Filho Da Guerra: Um caso De Andrey Z.

Capítulo 3: Um crime na rua Medison.


Em pouco tempo atravessaram a cidade e estacionaram na Rua Medison, famosas por suas mansões, e era justamente em frente a uma que tinham parado.

– Ei, Andrey, sabe quem mora aqui, ou pelo menos morava até horas atrás? – Perguntou o Capitão ao jovem que o fitava com curiosidade.

– Não faço ideia Capitão, lembra sou Russo não Inglês.

– Mas este você conhece muito bem, é o Conde Sunderland.

– O que? Aquele ditador que apoia os Nazistas e financia o desenvolvimento de armas no Norte da Alemanha, o que fazemos na casa desse mascote de Hitler?

– Fique calmo rapaz, o nosso motivo aqui vai além de suas rixas pessoais. O Senhor Tirano está morto!

– Como é?Morto?Mas como?Quem?Quando?

– É isso que tentaremos descobrir, vamos por partes.

Um dos soldados falou ao telefone e em dois minutos o enorme portão com as iniciais do Conde se abriu.

– Nada foi tocado Capitão – Disse o soldado com a voz mais grossa do que o natural.

– Perfeitamente como ordenei soldado, não fizeram mais do que o correto nessas situações – Respondeu o Capitão rispidamente ao seu subordinado que balançou a cabeça afirmativamente.

– Desculpe interromper, mas está um cheiro horrível, até parece que tem algo podre aqui dentro – Disse Andrey levando a mão ao nariz.

– Você tem razão rapaz e isso é um indicio de um crime bárbaro, pretende prosseguir?

– Mas é claro Sr. Petrovisk, não sei se meu pai lhe disse, mas me interesso muito por trabalhos de detetive.

– Meu rapaz já lhe adianto que as histórias de livros são completamente diferentes da nossa realidade.

– Eu imagino que realmente devam ser diferentes, mas estou disposto a conhecer essa carreira investigativa.

– Como queira, mas se prepare. Vamos logo ao assunto, soldado onde esta o defunto?

– Está no quarto senhor, mas tem sangue por todos os cantos.

Foram caminhando pelo corredor onde realmente fazia jus as palavras do soldado, algo de muito cruel tinha acontecido por ali e seguindo um rastro de pegadas de sangue chegaram à porta de um quarto.

– Por Santa Catarina de Petrogrado! Que coisa horrível! – Exclamou o Capitão – Isso não te assusta Andrey?

– Assustar? Pelo contrario, isso me excita.

– Você é estranho garoto, muito estranho.

– Capitão o corpo está aqui, posso abrir a porta? – Perguntou o soldado.

– Por favor, abra logo.

O que se via era fora de qualquer padrão já visto, aquilo não era humano. Havia um homem crucificado e totalmente despido, com mãos e pés pregados na parede, além da enorme poça de sangue embaixo do corpo e o cheiro insuportável que predominava no quarto.

– Que alma diabólica faria isso? – Perguntou o soldado ao Capitão que parecia não acreditar na cena.

– Não sei meu filho, isso até parece um ritual satânico, sem dúvida essa é a pior coisa que eu já vi na vida.

– O pior de tudo é este cheiro horrível, pelo visto esse homem era podre por dentro e por fora – Disse Andrey como se desdenhasse do que vira.

– O que me admira é seu humor numa hora como essa, pelo visto você herdou o bom humor de sua mãe e a força de seu pai. Soldado tire fotos de tudo aqui, não deixe passar um detalhe e, por favor, chame o médico legista e o mande falar comigo em seguida, e você Andrey se preferir está liberado de tudo isso.

– O quê? E perder todo esse agito e a oportunidade de participar de um caso desses? Pelo contrario Capitão pode me incluir na sua equipe.

– Está certo disso não é? Pelo jeito nada tira isso da sua cabeça mesmo, então se sinta trabalhando nesse que será um dos maiores casos que a Inglaterra já viu.

Depois de analisarem algumas coisas, perceberam que o dia tinha praticamente se perdido todo, tomaram um carro rumo ao Hotel de Andrey.

– Boa noite Capitão, até amanhã – Despediu-se Andrey descendo do carro e entrando no Hotel – Nem acredito trabalhando como detetive, mamãe deve estar orgulhosa de mim, onde quer que ela esteja.

Nesse instante Andrey entrou em seu quarto e quando ascendeu à luz viu seu apartamento todo revirado, com pegadas de sangue e um bilhete cravado a faca encima de um móvel antigo que ficava a direita de sua cama. Imediatamente ligou para o Capitão Petrovisk, que em dez minutos já havia chegado ao Parmisian Hotel.

– Mas o que aconteceu garoto, você estava eufórico ao telefone, vim o mais rápido que pude, quase atropelei uma senhora na esquina da Memphis, mas não consegui desviar do gato que estava passando do outro lado da rua, que Deus me perdoe... Sobre o que falávamos mesmo meu jovem?

– Sobre mim Capitão!Falávamos de mim! Ele esteve aqui.

– Quem é ele Andrey? – Perguntou o Capitão sacudindo o jovem Russo.

– O assassino! Têm pegadas de sangue iguais as da mansão por todos os lados do meu quarto e tem um bilhete também, veja:

“NÃO BRINQUE COM A MORTE MEU JOVEM, ELA PODE SER UMA PARCEIRA INGRATA, AFASTE-SE ENQUANTO AINDA TEM FORÇAS PRA ISSO.”

– Por Stalin! Eu sabia que você não deveria se envolver nesse meio tão perigoso, veja só é apenas um jovem sem preparação alguma, ele poderia ter te matado – Disse o Capitão quase arrancando os últimos fios de cabelo que lhe restavam.

– Acha seguro que eu durma aqui esta noite?

– De maneira nenhuma, não queremos outro crime, hoje você dorme em minha casa – Disse o Capitão arrastando o jovem para dentro de seu carro.

A casa do Capitão Petrovisk era uma linda Propriedade no Sul de Londres, com um alto muro cercando toda a propriedade que tinha ao longo do caminho lindas e altas árvores.

– Bela propriedade Capitão, me lembra dos belos campos de Bordeaux na França – Disse Andrey se gabando um pouco de seu senso turístico.

– Realmente é maravilhosa, adquiri-a logo após vir da Rússia e me casar com Helena. Mas agora descanse que amanhã você, ou melhor, nós teremos um grande dia, se é que ainda vai querer continuar nessa loucura toda – Comentou o Capitão em tom desafiador.

– O Senhor sabe que nunca recusaria uma proposta desta, e não vai ser um assassino ou assassina que gosta de uma bagunça que vai me intimidar.

– Sinceramente admiro sua coragem, espero poder usa-la pra desvendar esse assassinato. Mas agora durma, aqui estará seguro – Disse o Capitão fechando a porta do quarto.

– Quem diria que a guerra iria me proporcionar tantas emoções e me apresentaria um mundo novo, e tudo isso em apenas um dia, impressionante, só queria que papai estivesse aqui – Pensou o jovem adormecendo.