus cabelos atualmente descoloridos, e aos ombros, lembro-me de ele sempre citar o ódio de imagens que sequer podiam expor as cores, sendo tais algo que expunha vida. Podia contar nos dedos as pessoas conhecidas que compareceram ao recinto, entre elas haviam Jinyoung e Sandeul que provavelmente não teria noites de sono que pudessem amenizar sua inexplicável dor. Mas nenhum deles se sentia tão péssimo quanto eu, nenhum deles poderia sentir um décimo de meu pesar, e se de alguma forma pudesse ler meu interior me veriam gritar e implorar para que alguém pudesse desfazer aquilo, ou dizer que era uma simples mentira.
As lágrimas vieram muito fáceis aos meus olhos, e só então é que eu me dei conta de que aquele não era o meu lugar, despertei de minh distração quando meu passos me guiaram para fora, a neve caía tênue e tingia o asfalto facilmente, me recordei do amor de Baro pela neve e a maneira como ele dissertava coisas sem nexo apenas para me fazer sorrir pelas manhãs, de fato era bobo e encantador, o mais difícil em aceitar tudo isso era o fato de que meu fiel melhor amigo e namorado, não me ligaria para uma de suas bobas conversas noturnas. Sorri ao pensar nele, sorri apenas porque, enquanto as gotas de chuva retornavam, ensopando as ruas vazias e sem um pingo da felicidade que aparentemente havia há alguns anos atrás, quando o silêncio cortava-se entre a minha voz e de meu amado, nós dois embriagados a cantar e trazer a ira de meus vizinhos que há tanto haviam se mudado, eu pensava no quão falta faria, e no fardo que seria imaginar que aquele garoto, qual um dia me tomou aos braços, aquele que um dia me protegeu na saída da escola, aquele que um dia selou-me os lábios, que um dia meu tesouro foi, SunWoo... Estava morto.