–-Minha filha? – sussurrei para mim mesmo. Não sabia se sorria, se sentia raiva, não sabia o que fazer. Olhei novamente para o anel e saí correndo atrás da garota.

Continua...

POV de Kyra

Queria sair dali o mais rápido possível, lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Lembranças do dia da morte da minha mãe vinham á minha cabeça. Continuei correndo pelos longos corredores do castelo, olhei para trás, o corredor estava vazio, estava chegando ao fim do corredor até que esbarrei em alguém e caí no chão, olhei para cima e era o Loki tentei sair correndo, não queria mais ver ou falar com ele, isso estava me fazendo sofrer mais do que já tinha sofrido, ele agarrou meu braço e me puxou bruscamente.

–- Me solta! – tentei escapar, mas ele só apertava mais o meu braço, estava doendo.

–- Não vou te soltar, não até você me explicar algumas coisas. – ele rosnou pra mim. O que me fez ficar com medo, eu não desisti continuei tentando me soltar, mas ele era mais forte e alto do que eu.

–- Não vou falar mais nada pra você, agora me solta. – eu ainda estava chorando.

–- Ah você vai falar, nem que eu tenha que...

–- Vai fazer o que? Me bater? Me matar? Então me mate, eu não me importo. – ele estava olhando para mim com raiva – Quer saber, você é uma pessoa egoísta e que deveria parar de pensar somente em si mesmo! Eu te odeio Loki, EU TE ODEIO. Queria que você não fosse meu pai! – gritei pra ele, eu consegui me soltar e saí correndo, mas dessa vez ele não veio atrás de mim.

POV de Loki

Ela estava gritando comigo, dizendo que me odiava e que não queria que eu fosse o pai dela. Por algum motivo isso estava me atingindo. O que estava acontecendo comigo, primeiro eu senti que queria por algum motivo protegê-la e agora eu estou me deixando atingir pelas palavras de uma garota qualquer que chegou aqui dizendo que era minha filha! Eu não podia acreditar nela, era impossível, como ela poderia ser minha filha, Sigyn morreu a muito tempo, não podia ser verdade. Olhe só para mim, o próprio Deus das Mentiras não estava conseguindo decifrar uma garota, me sinto um idiota como Thor. Aquela garota estava mexendo comigo de um jeito que não estava conseguindo entender.

Depois de me dizer aquelas coisas, ela saiu correndo. E eu fiquei ali, parado sem saber o que falar. Uma hora dessas, ela já deve ter saído do Castelo, mas quer saber, não ligo. Vou esquecer ela, vou esquecer de tudo o que aconteceu hoje. Fui até o meu quarto e decidi me banhar.

Depois do banho*

Estava lendo novamente meu livro, afinal de contas não poderia sair do meu quarto até Odin autorizar. Mas eu não conseguia parar de pensar na garota que conheci. As palavras dela não saiam da minha cabeça. Com raiva de mim mesmo por ser tão tolo, atirei o livro na parede.

POV de Kyra

Corri para minha casa, ao longo do caminho algumas pessoas perguntaram se eu estava bem ou precisava de alguma coisa, eu dizia que não, mas eu sabia que era mentira, eu estava sofrendo e muito. Finalmente cheguei em casa, fui correndo para o quarto da minha mãe, me joguei na cama e chorei. Depois de todos esses anos, eu tinha conhecido o meu pai, ele não era como eu havia imaginado, mas não esperava menos do que isso vindo dele. Chorando eu adormeci:

Sonho*

Eu estava em uma floresta, escura e fria. Eu estava sozinha e não sabia o que fazer, comecei a andar em passos lentos:

–-Tem alguém aqui? – ninguém respondeu, eu me sentia indefesa, como se a qualquer momento ágüem me atacaria. Respirei fundo e abracei a mim mesma, olhei ao redor e não via ninguém, uma névoa cobria o local. Comecei a andar novamente á procura de alguém que pudesse me ajudar, eu queria que a minha mãe estivesse comigo agora, me protegendo e me apoiando como ela sempre fez.

–- Kyra.. – ouvi alguém sussurrar para mim. Olhei para todos os lados, mas não via ninguém. – Kyra... – sussurrou novamente.

–- Olá? Mãe? É você? – A voz era da minha mãe, mas eu não conseguia ter a certeza. – Mãe!

–- Oi minha filha. – Minha mãe disse saindo das sombras. Eu não sei por que, mas comecei a chorar e corri para seus braços. Ela me abraçou como sempre fez, aquele abraço que só ela tinha, que me fazia sentir segura e acima de tudo: amada. Me afastei um pouco para olhar em seus olhos, eles brilhavam novamente. Um sorriso se formou em meu rosto. Mas ela perguntou uma coisa que eu jamais pensaria que ela fosse perguntar:

–- Como foi seu encontro com o seu pai? – Meu sorriso desapareceu e eu abaixei a cabeça abraçando ela mais ainda.

–- Nada bem. – murmurei.

–- Filha, olhe pra mim. – ela disse e eu levantei a cabeça fitando ela. – O seu pai não é igual as outras pessoas, ele não vai gostar de você de uma hora para outra. Você tem que aprender a viver com ele do jeito que ele é, você tem que ensiná-lo a amar novamente. Eu sei que vocês vão se dar bem, dê uma chance á ele.

–- Mas mãe ele... – tentei falar

–- Faça isso por mim. Eu te amo. Adeus. – ela disse e sua imagem começou a desaparecer com a névoa.

–- Não mãe, por favor não vai, fica comigo, não me abandona por favor. Eu preciso de você! – Tentei segui-la, mas ela já havia ido embora, senti que alguém estava atrás de mim, me virei rapidamente, era Loki. Mas não era só isso, era uma imagem de Loki e minha mãe juntos, sentados em uma árvore perto de um lindo jardim, estavam felizes, sorrindo e dando risada o tempo todo. Mas novamente, tudo desapareceu e fiquei sozinha e desprotegida. Quando ouvi vozes, gritos de pessoas, uma imagem surgiu na minha frente, dessa vez era de pessoas morrendo em um lugar que já tinha ouvido falar: Midgard. Estava havendo uma guerra, eu estava começando a me sentir mal, vendo tanta destruição, pessoas gritando, morrendo, agonizando de dor. Quando ia correr para longe Loki surgiu a minha frente, arregalei meus olhos e soltei um grito quando ele passou a faca no meu pescoço.

Fim do Sonho*

Acordei em um pulo, assustada, estava ofegante, suando e chorando. Me levantei e saí correndo em direção ao tumulo da minha mãe. Chegando, eu me ajoelhei ao lado das flores que ali havia deixado. Coloquei uma flor e me sentei ali ao lado dela. Eu tinha que ser forte, por isso me recusei a chorar. Fiquei um tempo ali, sentada, olhando para o horizonte, uma visão linda e que minha mãe adorava e agora nunca mais poderia ver, balancei a cabeça tentando me retirar desses pensamentos que pouco a pouco iam me matando. Por fim o sol estava se pondo, e eu tinha que voltar para casa.

Entrei na casa, fechei a porta atrás de mim. Eu não sabia mais o que fazer, o que pensar, fiz um pouco de chá quente, me sentei em uma cadeira e ali fiquei. Pouco a pouco as lembranças do dia de hoje iam voltando, parecia que queriam me torturar. Sem saber o que fazer, voltei ao meu quarto e adormeci.

POV de Loki

Estava caminhando pelos corredores do castelo, nos últimos dias não consegui tirar aquela garota misteriosa da minha cabeça. No fim das contas, não agüentei mais, fui caminhando á passos largos até a sala de Odin. Chegando na porta, tentei entrar, mas os guardas me impediram.

–- Você não pode entrar. – um deles disse em um tom sério. Soltei uma risada.

–- E por que não? – perguntei, sorrindo me fingindo de inocente, zombando com a cara deles.

–- Rei Odin não quer vê-lo. – disse o outro, barrando a minha entrada.

–- E ele falou alguma coisa relacionada a eu querer falar com ele? – eles se entre olharam.

–- Espere um momento. – um deles disse entrando na sala do trono. Logo ele retornou – Você pode entrar.

Eles abriram a porta e eu entrei com um sorriso de triunfo. Mas meu sorriso desapareceu a medida em que fui me aproximando de Odin. Me recusei a fazer a reverência, apenas fiz um pequeno gesto com a cabeça.

–- Antes que diga qualquer coisa... – eu comecei a falar – vou direto ao assunto.

–-Certo então diga, o que veio fazer aqui Loki?

–- Quero permissão para sair do castelo.

Continua...