Ferro e prata

Expressão familiar


Corrin não se recordava muito de sua infância, apenas imagens embaçadas como se houvesse uma cortina de vapor entre ele e suas experiências. Haviam aquelas pessoas importantes que aos poucos se destacam na névoa. O tempo passava tão devagar enquanto esperava aqueles rostos aparecerem diante dele outra vez, temia que os esquecesse enquanto estava solitário.

Mas eles sempre voltavam para lhe fazer companhia, felizmente. Pela perspectiva de alguém que cresceu confinado entre as paredes de um forte, o mundo devia ser grande. Entretanto, chegou a se surpreender mais do que imaginava, uma vez que haviam a guerra, a traição, o sangue, e a dor de seus conhecidos.

Dessa forma, quando viu aquela expressão familiar no rosto de Shiro não demorou a auxiliá-lo. O rapaz, apesar dos olhos nublados de incompreensões, parecia estar conseguindo dar contar dos inimigos que o cercavam relativamente bem, mas era questão de tempo até que a inexperiência no campo de batalha se tornasse mais evidente e os inimigos percebessem.

O filho de Ryoma, seu meio sobrinho, também parecia saber disso. Desse modo, ao compreender que tinha um reforço à sua disposição, Shiro sorriu com mais confiança, mesmo que as mãos ainda estivessem tremendo um pouco ao segurar a arma. Era compreensível, mas aquela hesitação podia lhe custar a vida.

Se havia sido bom ou não manter o rapaz na ignorância quanto aos fatos não se poderia saber. Por um lado, Shiro teria tido a infância que Ryoma não conseguiu, por conta do peso do título que carregava, por outro era como Shiro tinha alegado ao encontrar com seu pai: talvez aquele peso repentino fosse difícil de lidar. Fosse o que fosse, Corrin não deixaria o seu lado.

Naquele momento, não imaginava ainda a mudança que sua perspectiva teria, mais uma vez, ao conhecer aquele rapaz.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.