Fate / Chain Reaction

O Começo do Grande Festival - Parte 3


Uma brisa suave passava pelo parque, levantando a poeira de uma cratera formada a pouco tempo por um machado colossal. Arya encarava Aleksia com um sorriso confiante, o mesmo agora notou algo diferente na garota, seus olhos com heterocromatina, sendo o esquerdo azul e o direito cinzento. Talvez não tivesse notado antes devido a iluminação comprometida pela luta anterior com o Archibald, mas agora com a lua alta as coisas estavam mais visíveis. Incomodava Aleksia ter de lutar com alguém tão jovem, mas o a expressão ameaçadora da garota lhe dizia claramente que o desejo dela era totalmente diferente de seu receio, então ele daria o que ela queria.

A jovem Toshiro fez o primeiro movimento recitando um nome: “Fujin!”. Neste momento sua silhueta brilhou branco e ela inclinou sua espada para o lado e avançou, como se fosse atacar Aleksia com um corte ascendente da direita para a esquerda da mesma. O rapaz respondeu com um disparo de suas runas ofensivas, que atingiriam em cheio a garota, mas de forma absurdamente rapida ela desviou para sua esquerda, continuando o golpe anterior e chocou sua lâmina com a parede da cúpula agora revelada de Aleksia. Mais disparos se seguiram tentando acertá-la, mas a mesma desviava golpeando a barreira em toda a sua extensão lateral, chegando até mesmo as costas de Aleksia sem o mesmo perceber, se a barreira fosse apenas frontal ele teria sido pego no mesmo instante. Novamente ela desviou dos ataques e retornou a posição inicial.

O representante de Estray estava assustado, jamais vira um ser humano se locomover com tamanha velocidade, mas ele já viera preparado para combater ataques traiçoeiros. Suas runas ofensivas e de detecção de hostilidade trabalhavam em conjunto para travar um alvo, entretanto estava difícil acompanhar a agilidade da garota. De certo modo era sorte ela não poder romper sua proteção simplesmente com a lâmina — Não é golpeando com uma espada que você vai me derrotar!

— E quem disse que estava fazendo isso? Apenas testei suas defesas — Juntou a mão esquerda sobre a espada e tocou sobre o lado chato da lâmina perto da base — de fato é bem sólida, apesar do seu ataque ser lento. Mas advinha? Felizmente barreiras para mim não exitem!

“Tyr, Raiijin: Corte Irrestrito!”, recitou Arya deslizando a mão esquerda sobre a katana, cujo o fio da lâmina foi preenchido por um discreto brilho esbranquiçado. Aleksia começou a compreender que a garota citava deuses em suas conjurações, que apesar de mais simples era similar a magia rúnica do rapaz. Tyr era o deus nórdico da justiça e também da espada, enquanto Raiijin o deus nipônico do raio. No entanto, porque deuses de panteões tão distintos? Não pode completar o raciocínio, pois Arya avançou mais uma vez em velocidade, desviando facilmente dos disparos das runas ofensivas. Desta vez algo dizia a ele que não deveria deixá-la se aproximar.

Uma runa com uma cruz escandinava brilhou, fazendo com que o solo em um círculo ao redor de Aleksia preenchesse-se com uma luz azul. O rapaz então se moveu para trás com uma guinada e praticamente deslizou, era uma habilidade simples de movimentação sem necessitar esforço físico em demasiado, já que o mesmo não era tão ágil. O golpe da katana de Arya acertou em cheio apenas uma área moderada da barreira de Aleksia, que foi transpassada como se fosse uma tira de papel de seda.

O Ejnar observa espantado sua barreira ser transpassada desta forma, se fosse um projétil, com certeza chegaria até ele sem o menor problema!

Pequeno campo arborizado, Primeiro dia da guerra 1:20

Saber conduziu Berserker para o mesmo espaço que ocorreu o combate com o Assassin, o campo arborizado próximo a praça, mas desta vez ele mesmo usaria a vegetação como forma de atrapalhar os movimentos do insano. O gigante não tirava os olhos de Percival, avançando e brandindo o machado, o caleiro correspondeu com um corte ascendente, os golpes se chocaram violentamente, tendo como resultado o cavaleiro sendo impelido vários metros adiante.

Sir Percival se recuperou e com sua agilidade passou a explorar os flancos do adversário, mas estava se provando muito mais difícil do que imaginara, pois ele tinha pouco tempo até que o machado deixasse o seu local de impacto após um golpe falho e buscasse o corpo de Percival novamente. Era de se estranhar tamanha agilidade vinda de um Berserker, assim como os golpes sofridos não lhe causarem grandes danos.

Saber resolveu deixar sua tática mais agressiva, envolvendo sua espada em seu mana, assim como fez com Assassin. Com um golpe vertical ele liberou a energia, que se chocou contra Berseker com uma pequena explosão. O gigante foi impelido para trás, mas pareceu não sofrer nada.

“Terei de ser mais enérgico desta vez”, envolvendo a espada alaranjada em luz tão pura quanto o sol. Mas não houve tempo para completar o raciocínio pois o poderoso machado cortou em sua direção, dilacerando o espaço onde estava e por pouco não acertou o alvo desejado.

— Uou Saber! Sua espada sagrada realmente é importante! — Indagou Aleksia sentando em sua cama.

— Infelizmente ela não tem o mesmo potencial das outras espadas que meus nobres companheiros da Távola Redonda portaram, temo que não possa executar coisas extravagantes tais quais eles poderiam se estivessem em meu lugar — disse o cavaleiro com pesar — não ao menos enquanto o Graal não esteja “alto”.

— Mas Saber, você ainda é um ótimo combatente, mesmo que não seja capaz de um disparo de energia logo de cara, ainda é poderoso com uma espada sagrada rank A! Sem falar que com ela não precisamos necessariamente derrotar todos... Isso é maravilho!

Berserker urrou assustadoramente e iniciou uma sequência de golpes abruptos, indo em direção a Saber. Seu machado se chocava contra a vegetação e as rochas, mas parecia não sofrer mais atraso algum em seus movimentos de fúria, como se estive cortando simplesmente o ar. O cavaleiro estava com problemas, pois o terreno não estava oferecendo a vantagem que ele havia planejado.

Resolveu então contra-atacar a sequência furiosa com sua espada envolta de um brilho intenso, não era capaz ainda de convocar o próprio sol e reduzir o seu alvo a cinzas igual a seus companheiros, mas poderia empunhar uma centelha do mesmo, tão poderosa que cortaria a pele de seu adversário com toda certeza.

— Prepare-se monstro, tua arma com toda certeza pode me partir em dois, mas tenha certeza que também disponho de tal capacidade — partindo para cima de Berserker.

Centro do Parque, Primeiro dia 1:30

Aleksia continuava a se movimentar em manobras evasivas intensas com a ajuda de sua Runa de Cruz Escandinava, mas começava a entrar em desespero, Arya tinha o controle total da situação e em algum momento chegaria perto o suficiente. “Isso é ridículo! Não consigo atacar e tão pouco me defender!”, sua única chance talvez fosse Neomenia, mas a espada estava muito próxima a sua fonte, não poderia remover mana em ritmo superior que a garota poderia repor. Eclipsim talvez fosse uma alternativa, mas era uma ideia suicida chegar perto da garota para tocá-la.

Ele contava com inúmeros recursos para anular diversas magias, mas não estava pronto para enfrentar alguém que pudesse transpassar suas defesas e chegar até ele, lutar em movimento colocava tudo a perder. Contava no seu arsenal com runas explosivas, outras que multiplicavam a força da gravidade, mas nenhuma delas parecia viável em um alvo tão rápido e tão próximo a ele, então teria de diminuir sua velocidade.

Resolveu arriscar:

"Isa!", murmurou. A runa saiu de dentro da proteção e foi em direção a Arya, explodindo em um clarão ao se chocar com sua lâmina. Quando diminuiu a mesma estava com os membros superiores congelados. O enviado de Estray iria dar procedência ao ataque ao atestar que deu certo, quando a garota falou em alto.

"Fenrir!" — iluminando-se com uma aura purpura, estilhaçando a seguir o gelo em seus membros. Fenrir era outro deus nórdico, filho de Loki, era conhecido por ser um gigantesco lobo feroz e por ser quase imparável ou impossível de imobilizar.

— Agora você não vai mais me imobilizar, a não ser que tenha algo aí que seja equivalente a Gleipnir — riu-se — enfim, estou me cansando desse nosso joguinho — disse a garota de forma confiante.

O Ejnar não acreditava que aquela garotinha contava com tantos recursos, se tornar invulnerável a imobilizações? Isso beirava o ridículo!

— Vamos Ivair! O que você sabe fazer demais além dessa cara feia?? — Disse a garota para o brasileiro.

— Arya! Você sabe que magos não podem revelar seus segredos para outros de fora da família, até eu que nem pertenço ao ciclo Euro-Americano sei disso! — Disse o rapaz em tom de desaprovação.

— Vamos, ninguém aqui liga pra isso! Mesmo porque... — Encobriu um riso provocativo com a palma da mão — Ainda que eu te fale tudo agora, posso te vencer com o pé amarrado nas costas!

— Ótimo, então não irei facilitar as coisas — disse o rapaz fazendo menção de se retirar.

A garota cruzou os braços e se pôs em seu caminho com cara de brava — é por isso que estamos indo para o buraco, ninguém confia em ninguém, temos um clubinho em Londres, outro no meio das geleiras, no deserto e até os excluídos não se comunicam!

Continuou — vejamos, não precisa me contar em detalhes, vou começar pra mostrar que não é nada demais: eu por exemplo, sou super simples, não tenho lá grandes talentos para magias complexas, apenas consigo encantar a mim mesmo e a minha lâmina com instâncias de vantagem diferentes, para sobrepujar as magias de meus adversários de proteção e desvantagem. Combinando com minhas habilidades de luta com a katana e outras armas que posso moldar, a partir do código místico de forja de aço da minha mãe, posso enfrentar qualquer mago que fica preso como uma pedra no chão, assim como combater de igual para igual até com Executores da Igreja! — Concluiu com um brilho nos olhos.

Ivair colocou a mão no rosto e suspirou fundo de olhos fechados, a garota parecia ter ignorar que algum dia eles dois poderiam se tornar inimigos pela posse do Graal, assim como talvez fosse ingenua demais ao achar que tais informações não pudesse prejudicá-la.

— Sua vez — disse dando um pequeno soco no braço do rapaz, tirando-o de seus pensamentos.

— Eu não lembro de ter feito acordo nenhum de troca de informações — Respondeu com a cara amarrada. Sendo então segurado pelo colarinho e sacudido pela garota.

Arya inspirou e segurou sua espada com a mão direita, a lâmina prateada passou a vibrar, ficando mole em seguida tendendo ao chão. Ela então a brandiu como um açoite, alongando o material e ao fim da metamorfose, estalando a arma como um chicote, o qual exibia pequenas lâminas ao longo.

“Loki, Raiijin: Cauda do Escorpião”, recitou mais uma vez, fazendo o chicote brilhar rubro, como se estivesse eletrificado. O Ejnar percebeu o que ela iria fazer, com uma arma de alcance maior poderia acertá-lo com toda certeza. Não houve tempo para raciocinar, o chicote foi brandido de cima para baixo, dando tempo apenas do rapaz se jogar ao chão de costas com as mãos estendidas para cima.

“Neomenia!”, “Eclipsim”!

O chicote inicialmente atravessou a cúpula com a mesma facilidade da espada, mas foi perdendo rapidamente velocidade, até recair pesadamente sobre as mãos estendidas de Aleksia e parar instantaneamente. O sangue brotou dolorosamente da palma de ambas as mãos, mas o ataque fatal foi detido. Combinando ambas as magias ele fora capaz de retirar a aura de Fujin do chicote, diminuindo o impacto com Neomenia para que suas mãos não fossem decepadas enquanto usavam Eclipsim no objeto. Usando então da mesma expansão de cúpulas internas, ele expeliu o chicote para fora, assim como fez com as balas de Loren.

— Interessante — disse a garota sorrindo — parece que terei mesmo que ir perto o suficiente para te partir ao meio — movimentou o chicote retirando e o energizando-o novamente.

Aleksia não permitiria! Com o pouco que observou, teve um palpite de que o estilo de Arya era muito ligado a auras, ele compreendeu então o que deveria fazer. Não poderia anular sua vantagem, mas poderia diminuí-la, o suficiente para poder feri-la. Espalhou suas runas de Neomenia para cobrirem o perímetro, isso tomaria muita mana do Ejnar com toda certeza, mas criaria um campo onde a mana da aura de Arya seria tomada, enfraquecendo seus efeitos. Verdade que mais fraco que o habitual, mas ele teria que compensar isso se esforçando mais.

“Fujin!”, recitou a garota mais uma vez.

“Neomenia!”, bradou o Ejnar em resposta.

A garota então sentiu antes de atacar que o ar pareceu ter se tornado mais denso, ao dar o primeiro passo ela não estava tão rápida quanto antes, quando menos viu um raio azul passou perigosamente próximo a sua cabeça, seguido de vários que com dificuldade desviou. Ela brandiu o chicote para contra-atacar, mas ao tentar acertar Aleksia, a barreira estava oferendo resistência apesar de ainda se romper, dando tempo suficiente para que ele pudesse se deslocar, assim como fizera com a espada.

Um disparo feriu de raspão o braço esquerdo de Arya, liberando o sangue em seu vestido. Apesar da incredulidade, isso só aumentou o desejo de luta da garota.

“Bravo! Parece que você pode sim oferecer alguma diversão! Mas acho que vou cortar o 'tapete voador' e acabar logo com isso”, pensou a garota, se recompondo em seguida e saltando ao ar.

Com um movimento preciso, Arya girou no ar com o chicote rodeando o corpo em espiral, o que muito lembrava de um balé rítmico, revertendo em um golpe que penetrou a cúpula com o chicote, que mais lembrou realmente a ferroada de um escorpião. Mas não parecia mirar o rapaz, e sim a runa com a cruz escandinava, despedaçando-a. O rapaz observou pasmo, como se tudo estivesse em câmera lenta, a única coisa que estava o mantendo vivo ser destruída.

A jovem com um sorriso triunfante, pousou no chão e remoldou sua arma de volta a forma de katana.

— Game Over... Mister-M — disse enquanto avançava ferozmente ao encontro mortal com seu adversário, desviando dos inúteis disparos das runas que tentavam lhe deter.

A Lâmina transpassou a barreira mais externa mesmo com a nova resistência imposta pela perda de mana, a vida de Aleksia começou a passar diante de seus olhos, mesmo que ele acreditasse até então que isso era impossível e apenas invenção dos autores para aumentar a dramaticidade.

Relembrou da imagem de Anders e Laisa, na última tarde de inverno antes da fatídica noite, sentados na varanda observando ele e Soren fazerem anjos de neve. Seu irmão estava muito contente na ocasião assim como ele, com os pais reunidos. Gostaria de poder ter visto apenas mais uma vez o seu irmão, tudo que lembra era o gosto amargo da última briga que tiveram.

“Soren, me desculpa irmão, eu não fui capaz de me redimir...”.

A lamina estava a 30 cm de seu tronco, fechou os olhos para o destino que vinha em sua direção.

seu pensamento foi interrompido com um forte barulho de algo sendo quebrado abruptamente. Ao abrir os olhos e encarar a morte iminente, a lâmina de Arya estava partida, fragmentos ainda estavam no ar. Tanto o seu olhar quanto o de Arya eram perplexos.

Rua adjacente, 1:35

— Será que eu tenho que fazer tudo sozinha? — disse Loren com um sorriso se aproximando cautelosamente, checando então o corpo de Ivair e depois contornou.

— Loren! — Disse Haimirich com surpresa — v-você está viva!? M-mas c-como? — O jovem Archibald deu um grande sorriso ao ver a companheira.

— Não fique tão alegrinho, acho que eu deveria tirar seus Selos agora mesmo e te chutar daqui, você só está servindo de peso — disse Loren com sarcasmo.

O jovem respondeu com uma cara de bravo, ao que lembrou que talvez ainda estivessem em perigo.

— Rápido! Tem outros dois mestres logo aqui do lado e Assassin está lutando com o Lancer, temos que sair daqui! — Disse exasperado.

— Calma Vênus de Milo, vou ver o que faço pra te tirar desse bloco de cimento — disse Loren analisando enquanto batia com a coronha na pedra.

O Archibald fazia uma cara emburrada devido a ansiedade.

— Porque não chama seu subordinado pra ajudar?

— Ele não foi rápido o suficiente, morreu no desmoronamento, estamos sozinhos agora — disse ainda concentrada na pedra — muito sólido, acho que vou ter que explodir... — Resmungou, sob protestos imediatos do companheiro, que lhe causaram certo riso — Por que você não chama o Assassin? A essa altura o Lancer já desapareceu sem um mestre.

Quando o loiro foi responder, sua face mudou rapidamente de expressão e ficou pálida, ao observar atrás da mercenária.

— Eu receio que não minha cara — disse uma voz.

Antes que Loren pudesse se virar em postura do combate, algo a atirou violentamente contra a parede. O até então cadáver de Ivair não estava mais lá, apenas um líquido similar a água que golpeou a garota. Das sombras surgiu Ivair lentamente, se espreguiçando.

— Certo, Certo! Eu vou falar, mas não espere detalhes okay?? — Disse Ivair impaciente.

Continuou — Eu controlo Ether, uma espécie de manifestação da Primeira Magia, herdado por parte de mãe. Como você sabe, ou deveria saber, o Ether é ilimitado, não possuí volume e textura definidos, podendo ser reduzido desde um oceano até uma simples gota e vice e versa, apenas numa simples questão de querer. Mas é inútil e não pode ser manipulado, pelo menos no seu estado primitivo, apenas quando é associado a outros elementos. Por isso eu uso sua propriedade de se converter em qualquer substância, para criar uma matriz versátil de diferentes materiais, seja água, rochas ou até mesmo mais complexos, como machados e entre outros. Apesar de infinito, o Ether exige mana e habilidade para ser moldado e manufaturado, por isso está limitado somente a minha capacidade como mago.

— Tá... Mas além de poder atirar uma pedra gigante nos outros, você faz algo de mais interessante? — respondeu a garota com cara de desconfiança e até desapontamento. Ivair bateu com a mão na testa, apenas de citar o nome "Primeira Magia" a maioria dos magos fica pasmo.

Afim de fazer uma demonstração rápida concentrando-se, conjurando uma substancia quase transparente na palma da mão do tamanho de uma gota. A gota foi crescendo, sendo despejada no chão, enquanto tomava a altura do rapaz. Aos poucos sob os olhos impressionados de Arya, o Ether tomou a forma de Ivair como uma gelatina transparente, mas mais do que isso, adquiriu a aparência quase exata do mesmo, até cor e vestimentas.

— Nossa — disse tocando a cópia que a olhava elevando mais um susto — ele está quente e é macio!! — Disse alto se afastando — você pode imitar carne humana

O rapaz riu-se, começando a ficar um pouco convencido — Impressionante não? Parece de verdade mas é apenas material sintético muito fiel a pele humana, com as temperaturas corporais inclusive. Deu muito trabalho, mas não passa de um Decoy, nem é viável em batalha por consumir demais de mim.

A garota ficou em silêncio, até que disse — faz uma raposa pra mim?

— Não abusa pirralha!

— Então mesmo um arrogante como você não está sozinho, não é? Uma pena pra vocês que eu nunca descarto a possibilidade de reforços — olhando para Loren, que estava atirada no chão. Apesar de estar apenas desacordada, apresentava ferimentos sérios pelo corpo — onde estávamos mesmo? — Disse para Haimirich.

O mesmo parecia estar em choque, sua esperança foi destroçada diante dos seus olhos. Logo em seguida seu semblante mudou para ira ao observar um fino filete de sangue recair sobre a testa de Loren, começando a se debater, sua vontade era sair dali e destroçar o Blackwood pedaço por pedaço. Infelizmente mesmo com essa nova vontade de lutar, não havia nada que ele pudesse fazer, continuava preso na imobilização de cimento. Foi então que engoliu em seco, falando com rispidez olhando fixamente nos olhos do brasileiro.

— Deixa ela fora disso, seu alvo sou eu.

Ivair ouviu essas palavras demonstrando indiferença, apesar de no fundo achar curioso um pedido tão nobre. Talvez a iminência da morte pudesse mesmo redimir algumas pessoas.

— Ela não me interessa.

Haimirich fechou os olhos e respirou profundamente, aceitaria o seu destino. Ivair novamente preparou outra ponta de Ether para executar o alvo.

Foi então que o olhar de Ivair mudou com um sobressalto, como se ele tivesse sentido algo poderoso se manifestar em direção ao parque, o Archibald também pareceu perceber. Logo em seguida uma explosão foi ouvida do parque, não tão diferente do que já estava ocorrendo antes, mas ambos sabiam que isso era sinal claro de interferência externa.

— Parabéns “Torre”, ganhou mais cinco minutos de vida — disse Ivair correndo para dentro do parque o mais depressa que podia, seguido do Ether em forma de água.

Centro do Parque, 1:40

Tudo aconteceu em poucos segundos, milhares de pedaços prateados se viam no espaço entre a jovem Ó Riagáin e o Ejnar. Eram fragmentos da katana de Arya que havia sido destroçada inexplicavelmente, alguns estilhaços cortaram o braço direito da garota e outros acertaram a perna de Aleksia, mas nada de grave. Instintivamente ela deu um impulso com todas as forças para trás, desviando de algo pequeno e extremamente rápido que abriu uma pequena cratera no chão, seguido de muitos outros que por também pouco não a acertaram.

Logo após isso Ivair chegou ao cenário e gritou:

— ARYA SAIA DAI, É UM SNIPER! — A garota parecia um pouco perdida, não esperava uma interferência a esta altura, recebendo mais ataques que erravam por milímetros, se não fosse a sua agilidade incrementada, mas uma explosão inesperada na sua frente a fez perder o equilíbrio e cair para trás. O brasileiro então ordenou que o Ether protegesse a jovem imediatamente, formando uma barreira cor metálica escura, uma das maiores proteções de Ivair, que se juntou a Arya debaixo do escudo.

Arya gritou para Aleksia — aliados Ejnor?? Não sabia que você precisava deste tipo de coisa para vencer!

Aleksia não respondeu, pois também estava surpreso pela intervenção tão repentina. Ele não tinha aliados, por isso também se recuperou e se ergueu preocupado, tentando sair do campo de visão do Sniper misterioso sob sua própria barreira refeita.

“Saber, como está aí com o Berserker??”, transmitiu mentalmente ao servo.

“Nada fácil mestre, ele é habilidoso demais para um insano”, respondeu rapidamente, o combate daquele lado devia estar tão complicado quanto.

“Estamos sob ataque de um Sniper, eu e os novos desafiantes, aguente pois logo seu combate terminará!”, pensou quase em súplica.

Ivair conseguiu traçar a trajetória dos disparos das balas, mas não conseguia ver uma elevação próxima que condize-se com a velocidade com que o Sniper estivesse reagindo aos movimentos de Arya. “Não pode ser, mas com essa habilidade... Archer?”. Como uma resposta, um novo disparo causou uma grande rachadura na defesa de Ivair, que tinha Arya inquieta ao seu lado, estava inconformada por não poder fazer nada. Ele pensou no Ether que mantinha o Archibald imobilizado, mas não havia tempo para assegurar a sua morte.

“Vá se limpar 'Torre', hoje você está cagado de sorte”, pensou desfazendo o Ether que mantinha o loiro preso, imediatamente a barreira aumentou de volume pelo mana livre para uso.

Liberto, o Archibald se ergueu rapidamente e sem pensar duas vezes, pegou Loren desacordada do chão no colo, murmurando então algo enquanto corria. Um brilho vermelho discreto ocorreu em seu punho esquerdo, um pouco escondido por sua luva e uma sombra de capuz surgiu por detrás deles, agarrando o loiro pela cintura e saltando. Assassin foi ordenado a deixar a luta com Lancer e vir retirá-los do combate de imediato, Haimirich deu uma última olhada de ódio para trás, mas se voltou para a esposa que tinha um ferimento na cabeça.

Por sua vez Ivair ordenaria que Lancer desviasse algumas unidades para bater em retirada, mas foi contatado primeiro pelo servo.

“Sinhozim, o Assassin desapareceu, deve ter sido ordenado a fugir”.

“Esqueça ele, estamos precisando de ajuda aqui!”

“O que aconteceu sinhozim?”

“Não questione, estamos batendo em retirada”. Mas não houve tempo dos reforços chegarem, pois um novo disparo despedaçou a barreira, logo algum deles receberia um golpe fatal. Em um gesto rápido, Ivair puxou Arya rapidamente para seus braços usando seu corpo recoberto de Ether como escudo-humano. A jovem não pode reagir devido ao susto, apenas fechou os olhos.

Mas nada veio.

Quando ambos abriram os olhos, estavam sob uma sombra, ao olhar para trás Ivair soltou Arya abruptamente, para observar a figura toda de branco, trajando uma capa muito similar a seda.

— C-Caster! — Exclamaram os dois quase ao mesmo tempo. Estavam sob uma redoma branca, conjurada por Caster.

— O mestre ordenou que eu os retirasse imediatamente— disse de maneira séria, embora exibisse um semblante de preocupação, talvez algo que talvez fosse complacência, ao olhar para os dois. Lancer então surgiu ao lado do mestre.

— Perdão sinhozim, está ferido? — Disse com urgência o homem negro.

— Não, a culpa foi minha por não usar um selo para trazê-lo aqui imediatamente, mas... — disse se erguendo olhando para os dois servos — Já que estão os dois aqui, podemos localizar o Archer e...

— Não, ele está fora de alcance e além disso... Eu simplesmente não consigo vê-lo, por isso seguirei a risca minhas ordens e os retirarei daqui! — Disse autoritariamente, mais uma forte explosão se seguiu, a barreira de Caster sofreu uma rachadura, fazendo com que ela mudasse a expressão para raiva — este maldito Archer!! Estamos em desvantagem neste campo aberto, vamos AGORA.

A Feiticeira então abriu a capa branca e a expandiu, envolveu todos os presentes em seu manto e desaparecendo em um golpe de vista.

Longe dali o furioso Berserker e Saber mantinham o confronto equilibrado, o insano conseguiu acertar alguns golpes em Saber que, embora bloqueasse, sofria com os arremessos que a força dos mesmos causava. Entretanto o gigante tinha vários ferimentos causados pelo cavaleiro com a espada sagrada em modo ativo, que apensas com muita maestria conseguia encaixar os golpes nos momentos que Berserker abria a guarda.

Saber pretendia finalizar o combate de vez, pois sentia urgência em ir ao encontro de Aleksia, mas não podia argumentar com Berserker que a mestra dele também estava em perigo. Ele ergueu alto a lâmina que brilhou dourado mais ainda, seu poder não estava tão forte agora, não a menos como poderia estar, pois o Cálice Sagrado também não tinha a presença forte, mas teria de bastar para, pelo menos, incapacitar temporariamente o Gigante.

Entretanto quando iria se preparar, Berserker parecia confuso e logo depois de um rugido assustador, desapareceu. Sir Percival concluiu que ele fora chamado de volta e finalmente pode ir ao encontro de seu mestre. Ao chega no parque constatou o cenário ainda mais desolador, correndo os olhos pelo cenário apreensivo ele conseguiu localizar o mestre, que estava atrás de um muro contrário ao parque que anteriormente o Arqueiro estava rechaçando. No entanto, agora tudo estava calmo, apenas sobrara a destruição para todos os lados, se aproximou de pressa do rapaz.

— Senhor! Estas bem? — Analisando Aleksia de cima a baixo — Perdoe-me a falha, não pude protegê-lo! — disse em posição de combate ainda.

— Não, tudo bem Saber, eu não fui ferido — disse Aleksia que tinha um olhar perdido, ainda não superara a experiência de quase morte.

— Mas vossa perna está sangrando! — Apontando para o ferimento.

— Eu já estanquei o sangramento, não se preocupe.

— Conseguiu vencer meu senhor?

— Não... E-eu quase fui morto na verdade, e-eu tive... Sorte — disse lentamente, abaixando a cabeça.

— Como assim sorte?

— Só... Vamos sair daqui, as autoridades estão chegando, depois conversamos — disse ao ouvir sirenes se aproximando, como se tivesse despertado.

O cavaleiro não discutiu, os dois começaram a correr na direção oposta, quem sabe tomar um táxi numa rua distante e ir para o hotel. As autoridades chegaram e encontraram a pracinha quase que totalmente destruída, inúmeros brinquedos foram arrancados do lugar e desapareceram, na medida que estranhos emaranhados de metal estavam no local, fora as grandes crateras em todos os lados. A imprensa começava a fotografar enquanto a área era isolada.

Distante dali duas figuras observavam com binóculos o acontecido do alto de um prédio.

— Acho que é hora de irmos Rider, não há mais nada para ver — disse Allan.

— Sim, vamos, foi interessante poder ver de uma vez quase todos os times adversários — disse o jovem servo devolvendo o objeto para o mestre.

— Foi muita sorte do cara da bolha, mas você conseguiu ver quem o ajudou? Foi um Archer?

— Não, mas com certeza foi um Archer. Só consegui sentir uma hostilidade com os projéteis vinda de longe, isto é um problema pois ele foi o que menos se expôs no final das contas... — disse pensativo, enquanto ele se retirava com o mestre do alto do prédio — mas isso não importa, de qualquer forma preciso estar próximo a eles para uma análise completa.