Prólogo

O "Final do Ano na Cabana" do Jim Beckett foi maravilhoso, pois Kate descobriu que estava grávida e o casal era só alegria porque havia mais um bebê Castle a caminho.

Só que aquele final de ano foi recheado de ótimas notícias, pois além da inesperada gravidez de Kate, Jim Beckett surpreendeu a todos ao pedir a Martha em casamento e, lógico, depois do tão esperado “sim” todos brincaram muito com novo casal por conta de terem escondido por tanto tempo o relacionamento. Como a família e amigos eram muito unidos e divertidos, a felicidade tomou conta de todos.

Contudo, a melhor notícia foi o final feliz do sequestro dos filhos e dos netos de Kate e Castle. O sequestrador foi alvejado e preso e depois de passar por cirurgias para retirada dos projéteis, ele veio a óbito.

No mesmo dia do sequestro, as cinco crianças foram encontradas sãs e salvas, sem qualquer machucado físico ou psicológico, pois sequer perceberam que foram sequestradas. Mesmo sem qualquer transtorno emocional aparente, todas elas foram submetidas a todos os tipos de exames médicos e um breve acompanhamento psicológico, mas nada de anormal foi detectado nem mesmo com a Lily e a Emilly, que eram maiores que os três garotos traquinas, o Reece, o Jake e o Tom.

Os meses se passavam e a rotina da família Castle prosseguiu naturalmente.

De segunda a sexta-feira era trabalho durante o dia e amor e família à noite. E nos finais de semana, somente amor, família e diversão.

O lema “ano novo, vida nova”, só se aplicava com as crianças, pois regressaram para a escola e cada dia aprendiam matérias novas e chegavam em casa contando as novidades, para deleite dos pais.

Castle participava de muitas reuniões com a Gina a fim de tratar de assuntos relacionados ao lançamento do novo livro que ele conseguira finalizar antes de ir com sua família passar o final do ano na cabana do sogro. Mesmo com o ano novo, a Gina continuava a mesma insuportável de sempre e o Castle só a aturava porque ela era uma Editora espetacular. Apesar de odiar a Gina, a Kate não se intrometia porque sabia que ela fazia parte do trabalho do Castle e apenas respirava fundo e pedia ajuda aos céus ao ver ou ouvir falar na ex esposa do seu marido. Kate a tolerava porque constatava que a loira azeda executava sua atividade com perfeição.

Kate, como Capitã da 12ª Delegacia de Polícia, tinha as mesmas atribuições de sempre. Ela geria o Distrito, colaborava de todas as formas, inclusive dando apoio logístico e intelectual em todos os casos em curso aos cuidados dos seus Detetives e ainda participava de diversas reuniões.

Atualmente, por conta da sua nova gestação inesperada, ela não mais poderia correr atrás de bandidos pelas ruas nem mesmo em casos especiais, porque, além dela própria não querer colocar a sua vida e a de seu bebê em risco, o Castle lhe fizera prometer que não sairia à rua em diligência, promessa essa que iria cumprir, visto que se esforçava ao máximo para ser mais ajuizada, principalmente no que dizia respeito à sua família, deixando a fase teimosa lá no passado.

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Alguns meses depois do Réveillon...

Há muito tempo não acontecia tantos homicídios como naquela sexta-feira e a Capitã Katherine Beckett Castle retornou ao Distrito por volta das quatorze horas. Ela fora convocada para participar de uma reunião com o Prefeito e o Procurador Geral, além de outros membros do alto escalão da Polícia, inclusive Victória Gates, que era a Corregedora. O objetivo do encontro era tratar de assuntos referentes a melhorias da 12ª NYPD.

Depois da reunião, ela fora almoçar com Lanie Parish Esposito, sua comadre e amiga inseparável.

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Durante o almoço com a Lanie...

— E aí, Kate, depois deste bebê vocês ainda terão outros, ou... – Lanie pilheriou.

— Oh, meu Deus!! Eu amo esta criança, Lanie, mas eu o Castele já cumprimos com a nossa tarefa de “...crescei e multiplicai-vos...”...

— Percebi, querida. E vocês seguiram a risca esta ordem, não foi? – Lanie continuava zoando a amiga – Quatro filhos... Eu sei que graças a Deus vocês não tem preocupação com dinheiro... Mas a vida está muito difícil, querida. O mundo está tão conturbado... – Lanie mudou sua expressão facial e falava a sério.

— Eu bem sei disso, Lanie... Crimes a todo o momento, terrorismo, a instabilidade política, mudanças climáticas que atingem o planeta...

— Preocupante!

— Mas eu nem sei como eu fiquei grávida.

— Sério, Kate? Depois de tanto filho eu pensei que você tivesse, pelo menos, uma vaga ideia de como nascem os bebês. – Lanie a provocou mais uma vez, fazendo-as rir muito.

Conseguindo parar de rir da zoação da amiga, Kate retrucou - Estou falando sério, Lanie. Eu já te disse milhões de vezes que depois que os gêmeos nasceram eu fazia uso de medicamentos contraceptivos... Eu tomava pílula, mas falhou... Sabe aquele 0,001% de falha? Pois é..., a Giovanna é este 0,001%. – Kate acariciou sua barriga saliente e passou a sorrir cheia de felicidade — Mas a Giovanna já é tão amada, Lanie, e está sendo esperada com tanta ansiedade por todos que tenho certeza que ela já sente isso.

— Ah, claro! Eu sei disso, amiga. E depois do nascimento dela você vai continuar fazendo uso de contraceptivos e vai continuar arriscando?

— Não! Chega de remédios! O Castle disse que fará a vasectomia, mas eu disse que posso muito bem fazer a laqueadura no momento do parto.

— Isso mesmo, Kate. É um procedimento muito simples.

— Também acho. E você, Lanie, continua com aquela vontade de ter mais um bebê ou o Esposito já te convenceu que vão ficar apenas com dois filhos?

— Ele está irredutível e insiste em me dizer que teremos outro filho somente na próxima encarnação, porque nesta, já está muito satisfeito com as nossas duas crianças lindas.

As duas amigas botavam o papo em dia e davam boas risadas enquanto almoçavam até que deram conta que tinham que voltar ao trabalho.

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Próximo das quinze horas, depois de fazer algumas ligações telefônicas importantes, assinar muitos documentos, ler e responder e-mails da Corregedoria e do Comissário de Polícia da Cidade de Nova York, Kate analisou o andamento dos casos em curso, dando, inclusive, orientações aos Detetives, tendo em vista sua vasta experiência naquela área.

Kate estava exausta e precisava se exercitar e se alongar, então subiu à academia do Distrito, mas antes avisou para sua Assistente Pessoal, a Policial Velasques.

— Velasques, eu vou à Academia... Uma hora de exercícios fará milagres para mim. Mas, se surgir alguma emergência ou se alguém me procurar, pode me chamar, ok?

Velasques olhou para a barriga protuberante de Kate, mas não teceu nenhum comentário a tal respeito, pois, desde que conhecera Kate há muitos anos, sabia que ela se exercitava diariamente, inclusive durante as duas primeiras gestações — Sim senhora, Capitã.

No vestiário da academia, Kate pôs roupa apropriada e deu início a sua lista de exercícios, executando com facilidade as séries habituais.

Diferentemente de outras mulheres, Katherine Beckett Castle nunca tivera dificuldade em manter seu corpo esguio.

Desde o início de sua carreira na polícia, quando tinha apenas dezenove anos, seguia à risca seus exercícios físicos na academia do Distrito. Ela sempre fora muito forte e amava lutas corporais e também era adepta a ginástica aeróbica de alto impacto.

Porém, naquele momento ela se encontrava na vigésima sexta semana de gravidez e seu ventre estava proeminente. Por conta disso ela suspendera as lutas, permanecendo apenas com a ginástica adequada ao tamanho da sua barriga, nada que prejudicasse o bebê, até porque, a sua obstetra a liberara para prática daquela atividade porque já fazia parte da sua rotina diária antes mesmo dela engravidar da Lily, sua primeira filha. No entanto, sua médica foi bem clara ao dizer que Kate poderia continuar exercitando seu corpo, desde que evitasse musculação de alta intensidade, lutas, crossfit, exercícios de grande altitude e outras atividades que elevassem exageradamente os batimentos cardíacos.

Mesmo sendo muito inquieta e teimosa, Kate seguia à risca as ordens médicas, posto que não queria adiantar o parto e muito menos prejudicar sua gravidez.

Após trinta minutos de treino, quando Kate estava deitada sobre o tapete de borracha, finalizando uma série com a grande Bola Suíça azul, própria para Pilates, ela foi surpreendida com dois corpos que caíram sobre o seu.

Foi um misto de susto com felicidade.

— Oh, meu Deus!!! Que surpresa maravilhosa!! – Kate sorria para os dois menininhos mais lindos da face da terra. Eram seus dois mini-Castle, Jake e Reece, seus filhos gêmeos que estavam ofegantes, pois subiram correndo o último lance da escada que dava acesso à academia, seguidos do pai que chegou alguns segundos depois das crianças.

— Oi, mamãe! – Reece cumprimento a mãe.

Os meninos estavam lindos com bermudões jeans, camisas polos e mocassins.

Muito sorridente, Jake logo se sentou sobre as duas pernas de sua mãe. Ele fez uma expressão de garoto traquinas e olhava para Kate, mas sem deixar de perceber e analisar todos os equipamentos de ginástica a sua volta, inclusive uma cama elástica, esteiras e bicicletas ergométricas — Eu pensava que a senhora vinha trabalhar na polícia para prender as pessoas malvadas e não para ficar brincando aqui, mamãe... – o menininho franzia a testa, pensativo.

— Que bacana, mãe! Eu gostei daqui! Eu também quero brincar. – Reece foi categórico e, levantando-se rapidamente, deu um chute na enorme Bola Suíça azul de borracha que foi parar no outro lado do salão. Em seguida, o garoto preparou-se para se encaminhar para a cama elástica.

— Mocinhos! – Já sentada, Kate agarrou as mãos de Reece e Jake, impedindo-os de se afastar e achou engraçada a interpretação equivocada dos seus filhos acerca do que realmente fazia no Distrito, mas não que isso tivesse grande importância, pois eles eram apenas crianças.

Mesmo assim, mirando-os nos olhos, ela explicou — A mamãe já trabalhou muito, já prendeu bandido e já fez um monte de outras coisas, mas agora está se exercitando para ficar mais forte enquanto aguarda a... — Kate interrompeu o que falava com os filhos e ergueu o rosto para o marido e, com o olhar inquisidor que o Castle bem conhecia e temia, ela deu um sorriso de canto de lábios e o questionou de modo carinhoso — Sr. Castle, o que o senhor está fazendo aqui com nossos filhos, eihm, Bonitão?

Tomando fôlego, ele usou sua arma infalível para enfrentar a Capitã. Ele piscou o olho direito, sedutor, e retribuiu o sorriso, cheio de amor e, ao responde-la, o fez com muito charme — Sra. Castle, eu estou aqui para levar a minha esposa para casa, pois já se aproxima das dezesseis horas e eu já não aguentava mais de saudade. Hoje é sexta-feira e um dia atípico, pois é feriado escolar... Você sabe que a Lily foi passar o dia com aquela amiguinha dela, a Mônica. Levei os meninos para passear... Adiei a reunião com a Gina e não tive tempo nem mesmo para pensar em um novo tema para o meu próximo livro. Eu levei os meninos ao zoológico pela manhã e...

— Entendi, querido. Entendi tudo. – Kate interrompeu a explicação do marido piscou para ele e, soltando as mãozinhas dos seus filhos, esticou seus próprios braços na direção do Castle, pedindo ajuda para se levantar. Assim que ficou de pé, ela aproveitou e o enlaçou pelo pescoço e deu um demorado selinho no marido — Eu te amo, Bonitão! – declarou sorridente — Você é o marido mais lindo, mais charmoso e mais amado do mundo.

O casal trocou outro selinho.

Aproveitando que a mãe os soltou, cada um dos meninos correu para um aparelho de ginástica.

Reece foi para a cama-elástica individual e o Jake para a bicicleta ergométrica. Contudo, como Jake não alcançava o assento, dirigiu-se também para outra cama-elástica e, tal e qual o irmão, pulava sem parar.

Percebendo o perigo que os filhos corriam, pois poderiam se machucar, Kate e Rick, apressadamente, alcançaram os filhos e os fizeram parar de pular – Crianças, vocês não podem pular na cama-elástica... Além de ser perigoso, vocês estão usando mocassim – Kate os alertava quando, muito rapidamente as duas crianças se sentaram no chão e tentavam, sem êxito, tirar os mocassins.

— Então a gente tira o mocassim, mamãe... Ajuda aqui, vai... Papai, ajuda a gente...

— Sem sombra de dúvidas que são seus filhos, né, Castle... São peraltas, teimosos e arranjam desculpas ou solução para qualquer traquinagem. – Kate sussurrou para o marido, provocando-o.

— Eu até sei que eles são peraltas, mas, pelo que eu saiba, querida, a “teimosia” é uma forte característica sua... – sorridente, Castle retrucou aos sussurros.

Sem ouvir ou mesmo prestar atenção na conversa dos pais, Jake ainda suplicava, ansioso para continuar a brincadeira — Mãe, por favorzinho... Eu adoro pula-pula! – Jake fazia uma expressão de menino carente e por pouco Kate não deu uma grande risada, pois era um ator nato igual a Martha e um cara de pau sedutor, lindo e delicioso, igual ao pai.

— Eu também, mamãe. Adoro pula-pula. Por favor.... Deixa, vaaaai... – Reece ecoava o pedido do irmão gêmeo de modo igualmente enfático e sedutor.

— Lindinhos do meu coração, isto não é pula-pula das festinhas ou dos parquinhos que vocês frequentam... Isto é cama-elástica específica para ginástica e olhem para ela... – as crianças fixaram os olhinhos azuis na cama elástica com bastante interesse — Vejam... Ela não é grande... É pequena e não tem proteção lateral, ou seja, se vocês perderem o equilíbrio, vocês podem cair e se machucar...

— Machucar? – Jake torceu a boca, não aceitando aquele argumento da mãe — Nada a ver, mãe... A gente é grande e sabido... Não vamos cair, né, Reece? – Jake afirmou para a mãe e fez a indagação ao irmão com um tom de voz firme e olhares que o induzia a concordar com ele.

— Sim! Claro, mano! – Reece entendeu a intenção de Jake e fez uma expressão travessa idêntica ao que o pai tinha costume de fazer e que Kate conhecia muito bem. Persistente, o menino continuou a sua súplica e sua justificativa — Somos grandes e muito espertos, né, papai?

Prendendo o riso diante do posicionamento dos gêmeos, Kate encarou o marido, questionando-o silenciosamente acerca daquela pergunta do Reece.

Tentando evitar uma bronca, mesmo que divertida, da esposa, Castle tratou logo de sair daquela enrascada – Hey, eu sou inocente, Kate. Estou aqui quietinho. – Tenso com aquela suposta acusação de ser cúmplice naquela traquinagem, Castle sussurrou e percebeu que seus filhos realmente eram suas cópias reduzidas em todos os sentidos – Ah, Kate, mas eu não tenho culpa se nossos dois gêmeos herdaram todas as minhas maravilhosas características, inclusive a sabedoria, a vivacidade, a energia e, obviamente, a beleza... – sedutor, Castle deu um pequena piscada de olho para a esposa que ainda o olhava cheia de amor, com o riso preso no canto dos lábios por conta das suas travessuras e galanteios.

— Hummm! – Mesmo sorridente, Kate torceu o nariz e os lábios, indicando apreensão e, ainda sussurrando, anunciou de modo divertido... – Olha, amor, nem sei se com essa sua declaração eu digo “Graças a Deus!” ou se digo “Deus me ajude!” – Kate não se aguentou e deu uma risada própria de mulher feliz. Nos seus olhos verdes havia o mesmo brilho de amor de sempre. Por mais travesso que o Castle fosse, ele era um excelente marido e um pai exemplar, presente e participativo.

Castle também exalava amor e felicidade e Kate voltou a falar com os meninos.

– Amores da minha vida, eu bem sei que vocês dois são grandes e muito espertos. Ah, como são espertos! – ela revirou os olhos e deu um suspiro curto e o marido se divertia com isso - Mas aqui não é lugar para crianças, ok? Eu já expliquei tudo e vocês vão me obedecer. – Kate foi enfática e os meninos a olhavam com respeito, no entanto, após alguns segundos, ambos olharam para o pai, como se estivessem pedindo sua intervenção para a mãe baixar a guarda. Jake e Reece não falaram nada, apenas fizeram uma reivindicação silenciosa.

Imediatamente Castle atinou a intenção dos filhos – Ops! Nem olhem para mim, garotos. – Castle avisou aos filhos – Aqui é o trabalho da mamãe de vocês e ela é a Capitã, estão lembrados? – Reece e Jake sacudiram a cabeça afirmativamente indicando que sabiam daquilo e o pai continuou falando na terceira pessoa — A mamãe já falou que aqui não é lugar de crianças, muito menos de brincadeiras. No entanto, se vocês se comportarem, o papai e a mamãe levam vocês e a Lily para o parque no próximo final de semana, eihm?

— Êba!!! Êba!!!

— Yuhuuu!!!

— Poderemos levar a Emy e o Tom também, papai? — Reece pediu.

— Ah, sim, podemos... Eu vou ter que falar com a Alexis e com o Benício.

— Yuhuuu!!!

— Êba!!! Êba!!!

As crianças vibraram e pularam de alegria.

Como qualquer criança, o assunto do pula-pula e cama elástica já estava superado e os dois garotos, saudáveis e irrequietos, procuraram logo outra coisa para fazer ou falar e Jake foi o primeiro a exteriorizar seus pensamentos — Mamãe, sua barriga está tão grande.

— É que tem um bebê aqui dentro, Reece... Você se esqueceu, foi? – Jake deu uma risada e acariciou a barriga da mãe, dando um beijo estalado próximo ao umbigo, fazendo o coração de Kate quase explodir de amor.

— Eu sei, Jake. Eu sei... – Reece confirmou — Mas é que eu queria que ele saísse logo daí de dentro da barriga da mamãe para poder brincar com a gente.

— Mas vai ser uma menina... – Jake fez um bico de indiferença, beirando ao descaso, e uma pequena careta, deixando claro que sua preferência seria outro menininho igual a ele.

— E daí? – Reece questionou — a Emy e a Lily são meninas e a agente sempre brincou com elas.

— Ah, tá... É mesmo... – Jake aceitou a explicação e a justificativa do irmão — A gente brinca mesmo assim, né?

— Jake, a mamãe e o papai disseram que o nome da nossa irmãzinha vai ser Giovanna... A gente vai brincar com ela igual como a gente brinca com a Lily, a Emilly e o Tom... Jake, a gente vai ensinar um monte de coisas para ela. – Reece ratificou o que já dissera e se animou.

— É mesmo, Reece! Boa ideia! – Os irmãos comemoraram com “high five” ( https://previews.123rf.com/images/studiostoks/studiostoks1512/studiostoks151200089/49339768-high-five-greeting-white-black-hand-pop-art-retro-style-a-gesture-of-greeting-the-hands-of-man-anti-.jpg) ou (https://cdn5.vectorstock.com/i/1000x1000/27/99/hands-high-five-pop-art-vector-14232799.jpg), dando um tapinha na mão do outro com a mão espalmada.

Temendo transtornos no futuro, Castle viu necessidade de intervir e explicar – Muito bem, garotos! Eu, vocês, a Lily e a mamãe de vocês ensinaremos muitas coisas a Giovanna.

— A Lexis, a Emy e o Tom também vão ensinar muitas coisas para a Giovanna, papai. – Jake salientou, todo espoleta, pois adorava falar e estar com a irmã mais velha e com os sobrinhos.

— Ah, sim... Claro! – Castle soriu.

— Imagino! Tenho até medo destes ensinamentos... – Kate pensou alto, mas ninguém a ouviu.

Após alguns segundos, Kate decidiu se arrumar para retornar ao trabalho.

— Meus amores, enquanto vocês três conversam sobre o que vão aprontar e ensinar para a Giovanna, eu vou tomar banho e logo desceremos... – Kate informou para os três homens da sua vida — Mas não sei se vou conseguir ir embora agora, amor. – Kate segredou para o marido — Ainda temos casos em andamento. Vou torcer para que os detetives concluam logo e prendam os culpados.

Castle fez uma expressão que entendia o que a esposa queria dizer — Tudo bem, amor, eu te entendo. Mesmo assim, vamos te esperar sair do banho e desceremos juntos até o Distrito.

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Em menos de quinze minutos, Beckett tomou banho e saiu do vestiário linda e maravilhosa trajando a mesma roupa que usava antes dos exercícios. Era uma calça preta em tecido encorpado apropriado para gestantes, com um tecido elástico na parte frontal que abrigava a barriga saliente. Usava ainda uma camisa de linha colada ao corpo na cor grafite e, sobre ela, um blazer preto aberto. O toque final ficava por conta do scarpin preto alto, salto agulha que dava um ar sofisticado ao traje e foi premiada com um selinho do marido. Era um traje sóbrio que a deixava belíssima!

— Uauuwww!! Você está linda, amor!

— Está linda mesmo, mamãe! – Reece reforçou o elogio que o pai fizera à mãe.

— Está “disumbanti”! – Jake também elogiou a mãe, todo compenetrado.

Kate e Rick se empenharam para não rir diante do esforço que o filho fizera para falar uma palavra que já ouvira, porém, que não sabia pronunciar, visto que não pertencia ao vocabulário usual dele.

— Isso mesmo, filhão, a mãe de vocês está “des-lum-bran-te”! – Castle o corrigiu, pronunciando a palavra pausadamente para que ele aprendesse.

— Foi isso mesmo que eu falei, pai. A mamãe está “disumbanti”!

Kate piscou para o marido — Depois ele aprende a falar corretamente esta palavra, amor. – Kate sussurrou apenas para Castle ouvir — Obrigada, filhos! Vocês são meus príncipes! – Kate abaixou e beijou os gêmeos. – Agora vamos descer para o trabalho da mamãe. – Kate parou e olhou bem séria para os filhos – E não se esqueçam... Comportem-se, ok?

As duas crianças arregalaram os olhos ao ouvir o modo austero com que a mãe fizera aquela recomendação e, como se houvessem ensaiado, ambos sacudiram a cabeça afirmativamente.

Atento a tudo, Castle notou que sua esposa falava com os filhos gêmeos da mesma forma com que falava com ele na época em que começaram a parceria. Só que, ao contrário dos filhos, ele nunca obedecia e foi assim que as discussões, as faíscas nos olhares, a química, a paixão e o amor deles nasceu. Ao fazer esta reflexão, Castle deu um logo suspiro de felicidade e, involuntariamente, deu um sorriso.

O sorriso do marido chamou atenção de Kate que também sorriu feliz pois a fisionomia feliz dele indicava o motivo do sorriso — Recordando-se do início da nossa parceria, Escritor?

O casal trocou olhares e sorrisos de cumplicidade, com muito amor envolvido.

— Sim, Detetive!

— A mamãe não é Detetive, papai. Ela é Capitã! – Jake corrigiu o pai.

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Assim que desceram para o andar onde funcionava a 12ª NYPD, Castle levou os meninos para a sala de descanso, enquanto a Kate tomou pé da situação e ficou sabendo que os casos já estavam encerrados, a exceção de um que se encontrava muito complicado.

Kate conferiu e assinou todos os relatórios dos casos finalizados e passou a analisar o caso pendente. Leu todos as notícias e depoimentos que estavam no sistema e ficou a meditar sobre todo o conteúdo. Depois seguiu até a grande sala onde ficavam as mesas de todos os detetives, parando em frente ao quadro de evidências do caso ainda não resolvido e, depois de olhar atentamente para tudo que estava ali fixado, acrescentou anotações importantes e necessários para ajudar na solução do homicídio. Como tinha lido tudo sobre o caso no arquivo do computador, Kate ia escrevendo os dados pertinentes, passo a passo, ao lado de cada fotografia.

Neste momento Castle chega ao seu lado.

— Hey, Castle, onde estão os gêmeos? – Kate indagou para o marido e fez uma inspeção do ambiente a procura dos filhos — Querido, eles só têm cinco anos e são traquinas e não podem ficar sozinhos. Você bem os conhece... Eles são iguaizinhos a você e devem estar ansiosos para mexer em tudo... Você se lembra como eles ficaram felizes ao entrarem na delegacia lá na região da cabana do papai..., no dia do sequestro deles, não lembra?

— Fica sossegada, amor. – Castle a tranquilizou – A Policial Velasques disse que ficaria com eles enquanto eu vinha aqui falar com você. Ela disse que já está acostumada com aqueles dois... E que também tem filhos pequenos e traquinas... – Castle sorriu – Velasques disse que se Jake e Reece aprontarem, ela põe uma algema em cada um deles e prendem os dois no pé da mesa dela...

— Castle! – Kate ficou horrorizada com aquela informação, mas logo viu o sorriso de zoação do marido.

— Brincadeirinha... Cadê o seu senso de humor, eihm, Capitã?

— Ah, tá... – ela balançou a cabeça ao rir da brincadeira do marido.

— Pelo visto, este quadro é o do caso ainda pendente... – Castle sondou.

— Sim. – Kate respondeu e deu um longo suspiro – Estou aqui analisando cada fato, cada objeto encontrado na cena do crime, cada pessoa envolvida e cada fotografia...

Beckett e o marido ficaram defronte do quadro de evidências juntamente com John e Peter, os dois detetives responsáveis pelo caso.

Após analisar cuidadosamente por cerca de quinze minutos, todas as informações ali contidas, Castle pede a Kate para ler todos os depoimentos e assistir aos vídeos dos interrogatórios.

— Kate, eu sei que você já viu e já ouviu tudo. Eu quero ver e ouvir tudo também. Vamos comigo?

Depois que leu todos os depoimentos no computador de Kate e, juntamente com ela, assistiu atentamente aos vídeos existentes, Richard Castle retornou ao quadro de evidências e, como de hábito, passou a narrar os fatos do homicídio, desde o início, minuto a minuto, como se fosse o roteiro de um dos seus livros, indicando fotografia por fotografia, fato por fato, e, ao final da narrativa, ele comunicou que sabia quem era o assassino, o fazendo no exato momento em que Kate também fez o mesmo comunicado.

— Eu sei quem é o assassino!

— Eu sei quem é o assassino!

O casal se entreolha e sorri, deixando John e Peter abismados.

— Uaauuww! Falaram a mesma coisa e no mesmo momento... E não é a primeira vez que isso acontece...

— Vocês treinam em casa, é?

Kate e Rick sorriem e não dão importância aos comentários zombeteiros dos rapazes.

Sob os olhares atentos dos dois detetives e do seu cônjuge, Castle anunciou o nome do criminoso e, mais uma vez, Kate falou a mesma coisa, no mesmo momento.

— O criminoso é o Lorenzo Chintlan.

— O criminoso é o Lorenzo Chintlan.

— Eu até fico com medo... – Peter brincou diante da coincidência e todos riram.

Kate e Rick mais uma vez sorriem um para o outro e a Kate, com tranquilidade, incentiva o marido a explicar aos detetives – Castle, você quer explicar aos rapazes o que nos levou a ter tal conclusão, ou prefere que eu mesma explique?

Olhando sério para os detetives e para a esposa, Castle diz que ele daria a explicação e logo afirma — Obrigada, Capitã. – Castle sorriu para a esposa – Mas nós dois podemos explicar juntos. Eu e a Kate temos certeza que o Lorenzo matou a Maria. Mas como chegamos a esta conclusão? Bem, rapazes, como o Lorenzo foi o último namorado da vítima, durante o interrogatório, ele simulou estar sofrendo horrores pela morte dela. Ele estava inconsolável. Ele se comportava como se fosse o viúvo, só que de um modo tão exagerado que dava para desconfiar. – Castle narrava o fato de modo teatral como se fosse o enredo de um dos seus livros.

Kate o interrompeu e complementou o raciocínio no marido ao falar com os detetives – Mas o que o Lorenzo não contava é que eu e o Castle iríamos descobrir que foi ele quem arquitetou tudo e jogou a namorada pela janela do apartamento e ainda incriminou o Michael e o Emerson...

— Exatamente! Mas aí vocês devem estar se perguntando porque o Lorenzo incriminou o Michael e o Emerson... Ora, ora... Simples! Porque tanto o Michael quanto o Emerson tinham contendas anteriores com a vítima... O Michael, como ex-marido da Maria e o Emerson, na condição de advogado do Michael, tentavam tirar da cabeça da Maria a ideia do divórcio, pois ainda havia amor entre o casal e, realmente, ela entendeu que se havia amor, eles poderiam esquecer o divórcio, tanto que reataram o casamento, mas, só que o Lorenzo ficou sabendo e não gostou nada da notícia... e o pior é que os machucados horríveis no corpo da vítima foram causados pelo Lorenzo.

— Isso mesmo, meninos, o Castle está certo. Ele está falando isso porque a Lanie nos encaminhou um laudo pericial onde consta que antes de jogar a namorada pela janela, Lorenzo deu uma surra na Maria e nesta surra, chegou a quebrar o braço direito dela e também a desfigurar seu rosto... Lorenzo é um monstro! – Kate esclareceu, mas foi novamente interrompida pelo marido.

- Verdade, Kate. E eu, como Escritor, tenho certeza que o Lorenzo deu esta surra na Maria depois que ela comunicou o final do namoro com ele e avisou que havia reatado o casamento com o Michael, então o Lorenzo, um bárbaro, ficou furioso e a matou. Com todos estes acontecimentos, o Michael estava verdadeiramente chocado, triste e muito assustado com a morte da esposa. Tanto o Michael quanto o Emerson e não sabiam informar muitas coisas sobre o crime. Já o Lorenzo, apesar de tentar a todo custo fazer o papel de sofredor, tenho certeza que ele sabe de muitas coisas e está fazendo um imenso esforço para ocultar os fatos e dificultar nosso trabalho. Acho necessário um novo depoimento dele.

— Correto! O Lorenzo deve saber de tudo com os mínimos detalhes, só não imaginou que a gente ia perceber isso. Mas para desvendarmos isso, contamos com a mente criativa do Escritor Richard Castle e também, com os exames minuciosos feitos pelos peritos que estão condizentes com o que o Castle suspeitava. Lanie conseguiu encontrar impressões digitais do Lorenzo nos locais onde Maria foi agredida e os machucados combinavam com as lesões na mão dele. — Kate esclareceu.

A Dra. Lanie Parish chegou naquele momento e entregou à Kate uma pasta de exames e laudos periciais e aproveitou a oportunidade para dar uma informação nova e muito importante para o deslinde do caso – É bom lembrar também que foram encontradas nas unhas de Maria, traços de DNA do Lorenzo, ou seja, ela tentou ao máximo se defender do namorado e ele estava, realmente, com arranhões no pescoço e no rosto, próprios de quem levou unhadas e todos ainda sem cicatrização.

John e Peter ficam boquiabertos com a capacidade que a Kate e o Castle possuíam para solucionar homicídios tão rapidamente.

— Não é a toa, Capitã que a senhora foi a Detetive com o maior número de casos solucionados daqui de Nova York... – Peter elogiou a chefe.

— Com a minha valiosa ajuda e perspicácia, né, claro que a Kate tinha que solucionar todos os casos de homicídios que chegavam até nós e por isso ela foi a melhor detetive de Nova York. Mas preciso dizer algo muito importante... Sem brincadeiras... Mesmo antes de eu conhecer a Kate, ela já era extraordinária e até hoje nenhum detetive ultrapassou o marco dela. – Castle declarou inicialmente apenas para provocar a esposa, mas finalizou com um merecido elogio, deixando-a emocionada.

— Não posso dizer que você não me ajudava, Castle... – ela não se importou com a informação sobre a valiosa ajuda do marido pois sabia que era verdade. – Apesar de muitas vezes você ter me irritado e me atrapalhado muito, Castle, não posso deixar de dizer que você me ajudava mais do que me atrapalhava.

Apesar de ser uma Delegacia de Homicídios, a leveza e a harmonia entre todos tomava conta do ambiente.

Dirigindo-se para os dois detetives, Castle aconselhou – Antes de mais nada, eu queria fazer um alerta..., se a Kate determinar, aconselho levar reforço ao ir atrás do assassino, porque ele é muito perigoso. O Lorenzo é um louco e já deve ter providenciado armamento pesado.

— Vão lá, rapazes! – Kate ordenou. – Não fiquem aqui parados... Peguem este assassino e vou providenciar reforço policial para vocês.

A Capitã Kate Beckett Castle vai até seu gabinete e, muito rapidamente, faz algumas ligações e logo providenciou reforço policial para acompanhar os detetives John e Peter.

— Boa sorte! — ela sai de sua sala e se dirige aos dois detetives antes de eles saírem para cumprir a diligência.

Após os detetives partirem em busca do criminoso, Beckett retornou à sua sala e fechou a porta, ficando sozinha com o Castle.

Ela se aproximou do marido e sussurrou diretamente para ele, com olhar fatal — Obrigada! Adoro quando você me ajuda a desvendar os casos. Eu te amo.

— Ah, Kate, você é o presente que Deus colocou na minha vida e eu também te amo... Mas veja bem, eu te ajudei a solucionar o homicídio... No entanto, mocinha, eu te adiando que nada é gratuito... – ele falou com o tom carregado de volúpia e deu risada marota, fazendo a esposa também rir, apaixonada – Logo mais à noite vou querer que me comprove a declaração que você acabou de fazer.

— Você é um safado delicioso, Rick!!! Você sabe que eu adoro provar o meu amor por você... Adoro provar na prática que te amo... Aliás, eu te provo isso há dezesseis anos, Castle... Socorro!!! – Kate riu baixinho, com a boca trêmula – Você é um depravado! Estou trêmula, de pernas bambas e toda arrepiada... – Kate abotoou o blazer, pois a blusa de linha que usava por baixo marcava os mamilos excitados.

— Sempre achei maravilhoso que mesmo depois de tantos anos ainda consigo fazer você tremer, ficar arrepiada, de pernas bambas e garanto que está prontinha para mim..., muito excitada... Dá para ver nos seus olhos... Essas pupilas dilatadas quase ocultando a íris verde, querida, entrega logo seu desejo. E eu também estou prontinho... Louco para jogar você na cama, tirar cada peça de sua roupa... Eu vou rasgar sua calcinha e entrar em voc...

— Rick! – ela o repreendeu aos sussurros, sem esconder que, realmente, estava excitada. — Comporte-se! – Ela estava de pé, em frente ao marido. Tensa e muito excitada com o assunto íntimo, Kate olhou de um lado para o outro por trás das paredes de vidro que dividiam sua sala — Não sei se você está lembrado, Escritor Delícia, mas estamos no Distrito. Mesmo com essas delicadas cortinas de treliça, a gente sabe que dá para ver tudo... – Kate arregalou os olhos e ficou boquiaberta diante das declarações do Castle e depois de dar um rápido selinho no marido, e uma lambida sensual, carregada de erotismo nos lábios dele, deixando-o extasiado, ela, com os olhos brilhantes e um riso arteiro nos lábios, se afastou, arrodeou a mesa e se sentou na sua grande cadeira giratória de espaldar alto, sem, contudo, tirar do rosto a expressão de paixão e desejo.

Castle até tentou reter a esposa perto de si, mas ela conseguiu escapar.

— Huuummm!! Ai, ai, ai, Capitã Castle!!! – Richard Castle sorriu um pouco mais alto do que o normal, recebendo um olhar desaprovador da esposa.

— Psssii! Castle!

—Ah, Kate, sem essa!!! Você mesma me atiça e depois fica daí tentando colocar ordem... Fica cheia de advertências e censuras, mas, na verdade... – ele deu uma curta pausa, piscou o olho direito e passou a língua levemente nos lábios inferiores, demonstrando estar com pensamentos libidinosos com relação à esposa.

Castle também se sentou. Ele se acomodou na larga poltrona confortável que ficava diante da esposa e continuou com a sedução — ... Na verdade, minha linda, eu sei exatamente o que se passa nessa sua mente... Você está louca para jogar no chão tudo o que está sobre esta sua mesa de madeira porque quer fazer um sexo divino, cheio de amor e luxúria... Isso é a nossa cara.... Você não me engana... E pode desabotoar o blazer para eu ver seus mamilos excitados, saltando para fora, quase furando a blusa...

Com o sorriso travesso e a respiração entrecortada, Kate atendeu ao pedido do marido e abriu o blazer, evidenciando os seios maiores por conta da gravidez e com os mamilos eriçados.

— Você é maravilhosa! Eu te amo e estou com muito desejo! Estou de olho em você, Katherine Castle! O que nos impede de fazer sexo agora é somente porque não estamos sozinhos aqui no Distrito.

Vermelha e arrepiada com as ideias maravilhosas do marido, Kate não consegue deixar de sorrir, tampouco esconder sua excitação — Ai, que delícia, Rick! – ela pega uma folha de papel sobre a mesa, dobra em dois para ficar mais firme, e se abana – Ah, Castle... Estou me lembrando das vezes em que fizemos amor aqui no Distrito... Um sexo quente e... Que Deus me ajude! Ah, se essa mesa e se os azulejos do banheiro falassem, né?

— E se a sala de descanso tivesse câmeras de segurança, eihm... – Castle lembrou da cena e deu um longo suspiro.

— Socorro! Nem sei dizer qual destas vezes foi a melhor... Acho que todas... Empate técnico! Mas eu acho bom mesmo você ficar de olho em mim, marido!

— Ops!! – ele se afastou do encosto da poltrona e a olhou com curiosidade – Como é mesmo, Kate!? Como assim eu tenho que ficar de olho em você? Tem outro homem que está tentando te seduzir? Tem outro homem na área te cercando, é? – Castle demonstrou estar morrendo de ciúmes.

— Ah, meu Deus! – Kate sorriu, mas revirou os olhos, demonstrando impaciência com o ciúme sem razão de ser do marido — É apenas um modo de falar, amor... Estou brincando. Como é mesmo que você sempre me diz? “Cadê o seu senso de humor, eihm?” — Sabendo que o ciúme do marido não tinha motivo, Kate até ria com a cara assustada dele – Sério que você mudou o assunto assim, de uma hora para outra, Rick? É como jogar água na fervura. – Kate se acomodou melhor na sua cadeira, devolveu a folha de papal à mesa e encarou o marido – Mas foi até bom, né, porque tenho um crime a solucionar e você, Castle, dois filhos gêmeos para cuidar. Anda, amor, vai lá ver como eles estão.

— Mas Kate, você disse que...

— Sério que você acha que algum homem vai olhar para mim e me cortejar com essa barriga enorme aqui? – Kate acariciou seu ventre protuberante. – Ainda mais se souber que eu já pari três filhos, tenho dois netinhos e tenho um marido gostoso e Bonitão por quem sou completamente apaixonada...

— Huuummm!!! Não sei não, viu... Esta conversa de eu ter que ficar de olho em você... Hummm!!! Esta conversa está diferente... – Rick fez bico de menino desconfiado — Você é linda e deliciosa e eu te desejo de qualquer jeito. E você sabe que eu morro de ciúmes de você, Kate... Não quero nem mesmo imaginar um mosquitinho encostando ou mesmo olhando para você..., ainda mais se for outro homem. – Castle fez cara de malvado Eu mato!

As ameaças do marido eram mais divertidas do que assustadoras e Kate sorriu, feliz, pois sabia que era amada pelo marido e sabia também que aquele ciúme era mais encenação do que ciúme real, pois ele tinha certeza que ela nunca o trairia. — Seu bobo! – ela deu uma rápida piscada de olho para o marido — Você sabe que eu te amo e só tenho olhos para você.

Todo derretido e apaixonado, Castle a olhou com carinho — Ah, eu sei... Eu também te amo... Eu sei que nem tenho direito de ter ciúmes.

Castle se levantou e avisou que já ia ver os filhos – Vou ver os gêmeos.

Naquele momento três batidinhas de leve na porta chamam atenção do casal e, sem demora a Policial Velasques entrou — Capitã, o Dr. Josh quer falar com a senhora.

Ao ouvir o nome do Josh, Castle não consegue esconder o susto e a raiva.

Castle direcionou o olhar para sua esposa, mas esta não lhe deu atenção, falando somente para sua Assistente – O Josh, aqui!? Sério? – boquiaberta, Kate não conseguia esconder a surpresa – De onde ele surgiu? Não faço ideia do que ele teria para falar comigo... – Kate franziu a testa e apertou a boca, completamente abismada com aquela visita inesperada.

— Ele não me disse o que queria falar, Capitã... Disse apenas que queria concluir a reunião que vocês tiveram hoje.

— Ah, tá... – Kate deu um longo suspiro aliviada e um largo sorriso – Agora entendi... Só não entendi porque ele não telefonou diretamente para mim... Mas... Pode passar a ligação, Velasques...

— Ah, não, Capitã... Acho que eu não me expressei bem... O Dr. Josh não está ao telefone. Ele está aqui, pessoalmente.

Completamente surpreendida, Kate se levantou – Ah, que maravilha!! Isso foi melhor do que eu esperava... Ele foi rápido! Pressinto boas notícias para nós, Velasques! Pode manda-lo entrar. Depois traga duas canecas de café, por favor, querida, e duas garrafinhas com água gelada também.

— Sim, senhora. O Dr. Josh disse que iria primeiro ao andar do Necrotério conversar e analisar alguns pontos com a Dra. Lanie Parish. Irá também à sala de informática ver os equipamentos e depois conversaria com a senhora.

— Obrigada! – Antes da Assistente sair, Kate indagou curiosa, com um toque de aflição – Hey, Velasques, eu sei que não faz parte das suas atribuições, mas aonde estão os meus filhos?

— Ah, Capitã... – a moça sorriu — Eu os deixei desenhando lá na sala de descanso em um quadro de evidência desocupado. Eu regulei o quadro para ficar da altura deles e eles estão lá concentrados fazendo muitos desenhos. Daqui a pouco eu volto lá para ficar com eles.

A moça saiu.

— Katherine Beckett Castle! Que história é essa de você ter se encontrado com aquele traste do Josh, eihm? Eu o odeio! E eu sei que você também não é lá muito chegada a ele. O que aconteceu, eihm? Mudou de ideia, foi? – Castle não disfarçava o ciúme e estava nervoso, mas não falava alto. Ele sussurrava tão baixinho que Kate se esforçava para escutar. — E você falava agora a pouco que eu não tenho motivos para ter ciúmes... Sério? – Caste tinha as narinas inchadas ao respirar. Ele estava muito chateado e seu pescoço estava vermelho e as veias estavam dilatadas.

— Calma, Castle! – Falando em um tom sereno, Kate tentou apaziguar a situação — Eu até entendo a sua raiva, pois confesso que eu mesma fiquei em choque quando ouvi o nome do Josh, viu, mas depois da explicação da Velasques eu entendi e agora estou tranquila porque esse Josh não é...

Castle parecia não escutar o que a esposa falava e a interrompeu, não a deixando continuasse a explicação – Quer dizer que você está tranquila... – Castle ironizou – Ah, que fofo!

— Amor da minha vida... – Kate tentava ficar calma e deu um sorriso apaixonado – Preciso que você me escute! – ela foi mais enérgica – Você está fora de si, Castle. Eu quis explicar e você me interrompeu. Mas quero te dizer que não é o que você está imaginando... Eu te amo, Rick! Vá lá ficar com seus filhos porque eu tenho quase certeza que a reunião com o Dr. Josh será muito rápida. É só a finalização de uma reunião anterior que tivemos hoje pela manhã, depois eu e você vamos embora para nossa casa e para a nossa família.

— Ah! – Castle ficou boquiaberto – Quer dizer que vocês já tiveram outra reunião, foi? – ele demonstrou desdém — Nossa Senhora!!! Estou perplexo! E que novidade é essa de você chama-lo de “Dr. Josh”, eihm? Você nunca o chamou assim... É um joguinho, é? – Ele estava possesso, mas continuava sussurrando, para ninguém mais, além deles, ouvir a conversa.

— Houve outra reunião, Castle. – com voz firme, demonstrando estar decepcionada pela falta de confiança do marido, Kate se afastou do encosto da cadeira e pôs as duas mãos sobre a mesa ao se dirigir ao Castle falando chateada, mas bem baixinho – Já chega de cena, Castle. Chega! Cansei de ouvir bobagens! E quanto a este tal “joguinho” que você sugeriu, acho melhor você não dizer mais nada sobre isso porque tenho certeza que depois você vai ficar sem graça só de pensar nas besteiras que acabou de falar. Pode acreditar, a ressaca moral vai doer em você... – Kate não mais se divertia com o ciúme descabido do marido — Mesmo você tendo interrompido a minha explicação, eu até te diria agora quem é o Dr. Josh e ainda o que ele quer comigo, mas pela falta de confiança que você demonstrou em mim, você tá merecendo passar sufoco e estou ansiosa para ver sua cara de surpresa. Depois não reclame se ficar difícil eu te perdoar. Você vai ter que se esforçar bastante no seu pedido de desculpas.

— Pois saiba que eu não vou sair daqui. – Castle afirmou sem dar atenção ao conselho da esposa – Vou participar desta reunião... Quero ver o que aquele traste quer com a minha mulher.

— Já vi que mais uma vez você não escutou nada do que eu falei... Geralmente o seu lado Escritor fala mais alto e você gosta de saber tudo o que se passa ao redor... Gosta de ouvir todas as versões... Contudo, estou impressionada com a sua falta de confiança em mim, Castle.

— Não mude de assunto e nem inverta a situação, Kate.

— Nossa Senhora!! Além de não conseguir me escutar, você também nem consegue raciocinar só em ouvir esse nome mágico... “Josh”... Que ciúme mais infundado, Castle! Eu estou muito decepcionada com você, no entanto, nem fico assustada porque não tenho nada para esconder de você... Tudo bem... Pode ficar, mas acho que vai ser enfadonho para você, além de não ser nada profissional eu receber um visitante para uma reunião, acompanhada do meu marido que não trabalha aqui no Distrito...

— Não ligo! Eu vou ficar e ouvir tudo.

— Pois você devia se incomodar, sim, Castle. Isso não é sobre você... É sobre mim, pois se trata da minha carreira. Você voltou a ser aquele garoto de nove anos que ficava atrás de mim no Distrito, foi, Castle? Você voltou a se sentir na Disneylândia...

— Sim, Kate, eu me sinto na Disneylândia, só que agora estou na fila do “Trem Fantasma”, sabendo que tem um monstro que veio diretamente do passado querendo atacar a minha mulher e, consequentemente, atacar a mim e a minha família. – Castle continuava sussurrando — Mas não se preocupe, vou ficar calado e, claro, me esforçar bastante para não dar um murro no meio do nariz daquele médico imbecil, principalmente se ele começar a te elogiar.

Bebendo o resto de água que havia em uma garrafinha na sua mesa, Kate tentou se acalmar – Eu juro que não queria passar por esse constrangimento, mas estou ansiosa para ver você engolir seu ciúme e começar a me pedir desculpas. Creio que você vai passar a noite me pedindo desculpas... Ou o final de semana inteiro... Ou a vida toda...

Castle prestou atenção à última manifestação da esposa e franziu a testa – Eu odeio o Josh e você sabe disso, Kate...

Foram interrompidos com a chegada da Policial Velasques, seguida por um senhor muito bonito com expressivos olhos verdes que, aparentemente, tinha sessenta anos. Além de muito bonito, ele possuía uma presença forte, marcante e atraente. Ele era calvo e o cabelo que ocupava a parte lateral da cabeça e a nuca, era grisalho, o que lhe dava um atrativo extra. O visitante estava impecavelmente trajado e andava com ajuda de uma bengala de madeira escura polida com uma figura de um leão entalhada em aço na parte superior, dando um ar sofisticado ao objeto. Estava evidente que era um senhor ilustre e muito refinado e não possuía deficiência física, pois andava com desenvoltura e, por certo, utilizava aquela bengala apenas por charme.

Kate se levantou e, com um lindo sorriso no rosto, foi receber o visitante, cumprimentando-o com simpatia, sem deixar de perceber que seu marido estava boquiaberto ao avistar o estranho senhor — Boa tarde, Dr. Josh! Que surpresa maravilhosa! Seja bem-vindo! Eu poderia muito bem ter ido me encontrar com o senhor, mas já que preferiu me visitar...

— Ah, filha! Eu queria ver, pessoalmente, a Delegacia da Capitã mais jovem, mais competente e mais linda dos Estados Unidos! É um prazer finalizar a nossa reunião aqui na sua sala, até porque eu queria examinar alguns setores do seu Distrito... Já estive com a Dra. Lanie Parish e em outros departamentos.

Kate era só sorrisos e percebeu que o marido não demonstrou estar com ciúmes diante do elogio do visitante e, prontamente, ela fez as apresentações.

— Dr. Josh, eu quero te apresentar meu marido, Richard Castle... Ele veio me buscar... Chegou cedo... Irei com ele assim que terminar meu expediente. – Kate olhou para o marido — Querido, o Dr. Josh Campbell é o Procurador Chefe do Estado. Ele está, pessoalmente, tomando providencias para melhorar nossa estrutura aqui no 12ª Distrito, tanto no mobiliário e equipamentos de informática, quanto nas nossas viaturas, inclusive e principalmente o Necrotério.

— Oh, muito prazer, meu jovem! Sua esposa é espetacular e muito inteligente...

— Ah, eu sei disso! – Castle sorriu não somente por conta da simpatia do visitante, mas também porque estava orgulhoso da esposa que tinha. Além disso, estava contente pelo Dr. Josh não ser o médico que, outrora, fora namorado de Kate.

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— Não se preocupe, meu jovem, eu liberarei sua esposa o mais rápido possível. Eu também estou louco para chegar em casa porque minha esposa já me telefonou avisando que meus cinco netinhos caçulas estão lá, loucos para brincar com o vovô.

Era nítido que não havia mais sombras do ciúme no coração, na mente e nos olhos do Castle — Ah, sei bem o que é isso... Receber os netos em casa... É uma alegria maravilhosa... Eu e a Kate temos dois netinhos que regulam com as idades dos nossos três filhos caçulas.

— Vocês já têm netos? Sério que você já tem dois netinhos, minha jovem? – o Dr. Josh Campbell ficou abismado por Kate ser tão jovem e já ter netos e ficou fazendo contas na mente.

— Tenho... Mas... – Kate tentou explicar, mas o marido a interrompeu.

— Minha filha mais velha nos presentou com dois netinhos. – Castle explicou, interrompendo a esposa. Olhando para a Kate, Castle concluiu — Querida, fique tranquila na sua reunião com o Dr. Josh porque eu vou ficar com as crianças lá na sala de descanso...

— Ah, quantas fotos lindas! – O Dr. Josh se dirigiu ao imenso gaveteiro de madeira escura que tomava toda a parede atrás da cadeira giratória de Kate e lá, pegou um por um os porta-retratos ali existentes. Eram fotos de Jim e Johanna Beckett, dos gêmeos, de Lily, da Alexis, de Emily, de Tom e ainda uma fotografia dela com o Castle logo no início do namoro e outra do dia do casamento deles — Estou maravilhado! Que família linda!

Castle que já estava à porta, se aproximou do visitante e se encarregou de informar os nomes de cada uma das crianças e o grau de parentesco delas, envaidecido pela linda família que construíra com Kate – E em breve nascerá mais um... – Castle era só sorrisos.

— É... Eu percebi que vem mais um bebê por aí... – Dr. Josh deu um bonito sorriso para o Castle ao indicar a barriga saliente da Capitã — Além de formarem um lindo casal, vocês dois construíram uma bela família. Parabéns!

— Obrigada, Dr. Josh. – Castle agradeceu cheio de orgulhoso. — Nossa família é mesmo perfeita! Com licença, vou ver os gêmeos...

— Antes que você saia, Castle, quero te dizer que eu sou fã. – Enquanto o Dr. Josh falava, Castle ficou boquiaberto ao ouvir aquela declaração — Já li todos os seus livros e aprecio em demasia, a série do Derrick Storm e também a saga da Detetive Nikky Heat com o Jornalista Jamerson Rook.

— Ah, o senhor... – Castle não esperava aquela declaração e ficou sem fala.

— Todos sabemos que você se inspirou na sua esposa para escrever a série da Nikky Heat. – Dr. Josh sorriu e deu uma piscada marota para o Escritor.

— Mas eu sou muito diferente da minha versão ficcional, Dr. Josh. Eu e a Nikky Heat somos completamente diferentes e o meu relacionamento com o Castle só começou depo... – Kate ficou sem graça e tentou explicar, mas foi interrompida pelo Dr. Josh.

— Relaxe, minha jovem. Eu sei que todo escritor tem uma imaginação fértil e o seu marido, com certeza, não deve ser diferente.

Kate continuou com o sorriso fraco no rosto, oportunidade em que o Castle se despediu, pois, percebeu um olhar tenso da esposa e como a conhecia muito bem, sabia que já era hora de deixar a sala dela e ir ver as crianças, ainda mais depois da discussão que tiveram.

Castle saiu do gabinete da esposa após a saudação final ao Dr. Josh.

Muito chateado consigo próprio por ter falado muitas bobagens por conta do seu ciúme sem sentido e idiota, Castle deixou a sala de Kate e foi ver como estavam se portando os filhos gêmeos.

“- Acho que nunca falei tanta bobagem na vida e tenho que dar um jeito de pedir desculpas para a Kate pelo tanto de idiotice que eu fiz e espero que ela aceite.” – Castle meditava enquanto cuidava de Jake e Reece

Kate ficara verdadeiramente tensa com o assunto dos livros da série Nikky Heat e também por conta das fotografias, pois, por mais que amasse sua família e ela própria tivesse providenciado os porta-retratos para adornar sua sala e dar um toque de vida e leveza para deixar o ambiente menos sombrio, ela não gostava de falar sobre sua vida pessoal para estranhos, mesmo que esse estranho fosse seu superior hierárquico. E para piorar a situação, ainda veio o assunto Nikky Heat.

Também meio sem graça por conta das crianças que ainda estavam no seu local de trabalho, Kate explicou – Ah, Dr. Josh, hoje é feriado escolar e meu marido trouxe nossos dois filhos caçulas com o objetivo de me buscar e...

— Minha jovem... – ainda sorridente, ele fez um sinal negativo com a cabeça e com a mão direita, indicando que ela não deveria nem se preocupar em justificar — Já estamos mesmo no final do expediente e eu até peço desculpas por ter vindo sem uma comunicação prévia... Então vamos logo começar a reunião... Quanto antes começarmos, mais cedo terminaremos.

..... ..... ..... ..... .....

A reunião de Kate com o Dr. Josh ainda prosseguia quando os detetives John e Peter retornaram ao distrito trazendo o Lorenzo Chintlan algemado, acompanhado de um advogado refinado e muito bem vestido. Junto com eles também estavam alguns dos policiais que deram apoio à diligência, pois prestariam depoimento e, assim, colaborariam para o John e o Peter fecharem o caso e fazerem o relatório.

No momento do depoimento, Castle deixou os filhos gêmeos com Velasques e, da saleta anexo à Sala de Interrogatório, assistiu a tudo pelo vidro espelhado.

Lorenzo foi interrogado e, como esperado, não conseguiu enganar mais ninguém, pois, sem hesitar, dava informações que somente quem matou poderia ter conhecimento. O acusado confessou a surra e o homicídio com riqueza de detalhes, não deixando margens para dúvidas, deixando claro que Maria rompera o relacionamento com ele porque reatara o casamento com o Michel. Lorenzo agira sozinho e ficou confirmado que os antigos suspeitos não estavam envolvidos no crime. O Emerson, inclusive, era o advogado na ação do divórcio e nada fez contra Maria.

O caso foi encerrado com êxito e o Lorenzo Chintlan foi levado para a prisão, onde aguardaria o julgamento.

.... .... .... .... ....

A reunião de Kate terminou no exato momento em que John e Peter finalizaram o caso e, muito rapidamente, concluíram o relatório.

Assim que o Dr. Josh Campbell saiu da sala da Capitã e deixou o Distrito, o Detetive John entrou na sala de Kate a fim de entregar o relatório de finalização do caso de homicídio e assim que o ele se retirou de lá, os rapazes, juntamente com os demais detetives se despediram do Castle e foram embora.

O Distrito estava vazio, com a exceção da Policial Velasques.

Castle deixou os filhos novamente com a Policial Velasques e entrou na sala da esposa.

Fechando a porta atrás de si, encontrou sua mulher sentada na sua poltrona giratória, concentrada, analisando o relatório elaborado pelo John e pelo Peter.

Mesmo percebendo que o marido estava à sua frente, Kate não o olhou e permaneceu atenta ao relato dos fatos expostos pelos seus detetives.

— Kate, eu... – Caste falou baixo, mas logo foi interrompido por ela.

— Estou ocupada, Castle. – ela foi curta, mas não foi hostil.

— Kate, eu sei que você tem todo o direito de estar chateada...

— Eu já disse que estou ocupada, Castle. – sem tirar os olhos do relatório, Kate, mais uma vez, foi curta, mas não foi hostil.

— Mas eu quero te pedir desculpas, Kate e reconhecer que você tem todo o direito de estar aborrecida comigo. Eu falei um monte de bobagens e o pior de tudo é que eu fui um otário e imaginei que você estava tendo conversas com o Josh Davidson... Mas eu falei por engano... Quer dizer... Ah, meu Deus! Não falei por engano, Kate... Eu falei por burrice mesmo! Eu fui um estúpido em falar e pensar asneiras que envolviam a sua conduta. – Castle estava revelando o que havia no seu coração — Eu nunca poderia duvidar de você, Kate. Eu admito que até posso odiar o Josh e desconfiar dele, pois eu não tenho nada a ver com ele. Eu tenho a ver é com você, Kate... Minha vida é contigo, por isso, reconheço que nunca poderia deixar de confiar em você e na forma digna com que você conduz sua vida e o nosso casamento. Uma coisa é imaginar que o Josh poderia te elogiar e te cortejar e outra coisa é você aceitar o que ele poderia propor, coisa que você nunca faria.

Ao ouvir as palavras aflitas ditas pelo Castle, Kate parou de fingir que lia o relatório e refletia sobre tudo o que o marido falava, mas mantinha ainda seu rosto direcionada para os papéis à sua frente e, em seguida, sem mudar a direção do seu rosto, fechou os olhos e deu um longo suspiro e apertou a boca.

Com o coração aos pulos e atento à expressão do rosto da esposa, Castle continuou expondo seus sentimentos – Não sei o que houve comigo, Kate... Desculpa! Eu odeio o Josh por muitos motivos que nem convém eu listar agora... – Castle demonstrava estar realmente arrasado com as coisas que falara para a esposa. Ele balançou a cabeça e tinha um semblante de sofrimento no rosto — Kate, só de ouvir o nome dele eu fico surdo, não consigo raciocinar com coerência... O ciúme toma conta de mim e...

Ao ouvir aquilo, ela levantou as vistas para olhar nos olhos do marido e, falando bem baixinho, o interrompeu — Lamentável, Castle. – Com muita dor, Kate interrompe a fala dele, continuando a exposição de motivos dele do modo como ela queria que ele soubesse como ela estava se sentindo – Lamentável que o seu ciúme infundado toma conta do seu ser e você fica tão tomado pela ira que não consegue me escutar, raciocinar, muito menos confiar na sua esposa... Não consegue confiar nas minhas escolhas. Só que a escolha mais importante da minha vida eu fiz há muitos anos, Castle, foi a mais significativa que eu fiz na minha vida. A melhor, Castle... A escolha que me fez mais feliz foi te amar, aceitar seu amor e me casar com você.

Castle foi até a esposa a tentou tirá-la da poltrona. Ele queria estreitá-la nos braços, mas ela recusou.

Kate percebeu que ele queria abraçá-la forte, mas ela o impediu — Não, Castle. Eu preciso falar o que está entalado na minha garganta e no meu peito, senão... Nem sei...

Castle não retornou para onde estava.

Ao invés disso, ele puxou uma cadeira avulsa e se acomodou ao lado da cadeira giratória onde Kate estava sentada e olhava atentamente para ela, que continuou a falar.

— Você não confiou no que eu poderia fazer caso o visitante de hoje fosse o Josh Davidson... Não confiou na sua esposa... Sua mulher, Castle! Sua! Depois que você chegou na minha vida nunca existiu outro homem. Só vejo você. Só quero você. Sou somente sua, Castle! E eu sei que você sabe disso, mas não sei porque fez toda esta cena ridícula de ciúme. Eu sou a mulher que você tem há quase vinte anos. A mulher que você conhece mais do que ela mesma se conhece. A mulher que você ajudou a derrubar o muro de proteção que ela construíra ao seu redor para ajudá-la a se reencontrar e ser feliz... A mulher que depois de ter o muro de proteção derrubado, reconheceu que perdeu tempo com homens sem importância e que não a valorizavam e não a faziam feliz... A mulher que descobriu que a vida não era só trabalho e que podia, sim, ser feliz ao aceitar o seu amor, Castle, e por isso, perdeu o medo de assumir que amava somente um homem: Você. Eu estou muito triste por você não ter confiado em mim, a mulher por quem você se apaixonou, namorou, noivou, casou e, juntos, por amarmos o amor que sentimos um pelo outro, construímos uma linda família baseada no amor e na confiança... A mulher... – Kate mirou o marido e neste momento lágrimas rolaram pela face dela e ela própria passou a mão para secar, antes mesmo dele conseguir enxugar – Eu sou a mulher que te ama perdidamente, Castle... Sempre amou e quer te amar o resto da vida.

Mesmo não conseguindo secar as lágrimas da esposa, Castle se ergueu e, agora, sem recusa, conseguiu tirá-la de sua poltrona e a abraçou bem apertado por um longo tempo e depois a levou até o sofá que ficava ao lado da grande mesa de madeira.

Ele a ajudou a se sentar e se acomodou ao seu lado, segurando as mãos dela entre as suas.

Ambos se olhavam e o que se via nos olhos de ambos era amor, um amor puro e verdadeiro, contudo, naquele exato momento, também havia sofrimento.

— Kate, eu sei que você me preveniu, mas eu, muito burro e cego de ciúme, não te escutei... Você estava certa... Aliás, você sempre está certa. Eu estou com muita vergonha do que eu disse. Você até me avisou que eu teria ressaca moral, não é?... Eu estou com muita raiva de mim mesmo por ter dito tanta baboseira. Eu bem sei que quando eu escrevo um texto, muitas vezes dá tempo de deletar quando percebo que me expressei de modo errado... No entanto, Kate, eu não escrevi... Ao invés disso, eu falei..., Eu sei... E palavras ditas a gente não pode deletar, pois ficam martelando na nossa cabeça... Mas eu estou te pedindo desculpas, meu amor. Eu tenho a convicção que eu errei... E errei feio, mas te peço desculpas. Eu confio em você, Kate... Sempre confiei. Eu te admiro, eu te acho incrível, eu te amo e sei que você seria incapaz de ser infiel e de me trair. Como eu já te disse, amor, eu sei que se o Josh aparecesse, ele poderia até te querer. Uma coisa é ele te elogiar e te cortejar... Claro que ele poderia tentar... e outra coisa é você aceitar o que ele poderia propor, mas isso eu tenho certeza que você não faria. Nele eu não confio, mas em você, sim. Acredite em mim, Kate, eu sei que você jamais levaria em conta os galanteios ou o flerte do Josh. Jamais!

Castle pegou as mãos de Kate que estavam entre as suas, e as levou aos lábios e as beijou, retendo-as nos lábios, evidenciando que ao prolongar o beijo, deixava claro toda a dor e arrependimento que sentia.

Castle estava muito triste com as atitudes que tivera e Kate percebera isso.

— Eu te amo, Kate e confiei em você quando ficamos juntos pela primeira vez, no dia da tempestade em que você bateu à minha porta toda assustada e molhada da chuva e disse que me queria. Confiei em você quando você disse “sim” ao meu pedido de casamento e quando disse “sim” no dia da oficialização do nosso casamento e em todos os outros dias da nossa vida, independentemente de datas comemorativas, pois todos os dias ao seu lado são importantes. Eu sempre vou confiar em você, Kate. Hoje e sempre. Eu te amo e, mais uma vez, amor, te peço perdão por...

Kate o interrompeu com um beijo. Um beijo apaixonado, cheio de amor, que foi correspondido com a mesma intensidade.

Com os lábios ainda colados nos do marido, ela murmurava baixinho – Eu te amo, Rick.

Ela se afastou um pouco, e continuou falando bem próxima ao marido.

— Eu te amo, Rick, e te conheço muito mais do que você imagina e te amo cada dia mais por tudo que você é e por tudo que você representa para mim. E por te conhecer e saber quem você é, sabendo, inclusive, da raiva que você sente pelo Josh e deste seu ciúme doentio que você tem só por ouvir ou por falar no nome dele, eu te perdoo, amor, até porque estes dois sentimentos terríveis que você sente pelo Josh, eu também tenho pela Gina – Kate fez um bico de raiva ao mencionar o nome da Editora e ex esposa do marido — Só que, apesar de querer dar um tiro no meio dos olhos daquela vaca cada vez que ela tenta te seduzir na minha frente ou diz coisas desagradáveis somente para me atormentar, eu respiro fundo e busco sossego onde não tenho, e me esforço muito para esquecer que eu ando armada. Sabe porque, amor? Porque eu confio em você e confio no seu amor por mim, pois acredito nas suas escolhas. Então, Rick, você tem que agir assim também. Eu sei que você confia no amor que eu sinto por você. Você sabe que que eu confio em você inclusive quando vai para as inúmeras e intermináveis reuniões com a Gina e até nas viagens de lançamentos dos livros que você vai sozinho com ela quando eu não consigo ir junto. Eu confio em você quando a Gina te telefona na hora que ela bem entende para falar sobre o livro... Então, amor, vamos continuar confiando um no outro. Tente se controlar do mesmo jeito que eu me esforço muito para não matar aquela vadia. Ah, sim... Tanto a Gina quanto o Josh podem tentar o quanto quiserem, pois, uma coisa é tentar e outra e ter êxito na tentativa, coisa que eles não vão conseguir nunca. Jamais! – ela deu um selinho no marido – Então, caso o idiota do Josh apareça na sua frente, Castle, tente se controlar como eu me controlo quando me deparo com a Gina, e nisso, lamentavelmente, eu tenho uma vasta experiência, pois, enquanto eu, não sei e nem quero saber por onde o Josh anda, você vê a Gina, pessoalmente, sempre que ela quer ou quando você precisa, porque, infelizmente, ela faz parte da sua vida de Escritor. Então... Daí você pode deduzir o quanto eu confio em você, pois nunca briguei com você por se encontrar com ela e nunca o impedi de ir. Só Deus sabe o quanto eu a odeio... Mas sei que ela é sua Editora e que o trabalho dela é impecável.

— Realmente, amor, nunca tinha pensado sob esta ótica. – Castle ficou pensativo — Eu fico com ciúmes só em imaginar o Josh perto você, enquanto você tem certeza que eu vejo a Gina porque ela faz parte do meu trabalho. Não é à toa que eu te amo a cada dia, Kate.

— Eu quero prova disso, amor... – Kate já estava mais leve e sorridente – Do mesmo modo que você disse que hoje à noite eu vou ter que provar que te amo... Crio que você vai ter que fazer a mesma coisa... – ela sorriu e o beijou novamente, cheia de amor.

— Nossa noite promete! – ele murmurou entre um beijo e outro.

Interromperam o beijo ao ouviram a porta se abrir. Os gêmeos entraram correndo e foram na direção dos pais, e, como de costume, escalaram com facilidade as pernas do pai e da mãe e se aboletaram nas pernas deles.

— Ainda bem que a porta foi aberta pelas crianças e não por policiais ou detetives... – Kate respirou fundo aliviada.

— Uauuu!!! Ainda bem... – Castle sorriu.

— Todo mundo já foi embora, mamãe...

— Só quem está aqui com a gente é a Policial Velasques.

— Eu já fiz um monte de desenho no quadro que a Policial Velasques colocou para nós. Desenhei muitos carros de polícia com as luzinhas piscando, mas agora eu queria brincar de polícia de verdade, mãe...

— Papai, eu e o Reece já combinamos tudo. Já está tudo resolvido... Nós dois queremos andar de helicóptero da polícia como andamos lá na cidade onde fica o chalé do vovô Jim.

— Deixa, mãe...

— Deixa... Por favorzinho!

— Eu adorei andar de helicóptero da polícia.

— Se não puder hoje, eu quero, pelo menos, andar no carro da polícia, com as luzinhas piscando em cima e com a sirene ligada, fazendo muito barulho e com...

As crianças falavam sem parar e os pais, atentos, olhavam de um para o outro e não deixavam escapar nada.

— Amores da minha vida... – Castle interrompeu as intenções dos filhos, mas Kate interrompeu o marido.

— Nunca vi parecer tanto com o pai, como esses meninos parecem com você, Castle. – Kate falou para o marido e deu uma risada cheia de amor.

— Eles são mesmo muito bonitos. – Rick pilheriou e o casal riu da zoação.

— Eles são bonitos, sim, Castle, mas eles se parecem com você em tudo, e você sabe do que mais eu estou falando... – o casal continuou a rir.

— Será que vão ser Escritores ou Policiais? – Castle perguntou baixinho, mas não o suficiente, pois as duas crianças ouviram.

— Eu vou ser policial, igual a mamãe. Também quero ser Astronauta e passear de foguete no espaço para ver se eu encontro a nave do Darth Vader. Mas eu também quero ser Bruxo, igual ao Harry Potter! – Reece declarou.

— Eu até quero ser escritor, mas ainda não sei escrever... Eu vou ser Piloto de helicóptero da Polícia e também Desenhista com muitas tintas, pinceis e lápis coloridos. Mas também posso ser Polícia para dar um bocado de tiro, andar de carro da polícia e ligar as luzinhas e a sirene... Também quero ser Super Homem! – Reece afirmou.

Castle e Kate riram diante das profissões mencionadas pelos filhos e da discrepância entre elas.

— Enquanto vocês não crescem, que tal irmos tomar sorvete, eihm? – Castle propôs?

— Êba!!! Eu quero ir, papai.

— Eu topo!!! Beleza!!!

— Vamos pegar a Lily na casa da Mônica e daí seguimos para uma pizzaria. Comeremos uma pizza enorme e depois tomamos sorvete. Gostaram da ideia? – Kate gostou da ideia do marido e acrescentou a pizzaria.

— Êba!!! Êba!!! Êba!!! Eu quero ir, pai.

— Eu topo também!!! Beleza, mamãe!!!

— Você já pode ir, amor? – Castle indagou.

— Posso...

— E o Relatório? Você já leu e assinou para dar prosseguimento à prisão do Lorenzo?

— Já li uma parte... Vou ler o restante... Mas isso é rápido. Podem ficar aqui na minha sala que eu não vou demorar. Mas façam silêncio. – Kate advrtiu.

Kate deu um selinho no marido e beijinhos nas faces dos filhos gêmeos. Levantou-se e foi até a sua mesa deixando as crianças conversando bem baixinho com o Castle. Eles eram muito divertidos. Os três eram divertidos.

Kate se concentrou e em menos de dez minutos leu e assinou o relatório e o entregou à Policial Velasques para que ela tomasse as providências necessárias.

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Alguns meses mais tarde...

Katherine Beckett Castle teve uma gravidez tranquila, sem nenhuma intercorrência e na data prevista pelo obstetra o parto natural aconteceu.

Giovanna nasceu saudável e tudo foi exatamente como Kate sonhava.

O glorioso papai não saíra do lado da esposa um só segundo, ficando na Maternidade com ela até a alta médica, dando apoio e carinho merecidos, não só à esposa, mas também a nova bebezinha que era uma fofura.

Toda a família foi visitar Kate e Giovanna na Maternidade e o amor aconteceu de forma instantânea, em que pese os gêmeos e o Tom terem estranhado um pouquinho a mais nova integrante da família. Os adultos acreditavam que era um ciúme normal e que logo passaria.

Lanie, Esposito, Ryan e Janny também foram visitar a nova bebezinha da família Castle e ficaram encantados com a linda menina.

Como a garotinha e sua mamãe possuíam saúde perfeita, muito rapidamente Kate e Castle retornaram para o loft levando a linda Giovanna nos braços.

As primeiras semanas da linda recém nascida foram um tanto quanto tensas para a família Castle, tendo em vista que os pais e as Auxiliares tinham que ter o máximo de atenção com os gêmeos e com o Tom que, por curiosidade, carinho e travessura, queriam tirar Giovanna do berço e carrega-la como se ela fosse um brinquedo novo, então, a atenção era redobrada, sem, contudo, deixar passar para as crianças qualquer impressão errônea acerca da importância da garotinha a fim de não gerar ciúmes. Por repetidas vezes, Castle e Kate falavam e demonstravam sentir um amor infinito por Lily e pelos gêmeos e que Giovanna chegara para ser mais um filho amado.

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Quando Giovanna estava com quatro meses ela era a bebezinha mais linda do mundo e Kate adorava coloca-la nos braços e ficar embalando e entoando cantigas de ninar sob o olhar apaixonado do marido.

Com saúde de ferro e muito linda, Giovanna tinha a mesma tonalidade da pele da mãe e os mesmos olhar expressivo, mas a cor azul dos olhos da menina eram a marca registrada do pai. As feições da bebezinha eram uma mistura dos dois, com o toque mimoso de uma verdadeira princesinha Castle.

Em certo sábado, próximo ao horário de amamentar sua bebezinha, Kate entrou no quarto da filha caçula e não a encontrou no berço. Com a certeza que a garotinha estava com a Auxiliar, Kate saiu a procura das duas. Assim que saiu do quarto da filha, Kate esbarrou com a moça, porém a mesma estava sem a bebê.

Kate ficou tensa ao ver a moça sem a criança nos braços.

— Hey, Sophia, onde está a Giovanna? – Kate a questionou em tom de preocupação.

— No berço, Sra. Castle... – a moça respondeu com precisão, no entanto, ficou receosa diante do tom aflito que a patroa falou com ela.

— Não, Sophia, acabei de sair do quarto dela e a Giovanna não está no berço. Sophia, a Giovana não está comigo... Não está com você... Onde está a Giovanna? – vendo que a moça estava tensa, Kate a repreendeu de modo suave — Você a deixou sozinha e não levou com você o monitor da babá-eletrônica? Eu já não te disse que Giovanna não pode ficar sozinha? Você sempre tem que ficar com a Giovanna. E agora, Sophia, onde está a minha filha?

Kate correu até a porta da rua e viu que a porta estava trancada e sem vestígios de arrombamento.

Preocupada, a moça indagou com polidez — Sra. Castle... Será que Giovanna não está com o marido da senhora? O Sr. Castle sempre a pega e, igual a senhora, ele fica ninando e cantarolando...

— Meu marido está tomando banho. – Kate afirmou de forma categórica.

Antes mesmo de pensarem em outra hipótese, ouviram um burburinho de vozes e risadas vindas do quarto de Reece e Jake.

Imediatamente o coração de Kate passou a bater de forma desordenada e, aliviada por não ouvir choro.

Foram rapidamente ao encontro dos gêmeos e, para espanto de todos, lá estava a inocente bebezinha deitada sobre o grande tapete felpudo que ocupava boa parte do quarto.

Inocente, a pequena Giovanna balançava os bracinhos e perninhas e estava cheia de sorrisos e gargalhadas com as caretas e palhaçadas que os irmãos gêmeos faziam. Os dois garotos se sentiam importantes por serem mais velhos que a menininha.

Por coincidência, Castle e Kate chegaram ao mesmo momento no quarto dos gêmeos e flagraram Jake e Reece traquinando com a irmãzinha e o casal se controlou para não exagerar na reprimenda.

Alheio ao que acontecia, Castle tinha a expressão de curiosidade no rosto— Você a trouxe até aqui, Kate, ou...

— Como temíamos, eles a trouxeram, amor. – Kate explicou bem baixinho.

Após encontrar a filha bem, Kate cuidou para buscar tranquilidade para conversar com os gêmeos.

— Olá, Reece e Jake, amores da mamãe! – Kate falava e respirava com certa dificuldade e seu sorriso era completamente teatral, tendo em vista que estava assustada e achava impossível encontrar um motivo para sorrir naquele exato momento.

— Oi, mamãe. Como a senhora está linda! – todo sorridente, Jake, um conquistador tal e qual ao pai, elogiava a mãe e, como era igualzinho ao Castle, sabia que estava fazendo algo errado e por isso tentava engabelar a mãe com seus galanteios — Olha quem veio brincar com a gente? – o garotinho apontou para a bebezinha e ao olhar para a mãe, deu um lindo sorriso, cheio de charme – Ela é linda igual a senhora, mamãe.

— Ah, quer dizer que a Giovanna veio brincar com vocês, foi, Jake? – Kate indagou com cuidado.

— Foi, mãe. Ela é uma coisa fofa, né? – Reece declarou antes mesmo do Jake falar algo.

— A Giovanna é um bebezinho fofinho, né? – tal e qual o irmão e o pai, Jake era a personificação da simpatia.

Kate captava todas as características das personalidades dos seus filhos gêmeos e, se não estivesse tão tensa e preocupada, até daria boas risadas.

— Ah, sim... Sua irmãzinha é uma coisa fofa! – tensa, Kate respondeu e apertou a boca.

Kate olhou para a Auxiliar e a dispensou — Pode deixar com a gente, Sophia. Depois conversamos sobre isso, ok? Daqui a meia hora você pode ir ajeitar o banho da Giovanna e após a mamada eu a levarei para o quarto dela.

A moça saiu do quarto, sabendo que fora imprudente em deixar a Giovanna sozinha, pois fora recomendada que os gêmeos eram muito traquinas e, sem qualquer tipo de maldade, viviam querendo carregar a irmãzinha para brincar.

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— Obrigada, meu Deus por não ter acontecido nada de ruim com Giovana. – Sophia agradeceu a Deus, assim que se viu sozinha no quarto da bebezinha. Sabia que levaria uma reprimenda da patroa, mas tinha conhecimento de que fora errada em deixar a menina sozinha sem levar junto o monitor da babá eletrônica. Se ela estivesse portando o aparelho teria visto no momento em que os gêmeos entraram no quarto da bebezinha e, logicamente, teria corrido até lá e os impediria de fazer esta traquinagem.

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Percebendo que Giovana estava bem e não estava machucada, Castle conversou com os filhos— Mas e aí, meus garotos... – com um sorriso amistoso, Castle se sentou no tapete ao lado dos três filhos — Digam ao papai como foi que a Giovanna veio...

— Para falar a verdade, papai, ela não veio sozinha... – Reece fez um bico engraçado e torceu levemente a boca — O senhor sabe, né... Giovanna não sabe andar, então seria impossível ela chegar aqui sozinha...

— Dããhhh... Dããhhh... – Muito sapeca, Jake fez zoação do que o irmão dissera – Claro, Reece, ela é apenas um bebê... Nada esperta, para dizer a verdade... Ela não sabe fazer nada... Não sabe andar, falar... Além de dar boas risadas e gargalhadas, ela só sabe babar, fazer xixi, cocô, dormir, mamar e as vezes chorar...

Mesmo preocupados e muito tensos com o que acontecera, Kate e Rick se esforçaram para não rir diante da descrição da bebê feita pelo Jake.

— Claro, meus amores. – Kate afirmou — Sua irmãzinha é pequenininha e...

— Mas é por isso mesmo que nós dois a pegamos, mamãe. Eu e o Reece vamos ensinar um monte de coisas para Giovanna...

— Vamos ensiná-la a correr, pular, jogar bola. Nós até íamos encher a banheira do nosso banheiro para ensinar a Giovana a nadar... – Reece complementou a informação do irmão.

Ao ouvir aquela última informação, Kate sentiu seu peito gelar de medo só de imaginar a tragédia que poderia ter acontecido e a cor lhe sumiu do rosto diante da aflição. Castle percebeu isso e fez a esposa se sentar no tapete ao lado dele e dos filhos. Kate precisava manter-se firme. Ela respirou fundo e procurou se acalmar.

— Isso mesmo, meninos! – Castle valorizou as ideias dos filhos sob o olhar abismado e tenso de Kate. Ela o olhava boquiaberta, mas o marido continuou de um jeito brando e amoroso — Muito bem! Mas é muito importante vocês saberem que terão que ter muito cuidado com a Giovanna, porque vocês já são grandes, inteligentes e sabidos, enquanto ela é somente uma bebezinha que, como vocês mesmos já perceberam, não sabe fazer nada. Por falar nisso, garotos, vocês até vão poder ensinar tudo isso a ela, mas terão que esperar ela crescer mais um pouquinho... Inclusive, quero chamar a atenção de vocês para algo muito importante e que já falamos muitas vezes, mocinhos... Vocês não devem, jamais, carregar Giovana. Só quem pode tirar a irmãzinha de vocês do berço é uma pessoa adulta. Nós amamos vocês, Jake e Reece, mas ficamos preocupados porque vocês desobedeceram. E vocês sabem que não gostamos quando vocês desobedecem... Isso é muito feio!

Diante da explicação do marido, cheio de cuidados com as palavras para não entristecer ou amedrontar os gêmeos ou fazê-los se sentirem inferiores ou menos amados que a Giovanna, Kate ficou aliviada e esperou para ver a reação dos dois meninos.

— Mas papai.... – Jake mostrou-se inconformado.

— Ah, papai, a gente carregou ela com cuidadinho porque queremos ensinar a Gio a brincar... Ela é muito bobinha...

— Por isso mesmo, garotos, por sua irmã ser ainda muito pequena, ela não vai saber brincar com vocês. – Castle se dirigia ao filho de modo firme, porém, com brandura — Enquanto ela não cresce, vocês dois não podem tirá-la do berço e têm que continuar brincando somente com o Tom, a Emy e a Lily, ok?

Giovanna, alheia a conversa ao seu redor, balançava as perninhas e os bracinhos gordinhos e murmurava algo ininteligível, mas os gêmeos não tiravam os olhos do pai e estavam concentrados da reprimenda.

— Vocês entenderam bem o que o papai disse, meninos? – Kate indagou, tão séria e tão amorosa quanto o marido e os meninos a olhavam atentamente, com respeito— O papai e a mamãe amam muito vocês dois, mas não devem tirar a Giovanna do berço novamente e também não devem tentar ensinar nada a ela. E jamais tentem ensiná-la a nadar. – Kate falava sério, mas acariciava os cabelos dos gêmeos, de modo a aliviar a repreensão.

Tanto Reece quanto Jake demonstraram entender a advertência amorosa dos pais.

— Desculpa, papai e mamãe, a gente não vai mais fazer isso, viu? – Reece assegurou e deu um sorriso meigo encantador.

— É, mãe... Desculpa, viu? A gente não vai mais pegar a Gio no berço, tá bom? Sei que fizemos uma coisa errada e a senhora ficou preocupada... – Jake declarou também em tom de reconhecimento do próprio erro.

— Ok, garotos! Vocês são meninos obedientes e a mamãe e o papai amam muito vocês. – Kate esclareceu para não pairar dúvidas de que eles eram realmente amados.

Já menos trêmula do medo, pois, viu que sua bebezinha estava bem, Kate sentiu seus seios cheios de leite e, por isso, sabia que chegara o horário de amamentar a filha, então falou ao marido— Traz a Giovanna para mamar, por favor, amor.

— Você vai amamenta-la no quarto dela ou aqui mesmo, querida? – Castle era só amor e carinho com a esposa.

— Vou ficar aqui mesmo, querido... – Kate sorriu para o marido e se ajeitou no tapete ao lado dos filhos, encostando-se na lateral da cama do Reece – Quero amamentar a minha princesinha com muito amor no ar e aqui está ótimo! Você, que é o amor da minha vida, os meus dois príncipes gêmeos pertinho de mim. Eu amo estes meus príncipes gêmeos! – Kate piscou para o marido e sorriu para os gêmeos que sorriram ao se sentiram prestigiados com a declaração da mãe E a Lily, eihm, Castle? Onde ela está?

— Passei no quarto da Lily antes de vim para cá e ela estava lendo um livro, Kate. Ela estava lá... Deitada no tapete sobre um monte de almofadas. Quer que eu a chame, querida?

— Ah, não, Rick... Não vamos atrapalhar a leitura da nossa princesa... Deixa a Lily lá lendo, querido... Ela adora ler. No entanto, se ela interromper sozinha a leitura e aparecer por aqui, ótimo; Eu vou amar!

Antes de entregar a filha nos braços da esposa, Castle pegou muitas almofadas coloridas que decoravam o quarto dos gêmeos e as colocou ao redor de Kate para dar conforto no momento da amamentação.

Assim que Giovana se viu no colo da mãe e Kate abaixou a alça do vestido, expondo seu seio esquerdo libertado do sutiã apropriado, a garotinha sentiu o aroma do leite e esfregou o rostinho lindo no seio da mãe a fim de procurar com sofreguidão o seu alimento. Muito rapidamente, a garotinha encontrou o local exato e encaixou sua boquinha no bico eriçado de Kate e com a mãozinha direita, ela pegava ora o seio da mãe, ora o queixo dela.

Muito gulosa, Giovanna passou a sorver o leite. Sua boquinha e o seu queixinho se mexiam rapidamente para a tarefa da sucção.

Estavam todos sentados no enorme tapete felpudo, acomodados nas várias almofadas coloridas.

Com o Jake recostado no seu colo, Castle estava de frente a Kate e seu coração estava cheio de amor e emoção ao vê-la amamentar a filhinha caçula deles. Sempre se comovia ao presenciar tal cena. Era um sentimento magnífico e inexplicável assistir seu bebê amamentando. Sempre fora assim desde que Kate amamentou a Lily pela primeira vez, só que, na época, somente ele apreciava.

Igual ao irmão gêmeo, Reece também prestava atenção na Giovanna mamando. O garoto recostava sua cabeça em um pufe grande, largo e quadrado azul turquesa, tipo saco.

Por coincidência, passados alguns segundos, Lily chegou ao quarto dos gêmeos com um livro de histórias nas mãos, o que indicava que estivera realmente lendo.

Ao perceber que Giovana mamava, Lily deu um lindo sorrido e, percebendo que toda a família estava alí, sentou-se ao lado de Kate. A menina apoiou a cabeça nos ombros da mãe e com a mão direita acariciava a perninha da bebê.

Como se houvessem combinado, ninguém falava nada... Apenas observavam.

O silêncio era precioso e aquele cenário era mágico. Só o que se ouvia era o suave ruído que a boquinha de Giovanna fazia para conseguir sugar o leite, o que acontecia de forma divina.

Concentrada no ato de amamentar sua cria, mas também muito atenta a sua família e ao silêncio a sua volta, Kate se emocionou com o bênção que Deus lhe dera... Um marido extraordinário, que além de inteligente e lindo, era um homem bom, forte, presente, apaixonado e altruísta que toda mulher quer ter ao lado e que lhe dera uma família maravilhosa com quatro filhos saudáveis, lindos e inteligentes... Lily, Reece, Jake e Giovana e, para melhorar ainda mais a graça divina, ainda recebera prêmios extras, Alexis e seus dois filhos, Emilly e Tom, os quais a chamavam lindamente de vovó Kate.

Kate tinha certeza do amor que havia à sua volta.

Emocionada com sua reflexão, aliviada por nada de ruim ter acontecido a sua bebezinha e ainda muito sensível ao incidente do sumiço da filha, Kate estava comovida por ter consciência de que era a mulher mais feliz da face da terra e que o amor fazia parte da sua família.

Castle percebeu os olhos marejados da esposa e viu gotinhas que escapavam dos seus lindos olhos verdes então, muito rapidamente, deixou Jake no pufe com o Reece e se aproximou de Kate e enxugou as lágrimas com as costas dos dedos, numa carícia suave.

— Está tudo bem, meu amor? – Castle sussurrou, preocupado.

Kate assentiu e balançou levemente a cabeça em sinal afirmativo.

—Nada de ruim aconteceu com a Giovanna, Kate. – Ele murmurou, amoroso e fazia carinho nos cabelos da esposa — E está tudo bem com a Lily, o Reece, e o Jake também.

Eles falavam bem baixinho, aos sussurros, para a Giovanna não parar de mamar.

Com a voz embargada, ela concordou com o marido — Eu sei... É... É que não é comum ver todos vocês aqui na hora em que eu estou amamentando, então, como estou muito sensível com o desaparecimento da Gio, eu me emocionei... Mas eu estou adorando sentir muito amor ao meu lado... – Kate olhou para os quatro filhos, um a um e depois voltou a atenção ao marido — Obrigada por tudo isso, Rick! Obrigada por não ter desistido de mim.

Com um nó na garganta, Castle também quase não consegue falar, mas, num esforço, ele murmura — Você e as crianças são a minha vida, Kate. Eu te amo e eu também sou um homem feliz por você ter acreditado no meu amor e ter vindo me procurar para dizer que me amava! Aquele foi um dos dias mais felizes da minha vida... Depois vieram tantos outros... Sempre com você ao meu lado. – Castle deu um sorriso tão amoroso que encheu de alegria o coração de Kate.

— Eu também te amo, Rick. – como não podia se mexer muito para não atrapalhar a mamada da filha, Kate jogou um beijinho na direção do marido.

Tomando cuidado para não atrapalhar aquele momento encantado da amamentação, Castle beijou o ombro da esposa e deu um selinho nos lábios dela — Hey, querida, nós somos uma família feliz, pois fomos privilegiados com muito amor e harmonia, então, que tal respirarmos fundo e colocarmos mais sorrisos nos nossos lábios, eihm, mocinha, e aproveitarmos esse momento mágico de troca de energia entre você e Giovanna...

Um doce sorriso se formou nos lábios de Kate e do Castle.

— Kate, nossa Giovanna está sugando seu leite e captando suas emoções e toda a energia do ambiente e além disso, meu amor, os nossos filhos podem interpretar as lágrimas como se houvesse algum problema, coisa que, graças a Deus, não é verdade?

Entendendo e aceitando a sábia orientação do marido, Kate continuou a exibir um lindo sorriso e repetiu sua declaração de amor — Te amo para sempre.

— Te amo também... Para sempre. – Castle assegurou e, juntamente com os filhos e a própria esposa, apreciavam Giovana mamar.

Ali estava uma família linda, cujo amor era sustentáculo fundamental.

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Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.