Família do Barulho

Capítulo Extra #1: A Troca de Bilhetes - Parte 1


Depois de todos os patrulheiros tomarem a sopa, começaram a se sentirem melhor, já podia ficar de pé, por exemplo. Quando Chapolin teve a ideia de dar essa sopa para Daniel também, o patrulheiro melhorou e logo reassumiu a liderança do grupo.

–E aí? Gostou de ser líder por um dia?- brincou ele.

–Demais.- disse Chapolin e os dois riram enquanto voltavam para a sala.

Depois de se sentir curado, Mário percebeu que realmente havia perdoado Marcelina, no dia em que a chuva de Aerolitos que destruiu a cidade, eles haviam voltado a ficar juntos e agora, quando ele ficou debilitado pelo veneno do Cogumelo, ela não deixou de ficar do seu lado, sempre o encorajava e dizia que tudo ia ficar bem.

–Eu preciso contar pra ela o que eu tô sentindo, mas estou com tanta vergonha. O que eu faço?- ele pensava andando de um lado pro outro no quarto, tentando achar uma maneira de contar para Marcelina o que ele queria dizer há muito tempo. Ficou um tempão lá, pensando no que fazer, até que teve uma ideia.

–Já sei. Vou escrever uma carta e colocar na cama dela, assim ela vai saber que sou eu, sem dúvida.- ele concluiu, sentando-se na cadeira de seu quarto e começando a escrever a carta em um caderno.

Ele levou uma hora pra escrever a carta, pois ela era muito grande, havia muitas coisas que ele queria dizer pra ela, por isso, a carta ficou um pouco longa, mas ficou muito boa.

Enquanto isso, Seu Lúcio está com Carlitos na cozinha, dando dicas sobre o que comprar para o almoço.

–Tudo isso aqui não vai custar muito caro tá bom? Mas por favor, não perde a lista viu?- disse Lúcio.

–Claro que não. Pode deixar comigo.

–Então vai lá, aqui está o dinheiro.

E assim, Carlitos saiu em direção à porta pra comprar tudo que estava na lista, mas acabou que Mário estava descendo as escadas com tanta pressa pra entregar logo a carta para Marcelina que eles acabam se esbarrando.

–Ai Carlitos, desculpa.- disse Mário.

–Que é isso? A culpa foi minha mesmo, foi mal.

Mas o que eles não sabiam é que a carta que eles haviam comprado estavam erradas, Mário pegou a carta de Carlitos e Carlitos pegou a carta de amor de Mário, mas como os dois papéis eram brancos e estavam em bom estado, acabaram se confundindo. Quando os dois tomaram seus rumos, não faziam ideia da confusão que os esperava.

Mário procurou Marcelina por todos os cantos da casa, mas não encontrou, então, quando procurou nos quartos viu que a mesma dormia profundamente em sua cama, por isso, pegou a carta e colocou delicadamente ao seu lado e saiu na ponta dos pés para não fazer nenhum barulho. Só que ele não lera a carta antes de colocar na cama e pensava que era a carta certa, mas não era.

Enquanto isso, Carlitos chegou no açougue e logo vai ao assunto:

–Boa tarde.- diz ele.

–Boa tarde.- diz o açougueiro.

–Eu queria comprar um monte de coisas mas... como é muita coisa e eu poderia esquecer, trouxe essa lista para o senhor ver.- ele pega a carta de amor do bolso e sem olhar antes, coloca no balcão do açougueiro, que pega e começa a ler. No entanto, o açougueiro fica pasmo com o que está escrito na carta e Carlitos pensa que ele está chocado apenas pela quantidade de coisas que era.

–Eu não acredito nisso, seu cretino!- disse o açougueiro, saindo de trás da bancada.

–O que foi cara?- pergunta Carlitos, assustado.

–Como se atreve a me mandar uma carta de amor dessa maneira?

–Carta de amor uma ova. Isso aí é a lista de compras para o almoço que Seu Lúcio fez e me mandou.

–É mesmo? Então olha, seu engraçadinho!!

O açougueiro jogou a carta na cara de Carlitos e o mesmo pegou, quando ele olhou a carta e percebeu que não era a carta que Seu Lúcio havia lhe mandado, foi sua vez de ficar chocado, como ele trocou de carta desse jeito?

–Espera aí. Não foi isso que Seu Lúcio escreveu.- disse Carlitos.

–Claro, porque você deve ter escrito essa coisa aí e quis mandar pra mim. Ah, mas agora você vai ver!- disse o açougueiro, impaciente, ele pegou uma daqueles martelos usados para bater nas carnes depois que elas são moídas e começou a correr atrás dele.

–Não senhor, espere!- Carlitos tentou dizer, mas não conseguiu, pois o medo falou mais alto e ele correu como um louco pela rua, mas quando chegou na porta, esbarra em outro alguém, dessa vez é Chaveco, que havia saído pra comprar um refrigerante para o almoço e estava voltando, ao se esbarrarem, Chaveco quase deixou a garrafa de refrigerante cair.

–O que está acontecendo aqui?- perguntou Chaveco, quando conseguiu se levantar.

–Esse assanhado aí está dando em cima de mim, foi isso que aconteceu!- gritou o açougueiro.

–Mas como assim Carlitos?

–Vamos pra casa, no caminho eu explico.- disse Carlitos, puxando Chaveco pelo braço correndo dali, mas Chaveco pôde ouvir o açougueiro dizer:

–Eu ainda pego vocês!! Eu sei onde vocês moram e vou até lá. Esperem só!

Carlitos ficou desesperado, ele foi correndo até a mansão e quando chegou lá, se ajoelhou de tanto cansaço, os patrulheiros, que estavam na sala jogando Wii U, ficam preocupados e o ajudam a se levantar até o sofá, onde ele tenta explicar o que aconteceu.

Enquanto isso, Marcelina acorda e logo encara a carta, ela pega e começa a ler, mas se surpreende quando lê o que está escrito, como ela sabe que essa letra é desconhecida pra ela, começa a se perguntar quem pode ter colocado aquela carta ali e porquê. Mas enquanto encarava a carta, Mário chega no quarto e logo sorri.

–Está lendo a carta?- pergunta ele.

–Isso não parece uma carta, mas estou lendo sim. Quem escreveu?

–Eu mesmo.- ela ficou em choque e arregalou os olhos, mas Mário estava de costas e não pôde ver o espanto dela. - Isso são algumas coisas, que eu penso sobre você e queria te contar, mas não sabia como. Então percebi que essa carta era a única maneira de dizer.

–É isso que você queria me dizer esse tempo todo?

–Sim, Marcelina.

Então ela começou a ler em voz alta:

–Dois quilos de rapadura, duas pernas de frango frito...- ela começou a ler com cara de decepção.

–O quê? Como assim?

–...dois pés de porco, um quilo de carne crua, uma grama de retalho grosso e um quilo de língua! É assim mesmo que você me acha seu grosso?

–Espera Marcelina, deixa eu ver isso.- Mário pegou o bilhete e conferiu a letra, sem dúvida não era a dele.

–Marcelina, essa letra não é minha, como pode achar que eu escrevi isso?

–Você pode ter feito uma letra diferente só pra que eu não pudesse achar que fosse você!

–Mas olha bem para a folha, essa aqui tem uma lista pra separar o parágrafo, mas eu escrevi o que eu queria nesse bloco de notas aqui ó! E esse bloco é limpo, não tem nenhuma linha!

–Mas então... quem pode ter escrito um bilhete assim?

–Não sei, mas agora que você mencionou, vamos procurar saber quem foi.

Mas enquanto descia as escadas, Mário parou e se lembrou da trombada que deu em Carlitos.

–Acho que agora já sei quem é. - ele disse desceu as escadas rapidamente, quando chegou lá, viu que Carlitos ainda conversava com Chapolin e Chaveco.

–...e o açougueiro disse que vai fazer picadinho do Carlitos e de mim viu? Ele sabe onde a gente mora, mas eu não tive nada a ver com isso!- disse Chaveco.

–Mas eu não entendo, eu tinha levado o bilhete que o Seu Lúcio me deu, como pode ter virado uma carta de amor desse jeito? Será que aquele vilão que você derrotou transformou em carta de amor?

–Não Carlitos, deixa que eu vou explicar tudo.- diz Mário se aproximando deles no sofá, quando ele contou a história toda, Carlitos zombou de si mesmo por não ter lido a carta e conferido se era mesmo o que Seu Lúcio tinha dado pra ele antes de sair.

–Eu também devia ter feito isso, não se preocupe. Eu também fui um idiota.- ele disse para Carlitos e depois se virou para Marcelina.- Agora sim, essa é a verdadeira carta.

Marcelina pegou a carta e começou a ler, quando terminou, deu um abraço em Mário com um sorriso maior que o rosto.

–Ai Mário, obrigada, obrigada. Desculpa ter duvidado de você.- disse ela, abraçando ele.

–Que isso, precisa se desculpar não. O errado fui eu.- ele disse, correspondendo ao abraço e os dois se beijam. Chapolin, Chaveco e Carlitos acharam aquilo muito "meloso" e saíram deixando eles a sós, eles realmente precisavam ficar sozinhos depois desse grande mal-entendido que quase acabou com o namoro dos dois.

–Chapolin, agora nós dois precisamos da sua ajuda para despistar o açougueiro quando ele vier atrás de nós. Eu conheço ele, sei que ele é de palavra, quando ele diz que vai fazer alguma coisa, ele faz.- disse Carlitos.

–Espera aí, vamos pensar no que fazer.- disse Chapolin, acalmando eles.