Falling For You

Capítulo 2 - Heart Out


Por mais encantadora que Regina fosse, eu não podia me dar ao luxo de passar o dia pensando na minha mais nova professora e, pior, protegida de Cora. O sobrenome Mills não me era estranho, de fato, mas ela ser filha de Cora? Embora haja toda a pose de malvada, seu olhar continha tristeza e insatisfação, o que é irônico já que a sra. Mills tem todo o potencial para conquistar o mundo.

Enquanto tudo isso girava em minha cabeça, Ruby pôs-se a falar sem sequer respirar. E eu só sorria, fingindo ouvir até levar um tapa no braço.

− Porra, Ruby! – eu disse alisando o lugar em que ela tinha batido. – Doeu, sabia?

− Jura? Nossa! – ela disse irônica. – Era essa intenção, imbecil! Vê se na próxima você me ouve! – ela encerrou a bronca.

− OKAY! Eu tava pensando e fiquei meio aérea, só isso. Tudo bem? – eu disse. Foi o jeito de pedir desculpa.

E ela aceitou. Afinal, não tínhamos muito tempo para brigar. Ela precisava pegar nossas roupas e eu arranjar algo para comermos antes de ir para o trabalho. Depois de tudo pronto, saímos em direção ao centro de 99 Avenue B, há 23 minutos do nosso apartamento.

Ruby se tornou uma irmã pra mim. Uma irmã mais velha que se comporta como mais nova. A falta de juízo da jovem morena não se encaixava nos seus vinte e cinco anos e, ao que parece, nunca se encaixaria. De toda forma, ela se tornou minha melhor amiga em Manhattan assim que me viu entrar pela lanchonete em que trabalhava com a sua vó, me convidou para morar com ela, já que eu não tinha um dólar sequer que não fosse o dinheiro do lanche naquela tarde. Conversamos naquele dia até o horário de fechamento do Granny’s, sua vó, por alguma razão, não se importou.

Até eu conseguir um emprego num pub no meio de Manhattan, perto da avenida mais movimentada. A dona era amiga de uma garota que conheci numa festa e acabou me indicando, porque eu realmente precisava da grana. Por fim, o Skull pagava mais que o Granny’s por um período menor de trabalho, mas igualmente cansativo.

Arrumávamos as cadeiras na área para fumantes, uma espécie de varanda coberta, e as cadeiras do salão. O salão possui pouca iluminação, algumas paredes assim como o balcão tem tijolos à mostra e outras são grafitadas, sempre ouve-se entre rock, house e indie por aqui. Um palco que recebe shows de pop rock todas as sextas, e ao seu lado há dois pequenos sofás de cor marrom acinzentada. A quantidade de mulheres é maior que a de homens constantemente, certeza que o motivo do público fiel é Alex.

O que mais me agradava era a atmosfera urbana do lugar que era evidente pelos desenhos feitos nas paredes de tijolo e a iluminação vermelha quase neon. E, claro, Alex. Se não fosse por ela e sua paciência, certamente eu seria obrigada a voltar para o meu particular inferno, a minha cidade natal.

Depois que tudo foi arrumado, Ruby foi se trocar e eu, preparar o bar. As cervejas long necks colocadas no freezer e a caixa de gelo abastecida. Ruby surgiu do nada e disse:

− Emma, pode ir. Eu termino as coisas aqui... – Ruby me disse pulando o balcão com uma sacola nas mãos e me entregou.

Ruby e Alex viviam discutindo o uniforme da mais nova, já que esta adorava dar um jeito de exibir-se um pouco mais do que era o objetivo da mais velha.

Um jeans de cor escura e extremamente apertado e uma camisa social de tecido transparente, branca, que deixava meu sutiã preto de renda à mostra, o que me fez bufar. Prendi o cabelo num coque e saí do banheiro ouvindo o barulho de moto e a porta sendo aberta.

− Parece que alguém teve uma péssima noite de sono, não é, srta. Vause? – a jovem de mechas vermelhas disse sobre a evidente noite mal dormida de Alex, que parecia estar no pior dia de sua vida.

− Ruby, por favor, não enche! – ela falou, bocejando e tirando os óculos. - Zelena passou a madrugada toda ligando no meu celular e, quando desliguei, ela foi tocar a campainha! – a morena de olhos claros falava com tanta raiva que foi impossível, não me contive e tive uma crise de riso.

− Se eu fosse você, não ria tanto! Ela está louca atrás de você, porque acha que você é responsável pelo “término”. – Alex encerrou enquanto eu parava de gargalhar da sua desgraça na mesma hora.

− Isso não é bom, isso não é nada bom! – Ruby se pronunciou em meio ao silêncio.

−E VOCÊ NÂO DESMENTIU? – eu finalmente consegui me pronunciar. Zelena era a mulher mais bonita que já vi e, ao mesmo tempo, mais descontrolada que já conheci.

−Eu lá tive tempo de falar algo? É a Zelena, eu juro ter visto ela ficando verde de ódio de mim por algo que ela imaginou. – Alex disse e logo saiu, indo para o escritório. O bar abriria em poucos minutos e era melhor que ela não estivesse com tanto sono.

Eu já vendi a décima cerveja quando um homem de blusa esverdeada, cabelos e bigode castanho e olhos azuis se aproximou do balcão.

− O que quer pedir? – eu perguntei secando os copos.

− Seu número, pode ser? – ele respondeu sorrindo, conseguindo de mim um revirar de olhos.

− Por acaso isso tá no menu? – eu respondi com um meio sorriso, arqueando as sobrancelhas.

− Só uma cerveja então! – ele responde.

− Aqui! – eu digo deslizando a Stella Artois pelo balcão e ele a pega, piscando pra mim.

A pior parte de trabalhar em um bar são as cantadas frequentemente ruins, mas nada que uma resposta a altura não resolva. O trabalho continuou com mais drinks e calma, estávamos há uma hora do fechamento do fechamento quando Zelena entrou no bar como se fosse um furação com alguém a tiracolo. Ruby pediu que eu chamasse Alex assim que a viu chegar, mas Alex já estava na escada prevendo a confusão.

− Você é a única pessoa que pode controlar Zelena antes que esse lugar vá ao chão, e eu preciso desse emprego! – eu pedi a Alex, que simplesmente parou na escada. – Mother of God!!!

− OK, faremos assim. Você faz a Ruby levar a Zelena pro meu escritório, eu sumo na multidão e lá, eu converso com ela, porque aqui vai ser confusão certa.

− Tá! – Eu disse disparando atrás de Ruby.

Ao achar a ruiva, ela foi até Zelena. Enquanto eu a buscava na multidão, o meu susto não poderia ser maior.

O pior a acontecer naquele momento era a presença de Regina naquele lugar. Por qual motivo a minha professora estava no bar em que eu trabalhava? E ainda por cima sentando-se com o babaca que me cantou no balcão? Eles não pareciam muito confortáveis um na presença do outro. Até ele sair vestindo seu casaco marrom, e pisando forte.

Regina pegou a sua bolsa e caminho até o único banco livre do balcão em que eu estava. Ela estava tão distante dali que sequer percebeu a minha presença.

− O bonitão que saiu me deve uma cerveja! – eu disse tirando-a do transe

− Emma? – ela disse surpresa, tirando os olhos da madeira do bar e olhando-me.

− Eu jurava que você fosse mais o 230 Fifth!— eu disse rindo, me referindo ao bar que fica no topo de um lindo prédio que possui a vista mais bonita de Manhattan. – Quer um drink?

− Eu prefiro o Sky Room, e quero um Cosmopolitan, por favor! – ela pediu, mas ainda continuou com seu bom humor absurdo - E você não tem nada com a minha vida, Swan.

− Você não cansa de ser antipática, não é? E nós conhecemos hoje. – eu disse preparando sua bebida. Vodca, suco de cranberry e Cointreau.

− E você fala como se me conhecesse há um século, Srta. Swan.

− Estranho isso, porque tenho a sensação de que te conheço a vida inteira... Mas, aqui, essa bebida parece doce demais pra você. – encerrei o diálogo entregando seu pedido.

Ela deu um meio sorriso, fui tão pega de surpresa que devolvi o sorriso.

Logo, Zelena desceu com Alex atrás dela e ela parou ao lado de Regina.

−Sis, vamos embora? Alexandra e eu já nos resolvemos. – ela disse ignorando completamente a minha presença e a presença de Alex.

−Você é irmã da Zelena? – meu instinto de suprir aquela curiosidade foi mais rápido do que a razão, e a pergunta foi feira. Afinal, eu não pude conter a surpresa. As duas em nada se pareciam.

−O que você tem a ver comigo, loirinha? – Zelena disse, os olhos azuis claros dela encaravam-me. – Você realmente acha que a Alex me trocaria por você?

−Primeiro, PELA CENTÉSIMA VEZ, eu e a Alex não temos nada. Segundo, eu e Alex tivessemos algo não teria nada a ver com você. E, terceiro, Zelena, arranja outra pessoa para destilar seu veneno, ok? Além do que, eu tô muito bem de crush em alguém com autoridade sob mim! - eu disse enquanto Regina encarava-me assim como sua irmã.

Ótimo, eu havia, outra vez, falado mais do que devia.