A janela.. Você já parou para olhar para janela e pensar no verdadeiro sentido dela? em seu significado mais profundo? Em meio ao caos que minha vida se encontra eu tenho refletido e encarado as coisas de outras maneiras, e a janela na minha novíssima percepção é considerada uma metáfora para "falsa liberdade" em que tenho vivido, ela te faz olhar o horizonte de inúmeros ângulos, mas você ainda esta dentro de casa, não se aventurou pelo mundo, esta apenas parado lá.

Eu tinha estes pensamentos eloquentes enquanto ouvia minha mãe pela milésima vez me convencendo de que a faculdade não seria tão bom quanto fazer parte da realeza de nosso país, que eu nunca mais precisaria me preocupar com nada pois teria tudo o que sempre sonhei. Isto em um todo não me parecia de todo o mal, o problema é como isto tudo viria: De um homem.

Não me entenda mal, não tenho nada contra homens, inclusive já namorei alguns, mas saber que teria de ser babá pela vida toda de um riquinho mimado que não faz a mínima ideia do que é andar em um ônibus não era o que eu via como "futuro perfeito" e o fato de que minha mãe ainda tenha pensamentos machistas em pleno século XXI é de quebrar o coração, a única pessoa ainda sensata nessa família é meu pai.

— Jolene, deixa a Elizabeth estudar, ela tem 18 anos e já sabe o que é melhor para vida dela, não deveria mudar seus planos e sonhos para correr atrás de um homem que pode nem ser dela, isso não tem nenhum cabimento!

Ponto para meu pai!

— Marcus, você não compreende - diz minha mãe já sem paciência - passamos por tantas dificuldades no passado, se nossa filha tivesse a sorte de subir na vida de um modo sem que suas mãos ficassem calejadas e seu corpo exausto todo o dia.. Só deus sabe como sofremos para termos a vida que temos hoje!

Jogo baixo mamãe, usar traumas e acontecimentos tristes do passado para tentar nos convencer, que vergonha.

— E é por isso que ir para faculdade é a melhor opção! -Digo me levantando e encostando minhas mãos nos ombros de minha mãe - Eu posso me formar e conseguir um trabalho ótimo que supra todas as suas regalias e desejos, não precisaria ser sustentada pela família de meu marido e abdicar de minha liberdade para isso.

E naquele momento uso de minha arma mais secreta e letal : Meus olhos de "cachorro que acabou de cair da mudança", eu consigo tudo o que quero com eles, ainda mais se eles vierem acompanhados com o beiçinho fatal que meus lábios formam em sinal de clemencia.

— Ok Elizabeth, vamos fazer assim, se inscreva na seleção, se não passar, te ajudo com tudo relacionado na faculdade, caso passar, terá que ir, com um sorriso no rosto e tentar ao máximo, entendido?

— Claro mãe! - Digo pegando a ficha de inscrição de sua mão tendo a certeza de que nunca passaria e que minha faculdade já estava garantida.

Subo para meu quarto e assim que entro, amasso a folha em uma bola de papel e toco no cesto de lixo do meu quarto, acertando em cheio.

— OPAH! 3 pontos!

Tomo um banho e vou me deitar, monto planos de como meu quarto no dormitório da faculdade seria, como decoraria, como seriam as festas e se algum dia entraria para alguma fraternidade.

Dormi fazendo planos infinitos, tive uma noite relativamente calma, até ser acordada pelo som da campainha de nossa casa, quando levanto e vou olhar pela janela, uma SUV preta esta parada em frente a nossa casa com um brasão no capô.

Era o brasão de Noise.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.