Fate/Zero Lógica

Nascimento da...Insanidade?


O que define uma lenda?

Essa pergunta aparentemente simples pode ser mais profunda do que a pessoa comum pensa. A lenda é simplesmente um conto sobre eventos ditos como sobre-humanos? Ou é algo mais, um modelo que olhamos e almejamos nos tornar?

Quando a maioria das pessoas leem sobre esses feitos nobres elas os veem como meras historias, um fruto da cultura de povos antigos, simplesmente por sua crença na impossibilidade desses atos lendários.

Os magus não são a maioria.

Eles sabem que, por trás daqueles contos aparentemente impossíveis, existem fatos. Magia antiga, perdida no início dos tempos; força de vontade inquebrável; e mesmo coisas simples como ideais e sonhos. Tudo isso levou os heróis do passado a superarem suas limitações e tornarem-se mitos. Tudo isso é a composição dos chamados Espíritos Heroicos invocados do Graal Maior de Fuyuki. Essas presenças também são comumente conhecidas como Servos, quando invocados para lutar nas Guerras do Santo Graal.

Um poderoso dispositivo capaz de conceder ao último par de Servo e mestre um desejo, essa presença, antes neutra, foi corrompida pelo espírito representativo da classe irregular Avenger – também conhecido como o Mal de Todo o Mundo, Angra Mainyu – um ser que deseja apenas trazer caos e destruição a humanidade. Antes uma desesperada tentativa da família Einzbern de conseguir a vitória. Todo esse plano desmoronou quando se viu o quão fraco a suposta “divindade” era, acabando por ser morto cedo.

No entanto, em vez de se tornar combustível para o Graal, Angra Mainyu acabou por fundir-se a ele e virou o próprio cálice. Assim, por anos a fio, ele esperou. Esperou a hora em que uma nova geração buscaria a realização de seus sonhos mais ardentes.

Mas...

O que andou fazendo Angra Mainyu durante todo esse tempo?

Dizer que Angra Mainyu estava entediado seria pouco.

Sendo justo, o interior do Graal realmente não era um local com muitas coisas para fazer. Era, literalmente, um espaço cheio de nada a não ser escuridão e o receptáculo que ele tinha escolhido utilizar. A única coisa que ele tinha como passatempo era praticar com suas armas, e mesmo isso não era realmente interessante.

Ele não era estúpido quando fez seu desejo ao Graal: ele sabia que levar devastação ao mundo não seria um processo rápido. O problema era que, em um lugar onde tempo é um conceito relativo, sessenta anos podem se tornar seiscentos.

Avenger suspirou. Ele realmente queria que a hora da guerra chegasse logo...

E, bem nesse momento, surgiu uma caixa de texto na frente dele.

—Que diabos é isso??

Ele também desenvolveu o hábito de falar consigo mesmo.

O Mal de Todo o Mundo se recuperou da surpresa e decidiu focar no que estava escrito. Um grande título em letras cinzas dizia: “Quarta Guerra de Fuyuki: Configurações.” Abaixo ele leu: “Classe: Saber/Identidade: Rei Arthur”, acompanhado da imagem de...uma mulher? Lendo mais ele viu que a configuração geral era assim, se repetindo mais seis vezes até parar. Bem no fim, haviam três opções; “Alterar configurações”, “Salvar” e “Começar”.

—Huh. Que maneira curiosa de organizar a guerra.

—De fato. Só para criar essa aba demorou uma eternidade.

Mainyu se virou rapidamente e viu a coisa que menos esperava ver naquele vácuo: um ser humano.

Ele realmente não parecia grande coisa. Um homem magro, de cabelo castanho e com um rosto comum, embora que possuísse uma expressão que ele só poderia definir como entediada. Estava usando uma camisa com gravata, um jaleco, calças jeans e tênis. Entretanto, mesmo com essa aparência um tanto quanto sem graça, uma aura de poder emanava dele que o fazia respeitar sua presença.

—Quem é você? –perguntou Angra Mainyu.

—Você pode me chamar apenas de Heathcliff por ora –respondeu a nova figura.

O espírito do Graal olhou para o agora nomeado Heathcliff e perguntou:

—Você clama ser responsável por essa... – ele não conseguia achar a palavra correta

—Tela? –sugeriu o homem de jaleco.

—Isso, tela. Qual é o propósito dela?

—Auxilia-lo a administrar a guerra é claro.

O antigo Avenger olhou confuso para seu novo companheiro.

—Como assim administrar?

—Veja bem senhor...posso chama-lo de Mainyu?

—Não.

—Certo senhor Mainyu –continuou Heathcliff –fui invocado do Trono dos Heróis pelo Graal justamente para o ajudar a controlar os servos que irão lutar na Guerra.

-Então já é a hora da Quarta Guerra? –perguntou o persa

Heathcliff pensou um pouco antes de responder:

-Pelos meus cálculos estamos a dez anos da próxima guerra. Eu só pude aparecer aqui porque o primeiro mestre já foi decidido.

Angra Mainyu agora apontou para a tela flutuante:

-Então todas essas pessoas são os supostos servos da próxima guerra? –perguntou.

Ele fez que sim.

-Tudo isso para o ajudar a decidir que servos responderão ao chamado. Se quiser saber mais sobre cada um que será invocado –desejos, filosofias, etc. –só toque na imagem de cada um.

Para demonstrar, ele tocou na imagem do “rei” Arthur, e subitamente apareceu uma nova aba. Nela estava escrito o seguinte:

Nome verdadeiro: Artoria Pendragon

Títulos: Rei dos Cavaleiros, Único e Futuro Rei

Sexo: Mulher

Alinhamento: Bom Ordeiro

Força: B

Resistência: A

Agilidade: A

Mana: A

Sorte: D

NF: A++

Desejo: Salvação de seu reino, Camelot

Angra Mainyu foi lendo todas até terminar a última (Berserker). Nessa hora, Heathcliff perguntou:

—Então? O que achou desse elenco de lendas?

—Sendo sincero? Um tanto quanto entediante.

Heathcliff fez um gesto com um significado claro: “Explique”.

—Bem, não tenho problemas quanto a Saber, Archer e Rider. Cada um tem uma qualidade que me deixa um tanto quanto intrigado. Saber quer salvar seu lar e lutar com honra, Archer tem um ego enorme e o poder para fazer jus a ele e Rider é simplesmente uma alma livre. Mas os outros... Lancer só se importa em lutar honradamente, Caster é um esquisitão, Assassin tem tanta personalidade quanto uma pedra e Berserker, enquanto poderia fazer um drama legal com o “rei Arthur”, está tão ensandecido que não seria possível algo mais profundo.

O homem de jaleco esperou seu companheiro recuperar o ar perdido pela conversa longa. Realmente, fazia muito tempo que o Mal de Todo Mundo precisava falar tanto. Por fim o espírito continuou:

—Hunf...no fim não vai ser o caos que eu imaginava que seria.

—Mas ainda tem uma chance para ser.

Mainyu olhou inquisitivamente para Heathcliff.

—Como?

—Aperte “Alterar configurações”.

O persa fez o que foi pedido. Imediatamente um novo conjunto de opções apareceu, na forma de três símbolos; um sinal de mais, duas setas se cruzando e um x.

-O que significa isso?

-É bem simples na verdade: essas são as opções de adicionar uma classe, substituir um servo selecionado por outro e retirar da guerra uma delas. Mas essa ainda não é a parte mais interessante. Veja o que tem na aba de substituição.

Ao selecionar Lancer para ser substituído, uma nova janela surgiu. Nela havia duas opções: “Trono dos Heróis” e “Universos Alternativos”.

—Universos alternativos?

—Basicamente heróis que estão separados em realidades alternativas a nossa. Deu um trabalhão conseguir utilizar a Segunda Magia de Zelretch, mas no fim consegui.

Angra Mainyu o olhou com uma expressão confusa.

—Em resumo: você pode invocar mitos de outras realidades.

O homem de cabelo curto só recebeu como resposta um “Ah!” rápido.

—Mas...como isso funciona?

—Só selecione a aba dos universos alternativos.

Ao abrir a aba, apareceu uma longa lista de nomes e imagens, similar à da página inicial.

—Então todas essas figuras se tornaram lendas em suas realidades?

—Sim, alguns por fazerem o bem, outros por fazer o mal.... no fim, todos eles são figuras mais que dignas de serem enfrentadas em combate.

Angra Mainyu pensou um pouco.

—E....você disse que se pode adicionar mais classes além das sete regulares. Certo?

—Eu disse isso, sim. Mas alerto que você seria obrigado a ter também um servo da classe Ruler para manter a ordem e impedir uma catástrofe.

Silêncio. De repente, Angra Mainyu começou a gargalhar. Não era uma gargalhada de alegria. Era algo maligno, como se já pudesse sentir por antecipação o sofrimento por vir. Depois ele deu um sorriso louco, que deixaria no chinelo qualquer sorriso de assassino de filmes thriller.

—Se é assim, então.... Que o caos comece.

Então ele se voltou para a tela, e começou a mexer rapidamente na lista. Ele não só alterou todos os servos que não fossem Saber, Archer e Rider, como também adicionou mais quatro classes, Ruler incluso.

Após isso, Angra Mainyu mostrou a lista para Heathcliff. O escolhido pelo Graal a olhou.

—Então? O que me diz?

Após uma pequena pausa, ele respondeu:

—Você queria caos certo? –O espírito fez que sim. –Então caos você terá.

Mais uma vez o sorriso sádico surgiu no rosto do persa. Por fim, ele apertou salvar, e em seguida, começar. Um pequeno aviso apareceu perguntando se ele queria realmente utilizar aquela escalação.

—Sim, eu quero utilizar essa escalação.

Por fim, a tela carregou as configurações e, finalmente, desapareceu.

—Então, em uma escala de 1 a 10, o quão satisfeito você está satisfeito com essa configuração de escolha? –perguntou Heathcliff.

Mais uma vez o espírito vingativo sorriu e disse:

—Onze.

—Huuuumm.... Ok então. Se não se importa, poderia observar como a guerra vai ser daqui?

—Sem problema.

—Ótimo então.

Do nada, surgiram duas cadeiras e uma televisão.

—Que merda.... De onde surgiram essas coisas?! –perguntou o surpreso Avenger

—Eu só imaginei elas aqui.

Silêncio. Angra Mainyu só pode pensar, “Todo esse tempo era só pedir algo para me distrair?”, quando a tv ligou automaticamente.

—Huh. Os televisores realmente se desenvolveram desde o meu tempo.

Os dois se sentaram em seus assentos. De súbito, Avenger pediu:

—Algo pra comer por favor!

Do nada surgiu uma mesinha cheia de petiscos.

—Então.... Podemos começar? –perguntou Heathcliff.

—Por que a demora? –replicou Angra Mainyu.

E os dois começaram a ver o desenrolar dessa nova batalha.