Filhos da Noite 4 - Para Sempre

Capítulo 2 - Outro Filho de Lility


Acordei cedo e fui para o banheiro. Tomei um banho e vesti uma calça de moletom cinza, um top rosa e meu tênis Nike. Fiz uma trança raiz antes de sair.
Encontrei com Tyler e Nico na casa da fazenda. Começamos a treinar.
— Você ainda quer encontrá-la? - Nico perguntou.
— E você não? - Perguntei.
— Sim. Mas você está com um olhar diferente.
— Que olhar?
— De um leão pronto para matar sua presa.
— Ainda bem que você sabe que eu vou matá-la, Nico.
— Ela retornou ao galpão. - Tyler comentou. - Reuniu vários Anjos caídos. Ela vai liderar a guerra já que você não se decidiu.
— Ótimo. Se eles escolheram ela é por que são tão falsos quanto. E para mim é melhor. Não preciso escolher. Eu iria lutar ao lado de Nora do mesmo jeito. E sendo ela o alvo vai me deixar ainda mais disposta.
Quando retornei a casa depois do meio dia encontrei Nora e Vee me esperando.
— Vamos correr? - Vee perguntou.
— Eu estava... - Suspirei. - Ok. Vamos.
Vee dirigiu o carro pela cidade.
— Para onde estamos indo? - Nora perguntou.
— Estava pensando em correr nas colinas. Colinas são boas para os glúteos. - Ela virou na estrada Deacon e comecei a rir.
— Espera aí. Scott mora na estrada Deacon. - Nora falou.
— Agora que pensei nisso ele mora mesmo.
— Vamos correr ao lado da casa do Scott? Isso não é meio que... Sei lá... Coisa de perseguidor?
— É um jeito bem pessimista de encarar as coisas, Nora. Por que não ver isso como motivação? Olho no prêmio.
— E se ele nos ver?
— Você é amiga do Scott. Se ele nos ver provavelmente vai sair e conversar com a gente. E seria rude não parar e lhe dar alguns minutos do nosso tempo.
— Em outras palavras, não vamos correr. É uma emboscada. - Vee balançou a cabeça.
— Você não é nem um pouco divertida.
Vee estacionou perto da quadra que antigamente era de tênis. Agora estava abandonada. Descemos do carro e nos alongamos.
— Não me sinto segura deixando o Neon abandonado por muito tempo nesse bairro. - Vee comentou. - Talvez devêssemos dar voltas ao redor do conjunto. Dessa forma posso ficar de olho no meu bebê.
— Aham. Também dá ao Scott mais chance de ver a gente.
Eu estava tentando não rir de Vee usando um conjunto de moletom rosa choque quase fosforescente com DIVA escrito em glitter dourado na bunda. Estava maquiada e cheia de joias.
Patético!
Começamos a correr.
— Acho que já foram oito quilômetros. - Vee comentou.
— Se você corresse tudo isso teria um infarto, Vee. - Murmurei.
— Talvez devêssemos espiar a janela do Scott. - Vee falou. - É domingo. Ele pode estar dormindo além da conta e precisando de um despertador amigável.
— Scott mora no terceiro andar. A não ser que você tenha uma escada de doze metros escondida no porta-malas do Neon espiar pela janela está fora de questão.
— Podemos tentar algo mais direto. Tipo bater na porta dele.
Estávamos distraídas conversando quando Scott estacionou um Plymouth Barracuda laranja na frente de casa e saiu.
— Epa! - Vee murmurou se abanando.
Nora ergueu a mão para chamar a atenção dele quando Dante saiu do carro.
— Dá uma olhada só. É o Dante. Faça as contas. Eles são dois e nós somos duas sei que Nicolle pode voltar a correr. Sabia que eu gostava de correr. - Franzi a testa a encarando.
— Estou sentindo uma compulsão súbita de continuar correndo. - Nora falou.
— Tarde demais. Fomos avistadas. - Vee falou balançando o braço em cima da cabeça.
Scott e Dante acenaram com a cabeça e sorriram.
— Está me perseguindo Grey? - Scott gritou.
— Ele é todo seu. - Nora falou. - Nikki e eu vamos terminar de correr.
— E o Dante? Ele vai ficar de vela.
— Vai ser bom para ele confie em mim.
— Onde é o incêndio Grey? - Scott perguntou vindo atrás de nós com Dante.
— Estou treinando. - Nora respondeu. - Estou pensando em... Tentar entrar na equipe de corrida.
— As corridas não começam até a primavera. - Vee falou.
— Oh-ou, a frequência cardíaca está caindo. - Nora falou e segurando meu braço me puxou para começar a correr na direção oposta.
Scott nos alcançou logo depois e segurou Vee pela alça da blusa.
— Quer me dizer o que está acontecendo?
— O que parece?
— Parece que você, Nikki e a Vee vieram até aqui para me ver sob o pretexto de correrem. - Nora deu um tapinha no ombro dele.
— Bom trabalho campeão.
— Então por que está fugindo? E por que Vee está cheirando a uma fábrica de perfume? - Nora ficou em silêncio e eu sorri. - Ah. - Nora abriu as mãos.
— Meu trabalho aqui está terminado.
— Não me entenda mal, mas não sei se estou pronto para sair com a Vee o dia todo. Ela é bastante... Intensa.
— Posso ter uma palavra com você? - Dante apareceu do nosso lado.
— Eita. - Nora falou baixinho.
— Essa é a minha deixa. - Scott falou antes de correr para longe.
— Também é a minha. - Falei, mas Nora foi mais rápida segurando meu braço.
— Consegue correr e conversar ao mesmo tempo? - Ela perguntou ao Dante.
Nós começamos a correr.
— Que bom vê-la correndo. - Dante falou.
— É? Por quê? Fica animado ao me ver completamente bagunçada?
— Isso e é um bom treinamento para o que tenho reservado para você.
— Tem algo reservado para mim? Por que tenho a sensação de que não quero ouvir mais?
— Você pode ser uma Nephilim agora Nora, mas está em desvantagem. Ao contrário de Nephilim concebidos naturalmente você não tem a vantagem de uma altura elevada e não é tão poderosa fisicamente.
— Sou muito mais forte do que você pensa.
— Mais forte do que você era. Mas não tão forte quanto uma Nephilim do sexo feminino. Você tem o mesmo corpo de quando era humana e embora fosse adequado para seu propósito, não é o bastante para competir agora. Sua estrutura é muito magra. Comparada a mim, você é abismalmente baixa. E seu tônus muscular é patético.
— Nossa quanta bajulação.
— Eu poderia te dizer o que acho que você quer escutar ao invés do que precisa ouvir, mas eu seria mesmo seu amigo se fizesse isso?
— Por que acha que precisa me dizer isso?
— Não está preparada para lutar. Você não tem a mínima chance contra um anjo caído. É simples assim.
— Estou confusa. Por que preciso lutar? Achei que deixei repetidamente claro ontem que não vai haver guerra. Vou liderar os Nephilim e lhes trazer paz.
Ele parou de correr e segurou o pulso de Nora, ela me segurou e eu enruguei o nariz.
— Você não pode controlar tudo que acontece daqui em diante.
— Eu sei que pensa que estou pegando no seu pé, mas prometi a Hank que cuidaria de você. Te digo uma coisa. Se a guerra estourar ou mesmo se houver uma baderna você não vai sobreviver. Não no seu estado atual. Se algo acontecer e você for incapaz de liderar o exército você vai ter quebrado o seu juramento e sabe o que isso significa. Eu quero lhe ensinar habilidades o bastante para você se virar como precaução. Isso é tudo que estou sugerindo
— Você acha que se eu treinar com você, vou chegar ao ponto de estar forte o bastante para conseguir lidar com as coisas sozinha.
— Acho que vale a pena. - Dante falou e Nora me lançou um olhar.
— Você tem que decidir. - Falei.
— Então qual dos dois? - Nora perguntou encarando Dante. - Você é meu pseudo namorado ou meu personal trainer?
— Ambos. - Depois ele se virou para mim. - Caroline assumiu o exército de Anjos Caídos, você revogou seu lugar?
— Não. Eles a seguiram por que são traidores como ela.
— Isso eu tenho que concordar. Então você está do nosso lado?
— Por que a curiosidade?
— Todos falam que você é muito poderosa.
— Bobagem. - Murmurei e ele ficou me encarando.
— Isso eu duvido. O quanto já alcançou sua magia?
— O quanto você sabe sobre isso?
— Sou a terceira família com sangue de Lilith. Mas puxei mais o lado Nephilim, diferente do seu irmão e do outro garoto que está sempre com vocês.
— Tecnicamente você é meu parente então?
— Quase isso.
— Prova. - Falei.
Ele estava me observando. Seus olhos viajaram para o meu top e eu quase me soquei por não ter colocado blusa.
Ele estendeu a mão e eu mordi o lábio.
Toquei a palma da mão dele com o dedo indicador e senti a magia em seu sangue. O encarei com os olhos semi cerrados.
— Quanto de magia você já alcançou?
— Eu me elevei já. - Respondi e ele assentiu.
— Sim. Isso eu posso sentir. Agora quero saber se você já chegou no auge do poder.
— Não sei até onde consigo ir. - Respondi.
— Quero treinar Nora e adoraria se você aceitasse treinar também.
— Vamos ver. - Respondi antes de me afastar.
Assim que Vee me largou na minha casa da fazenda eu corri para dentro depois fui direto para o porão. Olhei os livros até achar o livro das famílias.
Eu sabia que só existiam 3 famílias com sangue Lilith hoje por aqui. As outras se perderam com o tempo. Acabaram ficando como Dante e se perdendo. Com certeza os filhos de Nico e Tyler seriam só Nephilim. Enquanto meus filhos seriam cada vez mais fortes.
Se minha mãe resolvesse não voltar a terra minha família será a única com sangue de Lilith. Isso é se algum dia eu conseguir formar uma família. Se algum dia Ben quiser ter filhos. Eu sabia que tinha preconceito com Nephilim, mas eles eram filhos de Anjos Caídos.
Nico e Tyler apareceram no alto da escada.
— Tudo bem?
— Dante Matarazzo é a terceira família com sangue de Lilith existente. - Murmurei. - Mais fraco que vocês. - Falei depois de fechar o livro.
Subi as escadas e fechei a porta do porão.
— Aquele idiota? - Nico perguntou.
— Que idiota? - Ben perguntou.
— Oi. Você chegou cedo. - Falei indo até ele para beija-lo, mas ele virou o rosto. - Tudo bem?
— Já pensou em colocar uma blusa hoje?
Enruguei o nariz.
— Dante tem sangue de Lilith.
— Eu não confio nele. - Ben falou.
— Ora que novidade. - Murmurei. - Mas eu também não confio nele. Ele quer treinar Nora e eu.
— Você não vai. - Ben respondeu prontamente e eu mordi o lábio o encarando.
— Olha, não começa. E eu não aceitei... Ainda. Não sei qual o proveito que posso tirar disso.
— Mas ele sabe qual o proveito que ele pode tirar disso.
— Que seria?
— Ele quer você é obvio.
— O que? Não!
— Mais cedo ou mais tarde ele vai dar em cima de você.
— Já vimos que a antipatia é mútua e ele tem namorada.
— Nikki ele só quer que os Matarazzo continuem com o sangue de Lilith correndo nas veias. Você já é forte. Se tiver um filho com um Filho da Noite o filho será muito poderoso.
— Bom, ele pode tirar o cavalinho da chuva, pois isso não vai acontecer. E eca! Que nojo! Aquele cara é nojento.
— Escuta o que estou dizendo. Mais cedo ou mais tarde ele vai propor isso a você.
— E eu recusarei na mesma hora. - Dei de ombros. - Agora pode me dar um beijo? - Ele se inclinou e me beijou.