Acordei no meu quarto, tentando me lembrar do que havia acontecido. Como eu tinha chegado ali sendo que estava longe da cidade por causa de Steve? Oh, Céus, Steve! Não consigo acreditar que ele tentou me estuprar no meio de uma floresta, além disso ele é um policial! Por que um policial faria isso com alguém inocente?

Bem, isso não importa muito agora. Ele está morto.

Espera...como eu vim parar no meu quarto se não lembro de ter saído da floresta e Steve morreu?

Me levantei, sobressaltada, e olhei ao redor do quarto. Estava escuro mas entrava uma luz pela janela aberta, que iluminava um pouco mas não muito. Tudo parecia estar em ordem e não havia ninguém ali. Ótimo, pelo menos posso ficar aliviada com isso.

Olhei no relógio ao lado da minha cama e vi que eram, exatamente, meia-noite. Eu odiava acordar de repente no meio da noite sem nenhum motivo. Tenho um certo trauma disso porque uma vez acordei às três da manhã para beber água e tenho certeza que vi um fantasma no meio da sala. Aquela madrugada foi uma das piores e nem consegui dormir depois daquilo.

Conferi mais uma vez se não tinha ninguém no quarto e me deitei novamente, fechando os olhos. Estava quase dormindo quando ouvi um barulho atrás de mim. Olhei desesperada e levei um susto quando percebi que olhos enormes me observavam do outro lado do quarto. Fiquei imóvel, apenas esperando alguma coisa acontecer mas foi em vão. A coisa não se mexeu. Desesperada, levantei e corri até o interruptor do quarto. Acendi a luz e suspirei de alivio quando vi que os olhos eram de um enorme urso de pelúcia que tinha ganhado no ano passado de presente de aniversário.

Mas eu não tinha colocado aquele urso ali.

Meu coração acelerou e me arrepiei quando ouvi três batidas na janela, como se tivesse alguém do lado de fora. Não queria olhar, mas a curiosidade falava cada vez mais alto.

Um garoto com o rosto mais branco que papel olhava fixamente para mim com enormes olhos, assim como os olhos do urso. Ao redor deles era escuro, como se tivesse sido queimado e ele tinha um largo sorriso. Me arrepiei só de ver que ele tinha uma faca na mão. Eu devo abrir ou não?

Não, eu não ia abrir nem que uma manada de elefantes passasse por cima de mim.

Não abrir não adiantou de muita coisa, já que de uma maneira que eu não consigo explicar, ele conseguiu destrancar a janela e abri-la. Eu estava imóvel e ele simplesmente entrou, sem se incomodar.

— Ora, ora, ora... — Disse ele, firmando a faca na mão. Sua voz ecoou em minha mente como se fosse um eco no vazio. — Fique calma, não vou machucá-la.

Finalmente consegui agir. Dei um passo para trás, tentando manter o ritmo.

— Quem é você? — Perguntei, tentando achar alguma coisa resistente o suficiente para bater nele. Ele parecia estar falando a verdade sobre não me machucar mas eu não podia aceitar numa boa. Minhas mãos tocaram um taco de beisebol que estava ao lado do guarda-roupa. Tentei segurá-lo mas ele caiu, fazendo-me levar outro susto.

Ok, agora eu realmente estava assustada.

— Belo taco, mas isso seria inútil contra mim. — Ele guardou a faca e ergueu as mãos, como se estivesse se rendendo. — Viu? Não quero e nem vou machucá-la. Confie em mim...

— Como vou saber que não está armado com outra coisa? Um canivete ou algo assim? — Eu estava praticamente encolhida ao lado do guarda-roupa enquanto o garoto andava até mim com aquele sorriso aterrorizante. Quando chegou bem perto, senti meu coração acelerar de medo. O que ele irá fazer comigo? O que ele quer?

— Pode conferir se quiser. — Sussurrou ele em meu ouvido. Chequei os bolsos de seu moletom e de sua calça mas não havia nada. Fiquei meio aliviada com aquilo mas ainda estava com medo.

— Quem é você? — Perguntei novamente. Ele me encarou por um tempo antes de responder.

— Meu nome é Jeff, e eu sei onde sua prima está.