Quando escutei um barulho vindo do andar debaixo, percebi que havia alguma coisa errada.

Eu tinha acabado de voltar para o meu quarto. Tinha ido beber água e não havia ninguém acordado. Meus pais estavam dormindo e até Tobias, meu irmão mais velho, tinha largado o PSP para dormir. Que eu saiba, todos na vizinhança estavam dormindo. Então, quem ou o que está no andar debaixo?

Abandonei as cobertas e os travesseiros e abri a porta do quarto. Uma brisa fria passou por mim mas não me incomodei muito. Nunca me incomodava com o frio, muito pelo contrário; eu amava o frio. Só espero que não seja Toby, meu melhor amigo, que tenha vindo me visitar no meio da noite. Sim, ele fazia isso. Para não tocar a campainha e acordar alguém, ele tinha uma cópia da chave da porta principal. Meus pais confiavam muito nele para deixá-lo ter uma chave daqui.

Enquanto eu descia até a sala, ouvi uns barulhos estranhos. Sussurros. Não consegui entender nada e eles pareciam vir da cozinha. Fui cuidadosa e andei até a entrada da cozinha, me esgueirando para ver quem estava ali. Logo os sussurros foram ficando mais óbvios e altos.

—...nunca vai saber que passamos aqui... — Disse a silhueta maior. Era um garoto ou homem, não consegui distinguir apenas pela voz e tamanho.

— Jack, eu entendo que ele era o seu amigo mas temos que ir logo ou Slender vai nos fo...

— Eu sei, Jeff. Eu sei. — Percebi pelo tom de voz de Jack — ou seja lá qual for o nome dele — que ele estava zangado, assim como a silhueta menor, cujo nome deve ser Jeff. Ótimo, tinha dois garotos desconhecidos na minha cozinha!

Acho que esbarrei em algo sem querer porque os dois olharam na minha direção rapidamente. Arregalei os olhos e meu coração acelerou quando eles começaram a correr na minha direção. Tentei correr de volta para o quarto mas um deles conseguiu me puxar pela perna no meio da escada e começou a me arrastar. Meu queixo bateu em cada degrau e a dor foi horrível.

— Socorro! — Gritei mas um deles tapou a minha boca. Tentei morder a mão dele ou lutar mas era difícil. Ele me segurava como se já tivesse feito isso várias vezes. Se eles fossem assassinos ou sequestradores, com certeza vou morrer a qualquer momento.

— Mas o que está... — Era a voz da minha mãe. Ouvi o seu grito e o barulho de um corpo caindo no chão. Tentei ver o que havia acontecido mas o meu agressor não deixava. Minha visão estava turva e a única coisa que eu conseguia distinguir era uma mão estranha e enfaixada.

Não sei muito bem o que aconteceu depois mas eu cai no chão e pude ver o rosto da criatura que me segurava. Ele tinha a pele bem pálida e os cabelos escuros. Seu nariz era um cone preto e branco e seus olhos eram brancos. Ele deu um sorriso. Seus dentes eram pontiagudos. E então, eu desmaiei.