First Man

Capítulo Único


Yes, I'm gonna stay with him tonight

I'll see you in the morning

No, of course, he won't drink and drive

Can you say bye to mom for me?

Clary se lembrava de estar parada em frente a porta de casa depois de todo o caos com Valentim e Sebastian, Jace em sua moto do lado de fora, Jocelyn tinha ido tomar banho e ela estava atrasada para a festa da família Lightwood. Luke era quem se despedia dela e fazia questão que estivesse bem agasalhada por cima do vestido verde musgo, a ruiva baixinha e sardenta o encarava com pressa.

Luke riu.

― Luke, eu preciso ir! Estamos atrasados, eu volto amanhã. ― Disse batendo o pé. ― Já foi um milagre você convencer a mamãe que eu podia dormir com Isabelle, se ela me ver aqui ainda vai mudar de ideia.

― Tudo bem, tudo bem. Só estou me assegurando que está segura, Clary. ― Puxou-a para um abraço de urso, o queixo em cima da cabeleira cor de fogo sentindo o aroma de morango que ela emanava. ― Tem certeza que posso confiar nele?

― É o Jace, lembra?

― Ele não bebe e dirige, certo? ― Insistiu o mais velho vendo a adolescente bufar.

― Não, é claro que não. Posso ir agora?

― Não, só mais uma coisa.

― O quê?

Luke se aproximou tomando o rosto de Clary entre suas mãos e abaixando para dar um beijo no topo de sua cabeça, deixando a garota mais confusa que nunca. Luke deu uma boa olhada em sua filha antes de deixar um sorriso leve passar por seu rosto, um sorriso cheio de orgulho.

― O que foi? ― Ela quis saber.

― Estou orgulhoso de você, Clary, se qualquer pessoa podia detê-los, era você. ― Ele disse. ― É mais forte do que imagina… Mas isso não me impede de ser um pouquinho protetor de vez em quando.

Clarissa gargalhou negando tentando disfarçar as lágrimas.

― Não, não impede mesmo. ― Fungou o abraçando mais uma vez.

― Agora vai, qualquer coisa me liga. ― Pediu vendo a ruiva assentir risonha pegando seu casaco novamente.

― Diz tchau pra mamãe por mim! ― Gritou de longe.

De longe viu ela subir na moto e sumir com Jace Herondale.

He makes me really happy

I think he might be the one, oh

Luke Garroway via sua pequena andar de um lado para o outro da sala, parecia que ia afundar um buraco bem ali. Ela parecia sua mãe quando nervosa com alguma coisa, os cabelos esvoaçantes e a expressão concentrada. Só que agora mais crescida, mais adulta. Clary estava assim a exatos quinze minutos sem dizer o que havia acontecido, Jocelyn estava destruindo a casa junto da filha.

― Clary, pelo amor de Raziel, nos conte logo o que aconteceu! Algum problema no Instituto? ― Jocelyn se levantou aflita. ― Fale conosco, filha.

― Por quê você não faz um chá pra todos nós enquanto eu converso com ela? Talvez seja só nervosismo bobo, conhecemos a Clary. ― Sussurrou no ouvido da esposa, Jocelyn o encarou fuzilante. ― Sabe que estou certo.

― Às vezes parece que ela gosta mais de você do que de mim. ― Murmurou saindo.

Não era verdade mas Luke sabia que isso era um dos dramas típicos das garotas Fairchild. Agora sozinho com Clarissa na sala viu a garota se jogar no sofá com os olhos marejados, aquilo o deixou preocupado de verdade. Com passos cautelosos sentou-se ao lado da pequena.

― O que houve, Clary? ― Perguntou suavemente acariciando as costas trêmulas da garota. ― Aconteceu algo entre você e Jace?

― Ele me pediu em casamento. ― Soltou em uma lufada de ar só, Luke arregalou os olhos.

Jocelyn vinha do cozinha trazendo as xícaras e teve de fazer um grande para não derrubá-las quando escutou as palavras proferidas pela filha, tentou não fazer um grande alarde muito grande. Garroway fez um gesto disfarçado para que a mulher viesse sentar ao outro lado da ruiva. Clarissa chorava baixinho.

― E isso é ruim, querida? ― Sua mãe indagou confusa. Clary concordou.

― Pensei que vocês estivessem apaixonados. ― Luke confortou, a mesma se afundou ainda mais no sofá. ― Clary, precisa nos deixar a par do que está acontecendo aqui.

― É complicado. ― Começou com a voz embargada. ― Eu amo ele, amo mais que tudo mas amor só não basta. Tem tantas coisas que nos impedem disso, nunca sabemos quando vamos morrer. Somos caçadores, nossa taxa de mortalidade é altíssima!

― Meu amor, tem certeza que é só isso? ― Jocelyn sorriu de lado afagando o ombro da filha, confusa Clarissa Fairchild se virou para a mãe. Os olhos verdes mais inchados do que nunca e o rosto vermelho.

― O que quer dizer com isso?

― Tem certeza que é só isso ou isso tudo é o medo falando mais alto? ― Luke tentou.

No fundo Clary queria poder contar à eles a verdade, sobre sua visão e tudo que estava acontecendo ultimamente mas sabia que sua mãe teria um infarto assim que ouvisse e não queria preocupar seu pai. Ao invés disso apenas balançou a cabeça em concordância.

― Tenho e agora temo que ele me odeie porque estou evitando falar disso o máximo que posso. ― Desabou a cabeça no ombro do lobisomem, o mesmo fazendo um carinho leve em seus cachos ruivos. ― Eu tô com medo, Luke.

Jocelyn observava os dois com um sorriso no rosto.

― Estou aqui com você, pequena, nada vai te acontecer. ― Assegurando isso abraçou sua filha de lado como se aquilo pudesse protegê-la de todo o mal do mundo.

And before the open up the doors

I say I've never seen you cry before

You say: You've never looked so beautiful

You know you'll always been my little girl

A dúvida parecia que fora anos e anos antes, mas ao ver Clary ali com seu vestido de noiva espairecia qualquer dúvida para longe. Os detalhes dourados da peça tinham um toque angelical que eram essenciais para a cultura dos caçadores de sombras, o cabelo fogoso de Clarissa Fairchild estava preso em um coque bem elaborado que deixava Luke com vontade de chorar.

Sua garotinha não parecia mais a mesma menina de quinze anos que saíra de casa à procura de aventuras novas para seu aniversário, tinha crescido tanto que ele tinha perdido a conta de quando isso começou.

― Se quiser desistir, meu carro está parado bem atrás do Instituto. ― Se inclinou para dizer, Clarissa insistiu que o casamento fosse na Sala de Acordos já que era o único lugar onde seus amigos sobrenaturais podiam entrar incluindo seu pai. Com o olhar debochado, a ruiva riu. ― É brincadeira.

― Eu sei e se quer saber ajudou um pouco, aliviar a tensão sabe? ― Comentou abanando a si mesma, seus olhos estavam tão cheios d’água que pareciam que estavam prestes a explodir. ― Sinto como se fosse desabar.

O mesmo depositou sua mão sobre o ombro pálido dela, o contraste da pele negra brilhando lindamente por conta das luzes enfeitadas por todo o salão. Sua menina subiu os olhos claros para seu rosto segurando as lágrimas, se virando para o pai esperando o que quer seria lhe dito.

― Eu nunca deixaria isso acontecer, Clary. ― Disse convicto.

― Promete que não vou cair lá?

― Prometo.

Clarissa concordou respirando fundo e engolindo em seco, as mãos apertando o buquê de margaridas como se eles fossem sua vida. Luke entendia o nervosismo, de pensar que depois de hoje Clary seria responsabilidade de Jace. Não que fosse deixar de ser a sua, mas ela teria um marido e logo uma família. Não o procuraria mais quando precisasse curar suas feridas, ou quando seu carro quebrasse.

Depois daquele dia Clary se tornaria realmente adulta aos seus olhos.

― Luke, obrigada. ― Interrompeu sua linha de pensamento virando-se para ele, a frase o pegando desprevenido. ― Por tudo, por ser meu pai todas as vezes que precisei. E eu fico muito feliz que seja você que esteja me entregando para Jace hoje, e não ele. Todos dizem que ele é meu pai mas isso não é verdade, não é.

Detectando que Clarissa não conseguiria terminar seu pequeno discurso a puxou para um abraço apertado, depositando todos os seus medos ali. Medo de perdê-la e medo de não ser mais precisado, medo de algum dia ela acordar e decidir que não quer mais chamá-lo de pai embora isso fosse impossível de acontecer.

― Tá tudo bem, pequena, tá tudo bem. Eu sei, fico feliz também. ― Acariciou seus cabelos em forma de acalmá-la.

― Eu amo você, tá bem?

― Eu amo você, Clary. ― Respondeu a apertando um pouco mais. Ficaram um tempo assim, apenas curtindo a presença um do outro até Luke se dar conta de que havia um casamento para acontecer. ― Preciso entregar você para ele, vamos.

― Certo, vamos. ― Clary sorriu de lado enlaçando seu braço curto e fino contra o de Luke.

Juntos adentraram a sala enorme do Instituto, os olhos de todos sobre eles. Talvez Luke não estivesse preparado para dar adeus a infância de Clary agora, talvez estivesse mas precisava deixar que aprendesse a voar sozinha.

Ela tinha vencido não uma, mas duas guerras. Conseguia vencer essa sozinha também.

You don't even know how much it means to me now

That you were the first man that really loved me

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.