— O que quer dizer com “ele se foi?” - Soava ridículo. Eu sabia exatamente o que isso queria dizer, mas precisava ouvir dele.

— Eu não consigo senti-lo, não escuto sua voz. Ele não está em lugar algum. - Hao solta o ar pelos lábios. A chuva nos castiga, mas nenhum de nós se move para sair dela.

— Me leve até lá.- digo. - Me leve até onde ele estava da última vez.

Há algo na expressão de Hao que se assemelha a uma criatura selvagem ferida.

— Não vai adiantar nada.
— Quero ir mesmo assim.

Diante de minha persistência, Hao cede e segura minha mão. A viagem é como sarpar de um ponto a outro. E onde chegamos, não há chuva ou vento. Apenas o sol brilhante e uma brisa agradável.

Mas não há nada de agradável na visão daquele local.

As casas parecem a pintura fúnebre de um campo de batalha. Tingidas por sombras escuras que parecem marcas de carvão. Hao se agacha diante de uma delas, tocando-a com as pontas dos dedos.

Engulo em seco. Não quero perguntar a ele de quem é aquela sombra ou o que aconteceu aqui.

— Isso é obra de um shaman.