Kádis voltou a virar-se na cama, furioso atirou as cobertas para o fundo da mesma. Bufou, levantando-se e caminhando até à janela. Ainda demoraria a até ser dia e ele não conseguia dormir. Ele não fora feito para colchões de penas e pressão, embora a verdadeira razão não ser nenhuma delas.

Vestiu o roupão negro de seda e caminhou pela fortaleza silenciosa. A sua mente não sabia para onde se dirigia, mas os seus pés já sabiam o caminho. Viu-se parado em frente da porta de carvalho vermelha. Rhaenys. Soube logo. Ela dormia no quarto que pertencera a Daenerys Targaryen. Um quarto cuja porta era vermelha. Durante a infância de Kádis fora a sua irmã Dannys que ocupara aquele quarto. Em tempos amara-a mas agora ela estava casada e com filhos em Pedra do Dragão.

Abriu a pesada porta sem fazer barulho, fechando-a atrás de si. Dez velas ardiam no aposento para que se a princesa acordasse tivesse luz. Mas ela continuava desacordada. Morreq dissera que ela já estava de volta ao próprio corpo, mas não sabia dizer quanto tempo aquilo podia durar. Por essa razão Kádis mandara chamar Elijah Reed e Sely de Asshai, pois ambos sabiam algo sobre os Wargs. Sabia que chamar um Stark teria sido uma escolha mais acertada mas não nutria muitos sentimentos por essa família.

Rhaenys tinha um rosto adorável, não havia nada de Martell nela, mas de achou que conseguia ver um pouco de Alyria Tyrell, a avó da jovem. Tinha os seus olhos de corça e a sua aparência aparentemente frágil mas feroz como um dragão. Os seus cabelos platinados estavam espalhados pelos seus ombros. Os seus olhos misteriosos de um curioso tom lavanda estavam fechados.

Sentou-se ao seu lado. Olhou-a de novo. Não conseguiu evitar suspirar. Sentia-se fatigado por todos os acontecimentos daquela semana. A família de Daeron quebra-se mais a cada momento que passa. Myriah está a enlouquecer de desgosto, assim como Aegon que continua irritado com a mãe. Visenya teme pelo rapaz, Leo. Aerion está apaixonado por uma prima Martell que parece não poder ficar com ele. Rhaegar anseia o trono e uma Lyanna. Naerys apercebe-se do que se passa e está a ficar inquieta, mas os outros não entenderam. Quem parecia estar a lucrar com tudo era Anya. Desejava o trono desesperadamente, mas de forma inteligente. Ela sabe jogar o jogo dos tronos. Não sabe quem há-de escolher como herdeiro, talvez Baelor. Aerion era um tolo apanhado pelo amor, muito inconsequente. Rhaegar se não era igual, com certeza muito parecido, para não dizer que não se vergava perante as vontades da mãe. Baelor seria perfeito, uma criança, perfeitamente influenciável por Anya.

- O que…? – Disse uma voz rouca de súbito.

Kádis virou-se rapidamente a tempo de ver a princesa prateada com os seus olhos claros abertos. Ela acordara. Rhaenys tentava levantar-se, quando Kádis a olhou. Apressou-se a trazer-lhe água.

- Bebei. – Disse ele calmamente.

Quando ela acabou de beber água perguntou:

- O que aconteceu?

- Trocastes de pele com Balerion. Depois estiveste inconsciente durante três dias. – Respondeu o moreno.

Ela pareceu parar para pensar. Ainda lhe parecia cansada.

- Vou retirar-me, estais cansada. – Disse ele saindo do aposento antes que a jovem pudesse dizer algo.

Caminhou rapidamente até ao seu quarto de dormir e deitou-se na cama. Adormeceu profundamente. No seu sonho caminhava sozinho pela fortaleza vermelha, que estava agora repleta de labirintos e salas secretas. Sempre que abria uma porta ouvia um grito distante, e as pessoas que lá encontravam dormiam profundamente. Sempre que as tentava acordar um logo gigante saltava para cima de Kádis mordendo-o.

Acordou com uma criada com cabelos cor de mel acordou-o.

- S'nhor a Rei Aegon mandou chama-lo. - Anunciou ela.

- Ele disse o que queria? - Perguntou o moreno.

- Não, S'nhor.

- Saí. - Pediu por fim.

Vestiu um gibão negro com dragões vermelhos bordados e foi de encontro ao príncipe. Quando entrou no seu aposento, ele estava sentado numa cadeira junto da janela.

- Tio. - Cumprimentou Aegon sem desviar o olhar do céu azul.

- Vossa graça. - Ripostou o mais velho.

- Sabeis porque vos chamei aqui? - Perguntou o sobrinho. Fez-se silêncio. - A minha mãe insiste que Anya deseja o meu trono. - Olhou para Kádis. - Quer que vos vos torneis o meu regente.