Enquanto Scott dirigia eu cuidava da mão de Nora que estava queimada.
— Tudo bem. - Scott falou quando Nora acordou e olhou para as mãos. - Vai curar. - Nora balançou a cabeça.
— Nós temos que voltar. Vire o carro. Nós temos que salvar Patch.
— Eu sei que você se importava com ele.
— Eu sinto muito Nora. Acabou! - Murmurei olhando para a janela. - Estão todos no inferno.
Ela gritou e Scott freou o carro, Nora saltou antes para a pilha de retorcida na estrada. Era a moto de Patch e mais atrás a moto de Ben.
Scott segurou Nora enquanto eu fiquei sentada no carro. Minhas pernas estavam travadas eu não tinha como me mexer.
— Sinto muito. - Scott falou.
— Não me diga que ele se foi. - Nora retrucou. - Ele bateu a moto dele e continuou andando. Disse que me encontraria no estúdio. Ele não quebraria sua promessa.
— Você está tremendo. Deixa eu te levar de volta pra minha casa, sua casa, a casa dele onde você quiser.
— Não! - Nora gritou. - Nós vamos voltar para o estúdio. Ele está lá. Você vai ver. Patch! - Ela chorou caindo de joelhos e eu comecei a chorar.
A dor em meu peito de quando ele foi levado pelos Arcanjos não chegava nem 1/3 da dor que eu estava sentindo agora.
Nora desmaiou logo depois. Scott dirigiu até a casa de Vee. Ele a ergueu nos braços e nós entramos. Sentei na cadeira e parecia que tudo estava passando como um borrão. Minhas mãos estavam sujas de sangue e queimadas.
Fui para a casa da fazenda. O duelo seria ao amanhecer no cemitério. Tomei um banho e fiquei sentada no chão do banheiro. Minhas mãos se curaram e ficaram limpas. Mas meu coração estava aos cacos.
Quando estava perto do amanhecer peguei uma roupa para mim.
Nico e Tyler quiseram conversar comigo, mas eu evitei eles.
Vesti uma calça jeans escura com suspensório preto, cropped vermelho com detalhes branco e calcei minha bota de montaria. Fiz uma trança embutida lateral e desci as escadas. Encontrei com Nico, Tyler e Amélia me esperando.
Sem dar uma palavra eu passei por eles. Dirigi o Skyline até a casa de Vee e bati na porta.
— Oi. - Ela falou.
— Nora já está pronta?
— Ela não quer levantar.
Nós entramos no quarto e a encontramos abraçada no travesseiro chorando.
— Patch odiaria te ver assim. - Vee murmurou.
— Dante está na mente dela. - Avisei indo até Nora.
Agarrei seus ombros e a virei a sacudindo.
"Saia da mente dela seu desgraçado!" Mandei.
— Se afaste de mim. - Nora falou.
Facilmente água flutuou do banheiro e atingiu Nora em cheio.
— Hora de ir. - Vee falou.
— Eu não quero.
— E Patch? Você já desistiu de si mesma, mas você desistiu dele também?
— Patch se foi.
— Se foi, não morto.
— Eu não posso fazer isso sem Patch.
— Então encontre uma maneira de tê-lo de volta.
— Ele está no inferno.
— Melhor do que no túmulo.
— Eu matei Hank Millar, Vee. Patch e eu fizemos isso juntos. Dante sabe e ele vai me prender no duelo. Ele vai me executar por traição. É por isso que eu não posso ir ao duelo.
— É a palavra dele contra a sua.
— É isso com que estou preocupada.
— Você ainda é líder dos Nephilim. Você tem alguma credibilidade nas ruas. Se ele tentar te prender, o desafie. Lute com ele até o fim. Você pode facilitar pra ele, ou você pode desenterrar seus calcanhares e fazê-lo trabalhar para isso.
— Eu estou com medo, Vee. Com tanto medo.
— Eu sei, baby. Mas eu também sei se alguém pode fazer isso, é você. Não digo isso com frequência, e talvez eu nunca tenha te contado isso, mas quando eu crescer, quero ser como você. Agora pela última vez, saia da cama antes que eu molhe você de novo. Você vai ao cemitério. E você vai dar a Dante a luta da vida dele.
— Nora. - Ela me encarou. - A mesma dor que você está sentindo eu estou sentindo. Dói. Dói muito. Mas você precisa deixar o luto de lado e ir lutar.
— Para você é fácil falar!
— Olha aqui. - Coloquei minhas mãos nos seus ombros. - Você jurou que lideraria o exército, precisa cumprir...
— Eu quero morrer! - Dei um tapa na cara dela que fez até barulho.
Ela me olhou indignada com a mão na cara.
— Pare de falar bobagem. Você pode ganhar. Eu tenho certeza disso. E antes que ele tente falar qualquer coisa para incrimina-la terá seu corpo caído no chão.
— Não se pode matar um Nephilim.
— Eu posso matar qualquer coisa.
— Vá assegurar seu título. Nós descobriremos o resto mais tarde. - Vee falou. - Scott e eu vamos estar lá, no meio da multidão.
— Nico e Tyler também estarão com a gente.
— Apenas... Seja cuidadosa, Nora. - Vee falou.
— Vamos. - Falei segurando sua mão. - E desculpe pelo tapa.
Nós fomos para o cemitério. Tinha centenas de Nephilim. Haviam doze Nephilim com mantos. Lisa Martin tirou o capuz e entregou a Nora uma veste preta. Parei ao lado de Nora com as mãos nos bolsos da calça jeans.
— Você viu Dante? - Ela perguntou.
Nora colocou o manto, mas não respondeu. Ela encarou Scott, Vee, Nico, Tyler e Amélia na multidão.
O nascer do sol começou.
— Eu tenho certeza de que Dante chegará logo. - Lisa falou. - Ele sabe que o duelo está estritamente definido para o nascer do sol. Não é do feitio dele se atrasar, mas nesse caso, vamos ter que adiar um pouco... - Uma ondulação no terreno a fez se calar.
Nora me encarou.
— Ferrou. - Murmurei.
— O que?
— As portas do inferno. Foram abertas.
— Anjos caídos. - Um Nephilim sussurrou.
— Como eles nos encontraram? - Outro Nephilim falou.
— Então, eles vieram por fim. - Lisa falou. - Rápido! Escondam suas crianças e peguem suas armas. Nós iremos contra eles, com ou sem Dante. A batalha final termina aqui.
— Nós vamos sem Dante. - Falei. - Nossa comandante é Nora Grey.
Nós corremos até Scott e Vee.
— Tire Vee daqui. - Nora falou. - Vá para algum lugar seguro. Eu vou encontrar vocês dois quando isso tiver acabado.
— Você está louca se você acha que nós vamos partir sem você. - Vee falou. - Diga a ela Scott. Pegue-a e a leve para fora daqui se você tiver que fazer isso.
— Como os anjos caídos estão aqui? - Scott me perguntou. - Nós tínhamos visto as penas queimar juntos.
— Eu não sei. Mas pretendo descobrir.
— Você acha que Patch está lá fora. É disso que se trata não é?
— Scott e eu vimos as penas queimar. Ou nós fomos enganados, ou alguém abriu os portões do inferno. O instinto me diz que a segunda opção é a melhor aposta. Se os anjos caídos estão escapando do inferno, eu tenho que ter certeza que Patch saia. E então tenho que fechar os portões antes que seja tarde demais. Se eu não acabar com isso agora, não haverá outra chance. Esse é o último dia que anjos caídos podem possuir corpos de Nephilim, mas eu não acho que isso significa alguma coisa para os anjos caídos. Eu acredito que eles têm meios de nos escravizar indefinidamente isso se eles não nos matarem primeiro.
— Então nós vamos ajudar você. - Vee falo. - Nós estamos nessa juntos. Essa luta é tanto de Scott e minha quanto sua.
— Vee...
— Se essa é realmente a luta de minha vida, você sabe que eu vou estar lá. Quer você queira ou não. Eu não dispensei as últimas rosquinhas para chegar aqui a tempo apenas para dar meia volta e ir embora. - Vee encarou Nora e eu.
De repente eu senti um pouco de apresso por Vee. Tínhamos as nossa diferenças, mas fazia tempo que não brigávamos. Ela tinha mudado. E isso era bom.
— Tudo bem. - Nora falou. - Vamos fechar as portas do inferno de uma vez por todas.
Parei entre Nico e Tyler. A guerra ia começar.
Dante corria na frente dos Anjos caídos.
— Eu preciso pegar Dante sozinha. - Nora falou. - Ele está me procurando, também. Se você puder, leve-o para o estacionamento cemitério acima.
— Você não tem uma arma. - Scott falou e Nora apontou frente.
— Não, mas eles têm. Eu só tenho que convencer um deles a fazer uma doação.
— Eles estão se espalhando. - Scott falou. - Eles vão matar cada Nephilim nesse cemitério e então invadir Coldwater. Venham aqui. Deem as mãos.
Nora agarrou as mãos de Scott e Vee que agarrou a mão de Tyler que agarrou a mão de Nico e eu agarrei a mão de Scott. Formamos um círculo.
— O que quer que aconteça, eu nunca vou esquecer nossa amizade. - Nora falou.
Fui a primeira abraçar ela depois me virei e sai correndo. Eu não podia ficar para despedidas.
Minhas mãos saíram magia e eu voei para o campo de batalha. Mexi as mãos e consegui lança-los longe. Corri na direção deles pronta para a luta. Tudo que tinha que fazer era passar por eles e fechar as portas do inferno.
Fui acertando todos que estavam na minha frente, eles eram lançados longe. Meu corpo foi empurrado e Carol parou na minha frente com um sorriso vitorioso.
— Estou de volta e muito mais forte. Está sozinha agora não é?
— Eu nunca estou realmente sozinha. - A magia fluiu das minhas mãos e ela atacou.
Foi uma sessão de chutes e socos, consegui me defender bem. Sorri.
— É só isso que você consegue? - Perguntei.
Ela gritou agarrando uma espada que tinha no chão e avançando para o meu lado, fui desviando dos seus golpes enquanto a batalha se desenrolava ao meu redor.
Estava distraída lutando contra ela quando senti outra dor atravessar meu corpo.
Era a ligação que eu tinha com o meu irmão. Eu sabia que algo tinha acontecido a ele. Carol acertou meu braço o cortando em uma fina linha.
Me encarou sorrindo, agarrei seu pulso com a espada e acertei a cabeça em seu rosto, peguei a espada e girei cortando seu pescoço. Meu coração se apertou e se quebrou. Não conseguia sentir Nico.
Gritei a magia explodiu de mim fazendo as lápides começarem a flutuar e serem lançadas nos anjos caídos os forçando a ficar no chão, seus corpos foram se quebrando, mas eu não ligava para isso já que eles não sentiam dor física. Invadi suas mentes um por um fazendo os ver seus piores medos, os controlando. Um por um daqueles que ainda estavam em pé foram se apunhalando com suas próprias espadas e seus corpos foram caindo no chão até não sobrar nada além de Nephilim em pé.
Corri na direção de Nico que estava sendo amparado por Tyler e Amélia.
Nora parou ao meu lado. Ela havia matado Dante. Scott estava morto. A guerra tinha terminado.
— Não! Não! Não! - Murmurei caindo de joelhos perto de Nico e o puxando para mim.
Detetive Basso era um Arcanjo todo esse tempo. Pude ver pela mente de Nora, mas eu não me importava com nada mais.
Abracei o corpo ensanguentado contra mim. O apertei contra mim e gritei.
Gritei tão alto que só senti a magia saindo de dentro de mim.
Assim como tudo começou rapidamente acabou. Os Anjos caídos foram extintos.
Eu chorava descontroladamente abraçada ao corpo de Nico enquanto todos me rodeavam.
"Você tirou muitas vidas. Mas nunca usou o melhor dom que há em você. Ben é o seu presente por fazer o que é certo. Mas também a garantia de que você continuará uma pessoa boa. Agora se concentre."
Aquela voz. Eu já tinha escutado ela antes.
Era o Detetive Basso. O Arcanjo.
Lancei um olhar para Nico que abriu os olhos e puxou o fôlego com força. Seus olhos castanhos me encararam com surpresa.
Meu corpo tremeu com a magia. A mesma magia que é capaz de machucar, matar, é capaz de curar. Dois lados da moeda.
Olhei para frente e encontrei os olhos verdes que eu sempre amei. Ele tinha um sorriso vitorioso assim como um orgulho estampado no olhar.
E foi a última coisa que vi antes de apagar.