Capítulo Único

música do capítulo (cliquem aqui)

POV Castle

Ainda não estava em mim.

Ao fim de 5 anos de casamento, Kate me tinha pedido o divórcio.

Estava sentado no sofá, sem mesmo conter as lágrimas.

5 anos de um casamento tão lindo... É verdade o último ano tinha sido insuportável – com o lançamento do meu novo livro eu tinha muita mulher dando em cima de mim, Kate se tornando Capitã da Delegacia também tinha roubado muito do nosso tempo e isso, abalou muito as coisas. As discussões se tornaram cada vez mais frequentes, assim como as minhas dormidas no sofá.

Beckett não queria ter filhos e esse era o meu maior sonho.

Parecia que aquilo que eu mais admirava nela agora era aquilo que eu menos gostava... A sua teimosia, a sua honestidade...

Mas ainda assim eu não achei que ela fosse pedir o divórcio. Quer dizer, eu suspeitava, mas eu não queria acreditar nessa possibilidade! Porque apesar de tudo, eu a amo com todo o meu coração e não imagino a minha vida sem ela. Dói demais essa possibilidade.

Hoje era 31 de dezembro e nós tínhamos uma viagem até Las Vegas que não era reembolsável, por isso, eu não sabia como ela queria fazer.

Kate estava trabalhando.

Eu passeio por toda a nossa casa, relembrando tudo aquilo que tínhamos conquistado e estava prestes a destruir-se.

Páro no nosso quarto, olhando o porta-retratos do nosso casamento e nesse momento, eu desabo.

Eu não sabia como a gente tinha chegado até aqui... nosso casamento era tão feliz! Seria o facto de eu ter ficado com raiva por Kate não querer ter filhos comigo?

Eu tentava achar respostas, mas não estava conseguindo...

Pego a sua almofada e cheiro, aspirando aquele aroma a cerejas que me fez apaixonar por ela desde o primeiro dia.

Não estava conseguindo lidar com isto.

POV Kate

—Bebe, amiga... – Lanie me entrega a taça de vinho na esperança de me animar, mas tudo o que eu conseguia fazer neste momento era chorar.

—Lanie, eu queria tanto dar um jeito, mas... não estou sabendo lidar com isto! – Eu limpo as lágrimas que insistem em cair.

—Você o ama?

—Eu sou louca por ele, Lanie! Mas estas discussões, estão dando cabo de mim... O Castle já não é o mesmo homem com quem eu casei... Sempre rodeado com aquela fãs que querem dar em cima dele, o meu trabalho na delegacia não tem sido fácil e... eu não tenho mais forças para continuar. – Explico.

—Você também não está vendo o lado dele... – Lanie, me encara.

—Que lado? – Eu asso o nariz.

—O sonho dele em ter filhos com você, Kate! Você negou isso...

—Lanie, acha que eu posso ter filhos com o meu trabalho?! -Eu bufo, sentindo-me incompreendida.

—Girlfriend...— Lanie, sorri, tocando a minha bochecha. – Quando é que você vai entender que o trabalho não é tudo na vida? Há coisas mais importantes... Muito mais importantes! Para além do mais você manda na delegacia...

—Vocês não entendem... – Sou interrompida pelo meu celular tocando. Era Castle. – É ele.

—Não vai atender? – Lanie pergunta.

—Oi. – Falo com a voz fraca.

—Precisamos de conversar, Kate sobre a viagem para Vegas.

—Nos vemos em casa dentro de 30 minutos. – Eu tento disfarçar a minha voz.

Eu sabia que ele estava sofrendo tanto como eu e isso me fazia doer o coração.

Vê-lo assim me destruía por dentro.

Me despeço de Lanie e vou até ao nosso apartamento.

Eu não queria pensar em nada, mas não estava conseguindo.

Só o facto de ele me chamar Kate e não amor, me deixava ainda mais triste.

O caminho é curto e quando chego logo noto os seus olhos vermelhos, me encarando.

Os meus olhos ardem com a força que faço para segurar as lágrimas.

—Queria falar? – Tomo coragem para falar.

—Sim. – Ele me encara com aquele mar azul pela qual fui, sou e serei completamente apaixonada até ao fim dos meus dias.

—Sobre a viagem? – Pergunto.

—Sim, nós compramos esta passagem para Vegas á quase 1 ano e ela não é reembolsável... – Ele fala com dificuldade. – Você quer vir comigo ainda assim?

—Eu gostava de ir consigo ainda assim. – Eu abro um largo sorriso, ficando surpresa com a atitude dela.

—Então temos de nos apressar, falta apenas 4 horas para o voo. – Ele sorri também e isso me dá um rasgo de esperança para nós dois.

Uma sensação boa que invade e nós partimos para o quarto. O nosso quarto.

Fazemos as malas.

Era tudo o que precisávamos.

...6 HORAS DEPOIS...

A viagem de avião foi rápida, mas custou a passar. Eu e Castle estávamos afastados e isso era notório e me magoava muito.

Finalmente tínhamos chegado a Vegas.

As pessoas estavam animadas e essa animação acabava passando para nós dois.

Apanhámos um Uber até ao hotel onde íamos ficar hospedados.

Nos instalamos.

Eram quase hora de jantar com tudo isto e sinceramente, meu apetite não era muito.

—Sempre vamos áquele restaurante? – Eu pergunto.

—Sim. Podemos ir a pé para ver um pouco a cidade de Los Angeles! – Ele sugere.

—Boa ideia! – Eu sorrio. A segunda vez naquele dia.

—Você está linda... – Ele me encara, me fazendo corar.

—Obrigada... – Eu não consigo segurar as minhas lágrimas.

—O que se passa? – Ele se aproxima.

Uma aproximação que já não fazia há mais de 15 dias.

—Não me lembrava de um ouvir um elogio seu... – Eu falo a verdade.

Fica um silêncio estranho.

—Eu sou um babaca mesmo... – Ele sussurra. – Como eu deixei fugir uma mulher como você?

—É melhor irmos indo... – Disfarço e limpo as lágrimas.

...

Os casais apaixonados na rua me faziam sentir mal. Eu e Castle não andávamos mais de mãos dadas sequer e isso era muito frustrante. Frustrante ainda mais por não saber como nós dois chegamos até aqui.

...

—Porra! Onde nós estamos?! – Eu resmungo, completamente maldisposta. Já haviam passado mais de 2 horas que andávamos a pé e agora tínhamos parado no meio de uma praia deserta.

—Eu não sei... – Ele dá de ombros.

—A culpa foi sua! – Falo.

—Minha!? – Ele alteia a voz um pouco.

—Sim! Quem quis vir a pé?! – Eu alteio o meu tom também.

—Olha, Kate...!

—Pará de me chamar Kate! – Eu imploro, desatando no maior choro e me deitando na areia.

O som do mar acompanha as minhas lágrimas.

—Qual é o problema de te chamar Kate? Sempre te chamei de Kate... – Castle tenta uma aproximação, mas mantêm-se de pé.

—Não! Você sempre foi carinhoso comigo... sempre me chamando de amor ou da maneira que você dizia Kate, você dizia com amor... – Eu explico, olhando o céu estrelado.

—Eu ainda digo com amor... Você têm dúvidas disso? – Ele se senta do meu lado.

—Tenho. – Respondo de forma mais honesta possível.

—Você têm dúvidas de que eu te amo? – Ele parece surpreso.

—Neste último ano sim... Sempre bimbas atrás de você, sua obsessão em ter filhos comigo, sempre me pressionando... Nossas discussões constantes... as suas idas para o sofá dormir somando com os finais de semana fora para sessões de autógrafos... Cas... Sei lá... você está diferente!

—E você? Sempre me excluindo da delegacia e dos casos... me atirando á cara as mulheres que dão em cima de mim... Eu nunca te traí, Kate... Nem nunca faria isso, porque apesar do que você possa imaginar eu enfrentaria um tornado por nós dois.

—E eu morreria se te perdesse...

Nós completamos a nossa frase e de novo se instala o silêncio. Mas desta vez era diferente.

Castle se deita ao meu lado e passa o seu braço por cima dos meus ombros, me puxando para ele.

Choro ao sentir o seu abraço e as suas lágrimas.

—Como nós chegamos até aqui, babe? – Eu pergunto, aconchegando-me nos seus braços.

—Eu não sei, amor... Mas nunca duvide de que eu te amo mais do que qualquer coisa neste mundo... Me desculpe por ter sido um babaca... se te deixei insegura...

—Shiuuuu.... – Eu coloco o meu dedo indicador sobre os seus lábios e rapidamente a temperatura sobe.

Nossos lábios se tocam como na primeira vez e isso é uma sensação inexplicável.

O beijo é carinhoso e transmite tudo aquilo que estávamos sentindo naquele momento.

Amor e perdão.

—Vamos fazer um bebé... – Eu sussurro no seu ouvido e ele me encara admirado.

—Você está falando sério? – Ele acaricia o meu rosto.

—Estou. Vamos fazer um bebé, amor...

Nós sorrimos, apaixonando-nos de novo um pelo outro.

—Eu te amo, Kate.

—Eu te amo, Rick.

Nós encostamos as nossas testas, antes de fazermos amor a ouvir as 12 badaladas.

Always!