Festa na Floresta da Noite Eterna
Tesouros de Belasco
Um silêncio incomodo tomou a biblioteca. A mesagem havia sido gravada por um homem jovem, talvez uns dois anos mais velho que Estevan ou Paulo.A voz era suave e confiante.Apesar de ter sido gravado em um disco e reproduzida pelo gramofone o som era perfeito. Como se Belasco estivessem diante deles.
-Ele poderia ter limpado a mansão antes de nos convidar!-Estevan falou alto.Não havia necessidade para isso, Paulo e Tatiana estavam ao lado dele. Mas falar alto era uma maneira de espantar o medo.
-Que coisa bizarra! Parece que estamos em um livro de Stephen King!-Tatiana falou examinando o disco.
-A sua gótica Wiccan iria adorar isso.-Estevan falou voltando á examinar as estantes no fundo da biblioteca.
Paulo teve vontade de responder mas desistiu. Seria perda tempo tentar educar Estevan na diversidade cultural e infelizmente ele não estava de todo errado.Cybelle adoraria ter ouvido o convide de Belasco.Ela ocasionalmente se queixava da normalidade da vida cotidiana.Pelos menos eles teriam muito sobre o que conversar. A vida de Belasco era um tema fascinante. Milionários obscuros e bizarros sempre são.
-Isso foi feito em 1922.-Tatiana apontou para Paulo as letras miúdas,quase apagadas no disco.
-Para um cara que gostava de bancar o anfitrião, receber os convidados desse jeito parece falta de educação.
-Talvez ele estivesse ocupado.Muito ocupado, se é que me entendem?-Estevan falou trazendo uma caixa de prata.
Colocou a caixa ao lado do granofone e abriu.O conteúdo eram centenas de fotos preto e branco.Meninas nuas se abraçando e beijando.Lambendo o rosto de homens,muito mais velhos que elas. Homens deitados com cachorros nas posições do Kama Sutra. Fotos de pedofilia,zoofilia... uma foto para cada tipo de perversão sexual existente.
-Foi naquele tapete que o matusalém fez um ménage à trois.-Algumas delas tinham sido tiradas na biblioteca.Como Estevan apontou para a foto de um velho, com uma longa barba, com duas meninas, no tapete de tigre em frente a mesa.
-Qual desses será que era o Belasco?-Tatiana,que apesar da repulsa ainda estudava as fotos.
-Deve ter mais de 600 fotos nessa caixa!Onde encontrou ela?-Paulo perguntou, enquanto Estevan ainda olhava para o tapete.Provavelmente se imaginando no lugar do velho, com duas garotas completamente submissas a ele.
Estevan se dirigiu para as estantes do fundo. Tatiana e Paulo seguiram calados.
Na última estante, varias caixas, com belíssimos detalhes, estavam distribuídas pelas prateleiras. Os três começaram a colocá-las no chão e abri-las. Em uma havia desenhos de plantas e flores assinados com as iniciais CB.Em outra documentos em inglês e francês,organizados em ordem cronológica de 1921 até 1928.O papel estava amarelado pelo tempo mas graças as caixas metálicas foram poupadas das traças e cupins.Paulo desdobrou um papel que se revelou ser a planta da mansão. E junto dela uma foto.
-Esse deve ser o Belasco jovem!-Tatiana apontou para o belo rapaz da foto.Ele posou para foto vestido um smoking na frente de uma mansão.Ele tinha um sorriso que parecia misturar malícia e arrogância.Parecia estar rindo de Tatiana. No verso a inscrição “Charles Belasco.Hampstead, London 1920.”
-Parece que ele construiu essa mansão como uma réplica da original.
-Nostalgia ou uma tentativa desesperada de reviver os dias de glória?-Tatiana perguntou mais para si mesma do que para outra pessoa.
-Olhem para isso!Quando será que vale?-Estevan exibiu uma taça prateada e apontou para a caixa onde existiam mais taças.
-Eu não faço idéia mas com certeza são caras.-Tatiana respondeu pegando outra taça.
-Que tal brincar de caça ao tesouro? No final a gente dividi o que achar.-Estevan sugeriu enquanto abria outra caixa.
-Roubar o lugar ?-Paulo indagou.
-Não é roubo! Quer dizer...essas coisas não têm dono desde de 1969.Seriamos mais como exploradores.-Estevan pegou outra caixa da estante.
-Tecnicamente a mansão pertence á prefeitura...porém eles não vão dar falta de algo que eles não sabem que existe.-Tatiana estava maravilhada com o tabuleiro de xadrez,feito de cristal, na caixa que Estevan tinha acabado de abrir.
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