Find Your Purpose

The beginning of everything


— Querida, não se mexa ou se esforce, a ambulância já está chegando. — Seu marido falava tentando soar confiante.
— Me prometa que vai seguir em frente e cuidar de nosso filho. — Mimi falava o olhando. Ela sabia, melhor do que todos, o que aconteceria em poucos minutos.
— Não vou conseguir sem você, amor. Nosso amor é eterno. Você me complementa. Se você for, uma parte de mim vai junto. — Disse firmemente.
— O que está acontecendo? — Escutaram uma voz de criança assustada.
— Austin, volte para seu quarto imediatamente. — Seu pai mandou enquanto tentava a todo custo esconder que estava chorando de seu filho.
— Mamãe, não! — O garotinho de apenas 12 anos gritou chorando desesperadamente descendo as escadas correndo até sua mãe no sofá.
— Não nos deixe, mamãe. Nós te amamos. — Sussurrou baixinho pegando sua mão a levando ao seu rosto, dando um beijo quase imperceptível molhado por lágrimas que caiam de seus olhos cor de mel.
Mike, Mimi e Austin sabiam que era uma despedida. Definitiva.
— Eu também amo vocês. — Mimi falou com dificuldade tentando ser forte. Ela sabia que sua hora havia chegado.
Depois de inúmeras batalhas, o câncer saiu vitorioso dessa guerra.
— Meu filho, amor, eu sempre vou estar perto de você, com você. Sempre. Cuidando de você, te protegendo, iluminando seus passos. De agora em diante, de um modo diferente. Você não poderá me ver mas eu vou estar com você.— Disse sorrindo triste.
— É uma promessa? — Disse soluçando sendo abraçado por seu pai que já estava aos prantos vendo a cena.
— Sim. — Disse e logo após sentiu uma forte dor por todo seu corpo. O tempo tinha esgotado.


7 anos depois...


Pov's Austin

As primeiras luzes do dia davam as caras, a noite houve uma bela tempestade acompanhada de uma forte chuva de granizo. Esse é meu segundo dia em Nova Iorque e será o primeiro na nova faculdade.
Faço faculdade de fotografia, essa é basicamente, uma das únicas coisas que gosto. Meu pai, Mike Moon, o qual não tenho nenhum contato desde o ano passado, foi quem me apresentou quando criança e ao passar dos anos meu interesse, paixão e curiosidade aumentaram até que enfim, decidi levar não apenas como hobby mas também como profissão. Não tenho nada para reclamar de minha infância, foi boa e comum, igual a maioria. Mas não posso dizer mesmo de minha adolescência. Foi bem conturbada e em certos pontos, problemática. Sobretudo a parte que envolve minha família. Minha mãe morreu de câncer quando eu tinha apenas 12 anos e desde então, tudo desmoronou.
Deveria ser por volta de 6:00 da manhã e eu estava escorado na escada de incêndio do apartamento de Dez aproveitando a vista privilegiada tirando fotos e é claro, fumando meu cigarro matinal. Cigarro não tem um dos melhores gostos do mundo, mas vicia.
Comecei com 16 e já estou assim há 3 anos. Dei minha quinta tragada inspirando bem fundo sentindo a nicotina chegar em meus pulmões o queimando. Eu gosto disso. Logo após assopro e observo a fumaça se dissipar, repito os mesmos passos até Dez me gritar de dentro do apartamento que estamos compartilhando. Dez é mais do que meu melhor amigo, ele é meu irmão. Ele é o único que sabe da minha história e que sempre me ajudou quando precisei, serei eternamente grato por tudo que ele fez por mim. Eu e ele somos diferentes mas é um diferente bom, talvez único. Nos entendemos bem apesar dele não concordar com muitas das merdas que fiz. Ele não é nerd mas, também não é popular. Ele é apenas normal. E eu acho isso incrível. Às vezes queria ser assim.

— Fala, Dez. — Disse o encarando. Pela sua cara julgo que não dormiu bem, olheiras fundas bem visíveis, cara de sono além de que seu cabelo estava dessarrumado e espetado. Ele estava engraçado.
— Primeiro: jogue essa porcaria de cigarro no lixo. Segundo: vá se arrumar, é seu primeiro dia e você ainda tem que pegar os horários. Terceiro: ...,é, não tem terceiro. Esquece. Vai logo.
— Claro, papai.— Disse zombando dele e dando a volta indo para meu quarto quando ele me para no meio do caminho, pegando o maço de cigarro que se encontrava em minha mão.
— Isso aqui fica comigo. Você sabe muito bem que odeio ver você fumando. Revirei os olhos e terminei meu trajeto.
Tomei um banho demorado, baguncei ainda mais meus cabelos ainda um pouco úmidos, escovei os dentes, arrumei minhas coisas e me vesti. All star preto, calça jeans rasgada escura, blusa comum branca com uma jaqueta preta de couro por cima. Sai do quarto e desci as escadas pulando de dois em dois degraus rapidamente, cheguei no andar debaixo e chamei Dez para irmos.
Chamamos o elevador e entramos, quando a porta já estava se fechando ouvimos uma voz feminina pedir para alguém segurar a porta. Eu nem sequer me movi, Dez segurou e uma loira que aparentemente, tinha nossa idade, entrou.
— Obrigada. — ela disse me encarando sorrindo mesmo sabendo perfeitamente que não fiz nada. Essa é fácil demais, pensei. Já estou acostumado com esse tipo de coisa, sem querer me gabar mas eu sei que sou lindo e gostoso pra caramba. E obviamente, eu tiro proveito disso. Na época do colegial eu era o mais galinha da escola.
O elevador abriu e saímos indo direto para a garagem de meu carro, uma Bugatti Veyron Mansory Linea Vincero, meu xodó e uma das únicas coisas que meu pai não conseguiu arrancar de mim. Tirei as chaves do bolso da minha calça e entrei no carro sendo seguido por Dez. Quando iria ligar o carro aquela loira apareceu na janela do meu lado.
— Que tal me ligar mais tarde, gatinho? — Disse tentando dar um sorriso sexy, tentativa falha.
— Não. Agora saia da frente do meu carro. — Fui curto e grosso. Esse tipo de garota é a pior, acha que é sua dona e ainda por cima irritante. Assim que ela saiu de perto com uma cara de decepção, liguei meu veículo e sai em alta velocidade.
— Bro, se você não quer, da uma ajudinha aqui.
— Vai por mim, cara. Estou te fazendo um favor.

O caminho não estava dos melhores, por conta da tempestade de ontem. Dez ligou o rádio e eu parei no sinal vermelho. Começou a tocar Sex do The 1975.

And this is how it starts
Take your shoes off in the back of my van
Yeah my shirt looks so good
When it's just hanging off your back
And she said, "Use your hands and my spare time?
We've got one thing in common, it's this tongue of mine."
She said
She's got a boyfriend anyway


There's only minutes before I drop you off
All we seem to do is talk about sex
She's got a boyfriend anyway
She's got a boyfriend anyway


I loved your friend when I saw his film
He's got a funny face
But I like that 'cause he still looks cool
She's got a boyfriend anyway

She's got a boyfriend anyway

Now we're on the bed in my room
And I'm about to fill his shoes
But you say no
You say no
Does he take care of you,
Or could I easily fill his shoes?
But you say no
You say no

And now we're just outside of town
And you're making your way down
She's got a boyfriend anyway
She's got a boyfriend anyway

And I'm not trying to stop you, love
If we're gonna do anything we might as well just fuck
She's got a boyfriend anyway
She's got a boyfriend anyway

You've got your tongue pierced anyway
You're in your high tops any day
You're in your skinny jeans anyway

You and your fit friends anyway
I'd take them all out any day
They've all got backcombs anyway
You've all got boyfriends anyway



Faltava somente alguns metros de distância da faculdade quando algo se choca fortemente contra meu carro me obrigando a parar no mesmo instante. Saio do carro as pressas e me deparo com uma garota desmaiada, com sangue em sua volta.
— Puta merda, Austin. Olha o que você fez. — Dez gritou, desesperado.
Corri em direção a garota de cabelos castanhos a pegando no colo e levantando. Corri para meu carro e a coloquei no banco de trás indo para o lugar do motorista.

— O que vai fazer?
— Onde é o hospital mais próximo?
— Só seguir reto por alguns minutos, depois virar três curvas e por fim virar à esquerda. — Me disse rapidamente.

Sai cantando pneu, cheguei em torno de 15 minutos, peguei a garota e corri para dentro. Uma enfermeira me viu e veio ajudar.
— Leve-a. Agora, loiro, vá até a secretária e dê os dados da garota.
Peguei a bolsa da garota e achei sua carteira, procurei até achar sua identidade e fui até a secretária.
— Qual o nome da garota?— Ela perguntou.
— Dawson. Ally Dawson.

“A fotografia é uma lição de amor e ódio ao mesmo tempo. É uma metralhadora, mas também é o divã do analista. Uma interrogação e uma afirmação, um sim e um não ao mesmo tempo. Mas é sobretudo um beijo muito cálido.”Henri Cartier Bresson.