Filho Da Guerra: Um caso De Andrey Z.

Capítulo 11: O "X" da questão.


Era manhã do dia 15 de Julho de 1940, e como havia pedido Andrey estavam todos reunidos na mansão Sunderland. Estavam sentados Patrícia e Charles em um sofá de couro, de pé ao centro estava Andrey, ao lado da porta estava o Soldado e sentado em uma poltrona Dr. Donaldson.

-- Bom dia senhores e senhora, primeiramente quero esclarecer que a presença de vocês aqui é importante porque estão diretamente envolvidos com o caso,desde A Sra. Kilsko e o Sr. Cartwhite, até Donaldson e o Soldado Parker que me acompanharam em toda a investigação e serão testemunha do que falarei aqui nesta manhã.Todos queremos esse caso resolvido,então irei direto ao assunto. Vimos que a morte do Conde foi aparentemente muito brutal e cheia de elementos estranhos,como pregá-lo na parede,retirar todo o sangue do homem,raspar a cabeça e desdentá-lo,isso mostra motivações pessoais ou um ritual satânico,descartei o segundo porque o Conde não demonstrou em toda a vida nada relacionado ao devido acontecimento,nos resta vingança.

-- Analises interessantes Andrey, mas não acha que está fantasiando um pouco? – Disse Charles.

-- Me deixe continuar e verá que eu tenho razão. Onde estava mesmo? Ah! Lembrei, em relação aos depoimentos gostei muito do que ouvi, Patrícia foi sincera no que lhe foi perguntado, pareceu grata ao patrão, mas falava em um tom estranho e não olhava nos olhos de ninguém ao se referir ao Conde, porque Senhora Kilsko?

-- Impressão sua meu jovem, deveria estar apenas nervosa.

-- Senhor Charles é quase o espelho de Patrícia, muito grato ao patrão, mas descorda de algumas ideias, muito natural e sincero. Já Maria estava estranhamente incomodada, chorou ao lembrar de sua tia no interior e se indignou quando perguntei que método ela usaria para cometer um crime, respondeu que usaria veneno, dados muito precisos apontam que 9 entre 10 Latinos gostam da emoção e da adrenalina por isso a faca seria o objeto mais usado, o veneno é coisa de pessoas mais calculistas, como a maioria dos Europeus.

-- Mas ela não poderia ser a exceção do grupo? – Perguntou Charles.

-- Não só poderia como ela é a exceção, ela não atentou contra a vida do Conde, não diretamente.

-- Mas como isso? Não entendi – Gritou o Soldado que estava no fundo da sala.

-- Eu explico. A arma de Maria não foi a faca, foi o bendito veneno! Pequenas quantidades de arsênico ministradas nas pílulas calmantes e analgésicas que eram ingeridas diariamente pelo Conde.

-- E como você prova que foi Maria, não poderia ser eu ou mesmo Charles? – Questionou Patrícia.

-- Acontece que o jardineiro me disse que todo mês Maria pedia para que fosse comprada uma lata a mais do veneno que é muito usado para combater pragas de jardim, ela dizia que era para uma pequena plantação comunitária que ela mantinha, além do que era ela que levava os remédios para o finado Conde.

-- Espere um pouco, você disse que ela não matou “diretamente” o Conde, então quem foi? – Disse Patrícia coçando a cabeça, aparentando estar muito confusa.

--O assassino estava tão perto e tão informado que sabendo das péssimas condições de saúde do finado, inclusive de um recente exame que acusava sérios problemas do coração, esperou o momento certo para disparar alguns fatos que juntamente com a baixa resistência causada pelo arsênico certamente levariam o homem a um fatal ataque cardíaco, depois disso foi só simular um teatro, montando cena do crime, colocação do corpo e modo de morte. Imagino que se perguntam o porque de o assassino depois de ter conseguido o principal objetivo não se deu por satisfeito.Sim eu respondo novamente,ele simplesmente não resistiu a cede de vingança,além do que desviaria o foco da causa mortis.

-- Tudo muito hipotético, mas e quem é o assassino meu filho, quem é? – Perguntava impaciente Charles.

-- O Senhor que me desculpe a demora, mas temos que esclarecer algumas coisas ainda,como a sua nacionalidade senhor Charles.

-- Como assim? Sou americano, já lhe disse.-- Resposta errada. Acho que quis dizer Sueco de Estocolmo e morador por alguns anos em Chicago, certo Sr. Cartwhite?

-- Como ficou sabendo de tudo isso?

-- Não se preocupe isso não é crime Charles, mas deve ter motivos para nos omitir isso, estou errado?

-- Nenhum motivo especial meu jovem, só achei insignificante para o caso.

-- Mas o melhor ainda está por vir, senhora Patrícia Kilsko será que posso chamá-la de Carlota Annemberg, mãe de Alex Annemberg, ou se incomoda?

-- Você não tinha esse direito, quem pensa que é? – Respondeu Patrícia apontando o dedo para Andrey.

-- Ainda não acabou, descobri também que Maria Sanchez tem pais Suecos, não acham isso muita coincidência ? Três empregados diretamente ligados com a Suécia, vocês preferem contar a relação ou mesmo explico? -- Um silêncio se estendeu por toda a sala.

-- Tudo bem eu mesmo falo, Patrícia é irmã de Charles e ambos são amigos de infância dos pais de Maria. Mas por que raios trabalhariam no mesmo lugar e contratados em períodos diferentes? Por quê Charles, por quê?

-- Garoto acho que você foi longe demais, mexeu em coisa que não deveria.

-- Desculpe, mas estamos investigando um caso de assassinato e toda informação é relevante. A propósito Sra. Kilsko o seu filho foi achado e eu lhe garanto que ele não é das melhores pessoas,mas acho que você deve saber, não é mesmo?

-- Você tome cuidado com as suas palavras – Esbravejou Patrícia.

-- Como dizia, seu filho foi deixado na cidade de Winchester, mais precisamente num orfanato e dois anos depois foi adotado fantasticamente por quem? Alguém tem um palpite? Sim! Pela tia de Maria, essa mesma com quem ela veio morar quando chegou a Inglaterra. Depois da morte da tia, Maria e Alex vieram a Londres e foi aqui que arquitetaram tudo. Vocês devem estar se perguntando se eu verdadeiramente sei quem é o namorado de Maria, não é?

-- Você é completamente irritante garoto, acha que sabe tudo, então nos diga quem é o namorado de Maria, não que isso nos interesse, mas... – Disse Charles.

-- Tudo no seu tempo. Além do que não vai nenhuma novidade para você não é Charles?

-- Você está insinuando o quê? – Perguntou Charles irritado.

-- Nada,você verá. Como eu não terminei me deixe continuar, Maria e Alex vieram a Londres e isso é fato, depois cada um seguiu seu caminho, isso até se encontrarem trabalhando na mansão Sunderland. Alex conseguiu o posto de Guarda pessoal do Conde e depois chamado para ser agente e Soldado de primeira instância da Scotland Yard, reconhecem essa história?

-- Você só pode estar doente da cabeça, delirando ou coisa do tipo – Esbravejou o surpreendido Dr. Donaldson que assistia passivo a toda aquela situação.

-- Doido eu sou, mas sei o que falo e provo. Sim Senhores o assassino está tão perto quanto eu mesmo imaginava, não acha Soldado Willian Parker, ou melhor Alex Annemberg?

-- Está cometendo um grave equívoco Andrey – retrucou o Soldado.

-- Será que estou mesmo? A propósito nem tente abrir essa porta para fugir, a casa está cercada de agentes e policiais. Deixe-me explicar como eu descobri seus segredos. Primeiro notei a sua semelhança com Patrícia, mas de inicio achei tudo normal, afinal semelhança não é crime. Minha dúvida surgiu quando fiz o teste da caneta e tirei conclusões com base no que o Doutor me disse, mas claro você só se encaixou no padrão do meu assassino, o que nada te condenou.

-- Mas você nem me pediu para que assinasse dado algum meu, como tirou conclusões a meu respeito? – Perguntou calmamente o acusado.

-- Não se recorda que lhe pedi pra testar a caneta? Quando pedi o favor era sem nenhuma intenção, mas após os três funcionários assinarem com a mão esquerda e ver você pegar a caneta com a esquerda e assinar com a direita logo anulei a participação física deles, já que os golpes de maior intensidade foram dados por um destro e os outros foram quase arranhões, dados claro com a mão não dominante, ou seja, a esquerda de nosso assassino.

-- Muito bem garoto, continue por favor, porque a história esta me empolgando – Debochou Charles.

-- Pois não, como quiser. Eu tive que considerar também o fato de que no dia do assassinato do Conde os três funcionários não estavam em casa e sim jogando com os vizinhos, álibi confirmado pelos mesmos. O problema surgiu na noite anterior a morte de Maria, quando ela me ligou e disse que precisava me contar coisas do meu interesse a respeito da morte do Conde, naturalmente me interessei, mas deduzi que ela não sobreviveria para me contar.

-- E por que não impediu se você sabia que ela morreria? – Perguntou Patrícia.

-- Porque eu sabia que o assassino iria me deixar pistas e infelizmente Maria foi a vitima, claro que vitima entre aspas, porque ela tem muita culpa no cartório. Como eu dizia Maria morreu, mas deixou boas pistas sobre o assassino, suponho até que o assassino foi surpreendido, já que dessa vez houve uma testemunha.

-- Como você é tolo! Confiar em um bêbado? É daí que você tira suas conclusões? – Gritou o Soldado acusado.

-- Calma, por que a exaltação? Você quer que eu acredite que aquele homem é desnorteado porque lhe convém, afinal você naquela noite descobriu que o amor da sua vida,e claro sua cúmplice iria te entregar a polícia, juntamente com sua mãe e seu tio. Então depois de alguém escutar Maria falar comigo te avisaram e claro você não poderia deixar que ninguém jamais soubesse do que houve.

-- Eu imagino que deve ter sido muito difícil ter de eliminar sua noiva, mas ninguém poderia estragar seus planos, não é Alex ou William?

-- Cale essa boca! Não fale assim dela, você não a conhecia.

-- Não defenda aquela mulher, ela nem te merecia, tampouco te amava – Interrompeu Patrícia.

-- Chega mãe! O que você entende de amor? Abandou seu próprio filho.

-- Ela teve seus motivos e você sabe – Disse Charles.

-- Desculpem interromper os casos de família, mas tenho um compromisso depois disso tudo, então me deixem terminar. Como eu já tinha dito o encontro foi marcado em um lugar neutro, acima de qualquer suspeita, mas você não contava com o pobre diabo do Rufhus que havia perdido o emprego e brigado com a esposa, por isso ele que resolveu dar uma volta acabou por ver você e Maria brigando no beco, e mais ele te viu entrar em um carro preto, claro eu como um bom profissional que sou tive que confirmar e vi lascas pretas na calçada, sinal de que o motorista tinha batido levemente e por coincidência ou não um dos carros do Conde estavam com os mesmos traços de batidas, o que prova que aquele carro esteve na prova do crime.

-- Se você soubesse o quanto é chato não se meteria nas nossas vidas – Reclamou Charles.

--Recentemente descobri que o finado tinha dois cachorros e um deles estava com um pequeno desgaste nos dentes, sinal de que havia mordido alguém recentemente, por mais uma obra do destino o Soldado foi me visitar e estava mancando de uma das pernas que estava com uma atadura com manchas de sangue, segundo você mesmo me disse era apenas uma torção fazendo exercícios ,será que era mesmo?

-- Ah garoto não me enche, diga logo o que pensa.

-- Lógico que não era, desde quando torção sangra? É mais do que certo que você foi mordido por um dos cães do Conde, o que te coloca mais uma vez na cena do crime.

-- Mais uma vez brilhante Andrey – Exclamou o soldado.

-- Mas por que tudo isso? Tenho certeza de que deve ser por um grande motivo.

-- Eu explico – Disse Patrícia – Em 1913 Paolo Sunderland foi a Estocolmo, ele ainda era jovem, bonito, simpático e filho de um antigo e famoso representante da família real Inglesa com uma Condessa Italiana. Eu também era jovem e falava um bom inglês, conheci Paolo em um passeio, ele ficaria três meses na cidade e começamos a nos encontrar, o problema começou quando eu engravidei e fui contar a Paolo e sua família, foi horrível, eles quase nos chutaram para fora, nos ameaçaram e acabaram com nossas vidas. Minha mãe que estava doente piorou e morreu em duas semanas e meu pai de desgosto começou a beber e não suportando mais a dor se matou em dois meses– Terminou a frase soluçando em lágrimas.

-- Imagino que não deve ter sido fácil, mas nada justifica...

-- Nada justifica garoto? Sem meus pais eu estava sozinha no mundo, só me restou alimentar meu ódio por aqueles monstros e arquitetar minha vingança. Depois da morte de meu pai e o nascimento de Alex peguei umas economias e vim para a Inglaterra, liguei para Charles que estava estudando nos Estados Unidos e contei tudo a ele que me recomendou uma conhecida de nossa família em Winchester. Ela me abrigou juntamente com meu filho nos seus primeiros meses, o problema foi que minha sede de vingança falou mais alto, então deixei Alex no orfanato da cidade com a promessa de que depois de algum tempo a tia de Maria o tirasse de lá e o encaminhasse a Londres.

-- E o que você fez ao chegar aqui? – Perguntou Dr. Donaldson hipnotizado pelos relatos.

-- Fui contratada por uma simpática senhora, Hillary Sinclair. Em 1919 mudei meu nome e em 1920 estava totalmente diferente e pronta para trabalhar para o Conde. Consegui fazer com que Charles e Maria também fossem empregados, até Alex conseguiu conhecer o pai de perto, mas isso nunca mudou o profundo ódio que existia em meu coração e que também plantei em meu filho. É por isso Andrey, esse foi o real motivo de tudo, destruir Paolo Sunderland.

-- Andrey você tinha que ver a cara do velho quando contei que a história toda e disse que era o filho que ele rejeitou, não deu outra o velho infartou, depois foi só fazer toda aquela cena com sangue. Confesso que sempre admirei os grandes psicopatas que matam pelo simples prazer de verem suas vitimas agonizarem – Dizia o soldado com os olhos brilhando.

-- Por mais que o sofrimento fizesse parte de sua história nada te da o direito de tirar a vida de outro ser humano, agora sabe que terá que pagar por seus erros – Disse Andrey.

-- Nada mais me importa, o objetivo da minha vida era acabar com a vida do homem que acabou com a vida de minha família. Parabéns jovem, você agiu rápido, pensou como um assassino e tomou decisões de um homem, pena que terá que me prender porque adoraria ser seu amigo.

-- Agradeço a admiração, mas dispenso a amizade Alex, no momento você precisa de um bom médico e um tempo para pensar. E é com orgulho que declaro a morte do Conde Sunderland resolvida, o caso agora está nas mãos da Scotland Yard.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.