Fate / Chain Reaction

Delírios de nobreza


Torre do Relógio, Londres (7 meses para a guerra)

El-Melloi II terminava mais um seminário para seus alunos, sendo aplaudido de pé por todos, mas dentre seus alunos estava Haimirich Archibald que internamente espumava de ódio. O jovem era loiro de olhos negros, com o rosto fino mas que normalmente estampava um semblante de arrogância e superioridade. Ele é sobrinho distante de Kayneth El-Melloi Archibald e é profundo admirador dos seus ideais eugenistas, por isso não aceitava um indivíduo no palco que era a verdadeira antítese do seu tio. Inclusive ele usava o cabelo igual ao do seu tio, como homenagem.

Conforme a história lhe contou, tudo transcorria muito bem até a 4ª Guerra do Santo Graal, em que seu ídolo foi derrotado pela escória que defendia os Erinzbern. Depois disso sua família afundou em desgraça, a então nova líder Reines El-Melloi Archisorte, contou com a ajuda do ex-aprendiz de seu tio, Waver Velvet, para reerguer a casa e conferiu a ele o título de El Melloi II. “A Incompetência desta garota foi tanta que traímos nossos princípios como nobres, nos rebaixando a ralé”, comumente pensava Haimirich.

Ele sonhava com o dia que poderia provar o seu valor, tomando o controle da família e a guiando de volta aos tempos de ouro. Ele passou todo o tempo da aula compenetrado em seus pensamentos, até que foi despertado para a saída no fim desta. Antes de sair, Haimirich foi chamado para sua surpresa pelo palestrante.

— O que deseja senhor? — doía para ele, mas querendo ou não o professor estava acima na hierarquia.

— Haimirich, ouvi dizer que você anda estudando o Volumen Hydrargyrum, mas está tendo problemas com ele, é verdade?

— Não — mentiu — eu na verdade expandi minha pesquisa para outros metais, apesar de achar o mercúrio maleável, acredito que os outros metais têm maior potencial no total.

— Interessante e a quanto anda o processo?

— Promissor, já posso utilizar boa parte das ligas de aço e alumínio, o próximo estágio é chegar perto de liquefazer e terei uma versão aprimorada do Volumen Hydrargyrum.

— Ótimo, deseja ajuda nisto?

— Por enquanto não professor, obrigado — respondeu com veemência.

— Pois bem, pode ir, mas — Waver pegou um charuto — Heimirich, não deixe que o orgulho atrapalhe em seu aprendizado, sei que não gosta de mim, mas isso não pode ser um empecilho pro seu próprio desenvolvimento.

— Não tenho nada contra o senhor professor e também não preciso de ajuda, se me dá licença — e se retirou.

De fato era mentira, quase tudo, Heimirich simplesmente não conseguia dominar o Volumen Hydrargyrum por ser muito complexo em toda sua estrutura de controle. Ele invejava El-Melloi II por aprimorar a técnica a ponto de criar uma boneca de empregada, coisa que até ele teve que admitir ser muito refinada. Por isso ele julgou que era uma técnica perdida, por cair no domínio de um simplório.

Na tentativa de criar algo mais sofisticado ainda, ele investiu tempo pesquisando outros metais, buscando adaptar a técnica para manipulá-los da mesma forma que feita com o mercúrio. Não houve grandes avanços no sentido que ele desejava, que era o amplo controle automático da estrutura de todos os metais, mas ele conseguiu êxito com o ferro, criando algo similar a “ferrocinese”. Ele pode ao menos adquirir o controle de ligas e materiais contendo ferro, quanto maior o teor melhor é a manipulação, usando o ether combinado com o ar como canal para que o seu prana possa controlar o objeto alvo, como se fosse um magnetismo exclusivo. Batizado por ele estão de Tractare Ferrum: Levantar da Fibra da Terra.

Diferente do mercúrio no Volumen Hydrargyrum que era embebido em elaborações mágicas, formando uma unidade central que respondia de forma passiva ou ativa devido a instruções conferidas, não há no Tratare Ferrum o embebimento das substâncias a serem manipuladas com elaborações, portanto sem uma unidade de controle secundário (que é a parte onde ele falhou), Heimirich deve coordenar ativamente os movimentos. Os resultados têm certa elegância dependendo de quanto tempo ele pode se concentrar em um objeto moldando-o e na proporção de ferro no material, mas no geral ele a utiliza de forma ofensiva atirando objetos em alta velocidade para perfurar o alvo ou esmagá-lo.

Haimirich após sair da sala vai até o banheiro lavar o rosto, qualquer um que passasse por ele naquele momento perceberia que ele estava transtornado. Ao entrar no banheiro ele tranca a porta e começa a liberar sua ira.

“Maldita Reines e seu cãozinho professor… Por que nos fizeram passar por essa humilhação? Antes nossa família tivesse perecido, mas com fidelidade a nossos ideais… Ainda sim seriamos nobres!”

Ele socou o espelho o rachando, a luva que usava o protegeu de certo modo de se cortar.

“Se eu tivesse um meio de resgatar a honra de nossa família, eu traria os tempos de ouro da família Archibald de volta e colocaria esses dois que só trouxeram a desgraça nos seus devidos lugares!!”

A palma de sua mão direita, que ainda repousava no espelho, começou a queimar desconfortavelmente. Ele retirou a luva pra procurar possíveis ferimentos causados pelo desconto de sua cólera, mas encontrou no lugar do ferimento, desenhos de dois riscos em meia lua entrelaçados na vertical, transpassados por um terceiro perpendicularmente na horizontal. Ele demorou alguns segundos para compreender o que era aquilo, até que seu deu conta...

Eram Selos de Comando!

Uma felicidade enorme cresceu em seu peito, mas ele não conseguiu acreditar, já que a pouquíssimo tempo a notícia de que El-Melloi e Rin Tohsaka desmantelaram o Graal chegou a conhecimento das elites, mas ao que parece eles falharam. Em seguida um sentimento de arrogância cresceu em seu peito, finalmente a chance de ouro aparecera de bandeja para o seu deleito.

Havia tanto o que fazer... Buscar um catalisador para um servo decente, informar-se sobre onde seria a guerra, descobrir quais seus rivais, como esmagá-los… Eram tantas coisas, mas ao menos ele já sabia quem procurar para auxiliá-lo. Embora o primeiro passo antes de deixar a associação seria consertar o estrago feito no espelho do banheiro.

3 horas mais tarde, Catedral de São Paulo

O primeiro passo era registrar sua presença como participante na Igreja, como ele conhece era dever autoimposto da Igreja intermediar, auxiliando os competidores com informações básicas sobre o conflito. A Igreja Católica não era exatamente "A Igreja", ela possuía dois frontes para os diferentes mundos (normal e magia), mas haviam muitos templos com agentes da organização e muitas das autoridades eram as mesmas para ambos os mundos. Ele aguardava sentado numa sala lateral a entrada do representante da Igreja, quando ninguém menos do que o próprio bispo de Londres entra, o levando a se levantar com o espanto.

— Vo-Vossa Reverendíssima! No que devo a honra? — Ele se aproximou para cumprimentá-lo beijando-lhe a mão.

— Acalme-se rapaz, estou aqui apenas para cumprir o dever da Igreja, por acaso como autoridade responsável por este local sagrado, sou eu quem deve instruir você. Mas serei muito breve por ser um homem ocupado, o quanto você sabe a respeito do conflito?

— Sei tudo a respeito dos 7 servos, catalisadores, selos de comando. Meu interesse é saber onde será o conflito e quando se iniciará, se há alguma mudança desta guerra tão prematura em relação a de dez anos atrás.

— A Guerra foi movida de Fuyuki para Nuevos Santos, no México próximo a fronteira com o Texas. Não houve alteração no que nos foi informado do mecanismo básico da guerra sobre servos e mestres, assim como os objetivos para conquistar o cálice. Mas... — O bispo cerrou os olhos — o senhor meu jovem, não é o representante da Torre do Relógio? Não deveria estar inteirado destes assuntos?

— Sou Vossa Reverendíssima, mas temo que não terei apoio da Associação e tão pouco a desejo, por isso desejo saber mais uma coisa.

— Pois pode dizer.

— Posso eu contar com a proteção da Igreja, para ao menos entrar no conflito com minha segurança garantida contra a Associação?

— Está propondo aliança por acaso, Sr. Heimirich? Pois adianto-lhe que desde os eventos envolvendo Kotomine Kirei a própria Vossa Santidade aumentou a rigidez para evitar o envolvimento da igreja com os competidores. Portanto isto é um não.

— Não é isso, estou ciente do desejo de neutralidade de vocês, mas não é dever da Igreja manter a ordem sagrada, principalmente entre magos? Não sou eu um possível foco de perturbações?

O bispo refletiu, não sabia as intenções do garoto, mas julgou o pedido razoável. Embora fosse muito estranho um Archibald querendo agir independente da associação.

— Poderei retirá-lo de Londres apenas.

— Não se preocupe, já tenho planos de ir para a França, de lá só sairei direto para Nuevos Santos. Claro, se o senhor concordar.

— Indiferente, só aconselho que não ande por aí, não se sabe por onde o perigo espreita...

Ele se retirou após mais alguns detalhes informados, para sua surpresa na Catedral vazia estava sentado El-Melloi II em um dos bancos de forma relaxada. Não sabia quais suas intenções, mas ali era um terreno neutro apesar de tudo, então se aproximou com cautela, quando ouviu a voz de seu agora ex-professor.

— Vejo que conseguiu entrar na disputa pelo Cálice Sagrado, deve estar muito contente, não é Haimirich?

— Co-Como você ficou sabendo?

— Não foi difícil, apenas observamos qual mago procuraria a Igreja primeiro, afinal não divulgamos que haveria uma nova disputa justamente para descobrirmos qual era o Mestre escolhido aleatoriamente para a Associação. Quando soube que era você aqui eu não tive dúvidas.

O coração de Haimirich disparou, ele pretendia sair silenciosamente mas não teve tempo nem de sair de Londres! A raiva se formou em seu rosto.

— Você pretende me deter? — Perguntou firme.

— Eu deveria, primeiro por ter desmantelado o graal de Fuyuki e logo em seguida receber o golpe da notícia de outro Cálice. Segundo por conhecer sua personalidade, o seu desejo não deve ser muito saudável com toda certeza, mas eu não vou — disse serenamente.

— Por que?

— Por que algumas lições só podem ser aprendidas na prática, se você julga seu modo de pensar tão superior, nada mais justo do que submeter a uma prova real — ele fez uma pequena pausa e continuou — Vim aqui, ao contrário do que você possa pensar, para te informar que a Torre não vai tomar nenhuma providência para te impedir de participar, mas que é para você não confiar no Mar de Estray.

O rapaz demorou a acreditar, mas comemorou por descobrir pelo menos uma informação a respeito dos competidores — Estray estará nesta guerra??

— Sim, mas estão em uma posição conturbada em relação a Torre... Por isso não os considere possíveis aliados.

Haimirich refletiu um pouco, desta vez eram três famílias desconhecidas do cenário real, além de mais dois participantes estranhos, mas agora Estray também estava no jogo e pior, não era aliada da Torre?

— Não importa, ninguém vai ficar no meu caminho! Isto é tudo? — Disse decidido.

— Sim — o garoto passou por ele em direção a saída.

— Haimirich — disse de costas o professor — não vai querer ajuda mesmo?

— Quando eu voltar, é você quem provavelmente vai precisar de ajuda — respondeu o loiro com ódio sem nem olhar para trás, deixando a catedral.

Ele passou como uma locomotiva pela porta, nem notando a mulher de cabelos negros do lado de fora. Logo El-Melloi II se juntou a ela, acendendo um charuto.

— Tem certeza que não quer impedi-lo? — Perguntou Rin Tohsaka.

Após uma longa tragada, Waver responde — quando eu era jovem como ele, quis provar meu ponto de vista que mesmo não sendo de uma grande família, eu poderia ser um grande mago, por isso entrei na guerra. Muitos que entraram na disputa não saíram vivos, mas os que saíram aprenderam algo, eu e você fomos um destes. Vejamos qual deles ele será.

— Mas mesmo com o risco dele vencer?

— Não podemos negar o direito dele provar seu ponto de vista, qual o melhor lugar se não a Guerra do Santo Graal? Mesmo porque esta Guerra está muito mais articulada do que podemos imaginar, já que o processo correu a nossa revelia por quase 20 anos.

Tohsaka respira profundamente e lamentou — Não acredito que depois de todo o trabalho com Fuyuki, foi tudo em vão... Não há nada que possa ser feito mesmo?

— Não, não podemos arriscar um segundo desastre igual ao da 4ª Guerra com o Novo Graal tão próximo de se materializar.

No dia seguinte, em algum lugar obscuro da França.

Haimirich levou um tapa no rosto de uma jovem morena de cabelos curtos, ela tinha um rosto delicado, mas um semblante um pouco cansado e duro. Este agora no entanto estava furioso.

— VOCÊ DESAPARECE POR QUASE UM ANO E REAPARECE AQUI COM ESSA CARA DE PAU PRA PEDIR MINHA AJUDA??

— Calma amor eu...

— CALMA PORRA NENHUMA E NÃO ME CHAMA DE AMOR!! — E aplicou um mata-leão, derrubando o loiro no chão, depois torcendo o seu braço.

— E-e-eu vim t-e... — esta difícil falar com o peso dela em seus pulmões — … pedir em casamento.

— Como é que é? — Após alguns segundos ela o soltou — repete!

Ele se recompôs se levantando, logo depois repetindo o pedido — eu vim te pedir em casamento, Loren.

Muito rapidamente ela apontou uma pistola para a cabeça de Heimirich.

— Você tem dez segundos para sair daqui com essa proposta ridícula — engatilhando a arma — e isto daqui é feito sem uma grama se quer de ferro.

— Você não me entendeu, deixe-me te mostrar — ele colocou a mão no bolso interno do seu sobretudo, ela pressionou mais o gatilho — não é uma proposta para te humilhar, sei que você não é digna disso.

Ele puxou um papel e estendeu aberto para que ela pudesse ver, Loren imediatamente reconheceu se tratar de um Self-Geis (Contrato firmado de comum acordo entre dois magos) e lentamente abaixou a arma e pegou o papel. Após uma rápida leitura, ela disse:

— Você só pode estar muito desesperado, não?

— Loren, você é a única com quem eu quero e posso contar. Ajude-me com os preparativos para a guerra e você, na qualidade de minha nova esposa, governará ao meu lado se eu vencer.

Ela sentou-se junto a mesa do seu “escritório” que era onde eles se encontravam. Loren Biran era líder de um grupo considerável de Magus Killer, eles agiam fazendo trabalhos como mercenários para diversos "clientes". Haimirich conheceu Loren em uma festa que ela estava infiltrada para eliminar um alvo dentro da comemoração, ele acabou descobrindo o seu disfarce e só não foi morto porque removeu todos os itens dela, que para sua sorte continham muito aço. Ao contrário do que ela imaginou como fim da linha, ele não a delatou, mas sim a ajudou a eliminar o seu alvo. Depois disso eles se aproximaram e Haimirich, por alguma razão louca e improvável, acabou conquistando Loren.

Eles mantiveram um relacionamento secreto por algum tempo, mas ele desapareceu a cerca de um ano, muito possivelmente para aprimorar sua pesquisa com metais. Loren neste meio tempo subiu de posição na organização da qual fazia parte, chegando a liderança. Então Haimirich aparece com uma cara deslavada, pedindo ajuda para poder se preparar para a nova Guerra pelo Cálice Sagrado propondo um “casamento”, em troca dela arrumar um catalisador para seu servo e disponibilizar alguma ajuda para descobrir quais eram os seus rivais.

— Você está ciente que eu poderia ignorar isto e mantê-lo como refém, roubando seu servo assim que você o evocasse, certo?

— Sei muito bem, mas eu também sei que você não vai fazer isso.

— E por que não? — Ela ergueu uma sobrancelha.

— Porque você me ama — Loren se levantou apontando a arma novamente, no que ele completou — e eu te amo também.

Ele manteve-se impassível sob o olhar da mercenária, ela analisou cada pedaço do contrato, não havia furos para que ele não cumprisse sua parte ou a enganasse. Ela baixou a pistola e mordeu a própria ponta do dedo e fez um grande “LB” com sangue na linha de assinatura do contrato, que brilhou reconhecendo sua aceitação de todos os termos.

O jovem nas próximas horas colocou sua nova esposa a par dos acontecimentos, aos quais ela escutou atentamente.

— Qual servo pretende evocar? — Perguntou Loren.

— O erro do meu tio foi evocar um servo que se recusava a cumprir seus deveres para brincar de cavaleiro, portanto vou seguir outro caminho e evocarei um herói que se encaixaria na classe Saber, mas sob a alcunha de Assassin.

— Pelo que você me disse há algum tempo isso é um processo arriscado, contra as regras — ela se referia a uma vez que ele contou sobre a participação do tio na 4ª Guerra e o assunto foi até uma explicação variada sobre muitos aspectos sobre o evento do Cálice.

— Mas não é impossível — sorrindo — meu tio era do departamento de evocações, tirei muito de lá para poder fazer isto.

— Se você está dizendo... E depois, tem alguma ideia de como vamos descobrir seus adversários?

— Não temos como descobrir Estray, provavelmente está muito bem guardada sua identidade, mas os outros cinco são possíveis. Você cuida das três famílias e eu darei um jeito de descobrir os outros dois aleatórios.

Os dois se empenharam nos preparativos para a Guerra, Loren depois de um mês conseguiu os nomes das três famílias: Santiago, Holstein e Ó Riagáin. Eram sem dúvida famílias sem expressão no cenário internacional dos magos, embora Santiago estampasse a capa da Forbes como empresário do ano no ramo de gado e até petrolífero.

— Sem dúvida este latino será um problema, foi ele quem liderou o projeto de secretamente copiar o Cálice de Fuyuki. Também consegui o que você pediu — entregando dois papéis.

— Excelente, o meio usado pela comunicação mágica da Igreja e o encantamento usado para proteger a Torre Eiffel de interferência mágica. Como conseguiu?

— Digamos que mais uma grande autoridade da igreja não quer perder seu cargo por "brincar com crianças".

Ambos na mesma tarde estavam igual a dois amantes no topo da Torre Eiffel, admirando a vista de cima, mas o que nenhum dos outros turistas desconfiava é que Haimirich estava burlando o feitiço que protegia a torre francesa contra exatamente o que eles estavam tentando. Utilizando seu domínio sobre o Ferro, ele implantaria uma elaboração mágica capaz de converter a torre em um grande rastreador de mensagens da Igreja e retransmitir as comunicação feitas para eles. O plano do jovem era baseado em que o Graal escolherá dois participantes aleatoriamente, em algum momento de sorte alguma igreja se comunicaria pedindo instruções de como proceder com o novo participante. Pelo menos se a comunicação ainda não ocorreu, ainda haveria uma esperança.

1 semana para o início da Guerra.

Após meses esperando que alguém se comunicasse, Haimirich e Loren já haviam desistido, provavelmente todos os participantes já deveriam ter sido instruídos, ou isto era feito por outros meios mais seguros. Eles conseguiram o capacete pertencente a Oda Nobunaga como catalisador, apenas aguardavam a última semana para que a barreira, característica do Novo Graal, que bloqueava o acesso à cidade para os participantes desaparecesse.

O servo só poderia ser evocado a partir do mesmo período e quando materializado, deveria estar dentro dos limites da cidade pelo menos faltando um dia para o inicio do conflito. Caso uma destas regras fosse desrespeitada, o servo correria o risco de ser eliminado pelo juiz da Guerra.

Haimirich estava com tudo pronto, levaria cinco homens de Loren para auxiliá-lo, mas faria a evocação do servo na própria França para já protegê-lo durante o caminho fora os cinco homens. Chegando lá eles encontrariam um sexto que foi enviado antes para sondar o local. Ele estava aprontando os detalhes finais da evocação quando Loren entra na sala com urgência, com um papel amassado nas mãos.

— Encontramos a localização de um dos escolhidos aleatoriamente pelo Graal!

— Perfeito, com isso podemos voltar ao plano inicial! — Anunciou o loiro.

Ele pediu para que o homem de confiança de Loren, chamado Jean, entrasse junto com seus quatro homens, eles é que o acompanhariam até as redondezas de Nuevos Santos. Jean era um homem forte e alto, com traços árabes, era um Magus Killer razoável.

— Houve uma mudança nos planos, vocês devem ir imediatamente para os EUA nesta localização — estregou o papel para Jean — você Jean, deve matar e roubar os selos de comando do Mestre antes que ele consiga convocar um servo, porque se não será uma tarefa praticamente impossível. Entendeu?

— Afirmativo — respondeu Jean.

— Depois você deve me encontrar na cidade próxima a Nuevos Santos conforme o plano inicial, agora vá!

Jean olhou de relance para Loren que fez um pequeno aceno dizendo que sim. Heimirich gostava de achar que dava ordens, mas ele não passava do “homem da chefe”. Após eles saírem, o jovem foi até o círculo e depositou o capacete no altar ao seu lado, Loren se aproximou para observar mais de perto.

— Já está pronto pra evocação?

— Sim, já adiei demais, não sei se a vaga de Assassin foi preenchida, mas é muito raro darem preferência para ela de imediato.

— Então vamos logo que eu não aguento mais esta ansiedade — reclamou Loren mordendo um dos dedos.

Haimirich inspirou profundamente, precisava apenas iniciar o ritual e o Graal faria o resto. Precisava estar atento para usar um selo de comando ordenando obediência, dependendo do ímpeto de seu servo logo ao ser evocado. Ele preparou com pó de ferro os desenhos de um círculo básico, mas com gravuras adicionais, para que o catalisador fosse usado como chave, mas que o servo fosse induzido para a classe Assassin.

O círculo brilhou laranja.

“Ouça meu chamado:

Tua presença despertou o medo e o respeito.

Eu juro que serei o guardião da honra, trarei de volta os templos de glória!

Minha força suporta o seu corpo, empresta-me tua essencia e permita-me induzir tua forma!

Se escuta o chamado do Graal e compactua com meus ideais, responda ao meu intento.

Assassin!”

O círculo brilhou mais intensamente, mas mudou de laranja para vermelho.

— Isso está certo? — gritou Loren devido a energia se expandindo.

As gravuras adicionais então racharam e desapareceram, deixando apenas o círculo básico. A luz voltou a ficar laranja.

“Calma não há motivo para pânico” pensou Haimirich, “Provavelmente o Graal julgou que a classe adequada é Saber, que não é nada ruim!”. Ele não teve tempo de pensar muito, o círculo voltou a brilhar vermelho e o capacete no altar rachou e explodiu. O jovem mestre achou que era ilusão de sua cabeça, mas podia jurar que em sua mente alguém disse:

“Não”

O círculo voltou a ficar laranja e se intensificou num clarão cegante. O ritual terminou.

Em pé estava uma figura alta, sua pele era tão escura que era preta, seu corpo era forte e aparentemente ágil, mas um pouco disforme, a cabeça continha um cabelo curto, negro e enrolado. Seu rosto era coberto por uma máscara branca de um crânio. Sem dúvida ele evocou o servo tradicional da classe Assassin, mas a pergunta era: Por quê?

— Sou o servo da classe Assassin, qual dos dois é o meu mestre? — Perguntou a figura negra.

Loren vendo o silêncio do marido, respondeu timidamente.

— É este da-daqui — apontou com certo receio e chegou mais perto de Haimirch, falando ao seu ouvido — Não era pra evocar o senhor feudal? O que aconteceu?

O loiro demorou a responder, era visível o seu choque, mas ele finalmente falou — O Graal, quer dizer, o Novo Graal sem dúvida é aprimorado em relação ao de Fuyuki, ele rejeita qualquer tentativa de manipular a classe Assassin para trazer outro Espírito Heroico que não seja Hassan-i-Sabbah, eliminando o fator do Fake Assassin. Mas este não é o problema, pois esta não foi a razão deste resultado, o Graal corrigiu a evocação e chamaria o Espírito para a classe Saber, mas acontece que o nosso querido daimyo... ME REJEITOU! — Chutando um pedaço do capacete que explodiu — restando só o catalisador do nome “Assassin” para completar o ritual!

Haimirich se apoiou na mesa da sala e procurou se acalmar respirando lenta e profundamente. Nunca ouviu falar de uma rejeição antes em nenhuma guerra, por pior que fosse o mestre, embora existisse a chance ínfima do Espirito Heroico rejeitar a convocação.

Ele então se lembrou que estava diante de seu servo, não era o que ele queria, mas ainda sim era prova de que ele já estava no jogo. Aliás, não era prudente começar desta forma, Assassin é um servo fraco em combates diretos com outros servos, mas poderia eliminá-lo ali com grande facilidade, caso resolvesse se irritar, antes mesmo dele se quer abrir a boca para usar um Selo de Comando.

— Isto não vai atrapalhar os meus planos — ajeitando o cabelo e olhando firmemente para seu Servo — Assassin, apesar de meu intento para outro servo, eu reconheço vossas habilidades e capacidades para servir aos meus propósitos, por isso eu afirmo que sim: Eu sou o seu mestre!

Assassin olhou o semblante sério e arrogante do rapaz e gargalhou — minha adaga cortará os pescoços que ordenares, concretizo meu contrato com você, Mestre!

Agora mais do que nunca Heimirich contava com a equipe de Jean para capturar o outro selo, pois ele precisava mais do que nunca de uma nova peça no jogo.