Depois de um papo leve e cheio de risadas eles se encaminharam para o carro e logo chegaram a casa com Victória bocejando cansada daquele dia, mas queria conversar com sua menina e a chamou para que subissem juntas para o quarto. Emiliano veio logo atrás e parou Victória mostrando o celular a ela que leu o conteúdo e respirou fundo o olhando.

— Diga que amanhã iremos vê-la e não conte a seu pai! — o beijou na bochecha com ele confirmando com a cabeça e ela subiu para encontrar Fernanda.

Victória entrou em seu quarto e sua menina estava deitada na cama encontrando um canal para assistir, Victória foi direto para o banheiro e arrancado aquela roupa tomou um banho rápido depois de fazer xixi, saiu vestida em seu roupão e Fernanda riu do jeito dela.

— Desculpa, eu precisava de um banho! — deitou a seu lado suspirando.

Fernanda se aproximou mais tocando sua barriga e a olhou nos olhos.

— Quer conversar sobre o que aconteceu na sorveteria?

— Minha filha, eu só quero entender as coisas que acontece entre vocês!

Fernanda sorriu e sentou na cama cruzando as pernas.

— Mamãe, foi uma brincadeira e eu e Emi somos somente irmãos mesmo! — garantiu.

— Meu amor, vocês podem muito bem estar nutrindo sentimentos um pelo outro e nessas brincadeiras que fazem conseguem dizer o que realmente sentem!

Fernanda sorriu pelo cuidado da mãe e deitou novamente nos braços dela a abraçando, durante muito tempo tinha feito falta aquele cuidado todo por ela somente ficar no trabalho e agora que a tinha ali tão presente e cuidando para que ela não sofresse a fazia sorrir encantada querendo mais e mais dela. Victória queria conhecer o coração de sua menina para que ela não se machucasse e se ela estivesse gostando de Emiliano não seria contra assim como não tinha sido com Maria e Alejandro.

— Mamãe, eu me sinto tão feliz por você se preocupar comigo e meus sentimentos!

Victória a apertou mais em seus braços beijando seus cabelos e suspirou porque tinha a plena consciência do quanto as deixou de lado por conta do trabalho.

— É assim que deveria ter sido desde sempre, mas eu te prometo que nunca mais deixarei de estar presente na sua vida e na de Maria.

— Eu fico muito feliz em saber disso! — levantou o rosto e a beijou muito. — Eu quero que fique tranquila em relação a mim e Emiliano porque a gente se ama mais como irmãos! Emi é maravilhoso mais não nos vemos como casal ou nada do tipo!

— Vocês já se beijaram?

Fernanda levantou rindo e novamente sentou.

— Um dia estávamos conversando e se questionando sobre ser um casal, nos olhamos e nos aproximamos como se fosse rolar um beijo, mas não conseguimos porque de verdade é como beijar um irmão! — era a verdade e Emiliano pensava da mesma forma.

— Quero que me conte se esses sentimentos mudar! — segurou a mão dela. — Você é uma menina ainda e tem muito para viver, mas com consciência! — era um conselho e uma advertência.

— Eu quero terminar meus estudos e viajar o mundo conhecendo novas culturas e aprendendo o que o mundo tem a me oferecer! — os olhos brilharam. — E sem álcool ou drogas! — riu.

— Você pode beber mais não precisa exagerar porque eu adoro uma taça de vinho e só deixei de beber enquanto vocês estavam aqui no meu ventre assim como Mariana!

— Mamãe, eu bem me lembro da senhora rindo pelos cantos com o papai e querendo sexo depois de tomar meia garrafa de vinho! — provocou.

Victória gargalhou levando as mãos ao rosto cheia de vergonha e Fernanda não ficou atrás e novamente deitou a seu lado.

— Eu sempre fui feliz ao lado de seu pai e o vinho só deixa as coisas mais saborosas e um dia você vai me dar razão!

— Mães sempre têm razão! — a beijou mais no rosto. — Eu te amo mamãe!

— Eu amo muito você! — a beijou onde conseguiu adorando aquele chamego.

— As duas estão de fofoca aí e nem me convidaram? — Maria entrou no quarto já indo para a cama, empurrou Victória para que ficasse no meio e se acomodou a seu lado.

— Maria, você já tomou vinho com Alejandro? — perguntou risonha.

Maria no mesmo momento ficou vermelha e olhou para a mãe.

— Pode falar minha filha!

— Tomamos uma única vez e o que senti foi indescritível.

— Vou aprender a tomar vinho então!

As duas de imediato olharam para ela e Fernanda gargalhou adorando aquele momento que era somente das três as deixando ali por um longo tempo até que Victória pegou no sono junto a suas meninas que estavam grudadas nela com a mão na barriga. Victoriano que tinha se perdido no tempo com alguns afazeres da fazenda, entrou ali e sorriu com a linda imagem das três adormecidas e agradeceu a Deus pela família que tinha ganhado, sempre sonhou em ter meninas pela casa e agora tinha três com sua pequena que logo completaria aquela felicidade.

Ele foi até o armário e pegou uma roupa para tomar banho e para que elas não despertassem, ele saiu do quarto e usou o de visitas. O dia estava terminado e na memória só sorrisos de uma tarde perfeita em família.

(...)

DIA SEGUINTE...

Victória despertou aquela manhã decidida a resolve as questões que Inês ainda achava ter com ela, seria a última conversa porque não estava disposta a encontrá-la por querer nunca mais, se encontrariam sim, mas por casualidade já que ela era a mãe dos meninos. Ela usou um de seus vestidos longos e preto que fazia com que sua barriga parecesse menor, desceu para o café da manhã beijando a todos e eles iniciaram o café já que a esperavam.

Victória conversou como se nada fosse ocorrer e depois de dispensar a todos ficou somente com Emiliano que a olhou com um sorriso cúmplice querendo que de fato aquele problema entre elas se resolvesse.

— Vamos? — ficou de pé a olhando.

— Pegue uma garrafa com água porque está muito calor e eu preciso me hidratar até chegar lá! — riu ficando de pé.

Emiliano fez o que ela pediu e eles foram em direção a casa de Inês, chegaram e ela já os esperava na varanda, Victória olhou para seu menino no volante e disse:

— Vá dar uma volta e daqui uns trinta minutos você volta!

— Eu não posso te deixar aqui sozinha com ela e se acontecer alguma coisa o papai me mata! — negou com a cabeça.

Ela sorriu tocando seu rosto.

— Fique tranquilo que eu não irei passar daquela varanda! — o beijou.

Emiliano mesmo contrariado desceu do carro e foi para o outro lado e a ajudou a descer do carro, olhou para a mãe que os observava e dali saiu caminhando pela fazenda para deixá-las conversar, mas ficaria por perto para se precisasse. Victória subiu os degraus com calma e a encarou.

— Já estou aqui e espero que não me faça perder tempo!

Inês a analisou por completo e estendeu a mão para que ela sentasse no banco que tinha do outro lado da porta já que ela não sentaria no que estava a seu lado, Victória se sentou e acariciou a barriga num gesto natural.

— Eu vou sair do país e quero ter a certeza que meus filhos irão ficar bem com você!

Victória riu porque era inacreditável ter que ouvir aquilo.

— Me diga quando foi que ouviu alguma queixa sobre mim de algum deles? — não seria gentil e muito menos baixaria a guarda para que algo pudesse lhe acontecer mesmo que ela estivesse naquela cadeira. — Você está procurando uma desculpa para estar frente a mim e eu não entendo o motivo já que me odeia tanto sem eu se quer ter te feito algo!

— Acha pouco ter aparecido em nossas vidas? — trincou os dentes.

Victória teve que rir novamente mais em completo deboche.

— O seu problema comigo é que eu tirei o seu brinquedo de anos e isso te deixou revoltada, mas se você parar pra pensar não tem motivo algum pra ter ódio de mim já que eu te fiz um favor de tirar Victoriano da sua vida para que você fosse feliz, mas resultou que seu ego era muito maior do que o sentimento que você tinha pelo homem no qual estava casado! — foi direta. — Não respeitou o seu relacionamento e muito menos o meu quando mentiu para Victoriano que eu tinha te agredido!

— Eu somente queria recuperar a minha família!

— Pare de mentir para si mesma e assuma de uma vez que você somente olhou para trás quando outra mulher se interessou por ele de verdade, ou melhor, quando ele se interessou por alguém que não era você! Inês, você teve anos para tentar recuperar sua família e simplesmente decidiu isso quando ele se apaixonou por mim?!

Era a verdade jogada em sua cara e ela sentiu ódio de si mesma por chegar aquele ponto de ter que ouvir Victória dizer todas aquelas coisas que ela já sabia e também tinha ouvido de Arthur.

— Eu não estou aqui pra ficar te dizendo o que você já sabe e se o seu medo é de que eu machuque seus filhos ou coisa parecida... — riu porque ela era mãe e jamais faria algo contra o filho de outra pessoa. — Eu te garanto que darei somente amor a eles como dou desde o começo e que você também deveria fazer igual, Emiliano e Alejandro só querem seu bem e não é por estar nessa condição lamentável que você tem que fazer a vida de todos um inferno!

— Não fale como se fosse superior a mim porque você não é!

— Eu não quero ser superior a você, eu sou mãe e por muito tempo negligenciei as minhas filhas por trabalho depois que meu esposo faleceu, eu tive que tomar conta de uma empresa e de duas meninas, mas eu não fiz o meu papel direito e deixei as minhas filhas de lado e não quero que faça o mesmo com seus filhos porque eles querem estar ao seu lado e você insuportável assim não se pode!

— Eu estou presa nessa maldita cadeira e você quer que eu fique sorrindo pra tudo e todos? — trincou os dentes.

— Não! Eu quero que você mude seu jeito de ser e lute pra sair dessa cadeira e ser feliz ao lado de quem você realmente ama! — ficou de pé. — Se precisa ir para se encontrar, eu prometo a você que cuidarei de seus filhos como se fossem meus, mas não use disso para se aproximar do meu marido! — foi firme. — Do mesmo modo como estou aqui conversando civilizadamente com você, eu posso muito bem te dar a sua que um dia você inventou!

Ali Inês entendia o porquê de Victoriano ter se apaixonado por ela, Victória era firme em suas palavras e decisões. Era o fim de uma rivalidade que somente existia em sua cabeça porque aquela guerra Inês tinha perdido.

— Obrigada por ter vindo até aqui e cuide bem de meus filhos enquanto eu estiver fora!

— Pode ter certeza que farei por ele o mesmo que faço por minhas filhas! — sentiu as pernas molhar e olhou para baixo. — Oohh meu Deus...

— O que foi? — se preocupou porque não queria problemas.

— A minha bolsa se rompeu!

Só podia ser sacanagem a menina querer nascer justo naquele momento, pensou Inês.