Interrompidos

– Então... Gostou da escalada? – Ele perguntou descontraído, ainda sorrindo, embora seu rosto estivesse tenso.

Ele tinha ficado muito nervoso quando a vira escorregando em direção á morte.

A chuva havia se transformado em uma tempestade implacável, e, sem ter como voltar pelas arvores ate a casa, já que estava escuro e nenhum dos dois parecia lembrar-se do caminho, eles tinham se abrigada sob uma caverna, cheia de pedaços quebrados de madeira, não muito longe do lugar onde Rapunzel quase caíra.

Ela olhou para ele, os olhos verdes opacos pela escuridão que ia tomando conta do lugar.

– Claro. Amo passar por situações onde minha vida corre risco. Obrigada Jack.

Sua resposta sarcástica o fez abaixar a cabeça, quase triste.

Uma ponta de culpa fez seu peito doer.

Depois de alguns minutos constrangedores, ela voltou a falar.

– Hey, Jack? Desculpe-me, não queria ser rude. – Ela colocou a mão sobre o ombro dele com cuidado, como se pudesse dar um choque.

– Esta tudo bem. – Ele passou o braço coçando o nariz. O calor da mão da garota era tão bom.

Ela sorriu. Pegou uma mecha do cabelo encharcado e começou a brincar com ela, os olhos voltados para o teto da pequena caverna.

Jack, o mais sutilmente que conseguiu, sentou mais perto dela. Tao perto que seus braços se encostaram e um pequeno choque correu pelas peles de ambos.

– Ah me desculpe... - Rapunzel começou, mas Jack também estava pedindo desculpas, o rosto cor de rosa. Ela riu um pouco. – Você é tão fofo.

Antes que se desse conta, as palavras já haviam saído. Foi a sua vez de ficar vermelha.

– E-eu qu-quero dizer... – Mas Jack a interrompeu com abraço. Um daqueles abraços de urso, mas que não quebram suas costelas. Eles só te envolvem completamente.

O garoto estava rindo, seus cabelos brancos arrepiados fazendo cocegas nas bochechas coradas da garota.

Ela o abraçou de volta, não se importando com a sensação de queimação em sue estomago.

A chuva em fim parou. E eles se separaram. Jack se aproximou de novo, dessa vez inclinando-se para o rosto de Rapunzel. Seus lábios estavam tão próximos que ele podia sentir o cheiro de morango do brilho que ela usava.

Fechando os olhos, eles estavam prestes a vencer a distancia, quando uma voz interrompeu o momento.

– Rapunzel! Jack! Onde vocês estão suas ovelhinhas perdidas?

– Merida. – Rapunzel fechou os olhos e sorriu. Jack por outro lado, não estava tão contente.

Uma cabeça de cabelos castanhos espiou dentro da caverna.

– Mer, eles estão aqui! – Soluço gritou de volta, olhando desconfiado para os dois.

Poucos segundos depois, uma cabeleira ruiva despontou, ao lado da de Soluço.

– Humm... – Ela sorriu, os olhos brilhando com malicia.

– Oh cale a boca Merida. – Rapunzel disse, levantando-se e torcendo para que seu rosto não estivesse vermelho.

A amiga riu, mas não disse mais nada.

– Elsa e Flynn devem estar de volta em algumas horas. E aposto que sua prima responsável não vai gostar de nos ver no meio da floreta, sozinhos.

Soluço estava serio. Ao parecer, ele tinha mais medo de Elsa do que as garotas.

Os quatro caminharam de volta ao casarão, chapinhando nas poças recém-formadas.

As nuvens estavam azuis agora, ao invés do cinza e negro de alguns minutos atrás.

– Então, o que vocês dois estavam fazendo naquela caverna, hein? – Merida perguntou um sorriso travesso brincando em seus lábios vermelhos.

Rapunzel corou. E Jack fez cara de emburrado, colocando as mãos nos bolsos.

Quando estraram, os quatro suspiraram gostosamente, recebendo o calor que se abateu sobre eles.

Rapunzel correu para tomar um banho, e Jack fez o mesmo no andar de baixo.

A ruiva abriu a geladeira e tirou batatinhas congeladas de lá de dentro.

– E então magricela o que acha de um lanchinho nada saudável para a janta?

Soluço sorriu, mas desviou o olhar logo em seguida. Sacudiu a cabeça e sentou-se junto com ela no sofá, tirando as botas de chuva.

Nenhum deles disse nada por longos momentos. Ate que o moreno resolveu quebrar o silencio.

– Por que, - ele fez uma pausa, pressionando os lábios um contra o outro enquanto pensava. – Por que você nunca me ligou depois que foi embora?

Merida, que estava sorrindo com a atrapalhação dele, ficou seria de repente.

– Eu não liguei porque... Bom, eu não sei. Você já tinha encontrado alguém para te fazer feliz, que diferença iria fazer um telefonema de uma velha amiga?

Ela sorriu triste, mostrando os dentes e ergueu os ombros.

– Toda. – Ele falou tão baixo que ela não pode compreender.

– O que? – Ela olhou dentro dos olhos dele confusa. Ela seguiu o olhar perdido do garoto ate sua mão. Ele entrelaçou os dedos de ambos e suspirou pesadamente.

– Iria fazer toda a diferença. – Suas palavras saíram com uma veemência e força que ela nunca tinha visto no amigo.

Mas antes que ela pudesse responder, um barulho de botas batendo contra madeira os fez afastarem as mãos e os corpos.

– Uf. – Elsa entrou, sacudindo o capuz para longe dos cabelos prateados como a lua que ainda não havia aparecido. – Essa tempestade foi uma droga.

Flynn, pingando agua por toda a porta de entrada bufou e se sacudiu inteiro.

Merida estava olhando para o nada, focando em uma parte branca na pintura. Soluço coçou um dos braços e concordou com a mais velha.

– Realmente uma droga.

Eles jantaram lanches fast-food, hambúrgueres gordurosos e suculentas batatas fritas.

Uma lua tímida apareceu no céu na hora em que Rapunzel sentou-se na cama, penteando os cabelos com uma outra escova, já que a sua ficara presa no arbusto dentro da floresta.

Flynn e Elsa tinham ficado na sala, bebendo vinho e sussurrando um para o outro, então a garota decidiu que não queria ficar de vela.

Merida estava jogando cartas com Soluço na varanda. A loira havia relutado em deixar os dois sozinhos. A ruiva poderia fazer alguma besteira.

Mas finalmente ela decidiu deixa-los, afinal, não era sua vida.

Agarrando um cobertor, ela abriu as janelas e pulou para fora, escalando com cuidado as reentrâncias da madeira.

Uma vez sentada sobre as telhas, ela se deixou inclinar, os olhos verdes observando as estrelas fascinada, tentando capturar tudo em uma única olhada.

Alguém pigarreou ao seu lado. E, se não estivesse tão concentrada nas estrelas, ela provavelmente teria rolado teto abaixo.

Levou alguns segundos para sair do transe.

Jack Frost estava sentado, somente alguns centímetros distantes. Os pés descalços como os dela, os cabelos brancos refletindo a luminosidade azulada da lua.

– Uma lua azul. – Ele apontou para cima, elevado, um sorriso brincando em seus lábios pálidos. – Você sabe, isso é algo muito especial.

A voz do garoto se enroscou nos ouvidos de Punzie, fazendo com que esquecesse toda a sua irritação.

– Uhum. – Ela fez uma pausa, arrastou o cobertor para perto dele e se sentou, sentindo o leve roçar de suas peles. – Dizem que marca grandes acontecimentos.

Jack riu. Esticou um braço constrangido e então enlaçou os ombros de Punzie, fazendo a garota corar furiosamente e paralisar onde estava.

– Bem, deve ser algo gigantesco então. – Ele falou, olhando a lua enorme e brilhante, e as estrelas, como a piscar para os dois.

Rapunzel sorriu, depois soltou uma risada suave e constante. Estava gargalhando e não sabia o porquê. Aquele... Garoto invernal a fazia sentir leve. Livre.

Deixou sua cabeça encostar-se nos ombros magros dele, os cabelos dourados escorregando pelo agasalho azul que ele usava.

As estrelas pisacaram uma vez. Certamente, luas azuis são especiais.

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