Estava no meio de uma luta com Tyler no qual estava vencendo quando meu celular tocou.
Agarrei o celular e era a Blyte.
— Oi. - Atendi tentando passar uma voz apática.
— Nora foi encontrada.
— O que? - Falei. - Não acredito. Onde?
— No cemitério. Achei que você gostaria de ir vê-la. Ela está no hospital.
— Vou tentar me arrumar e vou para lá.
— Oh querida. Estou tão feliz. Escutei vida de novo na sua voz. É como se minhas duas filhas tivessem voltando.
Engoli. Não a odiava. Deveria por ter mentido todos esses anos.
— Te encontro lá. - Falei antes de desligar. - Hank liberou Nora. Ela não lembra de nada. Aquele desgraçado.
Corri pelas escadas em direção ao meu quarto. Tomei um banho e vesti uma blusa branca gola v, calça jeans e um moletom azul. Calcei meu tênis da Nike e fiz uma trança embutida enquanto voltava a descer as escadas.
Cheguei no hospital e encontrei com todos. Vee e Blyte vieram me abraçar até mesmo Dorothea me abraçou.
— É bom vê-la de novo. - Blyte falou.
— Onde ela está?
— Esta desacordada. Queria conversar com você e Vee. Detetive Basso falou que ela não lembra de nada desde abril.
— Desde abril? - Perguntei franzindo a testa. - Mas por quê?
— O psicólogo acha que está tentando se proteger.
— Então ela não lembra do Patch. - Murmurei.
— O que é uma boa ideia. Isto é se não foi ele que fez isso com ela. - Blyte falou. - Ele sumiu.
— Ele não sumiu. Me ligou todos os dias todos esses meses.
— E você atendeu ele? - Vee perguntou.
— Algumas vezes. Ele e Ben estão fora da cidade. Mas ele queria saber notícias dela. E eu não queria saber notícias do Ben. - Menti perfeitamente. - Por que abril?
— Não importa. - Blyte falou. - Quando ela acordar vamos conversar com ela. Agora quero pedir uma coisa a vocês duas.
— O que? - Vee perguntou.
— Se ela não lembra do Patch. Quero que deixem isso assim.
— Por mim tudo bem. - Vee falou.
— Por quê? - Perguntei.
— Por que ele não era boa pessoa.
Mordi o lábio e a língua. Eu perguntaria se "Hank Millar era?".
— Você não pode fazer algo assim. Ela gostava dele de verdade.
— Ele só a fez sofrer. - Vee lembrou e lancei a ela um olhar mortal.
Não poderia ir contra isso. Elas não sabiam da verdade que eu sabia.
"Deixe assim!" A voz de Patch invadiu a minha cabeça.
Olhei por cima do ombro depois voltei a encara-las.
— Contra a minha vontade. Mas ok. - Resmunguei antes de abrir a porta e entrar no quarto que ela estava.
Me joguei em uma cadeira e fiquei esperando. Blyte ficou comigo.
Fiquei alerta quando ela acordou.
— Oh, baby. - Blyte falou para Nora. - Oh, querida. - Ela sentou na beira da cama e abraçou Nora enquanto eu ficava em pé do lado. - Eu te amo. Eu te amo tanto.
— Mãe.
— Você se lembra de mim. Eu estava tão assustada. Eu pensei... Oh, baby. Eu pensei o pior!
— É verdade? O que o detetive disse. Eu estava... Ha 11 semanas... - Eu assenti segurando a sua mão. - O que me aconteceu?
— A polícia está fazendo todo o possível para reunir as respostas. - Blyte tentou sorrir, mas não conseguiu. - A coisa mais importante é que você está de volta. Você está em casa. Tudo o que aconteceu, acabou. Vamos passar por isso.
— Como fui sequestrada?
— O que você lembra? Detetive Basso disse que mesmo um pequeno detalhe pode ser útil. Pense novamente. Tente se lembrar. Como é que você foi ao cemitério? Onde você estava antes disso?
— Eu não me lembro de nada. Como minha memória...
— Qual é a última coisa que você lembra?
— Escola. Eu tinha um teste de biologia chegando. Mas acho que perdi.
— Você quer dizer química. - Blyte corrigiu. - Escola de Verão.
— Nunca tinha ido para a escola de verão. - Nora respondeu e Blyte colocou a mão na boca.
— Bom nós fomos... Em algumas aulas. - Respondi e Nora me encarou.
— Que dia é hoje? Que mês?
— T-tudo bem, baby. - Blyte murmurou. - Nós vamos obter a sua memória de volta. Dr. Howlett disse que a maioria dos pacientes vê melhora acentuada ao longo do tempo. - Nora tentou sentar, mas não conseguiu.
— Apenas me diga o mês que estamos! - Ela pediu histérica e Blyte me encarou.
— Não adianta esconder. - Falei.
— Setembro. - Blyte respondeu. - Seis de Setembro. - Nora afundou na cama de novo.
— Eu pensei que era abril. Não me lembro nada de abril passado. O verão realmente... Apenas acabou? Simples assim?
— Simples assim? - Blyte perguntou. - Eu me arrastava. Cada dia sem você... Onze semanas de não saber nada... O pânico, a preocupação, o medo, o desespero nunca terminando...
— É setembro e fiquei desaparecida por 11 semanas então foi isso que perdi
— Vinte e um de Junho. A noite do solstício de verão.
— Mas não me lembrava de Junho. Eu nem me lembro de Maio.
Ela não lembrava de Patch mesmo. Sua memória foi apagada para esquecer ele. Esquecer os anjos caídos e Nephilim. Esquecer de tudo.
— O que o médico disse? - Nora perguntou. - Tive um ferimento na cabeça? Eu estava drogada? Por que não consigo lembrar de algo?
— Dr. Howlett disse que é amnésia retrógrada. Significa que algumas de suas memórias pré-existentes são perdidas. Nós só não temos certeza de quão longe a perda de memória foi. Abril. - Ela sussurrou.
— Perder? Como perder?
— Ele acha que é psicológico.
— Psicológico?
— Ele pensa que você está bloqueando-a para evitar lembrar de algo traumático.
— Eu não estou bloqueando-a. - Ela começou a chorar. - Gostaria de saber se eu estava tentando esquecer cinco meses da minha vida. Eu quero saber o que aconteceu comigo.
— Tente lembrar. Foi um homem? Você estava com um cara todo este tempo? - Blyte perguntou. - Você sabe que você não tem que proteger ninguém, certo? Se sabe com quem esteve, você pode me dizer. Não importa o que lhe disse, você está segura agora. Eles não podem te pegar. Eles fizeram essa coisa horrível com você e é culpa deles. Deles.
Ela realmente achava que Patch tinha feito algo com Nora.
Detetive Basso apareceu.
— Pensei que Nora pudesse lembrar de algo enquanto era só nós três. - Ela falou. - Eu sei que você disse que queria interrogá-la, mas eu só pensei... - Detetive Basso balançou a cabeça.
— Você disse que não tem uma imagem clara, mas mesmo os detalhes difusos podem ajudar.
— Como a cor do cabelo. - Blyte falou. - Talvez fosse... Negra, por exemplo?
Eu acho que iria explodir a qualquer momento.
Eu sentia minha magia se revirando dentro de mim.
— Quero ir para casa. - Nora falou.
Eles se entreolharam.
— Dr. Howlett precisa fazer alguns testes. - Blyte falou
— Que tipo de testes?
— Oh, as coisas relacionadas à sua amnésia. Isso terminará logo. E depois vamos voltar para casa.
— O que você não está me dizendo? - Nora perguntou.
— Precisamos executar alguns testes. Certificar de que tudo ficará bem.
— Me deem licença. - Pedi antes de sair do quarto, precisava respirar.
Detetive Basso me encontrou no corredor.
— Tentei conversar com você todos esses meses. - Ele murmurou.
— Eu já disse o que você precisava saber. Eu não sei. Eu fui para fazenda para deixa-la sozinha. Ela tinha descoberto que sua mãe tinha traído o pai e que ela não era filha de quem ela sempre chamou de pai. Ela estava com raiva.
— Tem certeza que ela não fugiu?
— Eu já disse tenho. Ela teria me dito ou falado para Vee. Nós somos as melhores amigas dela. Assim como sei que o ex namorado dela não tem nada a ver com isso. Você mesmo sabe do Rixon. Sabe que ele tentou matá-la. Por que focar em alguém que não tem nada a ver com isso?
— É as suspeitas da mãe dela. - Dei de ombros.
— Não sei. Posso tomar um ar agora?
— Sim, mas antes gostaria que você visse outra pessoa.
Franzi a testa.
— Do que você está falando?
Detetive Basso começou a caminhar e o acompanhei.
— Ele foi encontrado há várias semanas, mas você não atendeu as minhas ligações. Sem documentos. Sem memória. Sem parentes.
— De quem você está falando? - Perguntei.
Ele dobrou um corredor e foi em direção uma porta.
— Eu mantive ele aqui, mas quero que cuide dele agora. Já que você o conhece.
— Quem? - Perguntei.
Ele abriu a porta e eu fiquei parada. Minhas pernas pareciam pedras.
— Já vi vocês muitas vezes juntos. - Ele comentou. - Sei que seu testemunho sobre Patch e Benjamin estarem fora da cidade. Por isso peço que conte a verdade para ajudar não só ela, mas ele também.
- O que aconteceu com ele? - Perguntei.
— Não sabemos. Mas você sabe.
— Tudo o que sei é que Patch não fez aquilo a Nora. - Respondi o encarando nos olhos. - Essa é a verdade. Não foi ele, mas também não sei quem foi.
— Eu acho que você tem uma suspeita e não quer contar.
— Eu já disse. Rixon. Eu suspeito dele.
Detetive Basso assentiu antes de se afastar, mas sabia que ele estava duvidando de mim.
Virei para dentro do quarto. Tinha passado todas essas semanas procurando por ele. E ele estava dentro do hospital.
Entrei no quarto e Ben ergueu a cabeça, ele estava olhando tv todo esse tempo em que estive na porta com detetive Basso.
Meu coração acelerou e sorri. Ele estava com os cabelos um pouco maiores e uma barba por fazer. Continuava lindo. E seus olhos verdes ainda tinha aquele brilho que tanto amava. Mas tinha algo de diferente agora.
Eu não vi nada além de confusão.
— Oi. - Falei quebrando o silencio.
— Quem é você? - Ele perguntou.
Foi como uma balde de água fria. Refiz a conversa do Detetive Basso na minha cabeça e lembrei que ele avisou que Ben estava sem a memória.