Face do Passado

Chapter 5 - Não estou louco.


Minha mãe fazia o almoço quando olhou pela janela da cozinha e me viu na piscina falando com alguém que no caso era a Emily. Ela ficou super assustada e foi logo conversar com meu pai sobre isso.

- querido, precisamos conversar sobre o Gerard.

- o que tem nosso filho? – disse enquanto tirava os sapatos.

- ele arrumou uma amiga imaginária. No começo eu não quis acreditar, pensei que fosse mentira do Mikey, mas hoje vi com meus próprios olhos. Ele estava falando sozinho e brincando sozinho na piscina como se tivesse alguém ali com ele.

- e o que tem de mais?

- eu não sei se isso é normal.

- lógico que é normal. Quem nunca teve um amigo imaginário ou falou sozinho? Até hoje de vez em quando me pago falando comigo mesmo.

- mas Donald, eu estou te dizendo...esse caso é diferente. Ele jura estar falando com uma garota chamada Emy. Ele está obcecado, não quer mais saber de estudar e só vive brincando com ela pela casa. chega a me dar arrepios. Isso pode ser um encosto ou algo mais grave.

- bom, se acha que é tão grave assim, vamos precisar procurar uma psicóloga pra ele, se você achar necessário.

- sim, eu acho melhor Donald. – e fez cara de preocupada.

Meus pais me levaram nessa mesma semana numa psicóloga. Quando me disseram o porquê eu não queria acreditar. Emily era tão real. Era impossível ela ser algo fruto da minha imaginação. Ela existia e estava sempre ali me fazendo companhia, me fazendo sorrir, me despertando novos sentimentos, é, eu me apaixonei por aquele ser. Apesar de muito novo, eu enfim tive meu primeiro amor naquela idade ao conhecê-la. Ela era linda, doce, legal, divertida, engraçada, e minha grande amiga. Não queria acreditar que tudo aquilo dela ser uma amiga da minha imaginação fosse verdade.

Quando cheguei do psicólogo, corri pelo quintal chamando por ela, mas ela não apareceu. Nem nesse dia, nem nunca mais. Eu me senti maluco depois daquilo. Aceitei a idéia da minha mãe de continuar me tratando com uma psicóloga e foi assim durante quase dois anos.

Dias atuais...

Mikey me levou em casa depois de eu ter ficado mais alguns dias no hospital. Eu não falei mais com ele desde que ouvi ele dizer pro médico que eu estava ficando louco de novo. Fiquei chateado com aquelas palavras vindo dele. Ele me colocou sentado no sofá e depois me olhou com as mãos na cintura.

- mais tarde venho aqui pra te fazer companhia.

- não precisa. – disse irritado virando o rosto, recusava olhar pra ele.

- qual é Gerard. Deixa de ser criança. Você não está bem pra ficar sozinho. Mesmo não querendo eu venho ficar aqui. É pelo seu bem, você quer morrer?

- e se eu quiser?

- por que está assim, Gerard? Será que o efeito ainda não passou? Não costuma ser grosseiro desse jeito quando não está sob o efeito das drogas.

- pode falar Mikey. Me acha um insano, não é? Ou estou mentindo? Ou até mesmo estou começando a ouvir coisas, que você acha?

- então você...? – disse sem completar a frase. – não era pra você saber.

- me esquece viu?

- você é meu irmão. Eu preciso te ajudar.

- se é só por causa de eu ser da família, pode ir embora.

- Gerard, eu gosto de você. Muito. Eu não posso te deixar acabar com sua própria vida, irei sofrer de verdade.

- o assunto aqui não é esse. Eu to falando agora sobre você me achar louco. Mikey, eu não quero voltar praquele lugar. Por sua culpa eu fiquei internado naquele lugar horrível por meses quase dois anos.

- não me culpe por suas doideiras Gerard.

- doideiras? – e eu comecei a chorar com aquelas palavras dele. – vai me dizer que esqueceu do que me disse quando voltei daquele lugar? Em? me diz.

- eu não sei do que está falando. – desconversou nervoso.

- ah! Não sabe? Jura? Pois eu me lembro de cada palavra sua, Mikey. Quer que eu repita?

- não será necessário.

- sabe que estou falando a verdade, não é?

- não sei de nada, Gerard. Eu preciso ir agora pra dar satisfação a Alicia. Mais tarde eu volto. Tchau.

Ele saiu da minha casa atordoado. Provavelmente por eu ter lembrado à ele que foi por culpa dele que eu continuei naquele hospício por quase dois anos.