Falso amor

Capítulo 54


Estevão respirou fundo. Tinha o corpo todo tenso e a respiração toda irregular depois de falar com Maria. Ele então tocou a testa e disse baixo para seu motorista.


—Estevão: Quando ver as crianças serem liberadas, me avise.


O motorista Arnaldo assentiu com a cabeça, vendo Estevão virando o rosto para o lado da janela, o que ele sabia que seu patrão não mirava a paisagem da rua, o conhecia muito bem para saber que aquele momento ele tentava controlar o que sentia, ainda mais por ter podido escutar o que ele falava.

Passou apenas alguns minutos quando deu sinal e o portão do colégio que Estrela estudava abriu.

Estevão então respirou fundo mais uma vez e saiu do carro.

Nada cooperava para ele estar calmo o suficiente para estar ali com sua filha adolescente, nem o que passava na empresa que ainda fervilhava sua mente muito menos Maria com sua ideia daquele infeliz jantar.


Ele olhou as crianças e adolescentes passando por todo lado, e levou a mão na gravata frouxando ela. Até que viu Estrela parada com o uniforme da escola e mochila nas costas. A menina o olhou de cima a baixo como ele fazia com ela. Estrela era tão bonita, uma graça de menina, com o olhar doce, bochecha levemente rosadas e cabelos loiros que naquele momento estavam presos em um rabo de cavalo. Parecia tão inofensiva e fofa, até seu olhar fofo se tornar duro e ela caminhar até o pai pisando no chão, claramente com raiva.


E então quando esteve diante de Estevão que ficou sem ação quando a viu, ela disse, de mãos nas alças de sua bolsa.


— Estrela: Vamos logo, não quero que me vejam com o senhor.

Estevão respirou fundo. Daria tudo para ter sido recebido com um beijo e um abraço como os filhos dão nos pais em um momento como aquele, mas sabia que era pedir muito, que então ele apenas disse.

—Estevão: Vamos filha, meu carro está bem ali.

Ele indicou com a mão onde estava o carro dele e ela andou deixando ele para trás. Estevão apressou seus passos indo atrás dela, e abriu a porta do passageiro para ela entrar.


Ela entrou e ele fechou a porta, e a primeira coisa que ela percebeu foi o motorista no lugar que ela pensava que estaria Estevão, o que fez ela revirar os olhos por entender que ele ia ao lado dela todo o tempo.

Estevão depois de ter dado a volta no carro entrou do outro lado, sentou no seu lugar e fez sinal para o motorista seguir.

E se fez um silêncio no carro que Estevão não sabia como quebra-lo. Queria começar com um, como foi a aula, filha? Ou como está? Tem muitos amigos na escola? E suas notas como estão?

Mas tantas perguntas que ensaiava em sua cabeça ele já previa uma resposta grosseira, ou simplesmente nada. Afinal, era muito ciente que tinha sua menina ali só porque Maria não tinha dado opção a ela.

Ele então se ajeitou melhor no banco e seu olho buscou olhá-la de lado. Estrela, mexia nos fones de ouvido do celular, claramente ela desejava ignora-lo colocando músicas para ouvir.

Estevão suspirou não muito contente. Parecia petrificado diante de uma menina que era filha dele. O que parecia para ele uma piada. Havia passado toda sua vida adulta enfrentando dragões no mundo dos negócios, e sua menina de 15 anos parecia intimidá-lo dando a última palavra ali. Que por isso, decidido não deixar que aquilo seguisse ele disse sério.

—Estevão: É falta de educação pôr fones de ouvido diante de alguém que sabe que vai conversar com você, filha. Então não bote.


Estrela ignorou levando um fone de ouvido em uma orelha e depois em outra e em seguida Estevão só ouviu um som altíssimo de uma música ultrapassar os fones.

Ele fez cara feia. Só pensou que aquele som danificaria a audição dela, que então ele não pensou duas vezes e pegou o celular dela destacando o fone dele. E disse.

—Estevão: Eu disse para não fazer isso. Além do mais essa música alta vai prejudicar sua audição, filha.

Estrela arregalou os olhos, esticou os braços querendo pegar seu celular e disse brava.

—Estrela: Não pode fazer isso! Me entrega meu celular, Estevão!


Estevão enfiou o celular no bolso do terno dele e disse de tom mais sério.

—Estevão: Entrego quando eu te deixar em casa.

Estrela então piscou contendo as lágrimas que veio aos olhos pelo modo que ele havia falado e depois o respondeu.


—Estrela: O senhor é um horror de pai!

Estevão não falou nada, vendo ela cruzar os braços e se endireitar no lugar.

O motorista seguiu dirigindo até que chegou no restaurante que antes ele já sabia em qual ir por Estevão ter deixado dito.

E então depois que ele parou, Estrela abriu a porta saltando do carro sem ainda esperar que Estevão fizesse. O que fez ele saltar em tempo recordes para alcança-la.

Ela ainda estava de mochila nas costas esquecendo de deixar no carro, por isso quando estiveram na entrada, Estevão disse a um homem de uniforme do bonito do restaurante ao tirar a mochila das costas dela, tão rápido que ela não pôde impedir.


—Estevão: Pode guardar para mim, até sairmos?

O homem sorriu já conhecendo Estevão como cliente e disse.

—X: Claro que sim senhor San Román. Boa tarde.

Ele pegou a mochila e Estevão disse, a Estrela que ficou parada o tempo todo.

—Estevão: Vamos filha.

Fazendo questão de chama-la de filha por nunca ter aparecido com uma menor naquele restaurante e tendo horror em ser confundido como ele sabia que acontecia em qualquer lugar público com homens do mesmo estilo que ele, Estevão tocou de leve nas costas de Estrela e ela andou.

Dentro do restaurante um garçom apareceu o recebendo também, Estevão pediu uma mesa bem localizada e arejada e ele os guiou adentro do estabelecimento.

Quando tiveram em uma mesa para 2, Estrela se sentou primeiro olhando todo o lugar e gostando do que via. Estevão observou ela olhando tudo com o olhar curioso, e disse depois que sentou.

—Estevão: Pelo seu olhar, parece que nunca esteve aqui.

Ela piscou com ele tendo agora a atenção dela. Era certo, tinha alguns meses ainda no país de seus pais, que neles, só teve a mãe passeando com ela nos primeiros dias e depois não mais. Ela revirou os olhos por saber o porquê Maria não tinha mais tempo de passear com ela. E estava diante dela um dos motivos, que então assim, ela disse grossa.

—Estrela: Só estou aqui porque minha mãe me obrigou Estevão. Ela pensa que vou aceitar esse bebê que vão ter. Mas não vou. Nem ele, nem o senhor.

Estevão respirou fundo, sinalizou ao garçom com a mão e depois mirou sua filha e disse calmo, mas em tom de seriedade por não ter gostado das palavras dela.

—Estevão: Sei que devo muito a você como pai, mas esse irmão que você e Heitor terá, nada deve para não o querer, filha. E digo mais, penso que fala da boca para fora, todo mundo gosta de bebês você não seria diferente, hum.

Ela não respondeu, por ver que Estevão começou a falar com o garçom e em seguida, ela o teve perguntando a ela se ela queria o prato que o chefe de cozinha indicaria para clientes da idade dela sem precisarem passar o tempo com uma escolha, já que Estevão decidia que comeria o que o chefe indicaria naquele dia, agora faltava ela. Que com ânimo nenhum, ela apenas soltou um tanto faz e o garçom saiu rumo a cozinha.

E com eles já a sós, Estevão pigarreou dizendo.

—Estevão: Tenho certeza que Maria te deu uma educação melhor que está me mostrando, Estrela.

Ele ajeitou o guardanapo na perna morrendo de vontade de beber algo alcoólico, mas sabendo que não podia fazer isso diante de sua menina, se obrigando assim deixar sua vontade de lado.


Estrela deixou seus ombros caírem e disse baixo, olhando seus dedos da mão.


—Estrela: O quanto ama minha mãe?

Ela subiu o olhar o mirando, e Estevão a respondeu.

—Estevão: Muito. Mais do que eu poderia explicar e você entender filha.

Estrela olhou os dedos novamente e disse.

—Estrela: Quem ama não fere, não é.

Ela o olhou outra vez agora com seu par de olhos o acusando, e Estevão desejou mais que nunca beber. Mas sabendo que teria que ser sincero e paciente, ele disse, tentando ter uma conversa de adulto na torcida que ela o entendesse.


—Estevão: Sabe as decepções e porquê elas chamam assim, filha? Porque elas vêm das pessoas que mais amamos e admiramos na vida. O que significa, que estamos destinados sempre decepcionar alguém ou sermos decepcionados. Eu decepcionei a mulher que mais amei depois de sua vó paterna, decepcionei, feri sua mãe e agora tento desesperadamente concertar esse meu erro.


O garçom veio empurrando um carrinho com os pedidos, e depois esperaram que fossem servidos para voltarem ficar sozinhos.

Até que quando ficaram, Estevão seguiu com o que falava.

—Estevão: A vida muitas vezes leva-nos ao extremo. Nos provam para ver até onde vamos, e eu fui até o final com a injustiça que me separou da mulher que eu amava e de minha filha tão desejada. Você Estrela. Eu errei filha e não estou negando.

Estrela piscou depois de ouvir Estevão falando. Baixou a cabeça em seguida e cutucou sua comida com o garfo. Não sabia o que dizer, tinha visto um brilho nos olhos de Estevão que não era comparado ao que ela já tinha acostumado ver, que era ele com raiva ou impondo sua autoridade que ela não gostava. Estevão bebeu um pouco de sua bebida gelada e sem álcool e ouviu ela apenas resmungar depois de uma cara feia que ela fazia para a comida.

—Estrela: Eu sou vegetariana.

Ele olhou ela jogar para o lado o filé de carne. Ele então limpou a boca com o guardanapo e disse.


—Estevão: Por que não me disse que era? Eu pediria um prato exatamente como é sua dieta.

Ele encarou ela tranquilo, ainda que pensava que uma menina da idade dela não deveria ter aquela dieta, que em sua fase de crescimento, era essencial ter em seu cardápio todo tipo de proteínas.

Estrela empurrou o prato para frente. Estava mentindo, comia carne principalmente quando ela vinha nos hambúrgueres enormes que ela amava, junto com um copo grande de coca gelada e batatas fritas. Mas não ia dizer, apenas queria ver até onde ia paciência do seu querido pai, que então assim ela disse.

—Estrela: Estava querendo ser educada. Achei que comeria. Mas não consigo.


Ela deu um sorrisinho e Estevão a encarou por um breve momento, até que chamou o garçom com a mão novamente para trocar o prato dela.


2 minutos depois Estrela esperava seu novo pedido chegar, e Estevão querendo manter uma conversa com ela, a qual prometeu a Maria, disse.

—Estevão: Voltemos a falar no irmão que vai ter.

Estrela cruzou os braços e revirou os olhos. Estevão largou os talheres em sua frente para molhar a boca outra vez com sua bebida e disse.

—Estevão: Como eu ia dizendo. Ele não tem culpa dos meus erros. Ele será sua irmã, ou irmão mais novo, precisará de cuidados e amor de todos nós. Então porque não tenta ver por esse lado, filha, hum?

Estrela bebeu também de sua bebida gelada para tampar o vazio de sua barriga, já que morria de fome que sabia que se não fosse sua graça, já estaria saciando ela. Que então depois, ela disse.

—Estrela: Esse bebê veio para acabar de tirar minha mãe de mim.
Estevão fez que não com a cabeça e rápido a respondeu.

—Estevão: Isso não é verdade Estrela. Penso que é exatamente o contrário. Ele irá unir todos nós. Não deve seguir sentindo o que sente, te fará mal e machucara também sua mãe. É isso que quer?

Estrela fechou a cara não gostando do que o ouviu e disse.

—Estrela: Não sabe o que está falando. Eu nunca machucaria minha mãe.
Estevão respirou fundo. Sabia que Estrela não faria o que claramente com o olhar que ele recebia Estrela dizia que ele sim faria, que era machucar Maria. O que ele não podia se defender diante daquele olhar, mas sabia que como filha, se ela seguisse com aqueles sentimentos referente a gravidez de Maria, sim ela a machucaria, não como ele, mas faria. Que então assim, ele a aconselhou como pai.


—Estevão: Então sinto muito dizer que se seguir contra o que já e inevitável, a machucará. Sei que Maria ama os filhos exatamente igual e saber que terá o terceiro mais que um deles não o aceita, a machucará. Então não siga com isso, Estrela.


Estrela piscou sentindo lágrimas molharem os olhos e disse depois de ouvi-lo.

—Estrela: Quer fazer com o que eu me sinta mal por isso está falando isso Estevão.

Estevão negou com a cabeça e disse calmo.


—Estevão: Não, filha. Falo porque sei o que podemos fazer quando nos sentimos magoados e despeitados, e é assim que se sente, não é? Quando estamos assim, ferimos quem mais amamos e fazemos besteiras. E eu não quero que faça igual a mim.
Ele a olhou se vendo naquela miniatura mas que usava saias, e Estrela o respondeu revoltada.

—Estrela: Não devia ter se aproximado dela. Eu pensava que vocês se odiavam e agora vão ter um bebê. Me sinto traída e decepcionada mais uma vez.


Ela chorou limpando os olhos em seguida e então o garçom chegou com um novo pedido deixando eles silêncio.

Estrela viu seu prato chegar e encarou com nojo do que via e então ela chorou mais dizendo.


—Estrela: Que nojo, eu não vou comer isso.

Ela tampou os olhos com as mãos e Estevão respirou fundo dizendo.

—Estevão: Disse que não comia carne, se não come, nesse prato está o que deve estar acostumada comer, querida.

Estrela tirou as mãos do rosto e disse toda vermelha entre lágrimas.

—Estrela: Eu menti! Não como isso! Eu quero minha mãe...


Ela se levantou num salto rápido e saiu da mesa. Estevão se apressou vendo que ela pegava a direção que levava a saída do restaurante, que sem tempo de pagar o que ele havia pedido com cartão, ele soltou algumas gordas notas sobre a mesa e saiu correndo atrás dela.


Estrela sentiu o sol quente sobre sua pele quando pôs os pés na rua e pegou qualquer direção e andou pelas calçadas.


Estevão a viu virando uma esquina e correu. Sentia na pele um sol de 40 graus, mas com a sensação térmica de 50, sobre a roupa quente de um homem de negócios que ele vestia.

Ele passou a mão no seu rosto todo vermelho e a seguiu temendo o pior. Estrela percorria ruas desconhecidas para ela, e sabendo que ela estava sem um celular caso se perdesse para se comunicar com alguém por ele seguir com ele, o desesperava mais.

Ele então a viu andando de passos largos e a gritou.

—Estevão: Estrela! Espere!

Ela se virou para trás ao ouvi-lo e voltou a correr.


Estevão não acreditou no que ela o fazia passar, apenas correu em um misto de raiva e medo. Medo de acontecer algo com ela e raiva por ver ela agindo como agia e tê-lo como um doido correndo pelas ruas do centro movimentado da cidade.

Até que quando ia atravessar mais uma rua, Estrela viu que o semáforo fechou para ela. Os carros, logo começou um atrás do outro passarem deixando ela parada no lugar, até que ela então sentiu uma mão firme lhe agarrar no braço e uma voz ofegante dizer.

—Estevão: Já, já chega dessa, dessa palhaçada, Estrela!

Ela encarou Estevão que olhava ela, todo suado, vermelho e puxando o ar da boca não muito diferente dela, que tinha o coração acelerado.

Estevão com raiva fez ela andar em direção de onde eles passaram, mas ela puxou o braço dizendo alto.


— Estrela: Socorro, Socorro, alguém me ajuda, esse homem está me sequestrando!

Quando Estevão a ouviu temeu que acreditassem o que ela dizia, e viu um homem vindo em passos largos na direção deles e então a largou rápido dizendo, todo vermelho.

—Estevão: Não siga com isso se não vamos parar em uma delegacia, filha. É isso que quer?

Ele falou grosso e deu um olhar de repreensão que fez ela encolher os ombros, até que ouviram o homem que vinha dizer.


—X: Está acontecendo alguma coisa aqui? Mocinha?

Ele olhou Estrela e depois Estevão que ergueu a cabeça e estufou o peito em direção dele. Como Estevão, o homem era alto e forte, mas moreno. Estrela temeu quando os viu perto demais e então disse arrependida pelo que tinha feito.

—Estrela: Não está acontecendo nada. Ele é meu pai.

Estevão olhou ela por um segundo e a viu baixar os olhos ao chão parecendo arrependida pela arte. Ele então arrumou a roupa e disse, encarando o homem.

—Estevão: Ouviu minha filha. Se afaste de nós, ou te afasto.

Ainda uma pilha de nervos Estevão sabia que mesmo que levasse alguns bons golpes daquele grande homem ele também daria outros bons, e com isso descarregaria toda aquela raiva que ainda percorria nele, mas Estrela passou a frente dele e disse.

—Estrela: Vamos pai. Vamos.

Ela tocou no peito dele rápido e Estevão no instante que a ouviu baixou seu olhar para os delas. Os olhos dela pareciam assustados, e ele repensou vendo que não podia mostrar seu lado que sempre mostrava a ela, e ainda por ter ouvido ela chamar ele de pai e não pelo nome, que então ele a trouxe nos braços a abraçando firme para não vê-la se soltar e disse ao homem.

—Estevão: Será que agora pode nos dar licença.


O homem suspirou convencido que a menina que via estava realmente com o pai e não em perigo, se virou e foi embora.

Estevão alisou as costas de Estrela e depois beijou a cabeça dela. Ele apertou ela mais firme. Era a primeira vez que a tinha nos braços e infelizmente ela não era mais bebê, estava grande batendo na metade do peito dele e toda encolhida. E assim ela disse baixo para ele ouvir.


—Estrela: Eu estou morrendo de fome.

Com a voz dela, parecia que ela estendia a bandeira branca, ele então a soltou devagar com ela claramente sem jeito e mirou dos lados. Estavam com esquina com o McDonald’s ele então sorriu, lá certamente teria o que ela de bom agrado comeria. Ele então disse fazendo ela olhar.

—Estevão: Vamos ali. Tenho certeza que saciará essa sua fome.

Estrela se virou e sorriu com os olhos brilhantes. Mas fechou a cara ao se virar novamente e soltou outro tanto faz mesmo que estivesse louca para sentar e comer um grande hambúrguer com batatas fritas e coca.

E lado a lado cruzaram a rua. E meia hora depois já estavam em uma mesa.

Estrela tinha o que mais gostava de comer em frente dela, e Estevão tinha se rendido a um milk-shake de chocolate. Tinha cede de algo gelado para acalmar seu calor depois da corrida que Estrela havia feito ele dar.

Enquanto a menina comia calada, ele via no celular mais de uma mensagem de Maria, claramente preocupada por não ter nenhuma dela respondida nem as chamadas que pela hora que ele via delas, era muito provável que ele estivesse correndo atrás da filha deles.


Estrela bebeu um pouco de sua Coca-Cola gelada vendo ele encarando o celular, e disse.


—Estrela: Se for minha mãe. Não precisa dizer o que houve.

Estevão a encarou. Tampouco gostaria de dizer a Maria que havia dado oportunidade para que Estrela corresse sem rumo pelas ruas.

Que então ele disse.

—Estevão: Não digo nada se também não disser.
Estrela de cara concordou com aquele pacto dizendo.

—Estrela: Certo.

—Estevão: Certo.

Estevão sorriu depois de repetir a resposta de Estrela, e a viu em seguida voltar a comer seu lanche. Estava feliz por não ter feito besteira alguma mesmo depois dela ter feito ele correr em meio aquele sol quente até estarem ali aparentemente em paz.

Ele então voltou a olhar seu celular e escreveu uma mensagem rápida ao motorista que ele imaginava que ainda estava onde ele tinha deixado. Arnaldo tinha que encontrá-los onde estavam, mas antes ele teria que buscar a mochila de Estrela que ela tinha deixado para trás e apostava que sua menina não se lembrava dela.

Momentos depois, como o combinado Estevão deixava Estrela na frente da escola que ela deveria ter estado assim que tivesse saído da primeira que ela tinha o ensino básico, como Maria tinha deixado claro que ele fizesse assim que terminasse aquele almoço.

Ainda dentro do carro com a mochila de Estrela separando os dois, Estevão disse tirando o celular dela do bolso para entrega-la.

—Estevão: Tome, filha. Disse que entregaria e aqui está.

Ela o olhou e pegou o celular, Estevão suspirou vendo ela pegar a mochila dela em seguida, pronta para saltar do carro dele. Ele então segurou o pulso dela antes dela fazer o que pretendia.

—Estevão: Filha, eu queria que tivéssemos outro momento como hoje.

Estrela o olhou desconfiada e disse.

—Estrela: Esse dia só aconteceu porque minha mãe me obrigou.

Estevão respirou pensativo. No começo sim tinha sentido o incomodo dela estando com ele, mas depois não mais, que por isso ele disse esperançoso.

—Estevão: Não sei se posso confiar se foi só por isso. Sei que se quisesse poderia convencer fácil para que ela mudasse de ideia. Sabe que precisamos nos conhecer, filha. Você precisa saber como eu posso ser como pai. Lembra da minha conversa com você? Quero que conheça o que há de bom em mim também. Me permita de provar isso.

Estrela puxou a mão se sentindo nervosa olhou o motorista e voltando a olhar para Estevão, disse.

—Estrela: Não sei. O que minha mãe decidir eu farei por ela. Apenas por ela.

Estevão deu um sorrisinho contente pelo menos tinha aquele crédito a favor dele, já que Maria estava também empenhada em aproximá-los e então ele disse, tentando não pressioná-la mais.

—Estevão: Está bem, o que ela decidir, faremos. Até logo filha.

Estrela assentiu com a cabeça. Estevão ficou inquieto, queria abraça-la antes que a visse descer do carro, ou apenas dar a ela um beijo na testa, de pai.
Ela olhou para o chão do carro parecia esperar uma despedida mais afetuosa também, até que viu que nenhum se atreveu a se despedir com toques, ela abriu a porta do carro e saiu dele, com a bolsa no ombro.

Estevão respirou fundo fechando os olhos, até que os abriu e abriu a porta do lado dele também e a chamou apressado.

—Estevão: Filha, espere.

Estrela parou na calçada e ele deu a volta no carro para ir até ela e ela o ouviu dizer assim que se aproximou dela.

—Estevão: Quero te levar até o portão da escola para que não tenha problemas com o horário que chega.

Estrela olhou os pés e assentiu com a cabeça e depois ambos andaram um de cada lado.

Estrela sabia que Maria tinha avisado a direção de sua escola que praticava esportes que ela poderia chegar fora do horário, mas chegaria acompanhada de um responsável, o que não era preciso tê-lo levando-a até o portão com a justificativa que deu.
Ela andou calada até que quando ela ia passar por um pequeno portão, Estevão a pegou no braço, ela o olhou com seus olhos brilhantes e ele a abraçou.

Foi terno o abraço, menos apertado que o primeiro e mais rápido também, como que se ele tivesse medo da rejeição dela. Que então quando ela olhou novamente para ele, ele que tinha os olhos brilhantes.

—Estevão: Se precisar de mim, me ligue, filha.
Ela o olhou confusa não tinha o número dele e então ele disse, tirando o ponto de interrogação que via no rosto dela.

—Estevão: Meu número está na última chamada de seu celular. Tomei a liberdade de fazer isso enquanto foi ao banheiro quando já irmos embora. Tchau, minha filha.

Ela olhou seu aparelho na mão que não tinha senha uma regrinha que Maria exigia e nada disse, apenas girou e passou pelo portão. Estevão ficou olhando por um tempo o portão fechando por um porteiro e respirou fundo. Estava feliz, esperançoso e certo que se mantivesse paciente e menos autoritário conquistaria sua menina assim como Maria aconselhava.

Ele então caminhou de volta para o carro sorrindo.

Ele entrou e assim que entrou, já não sorria o que tinha deixado de lado agora tinha que ser tratado, que então assim ele ouviu Arnaldo dizer.

—Arnaldo: Aonde vamos agora, senhor? Voltaremos para empresa?

Estevão assentiu com a cabeça e ele tratou de fazer o carro se mover.

Estevão mexeu no celular dele e fez uma ligação.
Do outro lado, sendo atendido rápido, ele ouviu a voz de quem ansiava ouvir novamente.

—Maria: Estava esperando essa ligação. Como foi tudo com nossa, filha? Já deixou ela na escola?

Andando dentro da sala dela, onde trabalhava com Geraldo e sua equipe de advogados, Maria olhou seu relógio de pulso vendo a hora. E Estevão fazendo o mesmo com o dele, a respondeu.
—Estevão: Sim. Que horas sai do trabalho? Precisamos nos ver. Quero falar contigo e é urgente, Maria.
Maria suspirou. Não pretendia ver Estevão no dia que estava. O conhecia e pensava que acabariam brigando por lembrar como havia terminado a última ligação deles. Estava certa que seguiria firme até o final do dia que estavam com o compromisso que tinha, como sabia que ele seguiria firme na insistência dela não ir. Então preferiria evitar uma nova discussão.

Que então assim, ela o respondeu.

—Maria: Se quer falar sobre o almoço que teve com nossa filha eu posso ouvi-lo agora, Estevão. Já disse que hoje não vou para empresa e.… e você sabe...

Estevão respirou fundo sentindo novamente seu sangue voltar a correr rápido nas veias com aquele assunto que no final de suas palavras ela pareceu querer evitar. Que então ele disse.

—Estevão: O que temos que conversar é muito mais importante do que esse infeliz jantar com esse oportunista de seu chefe, Maria!
Agora Maria respirando fundo disse.

—Maria: Penso que pode esperar até amanhã cedo se não é sobre nossa filha, que quer conversar, Estevão.

Não contente, Estevão insistiu dando outra opção para se verem ainda aquele dia.

—Estevão: Que horas chega? Posso esperar que chegue e vou até seu apartamento e conversamos.

Maria deu um sorriso nervosa e disse.

—Maria: Eu não sei que horas vou chegar Estevão. E por favor não vamos mais falar disso.
Estevão bufou e desejou privacidade no momento para falar com Maria, mas não podia, estava passando pelas ruas da cidade dentro do seu carro e o motorista com ele. Na verdade, sabia que a conversa que gostaria de ter com ela tinha que ser pessoalmente, nada de telefone, queria vê-la e olhá-la nos olhos para entender os reais motivos do porque ela insistia naquele jantar. O que no fundo ele sabia a reposta. Era ela fugindo do que sentia, do amor deles. Que assim, depois de um silêncio deles, ele disse baixo.

—Estevão: Eu sei o que está querendo fazer, Maria. Sei que ainda me ama e não é dessa forma que vai me tirar do seu coração nem da sua vida.

Maria ficou quieta e em seguida disse.
—Maria: É só isso?
Estevão se sentiu, mas nervoso com o que ouviu e a respondeu, depois que puxou com força o ar do seu peito.

—Estevão: É só isso que posso fazer nesse momento. Vou deixar que faça o que quer, porque vou estar aqui te esperando quando ver que ele não é eu. Boa tarde, querida.

Ele desligou a ligação e Maria ficou olhando para tela do celular. Ela andou com as pernas tremula até a mesa dela, sentou na cadeira largando o celular sobre suas coisas, baixou a cabeça e levou as mãos nos cabelos.

Não tinha nenhuma expectativa com aquele jantar com Geraldo, já que não tinha mudado seus pensamentos de que não podia fazer dele um segundo Luciano, era injusto com ela sabendo que até com algumas simples palavras com as que Estevão tinha dito naquele momento, a teve tremula. Ele a abalava dos pés à cabeça.

Ela ouviu alguém bater na porta, e levantou a cabeça permitindo a entrada e viu então o segundo homem que tinha nos seus pensamentos.
Geraldo apareceu no campo de visão dela com um sorriso no rosto. Estava ali para ter a certeza mais uma vez que logo mais teriam um jantar juntos já que estava lhe custando acreditar que finalmente ele teria aquela oportunidade de leva-la a um lugar longe do trabalho e sem formalidades de chefe e funcionaria como tiveram uma vez em um almoço.
Que então assim, ele disse.

—Geraldo: Logo encerra o expediente e queria ter a certeza mais uma vez se esse nosso jantar vai acontecer, Maria.

Ele caminhou adentrando mais na sala e Maria ficou de pé. Diferente dela, ele sim parecia ter muita expectativa com aquele jantar e ela então suspirou pensando que mataria todas quando fosse sincera com ele.

Que então assim ela disse.

—Maria: Tem certeza que quer jantar comigo essa noite Geraldo?

Geraldo pegou na mão dela, lhe beijou nas costas dela com Maria observando seu gesto, até ele voltar a mirá-la e dizer.

—Geraldo: Claro que quero. E não se preocupe, com nossa última conversa já entendi que está decidida em me fazer desistir do meu interesse em você mesmo que essa decisão tenha que vim de mim. E, Maria, eu não desisto fácil daquilo que quero.

Ele se aproximou mais lhe tocando no rosto e voltou a dizer.

—Geraldo: É só um jantar que teremos então tente relaxar.

Maria sorriu baixando os olhos e se afastando depois temendo que saísse ali mais um beijo precipitado e então ela disse.
—Maria: É que não tenho costume de aceitar convites assim e como já disse, minha vida está uma confusão desde que regressei e não queria te pôr nela, Geraldo.
Geraldo não ficou surpreendido pelo que ouviu, claro que ela não era de ter encontros havia percebido muito tempo, sabia daquilo e que ela era uma mulher divorciada envolvida emocionalmente com um ex. Um desafio que ele estava disposto a enfrentar. Que então assim, ele disse.
—Geraldo: Já disse que eu que vou decidir se quero ficar nessa confusão ou não, Maria, me deixe decidir. Talvez eu te traga clareza em alguma delas.

Com ela de costa, ele tocou nos braços dela. Maria com o que ouviu virou para ele e o mirou nos olhos. Que clarezas ela poderia buscar nele? Que não podia se envolver com outro homem que não fosse Estevão? Ou que estava presa a um amor de seu passado que nunca que foi superado e já era hora de fazer aquilo?

As horas passou.
Maria já estava em seu apartamento junto com Estrela que via televisão à espera de Marta que passaria a noite com ela.
Maria andou com mais uma troca de roupa colocando ela sobre a cama dela e olhou.

Não sabia o que vestir para aquele jantar. Geraldo combinou com ela que se encontrariam no restaurante, o que ela gostou de saber que poderia ter a privacidade do seu carro na ida e na volta até o restaurante, usando ela para se tranquilizar. Era só um simples jantar, um encontro casual que uma mulher livre como ela e Geraldo também um homem livre de compromissos, teriam. Nada de mais. Era o que ela tentava se convencer.

Ela olhou um lado da cama dela. Um travesseiro onde Estevão havia dormido ao lado dela. Ela suspirou desejando deixar as lembranças que tinha com ele ali desejando não levar elas para aquele jantar que teria com Geraldo.

Estrela apareceu no quarto vendo ela parada a frente da cama, vestindo um roupão de banho. Ela sabia que Maria teria um encontro aquela noite, já que a tinha enchido de perguntas quando soube. O que Maria sabia que o interesse dela só tinha sido para saber com quem ela iria jantar aquela noite, que para ela poderia ser com qualquer um menos com Estevão.

A menina então olhou as roupas e disse sorridente.
—Estrela: Não sabe o que vestir?

Maria a olhou muito alegre para seu gosto. Afinal, a noite passada brigaram e pelo dia ela tinha sido obrigada a estar com o pai em um almoço que Maria não estava muito convencida que de fato tinha ocorrido tudo bem, pois conhecia muito bem a filha que tinha e o pai dela. Ambos de temperamentos fortes para simplesmente terem um almoço tranquilo e sem muito o que falar dele.

Que então assim ela, disse.

—Maria: Tem certeza filha, que ocorreu tudo bem nesse almoço que teve com seu pai?

Estrela revirou os olhos e sentando na cama ao pegar uma blusa dela, ela disse.

—Estrela: Sim, mamãe. Eu já disse. Ele só me falou coisas como já disse quando veio aqui e sobre esse bebê que esperam.

Ela largou a roupa e a mirou na barriga. Maria suspirou e sentou ao lado dela dizendo, ao pegar em uma mão dela.

—Maria: Esse bebê, vai ser seu irmão mais novo. É importante para todos nós que o aceite filha.

Estrela suspirou. Tinha ciúmes agora daquele bebê que podia também significar que Estevão poderia regressar para vidas delas de uma maneira que ela não queria.

Ela então puxou a mão e disse se levantando.

—Estrela: Vamos falar do seu encontro com Geraldo. Eu gosto dele para que seja seu namorado.

Maria pegou algumas peças de roupas depois que se levantou também e disse.
—Maria: É só um jantar que terei com ele filha. Não tem futuro nenhum.

O celular dela tocou na cama, as duas olhou marcando Luciano na tela. Por um momento Maria sentiu seu coração acelerar até lembrar que teve que bloquear as ligações de Estevão como já havia feito. Repetiu fazer ao menos aquela noite que queria evitar tê-lo na cabeça. O que a fez rir por dentro, já que não precisava muito para recordá-lo, que até seu celular tocando seu coração a recordava dele.

Estrela então vendo ela pegar o celular, apenas disse ao reparar as roupas que ela tinha pego.

—Estrela: Boa escolha de look mamãe. Vai estar linda como sempre.

Ela a beijou no rosto rapidamente e Maria levando o celular em uma de suas orelhas, a viu deixar o quarto.
Na mansão San Roman

Estevão estava em sua sala de estar. De portas fechadas, ele tinha um copo grosso de uísque na mão, enquanto estava sentado em um dos sofás.

Sentado, de blusa sem gravata e com alguns botões abertos, calça e sapatos, ele tinha se rendido aquele estado quando depois de ter chegado da empresa, ele ter tomado um banho quente que pareceu necessitar passando horas nele e para não fazer o que tinha em mente depois dele, se trancou ali.

Havia pensado em tantas possibilidades de impedir que aquele jantar não acontecesse, até Arnaldo poderia ter atuado em favor dele e ele tinha rejeitado o oferecimento de seus serviços quando o tinha deixado na empresa e ele recorda-lo que não era apenas seu motorista particular. Mas não podia fazer aquilo que lhe foi proposto, não podia mais uma vez cometer erros com tantos já feito. Também havia pensado em pegar o carro e ir até o apartamento de Maria sendo ciente que teriam uma calorosa briga e diante de Estrela. Outro erro que ele não queria cometer, era causar uma briga com Maria diante de sua menina e nem longe, não estava em vantagens. Geraldo estava.
Ele bebeu de sua bebida ciente que como homem tinha deixado tanto a desejar. Ele fechou os olhos. Não se rendia, ainda queria ter o coração de Maria sem ver medo da parte dela para entrega-lo mais uma vez, não queria apenas seu corpo, a queria por inteira e sabia que essa batalha estava apenas no começo. Então não estava se dando como perdedor, ainda que naquele momento se via de mãos atadas, amarrado enquanto a mulher de sua vida estaria em um jantar com outro e sendo exibida por ele.

Ele virou o copo bebendo toda a bebida e se levantou com imagens na cabeça que o perturbava. Via Geraldo a tocando como tinha feito quando ele dançou com ela. Ele estava ciente que a noite ia ser longa e em claro enquanto não pudesse vê-la e reivindicar seus lábios, seu corpo, sua mulher para se ver tranquilo.
Ele então encheu o copo de mais bebida.

Ele tinha feito por 15 anos o que via que Maria estava tentando fazer, que era tentar inutilmente tampar o buraco que ela tinha deixado na vida dele com outras mulheres. Mas havia sido uma casca grossa, uma máquina sem sentimentos para dar para todas elas. Mas, e Maria? Se apaixonaria por outro? Se feriria naquele processo?

Ele caminhou alisando a testa, era perguntas que ele se fazia que não queria pagar para ver as respostas.
Ele sentou no sofá e agora fixou olhos no fogo da lareira acesa na sala. Fazia frio aquela noite, com ventos que parecia que antecedia um temporal. O que Estevão pensava que o tempo combinava muito bem com seu estado de ânimo por ter naquele momento a mulher que amava na companhia de um homem que não era ele.

Longe dali.

Maria tinha chegado primeiro no restaurante que já tinha uma reserva feita para 2 em nome de Geraldo.

Ela caminhou até a mesa que o garçom a levava e sorriu quando ele gentilmente afastou a cadeira para ela sentar. Enquanto caminhou, Maria tinha atraídos vários olhares por sua beleza exagerada e seu andar elegante. Parecia uma mulher madura que sabia o que queria, mas que por dentro sentia uma jovenzinha que estaria em um encontro com um pretendente enquanto pensava em outro.

Porque era assim que ela estava. Dividida, estando ali por livre e espontânea vontade, mas presa entre suas incertezas. Ela olhou ao redor e colocou seu sobretudo vermelho sobre o colo quando tirou do corpo.

O que realmente estava fazendo ali? Estava convencida que quando Geraldo soubesse que ela estava grávida todas ilusões que ele poderia ter por ela, iria por água abaixo. Então estava perdendo tempo e fazendo ele perder em ter aceitado aquele convite.
Ela suspirou. Estava tão negativa, que fechou os olhos para tentar limpar seus pensamentos.

30 minutos passou, e Maria tomou mais um pouco da água que havia pedido ao garçom desejando que aquilo fosse um bom vinho para que lhe tirasse qualquer ansiedade e a relaxasse. Mas não podia ingerir álcool, então ficaria cada vez mais inquieta e com a bexiga enchendo para ir ao banheiro.

Ela olhou a tela do celular, a mensagem que tinha mandado a Geraldo há 15 minutos atrás e uma quando saiu do apartamento, ele não tinha respondido. O que para ela soava estranho, já que antes de deixar o expediente de trabalho, ele brincou ligando para ela para ter certeza de mais uma vez que teriam aquele jantar. E agora parecia que ele tinha sumido do mapa.

Ela tocou os cabelos soltos e depois levou a mão na gargantilha delicada que usava, mas muito valiosa para fazê-la usar em ocasiões que sairia como aquela noite e não para trabalhar.
Ela então ligou para Geraldo. A ligação chamou e ela torceu os lábios pintados de vermelho matte, quando a viu cair na caixa postal.

Já não estava como chegou, mas sim sentindo que seu sangue começava a fluir mais rápido quando pensava que Geraldo a tinha deixado plantada ali.

Ela largou o celular na mesa e tomou todo o resto da sua água. Chamou o garçom com a mão e depois que ele veio, pediu agora uma bebida doce e gelada, mas sem álcool.

Ela soprou o ar pela boca tentando refrescar seus pensamentos. Geraldo não era aquele tipo de homem que deixaria ela plantada ali na espera dela. Parecia não ser. O que fez ela temer algo pior que pudesse acontecer com ele impedindo que ele chegasse e se comunicasse com ela.

O que fez ela mandar outra mensagem para ele, mas agora uma que perguntava se algo tinha passado.
Depois que mandou a mensagem, ela largou o celular mais vez e olhou ao lado dela uma mesa com um casal que se beijavam. Ela virou o rosto, a última coisa que ela precisava naquele momento era ver uma cena como aquela.

Na mansão San Roman

Estevão ainda na sala olhou a janela, havia começado a chover e o vento moveu a cortina, ele se levantou deixando seu copo vazio e foi fechá-la, reparando que a chuva estava forte como o esperado.
Ele então voltou para sentar, mas antes pegou seu celular que estava ao lado de seu copo e em cima da mesinha ao meio da sala. Em vão, ele fez uma ligação que foi direto para caixa postal. E ele suspirou olhando a tela e depois entrou nas conversas que ele praticamente falava sozinho com Maria. Ele abriu a foto dela e passou o dedo. Sempre salvava as fotos que ela colocava de perfil em seu contato, mas não tinha uma nova dela que ela por boa vontade quisesse compartilhar com ele tampouco tinha uma foto com ela. Tinha apenas de quando ainda eram jovens e algumas do casamento que ele tentou tantas vezes se livrar. Era tão consciente que havia sido imbecil e que por isso Maria estava na companhia de outro aquele momento.

1 hora e 10 minutos de espera, Maria marcou ao olhar a hora na tela de seu celular. Estava convencida que Geraldo não vinha e não se prestaria mais aquele papel de espera-lo seja qual fosse o motivo de seu atraso.

Ela então se levantou, tinha tomado dois copos da bebida que tinha pedido e ainda água, o que a fez necessitar urgentemente de um banheiro. Geraldo não tinha deixado apenas ela plantada ali, mas ela sendo uma mulher grávida que estava indo mais ao banheiro ao dia do que poderia contar e ainda assim tinha suportado até aquele momento de pernas cruzadas sentada ali para não correr o risco dele chegar e não vê-la. Mas tinha sido todo aquele tempo uma idiota. Ela então saiu pisando duro para ir até o banheiro enquanto pensava que não voltaria aceitar convite algum de ninguém.

Não demorou muito para ela voltar pagar a conta e sair do restaurante tentando sustentar a pose com a qual tinha chegado.

Ela então quando colocou os pés fora do restaurante, viu como chovia forte. Com seu carro estacionado do outro do estacionamento, ela respirou fundo imaginando que a noite não poderia ficar mais deprimente. Começando com ela indo jantar com um homem sem conseguir parar de pensar em outro, depois sendo deixada plantada e agora levaria chuva. Ela então correu com cuidado sobre o chão molhado até o carro, o abriu rápido depois de levar vários chuviscos sobre seu cabelo enquanto seu corpo foi protegido por seu aconchegante sobretudo que ia até os joelhos dela cobrindo parte de sua calça preta e de pano liso. Pensava que havia demorado uma eternidade para escolher uma roupa e para nada.

Quando entrou no carro, ela bateu a porta, tirou o sobretudo quente e jogou no banco ao lado.

Ela então olhou o espelho em sua frente no carro. Sua bela maquiagem estava intacta, mas seus fios de cabelo mostrando pingos de chuva estavam arrepiados, feios ao ser ver. Uma visão que ela não aproava voltar assim para casa, a não ser se aquele encontro que não aconteceu com Geraldo, não tivesse a decepcionado como mulher. E talvez era ela que não tinha sorte com homens.

Ela ligou o carro e então só se pôde ouvir a respiração dela junto ao ar condicionado no carro esquentando tudo e o barulho da chuva sobre o teto dele. E seguiu assim enquanto ela dirigia de volta para casa.

Enquanto dirigia pensativa, ela assumiu para si mesma que o que menos queria, era voltar mais cedo que o esperado para casa e frustrada. Que então ela pegou um caminho contrário, pisou no acelerador com outra direção em mente.

Estevão tinha deixado de beber. Em pé de frente para a lareira, olhava o relógio que era o único som ali com ele. Aquele tic tac era o som apreciado por ele que parecia que acalmava seus pensamentos mais perturbados já que as horas passavam e ele só ficava imaginando se Maria voltaria para casa sozinha ou se voltaria ainda aquela noite.

Ele andou e encarou a porta. Tinha praticamente fechado ela para conter o animal impulsivo que existia dentro dele. O não perturbe que ele tinha dado a Alba e a Heitor ao se trancar ali tinha sido claro.

Mas agora revia sua atitude se não tinha sido covarde naquele momento, por não ter feito nada a mulher que amava e que poderia estar nos braços de outro, fazendo amor ou não, que de qualquer maneira ela estaria nos braços que não eram dele.

Ele então esfregou as têmporas e o tic tac do relógio já não era apreciado por ele. Não eram porque aquele relógio só marcava o tempo que Maria passava com outro, só o lembrava que desde que ele entrou ali como um covarde ela estava sendo cortejada por um infeliz qualquer.
Ele então andou de passos apressados até onde estava o relógio e bateu a mão nele o lançando para o chão. A peça caiu e quebrou, mas a hora seguiu correndo junto com seu tic tac.

Estevão então foi até a porta irritado e forçou abri-la quando rodou só uma vez a chave nela e quando fez a segunda vez, ele ouviu a campainha tocar.

Ele arreganhou a porta amaldiçoando quem poderia estar lá fora chamando enquanto caia um temporal e ele com aquele mal humor e pronto para deixar a casa não desejava fazer sala para nenhuma visita.

A campainha soou mais uma vez. Fora da sala, ele não viu ninguém pensando que não era tão tarde da noite, para não ter uma funcionaria na casa e até Alba ainda acordada, o que ele não contava era ter Heitor em casa aquele momento. Que então assim, sem opção ouvindo pela terceira vez a campainha, ele foi até a porta de entrada. Em um canto ao lado da parede, tinha um painel com números do alarme da casa e uma pequena tela que era uma câmera. Ele então apertou um botão para ver quem era que estava chamando no portão e se assustou quando viu quem era.