Falso amor

Capítulo 44


Tudo ficou breu e em silêncio por segundos aos ouvidos e sentidos de Maria. Depois o som atravessando a janela do carro, de buzinas e um bater na janela do lado que ela estava, a fez despertar.

Ela olhou um homem tentando chamar atenção dela. Ela o mirou ainda fora de órbita, olhou ao seu redor e depois seu corpo. Estava de cinto, o que a tinha salvado de um ferimento grave e também ela se viu entre o airbag do carro que tinha ativado com o impacto em outro carro. Ela olhou a frente dela pelo retrovisor e viu que tinha um carro preto com seu lado batido e também parado no meio da rua, assim como o dela estava. E ela de coração aos pulos, olhou o espelho acima de seus olhos. Sua aparência não era das melhores, estava pálida e os olhos parecendo que queria sair para fora, pelo susto tomado, mas ao que parecia estava fisicamente bem. Estava ilesa e viva! Ela, então voltou olhar em sua direita o homem ali ainda a chamando, mas também ela viu mais um se aproximando e depois uma mulher e outra.

As pessoas da rua queriam ver o que tinha acontecido, se o passageiro daquele carro estava bem. Maria então para comprovar seu estado e diminuir a atenção que estava tendo, abriu a porta do carro e tentou sair devagar. O vento que soprou em seu rosto, trouxe a ela á realidade do que acabava de acontecer e que ainda assim estava bem, estava de pé. O cidadão que tentou chamar atenção dela, a pegou gentilmente no braço temendo ela estar em estado de choque e por isso não ser capaz de sentir qualquer ferimento que pudesse ter sido causado aquele acidente nela.

Maria parou para olhar o carro que havia batido no dela ali no meio da rua. Tinha um homem fora dele que parecia também ileso àquela batida. E ela suspirou fechando os olhos. Ambos os carros precisariam de uma assistência técnica, mas os condutores deles estavam bem e isso para ela era o mais importante.

—X: Chamamos a ambulância. É melhor que fique onde está, moça.

Maria então notou o homem que pegava no braço dela falar com ela a chamando de moça. Ela o olhou novamente, mas ainda incapaz de bolar uma frase.

Seu carro havia ficado sem freio de repente. Ela poderia ter morrido ali mesmo naquela manhã. Uma batida mais forte, talvez um caminhão ou um ônibus ao invés de outro carro ter chocado no carro dela e ela não estaria viva ou ilesa como estava e sim gravemente ferida.

Ela puxou o ar do peito levando aquele choque de realidade outra vez. Havia sobrevivido. Mais uma vez se tornava sobrevivente das rasteiras que a vida tentava lhe dar.

Desesperado. Heitor entrava no hospital mais próximo de onde havia acontecido o acidente com Maria. Havia passado uma hora sem saber nada dela, até que ele foi atendido por ela depois de várias outras chamadas e ela dizer onde estava.

Ele passou rápido pelas enfermeiras quando a viu sentada em um leito tendo atendimento na parte da emergência do hospital.

E então quando chegou perto dela, ele disse aflito.

—Heitor: Graças a Deus, mãe.

Ele tinha os olhos vermelhos por ter chorado. Pensou que perderia a mãe de novo e daquela vez para sempre, quando não a viu mais respondê-lo na ligação que estavam e ainda depois de ter escutado um forte barulho de batida.

Maria fechou os olhos quando sentiu o beijo que ele tinha plantado no meio da cabeça ela, que em pé ao lado dela, ele a tinha abraçado cheio de amor.

—Maria: Estou bem, querido. Estou bem, se acalme.

Ela levantou a cabeça vendo lágrimas correr dos olhos de Heitor. Elas só a comoviam por fazê-la entender que ele realmente sentiria se algo acontecesse com ela. Teve a prova quando o atendeu aflito.

Mas nada tinha acontecido. Tinha passado por exames rápidos, que foram os médicos fazendo perguntas e então ela ali pediu um exame de sangue, que por isso tinha em seu braço direito um furo de agulha tampado com esparadrapo.

Depois daquele susto, Maria queria saber o que estava evitando aqueles dias. Tinha que saber depois de já estar há uma hora naquele hospital e mais consciente, se o que tinha acontecido a ela, tinha colocado não só a vida dela em perigo.

Heitor olhou ao redor. Tinha leitos em todo canto onde Maria estava e médicos também fazendo seus prontos atendimentos dando assim a gravidade de cada quadro que chegavam ali. E ele não gostou de vê-la naquele hospital.

Que então assim ele disse.

—Heitor: Se vai precisar de atendimentos médicos por mais tempo, vou pedir que a transfira para o hospital que meu pai está, mãe. E vou fazer isso agora mesmo.

Ele todo preocupado, se afastou dela para tirar o celular do bolso, mas Maria segurou no braço dele e disse, impedindo que ele fizesse aquilo ainda mais que fosse transferida para o hospital que Estevão estava para ele saber o que havia acontecido.

—Maria: Não, meu amor. Eu estou bem, veja não tenho um arranhão. Então logo irão me liberar e tudo voltará ficar bem, hum.

Heitor a olhou desconfiado. Via ela bem externamente, mas não sabia se ela havia sofrido alguma lesão interna. Por isso não tinha certeza se ela dizia a verdade ou só queria tranquiliza-lo. Mas quando ia retrucar a fala dela, ele ouviu atrás dele, Luciano falar ao chegar também na mesma aflição que ele.

—Heitor: Deus, Maria, que susto medeyu!

Maria o olhou. Seria outro que ela também teria que tranquilizar.

Estevão no hospital sentado em seu leito, usava um notebook.

Ele revisava seus e-mails e mandava um em especial. Sozinho no quarto ele o fechou e respirou fundo olhando ao seu redor.

O quarto que estava era todo sofisticado e preparado para qualquer emergência que surgisse, mas ainda não era o quarto que ele tinha em casa. E estava tão agoniado para regressar. Maria não o respondia, não queria falar com ele e o que ele mais queria era falar com ela.

Os dias estavam passando e ele sabia por Demétrio que ela receberia a notícia que ele de fato seguiria com aquela briga que tinham. E ele queria concertar aquilo ainda que não soubesse como fazer. Mas confessar o que tinha feito primeiramente a ela seria uma ótima opção.

Ele estava ciente que havia cometido um crime. Sim um crime por comprar a justiça e o juiz se vender a ele. Que pelo que tinha feito, Maria perderia a guarda de Estrela para ele. Ela perderia, porque Demétrio a amando dele, havia comprado aquela decisão do juiz responsável de decidir com quem ficaria Estrela.

E como denunciar um juiz corrupto sem prejudicar os envolvidos? E sem armar um escândalo? Demétrio que foi subornar o juiz também havia cometido um crime e poderia perder o direito de exercer sua profissão se fosse descoberto. Demétrio e o Juiz poderiam ter suas carreiras prejudicadas, enquanto Estevão, ele sabia que talvez pagaria apenas uma multa ou perderia de vez qualquer direito de pai que buscava sobre Estrela. Isso era se ele confessasse de frente às autoridades o que tinha feito, que ainda assim teria que haver uma investigação para provar suas alegações. E quanto tempo levaria? Meses? Ele não tinha meses para concertar mais aquele erro. Maria ficaria sem Estrela era um fato que ele não podia voltar atrás mais.

O que fazia Estevão pensar que a única solução cabível e fácil, era Maria aceitar estar na mansão com ele. Já que ela perderia Estrela de qualquer forma e agora provar que havia acontecido um crime de suborno fariam uma longa investigação e até sair provado e os responsáveis punidos, Estrela ficaria longe dela. Com ele. Só tinha essa solução.

Estevão esfregou o rosto com a mão. Era loucura pensar que Maria ainda por mais aquilo que ele tinha feito, ela aceitaria aquela proposta. Ele tinha certeza que ela não aceitaria e o odiaria mais.

Por isso tinha que pensar no que fazer para concertar mais aquilo. A queria de volta havia planejado mais aquilo para conseguir o que queria. Mas a amava e tinha confessado a ela essa verdade, que por isso queria o amor dela. Necessitava. Necessitava também esclarecer o passado que tiveram e para isso também a necessitava ao lado dele.

—Estevão: Eu sou um imbecil.

Ele sussurrou para si mesmo. E então a porta do quarto se abriu. Alba entrou por ela sorridente, dizendo.

—Alba: Falando sozinho, Estevão.

Ela encostou a porta pensando que o dia estava lindo, caminhou até mais próximo dele.

—Alba: Acho que hoje teremos boas notícias.

Ela falou novamente e Estevão bufou mal-humorado ao ouvi-la e disse.

—Estevão: Boa notícia para mim, seria eu fora desse lugar, tia! Não aguento mais!!

Alba pegou na mão dele e disse.

—Alba: Essa também seria uma boa notícia. O que acho que teremos em breve.

Estevão puxou a mão irritado e virou o rosto de lado. Parecia castigo estar preso naquela cama e sendo cuidado por todos.

No hospital que Maria estava.

Heitor se afastou dela para falar ao celular enquanto uma médica falava com Maria e Luciano presente.

Ela tinha uma ficha e uma caneta na mão. E assim ela disse.

—Medica: Foi uma sorte não ter sofrido lesão alguma, Maria com o acidente que sofreu. Então quando os resultados da sua mostra de sangue sair, a liberaremos.

Maria sorriu agradecida e a médica saiu para atender outro paciente na cama ao lado da dela. Luciano então disse, por ele ter tomado conta do carro dela e dos gastos da batida que Maria teria que arcar ao dono do outro carro envolvido nela.

—Luciano: Deixei seu carro na oficina, Maria. Parece que foi uma falha mecânica. Mas uma falha mecânica muito suspeita, não acha?

Maria suspirou ao ouvi-lo. Mas coerente com seus pensamentos pensava nos motivos que fizeram com o que aquele acidente acontecesse e ao que parecia, Luciano tinha os mesmos pensamentos. O que foi que a levou pedir finalmente a prova em um exame se estava grávida, que se estivesse não tinha só ela corrido perigo de vida com aquele acidente suspeito.

E ela então disse baixo, por ter guardado só a ela as suspeitas que começou ter.

—Maria: Então, suspeita também que esse acidente que sofri pode ter sido provocado?

Luciano assentiu dizendo.

—Luciano: Sim. E agora que já estará nas empresas San Román, sua segurança me preocupará mais Maria. Tudo vai se tornar muito mais perigoso a partir de agora. Temo por você e Estrela.

Maria suspirou outra vez e fechou os olhos pensando que talvez acrescentaria mais alguém naquela lista que Luciano temia. Que então depois de voltar mira-lo, ela disse séria.

—Maria: Eu não vou desistir justo agora, Luciano. Já sabíamos o que íamos enfrentar e estou preparada. Enquanto minha filha sei que posso mantê-la segura. Além do mais, ela tem Heitor. E ele vai protegê-la se ela precisar.

Ela mirou Heitor se aproximando e deu um leve sorriso. Era por ele que iria se arriscar para ter seu amor sem dúvidas e sem receios. Necessitava ter seu filho mais velho por inteiro e não por metade, enquanto sobre sua menina ela tinha certeza que se alguma coisa acontecesse com ela, ele seria o irmão mais velho que Estrela necessitaria em sua ausência.

Enquanto Luciano não gostando da fala dela, disse.

—Luciano: Nada vai acontecer com você. Nada, Maria.

No final do dia. Maria chegava no apartamento. Sobre atenção de todos ela foi levada até o quarto apenas com a recomendação de descanso, pelo menos o que Luciano e Estrela ao descobrir o que, houve sabiam. Já que Maria voltou ao apartamento com a prova em um exame que estava grávida e que devia procurar um obstetra para acompanhá-la em sua gestação.

Estava grávida...

Ela já dentro do quarto e deitada na cama, largou o celular depois de contar a Vivian que as suspeita delas eram reais. Ela então deitada olhou para o teto e desejou que tudo parasse. Estava agora com os dias contados ou melhor com os meses. Não sabia quanto tempo estava de gravidez, mas estava certa que não passava de 3 semanas. 3 Semanas um bebê ainda nem era um bebê, era apenas um ponto, como um grão sendo gerado em seu ventre. Que por isso ela poderia esconder sua condição até que não pudesse mais. E era o que faria, esconderia. Esconderia de Estevão que teria outro filho com ele, de Luciano e também de seus filhos. 12 semanas parecia ideal para ela conseguir o que queria e depois decidir contar sobre sua gravidez aos mais interessados.

Havia recebido aquela verdade, calma, afinal era uma que ela apenas estava evitando torna-la real com o exame que havia feito, porquê já sabia desde que foi levantada a suspeita de sua condição qual era resposta que teria vindo dele. Tinha ficado grávida sem se dar conta que aquilo poderia acontecer. Em algum momento foi descuidada e ela sabia em qual havia sido. Aquele maldito hotel com ela envolvida nos laços do desejo que sentia pelo homem que de novo seria o pai de um filho dela. Nos braços do homem que ainda amava, havia gerado mais um filho com ele.

Ela gemeu baixinho. Tinha cometido um erro irresponsável. Uma mulher que era mãe de um filho já adulto e uma adolescente, tendo uma gravidez nada planejada. Ao meditar tais fatos, ela riu sem vontade dela mesma. Não tinha mais volta atrás e aborto para ela, não era uma opção. Ainda que defendesse o direito de uma mulher sobre seu poder de decisão ela também como mulher, não conseguiria ser capaz de tal ato ainda que não julgasse, por defender as mulheres que eram. Teria aquele bebê mesmo não sabendo em qual circunstância o teria.

Ela suspirou mais uma vez pensativa. Sumiria com ele como tinha feito com Estrela? Deixaria Estevão também longe daquele filho? O deixaria também sem uma família como Heitor e Estrela? Ambos não cresceram em um lar com os pais presente. Aquele bebê seria igual?

Ela suspirou tensa. Teria 9 meses para pensar no que fazer com o futuro do filho que esperava. Ela então olhou o celular outra vez e resolveu ouvir a caixa de voz. E a primeira que ouviu foi uma de Estevão.

" Não pode seguir me evitando, evitando minhas chamadas Maria. Eu vou sair desse hospital e vamos retomar nossa conversa, querida"

Outra mensagem passou e era ele de novo o que fez ela fechar os olhos e morder o lábio nervosa.

" Temos que conversar logo. Quanto mais o tempo passa mais as coisas se tornarão mais difíceis de serem mudadas, Maria. Me atenda."

Outra mensagem passou também e era dele de novo.

"Eu te amo. Eu ainda te amo e vou repetir essa verdade cada vez que te ver, Maria. Acredito que podemos juntos mudar tudo que está acontecendo. Me dê essa oportunidade. "

Ela jogou dessa vez o celular longe. Estevão falando de amor, falando de mudarem um passado que para ela não tinha concerto, ela só pensava que não daria um futuro a eles, por isso a desesperava e também a revoltava.

Ela levou então a mão ao ventre. Em troca tinha algo que o futuro reservava a eles ali dentro.

Estrela então apareceu no quarto sem ela notar. Ela tinha uma bandeja com bolachas e um copo de leite morno.

Maria quando a viu tirou rápido a mão da barriga. Ela sabia que aquela gravidez seria um problema que ela teria que lidar também em relação a sua filha adolescente quando descobrisse que ela esperava mais um filho.

—Estrela: Luciano já foi, mas antes me pediu que eu trouxesse esse lanche, mamãe. Ah, e vou dormir contigo essa noite. Quero cuidá-la como merece.

Maria se sentou devagar enquanto Estrela colocou a bandeja sobre o colchão. Temia pelo bem-estar de sua mãe querida, que em uma semana havia desmaiado na frente dela e na outra sofrido um acidente de trânsito.

Maria enquanto começava comer de seu lanche, pensava na estranheza de Luciano ter ido sem se despedir dela, já que ele estava agora em um hotel. Mas suspirou. Uma parte era bom ele já ter ido, precisava ficar sozinha o resto do dia e sozinha era, sem ter os olhos dele a questionando em silêncio como naquela semana ela sentiu que ele havia feito mais de uma vez.

Luciano desceu do táxi na porta de um hospital.

Esteve pensando quando levou Maria para casa. Ela corria perigo. Ele sabia desde que começou suspeitar da gravidade do que se passava nas empresas San Román qual perigo que Maria enfrentaria ao regressar para empresa. E esse temor que sentia o fazia estar ali já que não podia ir sem ter certeza que ela ficaria segura de verdade. Além do mais, ele sentia que ela escondia algo todos aqueles dias e ele tinha certeza que algo de mais havia passado quando ela havia estado sozinha no quarto que Estevão estava internado e pelo que ele sabia, ele ainda seguia. E por isso, ele estava naquele hospital para vê-lo.

Dentro do quarto. Estevão estava no banheiro, agora novamente sozinho.

Ele se olhava no espelho. A cicatriz em seu peito cicatrizando perfeitamente bem, estava deixando ali sua marca.

Ele tocou á risca reta dela que a blusa deixava mostrando. E ele respirou fundo. Se passasse mais uma noite naquele lugar seria capaz de fugir.

Ele então caminhou devagar e se sentou no sofá.

E da porta então ele ouviu uma batida e em seguida uma enfermeira entrar o avisando de que tinha uma visita. Estevão se levantou. Esperava Bruno com uns documentos que havia pedido. Mas então os olhos verdes dele bateram com os castanhos de Luciano.

Estevão sentiu rapidamente o sangue em suas veias correr mais rápido e a enfermeira depois de deixá-los sem ter notado o clima daqueles dois homens, ele disse grosso.

—Estevão: O que faz aqui, seu traidor infeliz!

Ele caminhou como que se tivesse vigor para enfrentar Luciano, que fechou a porta atrás dele entrando mais no quarto.

Ainda que tivesse passado anos que Luciano não via Estevão, para ele, seu ex amigo seguia igual. Que assim ele disse logo.

—Luciano: Não vim brigar, Estevão nem te desejar melhoras, vim por, Maria! Então não pense que vim para vê-lo e relembrarmos nossa antiga amizade!

Estevão deu um riso sarcástico. Pensava que aquele momento que tivesse Luciano em sua frente, seria totalmente diferente. Antes o via como mais um amante de Maria e por isso queria acertar contas com ele. Mas agora já não tinha certeza desse fato, mas tinha de um, que ele tinha aproveitado do passado que o separou de Maria para tirá-la dele, a levando para longe. Que por isso, ele avançou contra ele, o pegando pela blusa e disse.

—Estevão: Tentou tirá-la de mim! Sei que foi isso que fez! A levou para longe para conquista-la!

A força que tinha feito, Estevão sentiu em seu peito, e Luciano pacificamente por saber de sua condição, pegou nos braços dele para afasta-lo, dizendo.

—Luciano: Eu a salvei do seu ódio! Isso que fiz! Estava a destruindo! E já disse que não vim brigar e nem está em condição para isso!

Conseguindo ver nos olhos de Estevão a dor física que o movimento dele o tinha causado, Luciano depois de falar afastou ele dele, o que Estevão cedeu dando um passo atrás. Mas que mesmo assim, não baixando a guarda da forma de trata-lo, ele o respondeu.

—Estevão: Eu tinha provas em minhas mãos que ela tinha me traído e não só isso, sabe mais do que ninguém! Mas as coisas mudaram e exijo que a deixe em paz! Porque Maria segue sendo minha, minha mulher, a mulher que ainda amo!

Agora foi Luciano que riu. Podia entender o porquê Estevão falava que Maria seguia sendo a mulher dele, ela mesmo o havia confessado o que ele queria expor. Mas o que ele não podia garantir era que ela passaria por cima das feridas para estar com ele como antes. Que assim então, ele disse.

—Luciano: Não tem direito de me exigir nada, Estevão. E quero que fique claro que não estou aqui para competir com você porque para mim, é mais que claro que só há um perdedor aqui e não sou eu.

Estevão bufou com as palavras dele e pôs a mão na cama de seu leito para se apoiar, que em seguida todo vermelho ele disse, mirando Luciano outra vez.

—Estevão: Então para que veio?! Para quê!

Luciano então disse firme.

—Luciano: Sabotaram o carro de Maria essa manhã. E eu sei que não foi coincidência que justo no dia que ela regressaria as empresas San Román, isso acontecer.

Todo nervoso ao ouvi-lo Estevão o respondeu.

—Estevão: O que está dizendo? O que aconteceu com ela!

Estevão passou a mão na cabeça soltando uma maldição e andou pelo quarto desejando ainda mais sair dali. Enquanto Luciano disse.

—Luciano: Os detalhes, pergunte a ela. Mas eu exijo que seja homem dessa vez e a proteja dentro de sua empresa! Sei que isso poderá fazer. Então faça!

Estevão parou e olhou com raiva. Faria qualquer coisa para o bem-estar de Maria, faria mesmo antes se fosse preciso quando a viu se meter em questões de um político perigoso, por isso daquela vez se aquele perigo fosse real, também estaria disposto protege-la. Que então assim, grosso ele o respondeu.

—Estevão: Se ela corre realmente perigo, claro que farei qualquer coisa para protegê-la sem que me peça!

Luciano deu um curto riso pronto para ir depois de ter dado seu recado. Que então ele disse para terminar.

—Luciano: Não consegue enxergar o que se passa abaixo de seu nariz na sua empresa Estevão, então sim eu deveria vim pessoalmente para que fique claro que ela está acima de qualquer rivalidade nossa.

Ele se virou para deixar o quarto, mas Estevão que ficou em silêncio desde sua última palavra para se manter estável, disse baixo, mas o suficiente para Luciano ouvir.

—Estevão: Sempre a quis, não é? Esperou o momento certo para tirá-la de mim. Essa é a verdade.

Certo mais uma vez do que dizia, Estevão o olhou a espera daquela resposta que o tinha desconfiado ainda que Maria e ele não tivessem sido amantes como ele pensava. Luciano então parado entre a porta, se virou de volta para Estevão e o respondeu.

—Luciano: Eu a amo Estevão e por isso eu deveria mentir para que seguisse acreditando no que acreditou. Mas por esse amor, devo dizer a verdade. Eu nunca tive o amor que busquei dela esse amor que você teve e não deu valor. Maria e eu, nunca fomos amantes.

Estevão ficou mudo. Não sabia o que dizer, mas se sentia pequeno, pouco homem perto do grande que Luciano se mostrava ser e digno do amor de uma mulher como Maria. Naquela briga ele tinha mais certeza que estaria em desvantagem ainda que parte das palavras de Luciano o tinha agradado. Ela não o amava. Havia mentido para ele.

Como o viu seguir em silêncio Luciano acrescentou para de fato poder ir.

—Luciano: Faça o que vim pedir. Se não na próxima vez que eu voltar ao país, a levarei comigo outra vez e junto a sua filha, Estevão.

Estevão então bufou outra vez. Não seria capaz de permitir que aquilo voltasse acontecer. Não permitiria. Que então novamente fora de si ele avançou em Luciano gritando.

—Estevão: Isso só por cima do meu cadáver! Só por cima do meu cadáver que as levará novamente para longe de mim!

—Heitor: O que está acontecendo aqui?!

Ofegante Estevão largou Luciano quando ouviu a voz de Heitor.

Heitor olhou com os olhos furiosos Luciano que pisava ali em um terreno proibido. Poderia tentar atura-lo ao lado da mãe dele, ao lado de Maria, mas não ali diante de seu pai que estava convalescendo.