— Era mensagens de Vee para você? - Blyte perguntou quando nos sentamos.
— Sim.
— Como ela está?
— Bem.
— A mesma velha Vee de sempre? - Nora fez um barulho em consentimento. - Vocês três devem se reunir neste fim de semana.
— Já combinamos.
— Bem! Tudo parece maravilhoso. Não vai ser difícil decidir. O que você acha, Nora?
Estávamos distraídas olhando o menu quando Hank tossiu e afrouxou a gravata. Susanna e Marcie tinham acabado de chegar. Susanna não nos viu, mas Marcie sim. Ela falou algo para mãe depois veio até nós.
— Então. - Ela falou parando perto da nossa mesa. - Vocês estão tendo um bom jantar? - Hank limpou a garganta.
— Não sei se você já notou. - Falei. - Mas não fizemos o pedido ainda.
— Posso dar uma opinião de fora? - Marcie falou.
— Marcie. - Hank resmungou.
— Agora que você está disponível pai, vai querer ter cuidado com quem você sai.
— Eu estou pedindo-lhe educadamente para voltar para sua mãe e apreciar a sua refeição. - Hank murmurou. - Podemos falar sobre isso mais tarde.
— Isso vai soar duro, mas você vai economizar muita dor no final. Algumas mulheres são garimpeiras. Elas só querem você pelo seu dinheiro. - Arregalei os olhos. - E Coopersmith, de todos os lugares. Golpe baixo. Este é o nosso restaurante. Tivemos aniversários aqui, partes de trabalho. Você não poderia ter escolhido qualquer lugar?
— Eu escolhi o restaurante, Marcie. - Blyte falou. - Não percebi que tinha um significado especial para sua família.
— Não fale comigo. Isso é entre mim e meu pai. Não aja como você tivesse lugar nesta conversa.
— Ok! - Nora falou levantando. - Estou indo para o banheiro.
— Eu vou acompanhá-la. - Marcie falou passando seu braço pelo braço de Nora e a seguindo até o banheiro.
Fui levantar, mas Hank segurou meu braço e o puxei de novo.
— Deixe as duas conversarem sozinhas.
— Marcie não sabe conversar. De todas as vezes ela acabou sendo hostil como sempre.
— E de todas as vezes você a deixou com um olho roxo. Não vamos criar confusão hoje.
— Controle sua filha então. - Resmunguei para ele.
Mas não me movi. De onde estava podia escutar a conversa delas pelos seus pensamentos.
Minha cabeça começou a doer consideravelmente e não consegui me concentrar mais. Peguei o copo com água e bebi um gole.
Nesse tempo consegui ver Nora sair correndo para a rua. Levantei e segui para a rua.
Peguei o celular e liguei para Patch.
— Nora fugiu do restaurante.
— Onde vocês estão?
— Coopersmith.
— Ok. Vá pela rua tentando encontrá-la. Eu vou de carro.
— Não posso sair atrás dela. Se for Hank e Blyte vão desconfiar.
— Ok. - Resmungou.
Retornei para dentro e segui até onde o casal estava.
— O que você foi fazer? - Blyte perguntou.
— Achei que tinha visto uma coisa. E recebi uma ligação.
— De quem?
— Era engano.
— Que estranho. - Hank falou.
— É. - Murmurei.
— Nora está demorando.
— Vou olhar o banheiro. - Falei me levantando.
Me apressei para ir no banheiro. Estava vazio como já sabia. Liguei para Patch.
Caiu na caixa de mensagem.
— Me liga assim que tiver notícias da Nora. - Pedi.
Sai do banheiro e fui até a mesa.
— Ela não está no banheiro. - Avisei.
Logo a recepcionista chegou com um aviso de que Nora tinha saído para encontrar Vee. Blyte ligou para Vee no mesmo momento. Era claro que Vee não tinha ideia de onde Nora estava.
— Ela deve ter ido para casa. - Murmurei antes de levantar.
Hank dirigiu por toda a cidade procurando por Nora.
— Eu já disse ela deve estar em casa. - Falei.
— Ela falou para você? - Hank perguntou.
— Não, mas a conheço muito bem para saber que ela deve ter voltado para casa.
— Vamos para casa então. - Blyte falou.
Chegando na casa da fazenda Blyte subiu as escadas correndo e entrou no quarto de Nora que estava dormindo, mas se acordou com o barulho da porta batendo na parede.
— Ela está aqui! Ela está na cama! Nora! Por que você não me disse onde tinha ido? Dirigimos por toda a cidade procurando você!
- Eu disse para a recepcionista te dizer que chamei Vee para um passeio. - Nora gaguejou.
— Eu liguei para Vee! Ela não sabia sobre o que eu estava falando. Você não pode fazer isso de novo. Você jamais poderá fazer isso novamente! - Nora começou a chorar.
Pelos pensamentos de Nora vi que ela encontrou com Gabe. Vi o terror que ela passou até Patch encontra-los.
— Oh, Nora. - Blyte a abraçou. - Isto foi apenas um susto, isso é tudo. Seremos mais cuidadosos da próxima vez.
Hank se encostou no batente da porta.
— Você nos deu um grande susto, mocinha. - Apesar da voz leve dele eu podia sentir a raiva daqui.
— Eu não o quero aqui. - Nora sussurrou quando me sentei na cama aos seus pés.
— Ligarei para você mais tarde, Hank. - Blyte falou. - Depois que colocar Nora para dentro. Obrigada novamente pelo jantar e sinto muito sobre o falso alarme.
— Não se preocupe, querida. Você esquece que tenho a minha própria rainha do drama hormonal debaixo do meu telhado, mas pelo menos posso dizer que ela nunca fez nada imprudente. - Hank riu.
— Vou leva-lo até a porta. - Falei antes de levantar.
Acompanhei Hank até a porta, quando chegamos lá ele me encarou.
— Uma coisa que não respondi lá dentro em respeito a tia Blyte, mas defendendo Nora. Marcie deu para a metade da escola o que é imprudente ao bastante.
— Meça as palavras. - Resmungou.
— Finalmente tirou a máscara, Nephilim. - Retruquei e ele me encarou.
— É você não é? Você é a Filha de Lilith.
Ele não poderia saber. Era perigoso, mas não ligava para isso.
— Sim. E se você machucar Nora de novo, eu vou machuca-lo 10 vezes mais. - Com um simples movimento de mão a magia saiu o atingindo na barriga.
Hank caiu de costas no chão e fechei a porta trancando-a.
Liguei para Patch.
— Como ela está?
— Em casa. Ela viu suas lembranças. E outra coisa, como ela conheceu Gabe?
— Foi um acidente. Sem ela saber ela está me procurando. Já me procurou nos sonhos. E hoje à noite. Eu estava indo resolver algumas coisas por ali. Não sabe a minha surpresa por encontra-la naquela situação.
— Resolve isso com o Gabe ou eu vou resolver. - Falei de forma raivosa, mas baixinho afinal as duas não poderiam ouvir.
— Já resolvi. E vou ter que limpar as coisas depois. O que ela viu?
— Uma lembrança com Hank. Agora vou desligar.
Subi as escadas enquanto ouvia a conversa de Nora.
— Encontrei alguém essa noite. Depois que saí do Coopersmith. Eu não o reconheci, mas ele disse que nos conhecíamos. Devo tê-lo encontrado algumas vezes nos últimos cinco meses, mas não me lembro.
— Ele te disse o nome dele?
— Jev.
— Você o conhece?
— Não.
— Ele disse como te conhecia? Da escola, talvez? Ou quando você trabalhou no Enzo? - Nora abriu a boca para perguntar sobre o Enzo. - Espere. O que ele estava vestindo? O que suas roupas se pareciam?
— Por que isso importa?
Blyte começou a caminhar pelo quarto e me lançou um olhar.
— Talvez ele estivesse usando um uniforme com um logotipo? Ou talvez estivesse todo vestido de uma cor? Como... Preto?
— Ele estava usando uma camisa branca e azul-marinho de beisebol e jeans. O que você não está me dizendo? - Nora me lançou um olhar. - O que vocês sabem?
— Havia um rapaz.
— Que rapaz?
— Ele veio aqui algumas vezes. Sempre vestido de preto. Ele era mais velho e por favor não leve a mal, mas não consegui descobrir o que ele via em você. Ele abandonou a escola, tinha um problema de jogo e trabalhava como ajudante de garçom no Bordeline. Quer dizer, pelo amor de Deus! Não tenho nada contra ajudantes, mas era quase ridículo. Como se ele achasse que você ia ficar em Coldwater para sempre. Ele não poderia começar a se relacionar com seus sonhos, muito menos acompanhá-los. Eu ficaria muito surpresa se ele tivesse determinação para ir à faculdade.
— Será que eu gostava dele?
— Dificilmente! Você tinha me feito dar desculpas a cada vez que ele ligava. Finalmente ele conseguiu uma foto e deixou você sozinha. - Arregalei os olhos com a mentira. - A coisa inteira foi muito curta. Algumas semanas no máximo. Só estou dizendo isso porque sempre achei que alguma coisa sobre ele estava errada. E sempre me perguntei se ele poderia ter sabido de algo sobre o seu rapto. Não sendo dramática, mas parecia uma nuvem negra pairando sobre sua vida no dia em que o conheci.
— O que aconteceu com ele?
— Ele deixou a cidade. - Ela balançou a cabeça. - Viu? Não poderia ter sido ele. Entrei em pânico, isso é tudo. Não se preocupe com ele. - Blyte deu um tapinha no joelho dela. - Ele está provavelmente a meio caminho de todo o país atualmente.
— Qual era o seu nome?
— Você sabe, não me lembro. Algo com um P. Peter, talvez. - Ela forçou uma risada. - Acho que isso prova o quanto insignificante ele era. Nem mesmo Nikki chegou a conhece-lo.
Não consegui continuar ali. Virei as costas e fui para o meu quarto.
Minha cabeça parecia que ia explodir.
No quarto enviei mensagem para Nico avisando que Hank sabia de mim. Ele claro que me ligou.
— Você contou?
— Não consegui me segurar. Enfrentei ele. Ele já desconfiava só teve certeza.
— Papai vai mandar alguém ficar de guarda ai. Nicolle, você devia ter se controlado.
— E você devia calar a boca. - Comentei antes de desligar.
Assim que me preparei para deitar Nora entrou no quarto.
— Nora...
— Me diga a verdade. Não minta para mim!
— Sua mãe o odiava. Mas você o amava. - Respondi simplesmente. - Mas ambos saíram machucados desta história. É melhor deixar isso assim Nora. Você não precisa sofrer de novo.
— Esse Jev disse que me conhece. Era ele.
— Eu não sei. Como sua mãe disse eu não o conheci...
— Não minta, por favor. Vou ficar muito brava com você.
— Não mais do que estou com você. Me obrigou a ir jantar com Hank para depois fugir e voltar para casa e nem me convidar para ir junto.
— Aconteceu algumas coisas.
— Eu sei. - Respondi e ela franziu a testa.
— Como você sabe?
— Eu imaginei que tivesse acontecido alguma coisa com Marcie no banheiro. Aquela garota é nojenta. Deixei ela com o olho roxo duas vezes verão passado.
— Você bateu em Marcie?
— Sim. Mas isso não importa. Vamos dormir Nora. Quero esquecer essa noite.
— Eu não sei se quero esquecer. - Ela murmurou.
Não entrei no assunto. Deixei morrer ali.
— Quer dormir aqui? - Ela sorriu.
— Sim.