Eu me levantei e fui em direção a minha aula. Os corredores foram se enchendo por alunos, e eu tentei desviar todos possíveis, por fim, entrem na sala e me sentei. Estava achando que pela primeira vez teria um amigo.

Depois dos 6 tempos horríveis, eu fui para a biblioteca, iria me ocupar por mais umas 2 horas lá. Queria começar estudar para as provas bimestrais que já estavam chegando. Estudei história, física e química. Fiquei na biblioteca uma hora e meia. Guardei os livros na minha mochila e fui para casa.

O parque já estava com algum movimento. Fui para a minha casa e subi para o meu quarto. Tomei um banho relaxante e sai enrolada na toalha, levei um susto com minha mãe na porta

-Que susto, mãe!- falei.

-Como foi à aula? – ela perguntou interessada

-A mesma chatice de sempre.

-Bom, vim avisar que tem um garoto chamado Nick, te procurando lá embaixo. Posso deixar subir?

Ual, ele já estava aqui. Peguei um vestido rosa que estava na minha cama e me tranquei no banheiro.

-Pode deixar mãe!- gritei para ela.

Coloquei o vestido rápido e penteei meu cabelo. O que demorou um pouco, estava um nó só. Ouvi alguém bater na porta.

-Pode entrar- falei alto do banheiro.

Terminei de me arrumar e sai do banheiro.

-Oi – pronunciei

-Oi, essa aqui é você?



-Eu tinha 5 anos! Quer almoçar? Cachorro quente?

-Gostei da idéia

Nós descemos e fomos para a lanchonete do parque. Eu estava com muita fome mesmo. Pedi um cachorro quente e devorei em menos de 10 minutos. Nick me olhava espantado

-Que foi? É crime uma garota estar com fome?! – falei em tom de brincadeira

-Não, nunca. É que...eu pensei que você fosse daquelas garotas mais delicadas. – ele falou gaguejando um pouco.

-Delicadas? Eu? Eu acho que eu sou a garota mais radical da escola. Só para constar, eu nunca usei nenhum tipo de maquiagem. O máximo que eu uso é um brinco. Sinceramente, prefiro ser assim, do que...

-Eu gosto assim. – ele disse e logo deu uma mordida no cachorro quente. Senti que fiquei corada.

Sabe, é estranho, eu nunca tive amigos, eu sempre fui a garota estranha. A garota sem amigos, por que será que Nick estava tentando se tornar meu primeiro amigo? Essa pergunta invadia minha mente toda hora que eu ouvia ele falar.

-Quer sorvete? – perguntei cheia de esperança.

-Nem terminei de comer o meu cachorro quente. – ele falou limpando a boca com um guardanapo.

-Eu vou indo. Não precisa pagar, fica por conta da casa. Ok, Rosie? – Rosie era a moça que preparava os cachorros quentes, ela é muito simpática.

-Sim senhorita.

Eu fui para a barraca de sorvete. Peguei sorvete de creme. O meu preferido. Quando eu fui atacar meu sorvete, alguém me empurrou, fazendo eu cair em cima do sorvete.

-Olha só, a Char não sabe nem tomar sorvete direito, que bebezona.- disse Valerie para suas amiguinhas insuportáveis. Até aqui ela vem me atacar com as suas palavras?

-Você não cansa, né Valerie?! – Nick chegou me defendendo

-Nick, não precisa, deixe. – insisti para ele parar, enquanto fui me levantando.

-Olha que fofo, o namorado defendendo a namoradinha. – Valerie debochou de novo.

-Valerie, vai embora por favor! – pedi com a maior paciência do mundo.

Ela saiu com suas amiguinhas. Ai que ódio dessa garota. Um dia eu ainda dou uma bela surra nela. Para vê se ela aprende.

-Char, ta tudo bem? – Nick perguntou.

-Você acha que está tudo bem? Está tudo péssimo. Meu sorvete agora está sujo!- falei cruzando os braços e fazendo beiço, logo ele riu.

-Só você para se preocupar com o sorvete nessas horas.- ele sentou no banquinho e eu sentei ao seu lado.

Eu estava com meu cabelo todo bagunçado. Ele tirou uma mecha que estava no meu olho, colocando atrás da minha orelha. E foi se aproximando, instantaneamente, eu fui me aproximando também. Eu já conseguia sentir sua respiração. Mas meu pai apareceu bem na hora. O que fez Nick se assustar e se afastar.

-Charlotte – olhou com uma cara para mim, medo! – Hoje à noite, você vai fazer o número da equilibrista, ela torceu o tornozelo, e não vai poder vir essa noite.

-Tá, pai.- então ele saiu.

-Char, desculpa. Fala pro seu pai que a culpa é minha.

-Não se preocupe, está tudo bem.- forcei um sorriso.

-Mas eu não sabia que era equilibrista!?

-É, só quando ela falta, mas o ‘mini-circo’ só tem uma vez na semana, toda quinta, ou seja, hoje.

-Pode me esperar que eu vou estar aqui à noite para te ver. – ele sorriu

Own, que fofo. Ele é lindo, doce e fofo.

-Char, ta tudo bem? Você por um minuto ficou com cara de paisagem – ele sorriu torto, ai que vergonha.

-Eu estava pensando, ér... que roupa vou usar hoje a noite.

-Tenho certeza que qualquer roupa, você vai ficar linda.- ele falou doce.- Acho melhor eu já ir.

-Tchau... – ele foi embora. Fiquei uns instantes ali, e depois fui para casa.

Estava indo para casa, quando vejo meu pai fazendo um interrogatório com o pobre Nick.

-Quantos anos você tem rapaz?

-Eu tenho 16.

-Pretende fazer o que na faculdade?

-Eu ainda não sei. – respondeu sem graça.

-PAI! – gritei.

-Pode ir rapaz.- ele falou

-Ér...tchau!

-Tchau, Nick, até depois. – dei um tchau para ele e me virei para meu pai.- Pai, o que foi aquilo?

-Estava conhecendo seu amiguinho.

-Pai, nunca mais faça isso, tá legal?

-Tá ok filha. Agora vamos escolher o figurino para a noite?!

-Vamos. – ele colocou o braço no meu ombro me abraçando de lado.