Final Fantasy X-3 - Os Hinos

Capítulo 17 - Epílogo


Yuna e Tidus estavam ambos em Bevelle mas, ao contrário de Yuna, que estava a tentar encontrar Tidus, este preparava-se para deixar a cidade, às escondidas.

Quando estava prestes a ser apanhado por um dos guardas, a pequena fé apareceu ao lado dele.

– Por aí não, sonho. – disse a fé, apanhando Tidus desprevenido – Se fores por aí, eles vão apanhar-te.

Tidus não percebeu muito bem, mas seguiu a fé para um lugar seguro.

– Esperas entrar nas Farplanes? – perguntou a fé, sabendo o que Tidus queria fazer – Como? E porquê?

– Eu preciso de respostas e a Yuna não me as vai dar. – explicou Tidus.

– No entanto, o que é que esperas encontrar nas Farplanes? – perguntou a fé, uma vez que Tidus não sabia nada sobre a Yuna ter falado com a Lenne ou com a Yunalesca.

– Não sei. – confessou Tidus – Mas alguma coisa está a dizer-me para ir lá.

– Estás a ser atraído pelas outras almas. – disse a fé – Os Guado não te vão deixar entrar.

– Eu vou entrar de uma maneira ou de outra. – disse Tidus.

A fé baixou a cabeça. Sabia que Tidus já sabia mais ou menos que já tinha morrido uma vez e que já o devia ter aceitado. Era por isso que estava a ser atraído para as Farplanes e provávelmente também conseguia sentir Invocadores.

Provávelmente podia desaparecer mal pusesse um pé dentro das Farplanes, mas não ia dizer isso. Era a vontade do sonho ir até lá e ele ia ajudá-lo a chegar lá.

Por isso, ajudou-o a sair de Bevelle e a apanhar um meio de transporte para chegarem mais depressa à casa dos Guado.

– Ele não está aqui! – gritou Baralai quando os guardas lhe disseram que não conseguiam encontrar o Tidus em lado nenhum – O que é que vocês estavam a fazer!? Eu não vos disse para não o deixarem ir a lado nenhum.

– Ele foi à biblioteca. – justificou-se o guarda – Não pensei que ele fosse fugir. Pensei que ele queria ler um livro.

– Um livro? – perguntou Baralai – Que livro?

– O único livro que encontramos fora do lugar foi o da história do primeiro ataque do Sin a Zanarkand. – respondeu o guarda, surpreendendo Baralai.

– Então era verdade o que a Yuna tinha dito. – murmurou Baralai.

Primeiro pensou que ela estava a inventar coisas mas, se o jogador de Blitzball era mesmo daquela época, ele tinha de reunir os pensadores da Nova Ordem de Yu Yevon para decidir o que fazer com ele. Desta vez, não iria discutir aquilo com Yuna.

Eles podiam fazer as duas coisas que podiam fazer com ele. Podiam-lhe perguntar como tinham sido as coisas na antiga Zanarkand e, mesmo que ele ficasse confuso quando percebesse que já tinha morrido, eles podiam levá-lo aos templos.

Nem que fosse à força.

Tinham de chegar a ele antes da Yuna chegar.

A fé entrou na vila dos Guado com Tidus e receberam imediatamente os olhares dos moradores, tal como um grande “não” quando perguntaram se podiam entrar nas Farplanes.

– Mas deixaram a Yuna entrar. – protestou Tidus.

– Está-se a comparar à Invocadora Suprema? – perguntou o guarda que não deixava ninguém passar.

– Ele casou-se com ela. – disse a fé, obtendo a atenção do homem, que voltou a olhar para Tidus, imediatamente.

– Foi você que se casou com a Invocadora Suprema? – perguntou o guarda, afastando-se imediatamente para o deixar entrar – Peço imença desculpa. Não fazia ideia.

Tidus passou, um bocado confuso.

– A Yuna é o teu cartão verde, agora. – explicou a fé, enquanto subiam as escadas – Agora que estás casado com ela, podes usar isso para quase tudo.

– De alguma maneira, acho que isso não é justo. – disse Tidus, parando à entrada das Farplanes – Vou ficar bem se entrar aqui?

– Há duas hipóteses. – respondeu a fé – Mas, do meu ponto de vista, mesmo na pior das hipóteses, vais ficar bem. Porque vais finalmente ter paz.

Tidus sabia o que a fé queria dizer com aquilo. Se ele entrasse ali, podia desaparecer, como já tinha desaparecido outra vez, mas era um risco que tinha de correr.

– Se eu desaparecer… - disse Tidus – Diz à Yuna para parar de pensar em mim e ser feliz. Eu quero que ela seja feliz.

A fé anuiu com a cabeça e entrou com o sonho nas Farplanes.

– Onde é que ele está!? – exclamou Yuna quando a levaram até Baralai – Vocês tinham-no!

– Ele fugiu. – disse Baralai, calmamente. Já tinha enviado vários guardas para procurarem por ele – Acredita que não fomos nós que o deixamos ir.

Yuna abanou a cabeça em desaprovação e parou para pensar. Onde é que ele podia ter ido para procurar respostas? Yuna abriu a boca e tapou-a imediatamente com a mão.

– Eu preciso de contactar o Brother. – murmurou Yuna, pegando no bastão – Mas, primeiro, tenho de chamar uma pessoa.

Entretanto, nas Farplanes, Tidus não tinha desaparecido quando entraram nas Farplanes, mas haviam vários pyreflies a circundarem-no.

– Eu vou ajudar-te, desta vez. – disse a fé – Porque também já nos ajudas-te mas, com isto, a dívida fica selada.

Tidus anuiu com a cabeça e viu a pequena fé a aproximar-se da beira da plataforma e a olhar para baixo. Alguns segundos depois, uma figura começou a aparecer à sua frente.

– Yunalesca! – exclamou Tidus, quando a figura abriu os olhos. Quando ela olhou para ele e deu um passo em frente para entrar na plataforma, Tidus deu um passo atrás – Não pode ser! Tu és só uma imagem…

– …reflectida pelos pyreflies. – completou Yunalesca, monotonamente – A Yuna já te enviou?

– Esta é a verdadeira alma da Lady Yunalesca. – explicou a fé, virando-se para Tidus – Eu chamei-a porque creio que ela possa responder às tuas perguntas. – a fé suspirou – Estou a ser chamado. Espero que consigas o que queres, sonho.

Depois de a fé desaparecer, deixando Tidus e Yunalesca sozinhos, o silêncio instalou-se. Ele tinha-a matado. O que é que podia dizer?

– Ouvi dizer que tu e a Yuna se casaram. – começou Yunalesca, simplesmente – Que querido.

– Tu sabes de alguma coisa. – disse Tidus.

– Acho que tu também sabes. – disse Yunalesca, aproximando-se.

– Estas memórias que tenho… - Tidus levou uma mão à cabeça – Não fazem sentido.

– Mas as únicas coisas verdadeiras que tu tens. – disse Yunalesca, surpreendendo Tidus – As memórias que tens de Zanarkand, quando o Sin a destruiu pela primeira vez e tu morreste, são verdadeiras. As memórias que tens de ser trazido para Spira e teres percorrido o mundo como guardião da Yuna, também são verdadeiras. E é só isso que tens. Porque o teu corpo não é verdadeiro.

– O que é que queres dizer? – perguntou Tidus.

– Olha à tua volta? Não vês os pyreflies? – perguntou Yunalesca – O teu corpo foi desintegrado no ataque do Sin a Zanarkand. Depois voltaste como um sonho sem um corpo verdadeiro. Agora, por um pedido da Yuna, as fés juntaram-se e “construiram-te”. Mas tu estás morto. És um “não-enviado”. Se aceitares a tua morte, como a tua mãe, também desaparecerás sem teres de ser “enviado”.

– Mas eu quero ficar com a Yuna. – disse Tidus – Não há motivo para me sacrificar desta vez. É injusto.

– A vida é injusta. – murmurou Yunalesca – Vai até à Yuna. Tu consegues senti-la, não consegues? Sê forte o suficiente, e não terás de te sacrificar outra vez.

Bahamut estava em frente a Yuna, mas ela não parecia contente. Não era ele que ela queria ver, era a sua fé, que apareceu segundos depois, ao lado do aeon.

– Tu sabes onde é que está o Tidus, não sabes? – perguntou Yuna.

– Ele consegue sentir-te. – disse a fé – Porque é que não esperas que ele venha até ti?

– Porque ele não vai fazer isso. – disse Yuna com as lágrimas nos olhos – Ele está à espera que eu saiba onde é que ele está.

– Então deves saber. – disse a fé, seguindo a lógica de Yuna – Onde é que ele está?

– Num sítio onde eu gostava de viver. – disse Yuna, lembrando-se do que lhe tinha dito, durante a sua peregrinação – Um sitío calmo e pacífico, onde pudesse acordar com um sorriso na cara todos os dias.

Yuna dispensou Bahamut e a fé e foi até onde tinham tido aquela conversa e, irónicamente, o sol estava-se a pôr quando lá chegou. Tidus estava sentado, onde ela tinha estado há dois anos atrás, enquanto gravava uma mensagem de despedida para toda a gente.

Mesmo antes de chegar ao pé dele, Tidus olhou para trás e sorriu.

– Este pôr-do-sol continua a ser o melhor pôr-do-sol que alguma vez vi. – quando Yuna se sentou ao lado dele, Tidus deu-lhe um gravador – Percebo porque é que querias viver aqui.

– O que é isto? – perguntou Yuna, com o gravador nas mãos.

– Uma mensagem para cada um de vocês. – disse Tidus, continuando a olhar para o horizonte – Acho que não me esqueci de ninguém.

– Queres que eu te envie? – perguntou Yuna, tristemente.

– Quero que faças o que podes fazer para eu não desaparecer. – disse Tidus, levantando-se – Sabes o que tens de fazer?

Yuna levantou-se também e anuiu com a cabeça. Contou-lhe sobre como tinha morrido em Zanarkand, como tinha desaparecido depois de derrotarem o Sin, apesar de ele já saber isso tudo.

Depois pegou no bastão e uma lágrima escapou-lhe do olho.

– Agora, seguindo os meus ensinamentos como Invocadora, vão “enviar” a alma “não-enviada” que está à minha frente. – disse Yuna, vendo o sol a desaparecer no horizonte – Eu amo-te.

3 Anos depois em Besaid

– Yuna! – chamou Lulu, vendo Yuna sair do Templo poucos minutos depois – O que é que estás a fazer aí outra vez? O Wakka deve estar quase a chegar.

– Estava a rezar. – Yuna sorriu e levou uma mão à barriga – Onde é que ela está?

– A chamar pela mãe, no meu quarto. – disse Lulu, um pouco chateada – Porque é que não vais atender a chamada?

Yuna entrou na cabana de Lulu e pegou na sua bebé de um ano, confortando-a com pequenas patadinhas nas costas.

– Pronto, pronto. A mãe já está aqui. – disse Yuna, ouvindo Lulu dizer que Wakka já tinha voltado – E parece que o pai também já chegou. Queres ir vê-lo?

A bebé sorriu, fazendo Yuna sorrir também. Saíram as duas e foram receber a equipa de Blitzball.

Quando viu a esposa e a pequena filha que esticava os braços na sua direcção, Tidus correu para elas, rodopiou a filha no ar, fazendo-a rir. Depois baixou-se e deu um beijo na face de Yuna.

– Ela deu-te muito trabalho enquanto eu estava fora? – perguntou Tidus.

– Não. – disse Yuna, com um sorriso – Mas sentimos a tua falta.

Tidus devolveu a bebé aos braços de Yuna e sorriu.

– Eu só vou mudar de roupa. – disse Tidus, dando-lhe outro beijo, desta vez na testa.

– Faz hoje três anos, não é? – perguntou Lulu, aproximando-se de Yuna – Foi por isso que foste rezar?

– A Yunalesca disse que, mesmo que não acreditasse em Yu Yevon, devia acreditar numa força superior. – disse Yuna, embalando a bebé, que estava quase a dormir – Quando enviei o Tidus e ele continuou à minha frente, não tive outra escolha a não ser começar a acreditar, certo?

– Sim. – concordou Lulu – Mas ele esqueceu-se de tudo, menos de ti. E mesmo assim, esqueceu-se de tudo o que tinham passado…até de que já estavam casados. Tiveste de percorrer Spira inteira, outra vez, para ele se lembrar.

– Sim, foi dificil. – concordou Yuna – Mas a parte dele que morreu em Zanarkand foi “enviada” para as Farplaines. Ele tão normal como tu e eu agora. E as fés voltaram a desaparecer. Felizmente, o resto de Spira não vai sofrer com isso, como antes.

– Final feliz? – perguntou Lulu, fazendo uma festinha à bebé – Foi por isso que lhe deste o nome de Yunalesca?

Yuna anuiu com a cabeça. A Lady Yunalesca tinha-a ajudado bastante, apesar de eles a terem “traído”.

– Mas não foi só por fazer três anos que fui rezar. – disse Yuna – Lembras-te? Também foi há três meses que descobri que estava grávida da minha segunda criança. Espero que nasça tão saudável quanto a Yunalesca.

– Já sabes como é que a vais chamar? – perguntou Lulu, vendo Yuna abanar a cabeça.

– Nem sequer sei se é rapaz ou rapariga. – respondeu Yuna – E, já que eu escolhi o nome da nossa primeira criança, quero que seja o Tidus a escolher o nome desta.

Tidus saiu da sua tenda e sorriu.

– E eu não faço a minima ideia de qual escolherei. – disse Tidus, olhando para Yunalesca, que já tinha adormecido – Devo dar um nome especial, como ela deu?

– Escolhe um que gostes. – disse Yuna – Não tens de fazer mais nada. Como é que correu o jogo, já agora?

– Felizmente, ele não se esqueceu de como jogar Blitzball. Continua tão bom como antes! – exclamou Wakka, acordando Yunalesca, que começou imediatamente a chorar – Como é que está a bebé mais bonita do mundo?

– A chorar, por tua causa. – disse Lulu, olhando para ele de lado.

Tidus pegou em Yunalesca e foi em direcção ao Templo. – Vamos ver onde o papã conheceu a mamã, está bem? – perguntou Tidus, fazendo a filha parar de chorar.

– Ela cala-se sempre quando eles vão lá. – disse Lulu, sorrindo – Ele é um bom pai, inesperadamente.

Yuna sorriu e olhou para Tidus a entrar no Templo. – É.

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