Faça meu desejo se realizar

Capítulo II - Só tem uma coisa que eu preciso


Os passos e os risos de Gregory e Hyacinth despertaram Colin de seu sono. Ele amava a sua família e faria qualquer coisa por cada um deles, contudo a desordem era uma constância nas manhãs da Bridgerton House. Sabendo que não conseguiria dormir sequer mais um segundo, Colin levantou-se e vestiu-se para o café da manhã e colocaria seu plano para conquistar Pen o mais rápido possível. O cheiro de seu perfume grudou em seu moletom e foi o que o levou para o mais profundo sono. Penélope era seu amor, sua amiga, sua casa, sua tranquilidade. Fora um tolo por não notá-la antes, faria tudo para conquistá-la e passaria todos os dias de sua vida venerando o solo ao qual ela pisa, se assim permitisse.

O moreno desceu as escadas e encontrou sua mãe, Eloise, Gregory e Hyacinth tomando o café da manhã. Depositou um beijo nos cabelos da matriarca e sentou-se ao seu lado, servindo os mais deliciosos biscoitos, pãezinhos, sanduíches, tortinhas e bolos que estavam na mesa.

— Querido, falta somente a sua mala para colocar no carro e depois poderemos partir para o interior. – disse Violet em tom de alegria.

— Sinto em desapontá-la, mamãe. Não irei para Aubrey Hall este ano. – respondeu Colin bebendo seu chá e olhando apreensivo para a mais velha.

Violet engasgou com seu chá diante da notícia.

— Não me diga que já partirá para sua próxima viagem! – disse Eloise em tom debochado.

— Não, não planejo viajar tão cedo. – ele encarou a irmã e depois a mãe. – Desculpe, mamãe. Tem algo muito importante aqui em Londres que impossibilita minha viagem.

Violet o encarou e percebeu sua sinceridade e algo mais escondido em seus olhos, algo caloroso que ela se lembrava de perceber nos olhos de seu falecido marido. A viscondessa viúva conhecia muito bem cada um de seus filhos, sorriu para o terceiro e afagou-lhe as mãos.

— Não seria, alguém?

Colin fitou seus olhos e tinha ciência de que não poderia mentir para sua mãe e por isso acenou em concordância.

— Sempre desejei que você notasse o que estava em seu coração e diante de seus olhos. Espero que Penélope o receba de braços abertos. Depois da noite de ontem não há dúvidas que ela ainda o ama.

Foi a vez de Eloise engasgar. Gregory teve a decência de dar batidinhas em suas costas, assim que recuperou o ar, apontou a faca de forma ameaçadora para Colin.

— Você não ouse brincar com os sentimentos de Penélope! Eu não suportaria vê-la chorando mais uma vez por você!

— Eloise! - exclamou sua mãe pedindo que se acalmasse. – Querida, você sabe! Achei que você não soubesse sobre os sentimentos de Penélope…

— Ah mamãe, sinto-me uma péssima amiga. Demorei muito tempo para perceber os sentimentos profundos que Pen guarda em seu coração, até que a peguei cantando uma música romântica olhando para uma foto de Colin. Ela estava bêbada e vocês sabem o dizem, não há nada que o álcool não deixe transparecer. Fiquei chocada e obviamente depois de um tempo pensei que foi um engano, já que Penélope nunca tocou no assunto comigo, sua melhor amiga! Somente naquela maldita festa que você declarou em alto e bom som que nunca sonhou em cortejá-la e posteriormente Pen ficou apática, tive certeza de seus sentimentos pelo meu querido irmão. Então, ouça-me Colin, não brinque com o coração dela. Isso é uma ameaça! Posso nunca ter notado antes, mas não vou permitir mais nenhum deslize seu.

Colin sustentou o olhar de Eloise, que possuía fogo em seus olhos.

— Eu não vou quebrar seu coração, El. Sei que meu histórico não é bom, mas eu a verdadeiramente a amo. Meus dias na Grécia pareciam sem vida, minhas viagens parecem não ter um propósito. Viajo o mundo procurando respostas para a inquietação que há em mim, mas parece que tudo gira em torno de uma fumaça que logo perece quando acredito que estou próximo de finalmente descobrir a verdade sobre mim. Exceto a presença de Pen e seu abraço. Ela é meu lar, minha constante e minha Penélope, não sou atormentado por minhas inseguranças quando ela está por perto ou em minha mente. Sinto que imito Odisseu, o herói que viaja pelo mundo, mas nada se compara em voltar para sua Penélope. Voltei por ela, ela é minha casa. – o moreno disse sinceramente e Eloise percebeu a verdade em seus olhos.

— Tudo bem! – bufou a mais nova com todo o exagero romântico de seu irmão; Violet tinha os olhos marejados enquanto Hyacinth e Gregory acompanhavam todo o drama – O que planeja fazer?

— Bem, pensei em algo romântico. Penélope adora música e sei que ela gosta de me ouvir cantar. Um jantar e uma balada no piano na noite de Natal me parece uma boa ideia.

— Oh querido, ela vai adorar! – exclamou Violet.

— Ela realmente vai amar, mas acho que ela merece uma demonstração melhor e que a faça entender que ela é o que você deseja. Algo marcante, tal qual Ulisses fez para sua Penélope, não é? Sei que Penélope nunca se sentiu verdadeiramente reverenciada, ela anseia por isso. – Colin encarava a irmã e assentiu. Algo passava na mente de Eloise, seu rosto tornou-se contemplativo. – Uma vez a peguei chorando assistindo " 10 coisas que odeio em você", especialmente na cena que Patrick canta para a Kat, ela disse que achava que nunca viveria algo tão marcante quanto alguém cantando para ela em público. Para alguém tão discreto e tímido, me assustei com sua declaração. Vocês formam um casal realmente perfeito, dois românticos!

As palavras penetravam na mente de Colin e ele sorriu com a ideia de uma demonstração pública de carinho. O mundo precisava saber de seu amor por Penélope Featherington. Ele gostaria de gritar aos quatros ventos a maravilha que ela era e como seu coração batia freneticamente sempre que a via. Gritar, não. Ele deveria cantar. Oh, algo que ela gostasse muito.

À medida que seus pensamentos fluíam, se lembrou que não agradeceu a irmã pela ideia. Na verdade, ele acabara de notar que Eloise o ajudou.

— Obrigado, El. – ele suspirou sorrindo e a compreensão varrendo sua mente. – Espere aí, você está me ajudando?

A quinta filha mordeu o pedaço de bolo e assentiu.

— Ela merecia alguém melhor, mas infelizmente Penélope gosta de você e ela merece se sentir amada. Aliás, mamãe eu não vou para Aubrey Hall! – Eloise sentenciou, se levantando e correndo em direção a Colin. – Quero ajudar Colin. Sua declaração deve ser perfeita e acredito que posso ajudar.

Colin se levantou e abraçou Eloise em agradecimento. Sempre foram próximos e sabia que a irmã faria tudo por ele, mas também tinha ciência que ela sempre protegeria e lutaria por Penélope. Jamais colocaria a amiga em uma situação que poderia machucá-la, contar com o apoio de Eloise significaria mais para Penélope do que a opinião de qualquer outra pessoa. Eloise acreditava nele e em Pen. Colin sentiu-se corajoso com seu apoio.

Violet se juntou aos dois filhos e os abraçou

— Tudo bem, queridos. Tudo pela felicidade dos meus filhos.