Morreq chegara a Westeros á pouco tempo. A Asa de Prata parara em Dorne para que a princesa Talya Martell pode-se voltar para casa. Ela oferecera-lhe estadia em Lançasolar, mas ele tinha uma tarefa a cumprir. R’hllor destinara-lhe a missão de encontrar Azor Ahai renascido. Morreq pelo menos já sabia que era um Targaryen mas não tinha a certeza de qual. Primeiro pensou que fosse Aerion, mas a sua visão mostrou um dragão vermelho de apenas uma cabeça e no fundo havia um sol trespassado por uma lança. Quando perguntara ao príncipe de quem eram essas armas descobriu que eram Martell e Aerion não era Martell.

Os seus olhos ardiam e as visões já não chegavam, estava na hora de parar. Olhou pela janela e só então se apercebeu que o dia já havia nascido. Levantou-se e trocou de roupa. Umas vestes vermelhas semelhantes às outras. Ao lado da fogueira enrolava-se Melian a dragoa da jovem princesa Naerys. O poder do animal parecia acender o seu, e o seu calor também aumentara, de tal maneira que tivera de se distanciar das chamas temendo queimar de tanto calor que sentia.

Deu por si a pensar na família que perdera, na vida de escravo que tivera e de certa forma ainda tinha. Gostaria de se lembrar dos pais, mas a única coisa que sabia é que viera da antiga Volantis. Já se passaram quase quarenta anos. Morreq contara quarenta e dois dias do seu nome e considerava-se afortunado. Pelos trabalhos escravos que sofrera não tinha grande esperança de viver tanto tempo, mas felizmente tivera sorte. R’hllor protegeu-me, queria-me para encontrar o seu campeão. Para proteger o mundo do grande outro, cujo nome não de ser pronunciado.

- Lorde Morreq, a minha irmã Rhaenys necessita dos vossos cuidados. – Anunciou o Principe Aerion entrando no seu aposento privado seguido por um homem.

O Homem era alto de cabelos escuros e olhos e pele clara, era alto e de constituição forte, deveria ser um guerreiro. Nos braços dele segurava uma rapariga adorável, Rhaenys Targaryen, já antes a vira na fortaleza a passear com o seu negro Balerion, achava-se Aegon, o Conquistador renascido. Mas ele não era ninguém para contestar os pensamentos da princesa que poderia ser herdeira do trono de ferro.

- Depositai-a na cama. – Pediu ele.

Primeiro queria observá-la e ver o que se passava. Aproximou-se de Rhaenys e tocou-lhe na pele, subitamente viu a princesa na pele do seu dragão negro. Retirou a sua mão do braço dela. A jovem não tinha doença alguma era uma Warg.

- Isto não é uma doença. – Sentenciou o sacerdote. – Ela é uma troca-peles.

O silêncio instalou-se. A Rainha Myriah abanava a cabeça negativamente e chorava. Os irmãos estavam sem reação e o tio não mostrava expressão alguma, mas os seus olhos mostravam que o seu cérebro trabalhava a um ritmo frenético.

- Não, não pode ser verdade! – Gritava a Rainha. – Nããããããão! Oh! Porquê? Ela é só uma menina, a minha doce Rhaenys! Oh Elia! Já sei como te sentistes na noite do saque! Este homem têm de estar a mentir! Ele mente! – Quando Morreq abanou a cabeça negativamente ela gritou mais alto. – E eu que a tinha prometido a Brandon Stark! Que vou eu fazer? Ele agora nunca a vai aceitar!

A rainha caiu de joelhos no chão chorando ainda mais. Ao seu lado a Rainha Tyrell tinha um sorriso satisfeito no rosto e uma bebé ao peito.

- A mãe prometeu-a a um Stark! No Norte! Um Nortenho idiota! – Gritou o jovem Aegon com repulsa. – Ainda sabendo que eu amo a minha irmã acima de tudo! Que quando eu for coroado que irá ser em breve ela será a minha Rainha juntamente com Visenya! Eu não posso acreditar! Você não é minha mãe!

A Martell chorava mais ainda e estava agora aos pés do filho.

- Não perdoa-me, Aegon! Por favor meu bebé, meu doce! Por favor! – A morena implorava.

Morreq sentiu-se um intruso no meio daquela família a quebrar. A bebé de peito Alysanne chorava, assim como as crianças mais novas, vendo a confusão.

- Chega! – Gritou Kádis, pondo fim às discussões. – Myriah levantai-vos, Aegon pedi desculpas á vossa mãe pelo que dissestes, Anya levai as crianças daqui, Aerion, Visenya e Rhaegar Saíde daqui!

Todos pareceram se curvar á majestade do irmão do falecido rei e apressaram-se a cumprir as suas ordens. Ele próprio pegou na jovem e levou-a, provavelmente, para os seus aposentos.

Morreq sentou-se na cadeira enfrente do fogo. Já vira confusão para um dia inteiro e era apenas de manhã. Aproveitou para descansar o resto da manhã, quando um criado de cabelo branco o foi chamar para a refeição do meio-dia. A família Real parecia reposta. Kádis pusera ordem neles. Deveria ser Rei. Tem jeito para fazer com que os outros lhe obedeçam. O príncipe de cabelos negros chamou para se sentar ao seu lado. Ele aceitou com um pouco de vergonha. Primeiro serviram sopa com ostras, depois ganso e beterrabas e no final um bolo simples. Para beber um suave vinho da Árvore fora servido. Reparou que a mesa estava praticamente em silêncio, não fossem as crianças a falarem alegremente, alheias aos problemas dos mais velhos. Eles temem-no. Reparou o homem de Volantis.

- Por favor, vinde comigo. – Pediu o príncipe Kádis no final da refeição.

Morreq seguiu-o estranhando um pouco o porque da grande cortesia do Targaryen para com ele. Caminharam em silêncio até uma varanda. Reparou que Kádis nunca mantinha nenhum homem da guarda real com ele. Mas tem sempre a espada de aço valiriano com ele. Quando pararam contemplando a grande cidade chamada de Porto Real.