Aos poucos, fui acordando, acabei de ter um pesadelo muito estranho, senti o chão gelado para só então abrir os olhos e me levantar, quase cai, ainda sem forças. O quarto estava bem escuro, apenas iluminado por um pequeno cristal de energia. Pude ver que Shandi estava caído no chão próximo à porta e Bast estava dormindo apoiado na cama, já Cédric e Salém, que haviam parado de emitir aquelas estranhas luzes coloridas, estavam acordados, o mais alto dos dois abraçava o menor, que estava chorando silenciosamente - Foi só um pesadelo, pequeno" - Cédric tentava confortar o menor.

Me aproximei do paladino - "Quanto tempo você ainda pretende dormir aí, jogado no chão?" - eu disse enquanto o balançava levemente de um lado para o outro. Shandi acordou de imediato e bastante assustado, por pouco não me acertou um soco, falou-me que havia tido um pesadelo sobre uma criança e foi me contando mais detalhes, notei que o que ele sonhou foi exatamente a mesma coisa que eu sonhei - "Brincadeira de fada, só pode ser, é muito mal gosto para uma criatura só" - reclamou baixinho.

Vi pelo canto do olho que os outros garotos haviam levantado e o mercado tentava acordar Bast - "Ei! Você está bem? Acorde!" - Salém falou inutilmente para o noviço, depois tentou cutucá-lo de leve, mas o garoto continuava a sono solto - "Desse jeito você nunca vai conseguir, Salém, olhe, é assim que se faz" - cheguei bem perto do adormecido menino de cabelos verdes, segurei-o nos ombos e o chacoalhei algumas vezes, acordando-o. Ele também acordou assustado, fez o mesmo relato que Shandi, dizendo que havia tido um sonho ruim, nos reunimos no centro do quarto e, tanto Cédric, quanto Salém, haviam tido o mesmo pesadelo que nós, porém não sabíamos exatamente dizer o que era aquilo, fingimos aceitar a explicação de Shandi, que era apenas uma brincadeira da fada que encontramos.

"Vocês estão bem?" - Bast dirigiu sua pergunta para o mago e o mercador logo após um bocejo - "Fiquei preocupado, tentei usar minhas habilidades de cura, mas nenhuma delas surtiu efeito sobre vocês". Cédric e Salém se entreolharam - "Estou me sentindo um pouco estranho, com um gosto esquisito e adocicado na boca, mas, fora isso, estou bem sim e você, Salém?" - Cédric tomou a dianteira, respondendo primeiro, já o outro, apenas fez um gesto com a cabeça, confirmando que estava sentindo a mesma coisa que o mago.

Aquele assunto era um tanto irrefutável, uma vez que não sabíamos praticamente nada sobre o mundo das fadas, então, desistimos de achar alguma solução lógica a respeito do ocorrido. Shandi, mudando completamente o rumo do que fazíamos, foi o primeiro a sugerir que fôssemos ao refeitório comer alguma coisa, ele estava com fome. Só então, notei que eu também estava sentindo muita fome, apesar de já termos comido, fiquei me perguntando por quanto tempo adormecemos, que hoje ainda era hoje, todos nós concordamos. No caminho, vimos um relógio de parede marcando 9:26 da noite, mas não havia nem sombra de calendário por perto.

O local, dessa vez, estava quase lotado e quase não conseguimos achar lugar para sentarmos juntos. Parecia que o clã que vimos mais cedo estava quase todo aqui, as mulheres, em sua maioria, estavam sentadas timidamente em uma mesa em frente a nossa e vez ou outra olhavam em nossa direção, uma outra, porém, sentava-se junto aos enormes homens do clã e gargalhava ruidosamente junto a eles quando um ou outro soltava alguma piada. Estavam bebendo cerveja, e, aos poucos, o nível de embriaguez deles foi aumentando até perderem completamente o controle e o local se tornou uma bagunça.

Comemos silenciosamente, muito mal tirávamos os olhos de nossos pratos a fim de evitar qualquer confusão que fosse. Até Cédric estava desanimado, cortava a carne vagarosamente e sempre parava para ver seu leve reflexo na água, e, por fim, em um sussurro desanimadíssimo pelo bracelete, sugeriu que fossemos embora dali e voltarmos ao nossos quartos. Aceitei de imediato, já me levantando, sendo seguido pelos outros. Os homens do clã falavam tão alto que mal pude ouvir o som de nossas cadeiras sendo arrastadas do lugar. No meu quarto, me joguei cansado na cama, apesar de ter adormecido ainda a pouco, aquilo havia me cansado mais que descansado.

Adormeci extremamente rápida e profundamente, acordei apenas quando o calor matinal de Morroc tornou impossível ficar deitado, tomei um banho bem gelado e vesti minhas roupas femininas de arqueira, que era de um tecido bem leve, e, com algumas presilhas transparentes, prendi meus cabelos ruivos, nem tão curtos, nem tão longos, em um penteado único que muito combinou ao estilo das roupas. Peguei uma maçã, de minha bolsa mágica, lavei-a na torneira do banheiro e sentei-me na cama para comê-la.

Assim que saí do quarto, vi Shandi batendo vagarosamente na porta de Bast, chamando-o, porém, o garoto ainda estava dormindo - "Bom dia!" - cumprimentei-o ao me aproximar - "Bom dia, Taylor, quer vir tomar café da manhã comigo?" - Ele me convidou, desistindo de bater na porta e eu aceitei, apesar de já ter feito meu desjejum. Fomos até o refeitório a fim de usar alguma das mesas para comemos, mas, apesar de ainda ser cedo do dia, igualmente à ontem a noite, o local já estava bem cheio, porém, hoje havia um número menor de membros do clã conversando.

Pude notar que alguns dos garotos estavam me encarando, a princípio me senti bem, senti que eles estavam me apreciando, desejando-me, depois, porém, uma onda repentina de indignação e repúdio passou por mim, quando comecei a pensar que eles estavam me julgando ou fazendo piadinhas sobre mim e meu visual sussurrando a seus braceletes ou baixinho pela mesa. Peguei Shandi pelo braço e o puxei o mais rápido que pude para fora aquele maldito lugar, jogando a porta para trás ao passar, que fechou batendo ruidosamente nas dobradiças.

Assim que saímos, deparamos-nos com Cédric e Salém, ainda assustados pelo estrondo feito pela porta, o de cabelos negros, ainda que assustado, estava com uma expressão tão sonolenta que parecia consumir as minhas forças só de olhá-la, e, no próximo instante, me vi bocejando. Pisquei rapidamente duas vezes e bati levemente em minhas bochechas afastando o sono - "Bom dia" - cumprimentei-os e voltei a arrastar Shandi para fora da estalagem comigo, antes mesmo de ouvirmos o cumprimento deles. E, para nossa total surpresa, fomos atingidos por uma rajada de vento de gelado que trouxe consigo pesadas nuvens de chuva. Sentamos na escadaria mesmo, pegamos algumas coisas em nossas bolsas e comemos.

Depois, Shandi disse para irmos tentar acordar Bast outra vez - "Eu passo, vai você" - senti-me um tanto trocado e, levemente enfurecido, levantei-me seguindo meu caminho sozinho até o oásis. Conversei, um a um, com a maior parte dos habitantes locais que passavam por lá, limitei-me porém a área mais aberta, decidido em não ir para onde eles estavam se abrigando. Descobri várias histórias interessantes, preparando-me para me tornar um bom bardo, um feirante até me deu duas laranjas de graça, alegando que foram pagas por minha gentileza em com falar com ele mesmo nesse dia tão frio.

–Taylor, cadê você? - Cédric perguntou, interrompendo meus pensamentos

Fiquei um tanto estressado por ter sido atrapalhado com uma pergunta tão impertinente e sem motivos, até pensei seriamente em deixar o grupo de vez, iriamos acabar morrendo nessas aventuras loucas, porém, acabei ficando, mas ignorei a pergunta e continuei a passear pelo local. Descobri outras inúmeras histórias e vendedores úteis, como o que vende Anel de Diamante, para quando, um dia, eu for me casar ou simplesmente quando eu for compor uma música, Até que Shandi e Bast me encontraram - "Ah, então você estava aqui, por que não respondeu Cédric?" - o paladino estava feliz em me encontrar.

"Queria um pouco de privacidade, sabe?" - respondi secamente - "E não atrasei em nada a gente, descobri que o Osíris ainda não reencarnou e que o posto de Pharaoh ainda está desocupado desde que o último foi morto. Afinal, o que ainda estamos fazendo em Morroc?" - e, assim que eu terminei de falar, uma chuva, completamente atípica para o local, começou a cair, acompanhada com mais fortes rajadas de vento e trovões estrondosos. Corremos até a base da pirâmide e nos abrigamos ali até que a chuva cessasse.

Depois voltamos a estalagem, encontramos Cédric e Salém - "Aonde vocês estavam?" - o mago reclamou, o que voltou a me irritar de leve, mas me contive e, de repente, uma onda de animação me tomou nos braços - "Estava pesquisando pela cidade e nenhum dos chefes estão atualmente vivos. Vamos embora dessa cidade?" - Salém olhou para mim com quase pesar - "podemos ir até o Formigueiro Infernal antes?" - sua expressão se modificou para como de alguém que pede desculpas por um ato insano.Olhei firme para ele, porém não consegui me enfurecer com ele naquele momento, e parecia que todos os outros já estavam mentalmente decididos a concordar, acabei assentindo com um sorriso leve - "Então vamos logo" - Bast e Shandi falaram ao mesmo tempo, Novamente, seguimos o caminho ao sul, porém, dessa vez, viramos a oeste, a chuva havia fechado levemente a entrada, mas entramos sem esforço.

Salém procurava por uma Vitata, a fim de estudá-las, no caminho, vimos trilhões de outros tipos de formigas operárias expandindo o local, elas me davam certa repulsa, resolvi então, treinar meu [Arrow Shower], atirei várias flechas em um círculo mágico a minha frente e outro surgiu acima de uma área repleta de formigas brancas e verdes e as flechas caíram todas de uma vez, matando-as na maioria e empurrando as que sobreviveram para fora do centro da magia, e, como mais um exercício para pontaria, fui matando as sobreviventes uma a uma antes que chegassem em mim.

Shandi se irritou, pois outras formigas surgiram e roubaram os preciosos itens que haviam caído das que eu matei anteriormente e, indignado com isso, ele usou seu [Magnum Break] bem no centro, golpeando as formigas com uma explosão de fogo, mas, cada vez que ele fazia isso, outras formigas se agrupavam a ele, pude notar Bast usando [Heal] e [Blessing], nos auxiliando no combate, Cédric conjurava tempestades de raios nos ovos de formiga e coletava as Garrafas Vazias que elas deixavam cair e Salém segurava cuidadosamente uma Vitata, analisando-a de perto.

Estávamos tranquilos ali até que ouvimos um rugido feroz, a Maya havia nascido e estava por perto, antes mesmo que pudéssemos correr, alguns Arclouses nos alcançaram. Dois deles seguiram até Shandi e o outro até Salém. O bicho saltou para atacar o mercador, porém, antes de atingi-lo, foi retalhado em pleno ar, um mercenário de cabelos brancos estava ao lado dele. Em seguida, ele correu até os que estavam atacando Shandi e usou seu [Sonic Blow] junto ao meu [Double Strafe] e a [Fire Ball] de Cédric. Depois de derrotarmos as pequenas criaturas, corremos o mais rápido possível para fora da caverna.

"Muito obrigado por nos salvar, Blake" - Salém disse arfando sem folego e só então fui notar que o mercenário era o gatuno que havíamos conhecido a alguns dias. "Maya está viva" - o mercenário disse a um bracelete verde, bem diferente do usual vermelho de grupo - "Ainda bem que eu estava por perto" - disse como se repreendesse nossas ações. Salém se voltou para nós - "Desculpem-me, acabei nos colocando em uma situação mortalmente perigosa" - Ele tinha uma expressão bem tristonha e os olhos suplicantes, Cédric apoiou um braço em seu ombro, como forma de consolo.

"Gostaria de se juntar ao nosso grupo agora?" - Cédric já voltou para o ataque sem perder chance - "Agora não posso, meu clã está vindo para derrotarmos a Maya, em uma próxima oportunidade eu me junto a vocês". Pude escutar Cédric reclamando de leve que Blake era muito mal com ele, e, antes do mercenário sair de nossas vistas, agradeceu mais uma vez a Salém pelo colar e nos disse para tomarmos cuidado. "Vamos para a cidade agora? Acho que já vivenciamos muitas experiências nesse deserto, todos concordam comigo?" - eles concordaram.

Voltamos uma última vez para a cidade-ruína, a areia molhada atrasaria bastante nossa viagem, então resolvemos usar o serviço de teletransporte das Kafras e fomos para Prontera, não sei como tínhamos tanto dinheiro assim, mas, pelo visto, Salém soube onde vender as coisas por ótimos valores. Assim que todos chegamos na capital, seguimos a oeste até um parque, onde lanchamos ao invés de cozinharmos, com medo de que o vento impedisse que fizéssemos a fogueira. Começamos então a decidir o que faríamos agora enquanto algumas pessoas a nossa volta conversavam despreocupadamente sobre coisas aleatórias.

"Vamos até o Esgoto de Prontera, fica praticamente aqui do lado de tão perto" - Shandi voltou a sugerir aquele lugar nojento - "Então vamos" - Bast concordou e tenho certeza que se arrependeu, pois, logo em seguida, Cédric e eu o olhamos mortalmente e descordamos - "Aquele lugar é nojento demais" - Salém, diferente de nós, negou com um aceno apático com a cabeça, "Sugiro irmos até a Ilha Byalan" - dei uma ótima sugestão, não tínhamos nada a perder, todos concordaram comigo. A ilha ficava perto, um barco partia regularmente de Izlude até ela, e Izlude fica extremamente próxima a Prontera, até parecendo uma extensão da capital.

Resolvemos que passando por Prontera ao invés de dar a volta nela seria melhor. No meio da cidade, porém, nos deparamos com o atual líder da Guilda dos Mercadores - "Você é o Salém, certo?" - Ele olhou nosso mercador de cima a baixo e conferiu seu nome em uma lista - "O único novato que veio até nossa guilda este ano" - ele prosseguiu e Salém apenas concordou - "Pois bem, estamos precisando de você ajudando a guilda, estamos em uma época importante, venha comigo" - O líder prosseguiu e levou Salém consigo em direção ao Castelo de Prontera

–Prossigam sem mim - Salém sussurrou pelo bracelete

Cédric desanimou um pouco, mas ainda assim seguimos para Izlude, porém, o barco não iria partir por hora, alegando que uma tempestade vinha chegando, o que tornaria a viagem até a Ilha Byalan muito perigosa. Decidimos esperar pela cidade e logo, realmente, começou a chover bem forte. Shandi aproveitou que viemos até aqui e nos arrastou com ele até a Guilda dos Espadachins. O líder deu algumas boas dicas de como usar espada e escudo simultaneamente obtendo bons resultados e depois levou Shandi para um pouco de treino, ficamos apenas observando e, por fim, Shandi acabou ganhando um escudo.

Caiu a noite, a chuva já havia parado fazia um tempo, então resolvemos voltar e verificar novamente o barqueiro - "Essa tempestade nos causou alguns danos graves, sorte não termos feito a viagem hoje" - ele lamentou, podíamos ver que um posto havia tombado em cima do barco, destruindo grande parte do mesmo, arruinando completamente nossos planos e, desanimados, decidimos voltar para Prontera, passar a noite em uma merecida cama iria, provavelmente, nos devolver o ânimo que perdemos e amanhã cedo, decidiríamos o que fazer.

"Jantaremos no Dois Moinhos" - Cédric nos informou com um pequeno sorriso, mais animado que antes. Assim que entramos no local, o mago encontrou sua mãe, uma arcana de longos cabelos dourados. Nos juntamos a mesa e jantamos juntos, ela ainda fez o favor de pagar nossa comida que, por sinal, estava muito deliciosa. "Então, meninos, tenho que ir. Nos falamos depois, filho" - ela seguiu para o norte - "O que faremos agora?" - Foi Bast quem perguntou, eu apenas balancei a cabeça, sem saber. Shandi se animou e iria sugerir algo, mas Cédric o cortou - "Já sabemos" - e negamos mais uma vez a ida até o Esgoto - "Que acham de passarmos a noite aqui e amanhã irmos para Alberta fazer uma visita a Salém?" - eu disse após pensar um pouco - "Também gostaria de parar em Payon, na Vila dos Arqueiros".

E foi exatamente isso que ficou decidido para fazermos, iríamos dormir ao ar livre, mas recomeçou a chover, fraca e depressivamente. Perguntamos a um guarda local e acabamos em uma estalagem bem simples ao sul da cidade. Dividi o quarto com Shandi, o espadachim bocejou e, assim que se deitou na cama, ele adormeceu muito rapidamente,já roncava e eu a girar de um lado para o outro na cama pensando a respeito de minha missão para me tornar bardo e a outra missão que eu faria sorrateiramente, escondendo detalhes até dos instrutores.

O sol raiou, lançando vários feixes luminosos em nossa direção pela janela, apesar disso, estava frio. Rapidamente, troquei minhas roupas para a masculina antes que Shandi acordasse e, por fim, eu quem tive que o acordar. Encontramos Cédric e Bast em frente à estalagem, o menor dos dois reclamava que sempre que estava quase adormecendo, o mago usava [Sight] para continuar alguma pergaminho e o acordava.

Enfim, seguimos para Payon e, dessa vez, passamos pelo caminho direto e repleto de ferozes Lobos e Argos, grandes aranhas vermelhas. Tínhamos um problema, sempre que atingíamos um lobo, os outros que estavam em volta corriam para ajudá-lo e quando tentávamos correr, os Argos nos prendiam em teias traiçoeiras. Chegamos à cidade-floresta no meio da tarde, nem paramos para almoçar.

Subimos um morro do lado oeste da cidade e lá, Cédric cozinhou para nós uma sopa com legumes e bem temperada. Nos hospedamos novamente em uma estalagem bem simples, só que, dessa vez, eu dividiria o quarto com Bast. Deixando-os de lado, fui até a Vila dos Arqueiros falar com a líder da minha Guilda, uma mulher um tanto jovem de pele morena e um olho cego.

Perguntei a ela sobre os 3 caminhos dos arqueiros, ela muito estranhou quando perguntei sobre o da odalisca, aleguei que uma amiga minha estrava bem curiosa a respeito disso e ela me contou. Em suma, eu deveria, primeiramente, levar uma rosa qualquer a um bardo em Comodo, para me tornar bardo e alguns outros itens para me tornar uma odalisca. Depois, a líder fez um teste de pontaria comigo, ficou muito feliz quando passei e me entregou alguns aljaves de flechas e um novo arco, um Arbaleste, agradeci e me despedi.

–Taylor, estamos a noroeste do castelo, estou fazendo comida – Cédric transformou de sua pergunta se eu iria comer para uma notificação

–Já estou a caminho – disse mudando minha rota

Quando cheguei, Bast brincava com o fogo da fogueira, já Cédric o repreendia enquanto temperava carne de lobo para assá-la em seguida. Shandi estava treinando, dava uma espadada em um bambu e quando ele voltava, defendia-se com o escudo. Alguns momentos depois, Cédric avisou que o jantar estava pronto, distraindo o espadachim faminto e, muito comicamente, o bambu ricocheteou e lhe acertou a face.

Eu queria ter ido ajudar meu amigo que rolava de dor no chão, mas a cena foi engraçada demais e não consegui parar de rir, assim como os dois garotos envolta da fogueira. O garoto levantou ainda desnorteado, sentou-se perto da fogueira e pegou um dos espetinhos de carne e começou a mordiscar, quieto, seguimos seu exemplo, porém, ainda riamos de leve.

A noite foi bem tranquila, Bast dormiu tão rápido quanto Shandi. Na manhã do dia seguinte, por mais estranho que parecesse, Bast já estava acordado quando me levantei - “Você está bem?” - perguntei por alto - “Por que não estaria?” - respondeu-me, era inútil discutir com ação tão contratante. Fui até o banheiro e troquei minhas roupas para as femininas devido ao calor, mas deixei meus cabelos soltou desta vez e sai do quarto, sendo seguido pelo garoto de cabelos esverdeados.

Nos juntamos em frente a estalagem e saímos pelo leste da cidade, depois rumamos a sudeste, evitando a Floresta dos Bambus, lar do Eddga, o monstro chefe em forma de algo entre tigre e urso. Por fim, chegamos a Alberta ainda no inicio da manhã, a cidade-mercantil fica bem próxima à cidade-floresta.

Seguimos através de vários armazéns até chegar ao centro da cidade, onde encontramos um guia, perguntamos onde era a Guilda dos Mercadores - “Fica logo a oeste daqui, porém, está fechada, o líder do local só voltará daqui a 14 horas, foi, junto ao restante da Guilda, fazer negociações com outros países” - o guia nos respondeu, demonstrava forte interesse na negociação que estava sendo feita.

“Mais uma vez, meus planos foram frustrados pelo acaso” - suspirei desanimado - “O que acham de esperarmos aqui até voltarem? Tenho que enviar uma coisa para meu pai” - Bast sugeriu. Eu acenei com a cabeça, já a mercê da decisão do grupo, pessimista em relações as minhas decisões mais pensadas. Cédric e Shandi também aceitaram, queriam explorar a cidade.

Segui os três meninos e demos uma volta na cidade inteira, a maior parte das lojas, porém, estava fechada, em vista de que era os mercadores quem as abriam. Só então pude entender o guia, não estava interessado nas negociações, mas sim, na volta dos mercadores que faziam a cidade funcionar na maneira que devia seguir.

Aproveitamos uma das poucas estruturas funcionando para cortarmos o cabelo que, há muito tempo, estava fora do penteado. Depois, saímos da cidade por onde entramos e nos sentamos por lá e montei a figueira enquanto Cédric começava a preparar as coisas. Novamente, comemos carne de lobo, dessa vez, pude sentir que tinha limão entre os temperos da carne. Bast e Shandi haviam conseguido algumas frutas para sobremesa. Era cômico, Shandi sofrera para coletá-las e nem mesmo as comia, detestava frutas.

Descansarmos sob a sombra de algumas árvores, pude notar que, tanto Bast, quanto Shandi, cochilaram, já Cédric, ficou praticando magia nas pequenas criaturas que haviam por ali, fabres em sua maioria. Notei-o falhar infinitas vezes o feitiço de petrificamento, [Stone Curse], quase gritava, mas nada saia do cajado, e ele voltou a ler uns pergaminhos.

No meio da tarde, nos levantamos e voltamos para Alberta, Cédric queria verificar as embarcações. Um navegador bem velho conduzia um navio até a Ilha das Tartarugas, outro capitão, conduzia para Loyang e muitos outros capitães nos oferecia condução a preços bem acessíveis para vários outros lugares, como: Amatsu, Kunlun e alguns outros. Também vimos vários cais ainda estavam em construção ou aguardavam permissão de outros países para viagens internacionais.

Não tínhamos nada para fazer, quase contatei Salém pelo bracelete, mas Cédric censurou, disse que podíamos acabar atrapalhando ele e o mago também queria fazer essa visita como uma surpresa. Deixei-os de lado e sai da cidade outra vez, fiquei treinando minha mira em monstros em movimento ao longe. Só então, notei o quão forte eu estava, quando derrotei os monstros que tinham por ali em um só golpe, fui tomado por uma curiosidade de saber até qual monstro eu mataria assim.

Só voltei a encontrar meus amigos à noite, quando eles vieram fazer a fogueira e cozinhar. Cédric havia comprado capas de viagem e botas para todos nós, como um padrão, todas eram pretas, um conjunto ótimo para dias chuvosos. Não havia notado o quê que Cédric estava cozinhando até sentir um maravilhoso odor, era carne de Fen, um peixe de carne macia e saborosa. Apenas me sentei ao lado de Cédric, contemplando-o preparar o Fen para comermos, esse não o assou, porém, ele utilizou o suco de um limão particularmente cítrico que pela acidez cozinhou o peixe, temperou com sal e algumas ervas e temperos em pó.

A noite estava extremamente fria e silenciosa. Jantamos igualmente em silêncio aquele prato diferente, mas muito saboroso, escutávamos apenas a natureza, os ventos e os insetos faziam uma melodia suave aos nossos ouvidos. Deitamo-nos ali mesmo, ao lado dos resquícios ainda quentes da fogueira, apenas sendo iluminados pela lua e por pequenas fagulhas de fogo que as vezes saltavam. As estrelas também estavam ali, brilhando fielmente junto à lua. Apoiado ao chão, mergulhei ao céu e doces sonhos vieram até mim.

Fui acordado por Shandi, já eram quase meia noite e ainda estava muito tranquilo, passamos por um guarda sonolento, enquanto seguíamos até a Guilda. Chegando lá, vimos vários mercadores, ferreiros, alquimistas e suas especializações em frente ao local, reunidos, animados e fervorosos. Escutamos as últimas instruções do líder - “O cais e as embarcações já foram preparadas, o grupo 2 deve seguir para Moscóvia amanhã cedo” - todos ali gritaram, empolgados.

O líder e 3 mercadores entraram na guilda e os demais se dispersaram, procuramos Salém por ali, mas não o encontramos, seguimos para dentro da Guilda. Conversamos com o líder - “Salém...” - ele coçou a barba - “O Hexénwald? Ele não fazia parte das negociações internacionais, o enviei para Juno entregar dois livros para a Biblioteca Mágica”. Assim que ele terminou de falar, um forte arrependimento me tomou, de não ter chamado nosso mercador pelo bracelete mais cedo. Bast continuou a falar com o líder da Guilda, mas não notei o que falavam

– Salém, como vai? - roubei a fala de Cédric, encarando-o – Salém?

– Eh...Eu estou bem sim, por quê? - ele soltou um bocejo ao terminar de falar.

– Aonde você está, Salém? Estamos na sua guilda – Cédric reassumiu a liderança.

– Vocês estão aonde?! - Salém perguntou confuso, bocejando mais uma vez.

Explicamos que o barco que nos levaria para a Ilha Byalan estava em manutenção desde a chuva daquele dia, Salém nos disse que estava em Geffen e que partiria para Izlude pela manhã. Ele nos perguntou o que estávamos fazendo em Alberta e, sem graça, Cédric explicou que iríamos lhe fazer uma surpresa, também contamos a respeito do que aconteceu na Guilda dos Mercadores.

Por fim, Salém bocejou novamente e reclamou que estava com sono e que iria dormir agora. Olhei para o lado e notei que Bast já estava quase aderindo à ideia, seus olhos ficavam mais fechados que abertos. Ajudei a conduzi-lo até fora da cidade e dormimos mais uma vez sob as estrelas. Cédric fez questão de nos acordar nas primeiras horas da manhã.

Chegamos em Payon bem cedo e usamos o serviço de teletransporte das Kafras até Prontera. Nos deparamos com Salém conversando com a Kafra ao sul da capital. Ele vestia uma capa plumada escura, um robe amarronzado e calças entre roxo e marrom. Olhei-o mais uma vez de cima a baixo, ele havia se tornado um alquimista nesse meio tempo - “Cédric, seu pai mandou uma coisa para você, e, eu também trouxe algo para você. Feliz aniversário”.