Face do Passado
Capítulo 2 - Alucinações.
Quando cheguei em casa, acabei batendo com o carro na porta da garagem, eu esqueci de abri-la antes de guardar o carro. Estava muito louco naquele momento pra pensar em qualquer coisa. Entrei na minha casa e chamei uns amigos pra ir lá. Não demorou muito e eles chegaram.
- vou fazer quatro tirinhas e nós cheiramos juntos. O primeiro que acabar ganha a grana. – disse Roger pra nós três (Mark, Trevis e eu). Apesar de tarde o som na minha casa tocava Slipknot bem alto.
- beleza. Eu vou ganhar. – gritei me ajoelhando em frente à mesa onde estava as tiras.
Ele colocou quatro tiras paralelas e contou até três. Cheirei tudo bem rápido e acabei caindo sentado no chão de tão zonzo que fiquei.
- eu ganhei! – gritei caído no chão.
- Gerard, tu é o foda! – disse Mark jogando a grana em cima de mim.
- vamos de novo. De novo, cara. Eu aposto tudo que ganhei agora. – eu disse me levantando com dificuldade e ficando de joelho próximo à mesa novamente.
- tem certeza cara? Você ta que nem se agüenta de joelhos. – disse Trevis rindo de mim.
- vamos cara. Eu agüento. – ordenei e Roger fez novamente as tiras sobre a mesa e depois de contar novamente até três começamos a cheirar aquele pó branco, mas na metade eu me senti mal e não agüentei, caí pra trás sentado de novo.
- ganhei! – gritou Mark.
- cara, Gerard perdeu tudo. – disse Roger rindo.
- cara, você está bem? – perguntou Trevis me vendo com a cabeça entre as pernas.
- to sim. – respondi levantando a cabeça e olhando pra eles. Mas na verdade não estava nada bem. Eu via tudo à minha volta rodar e os rostos deles tomavam formas diferentes.
Pisquei os olhos várias vezes tentando enxergar nitidamente, mas tudo estava embaçado. Tudo rodava e eu me deitei no chão vendo o teto girar. Eu estava muito mal e todos aqueles giros já estava me deixando enjoado. Eu virei meu rosto pro lado direito pra caso eu vomitasse, fosse tudo pro chão, foi quando a vi na porta do corredor. Eu pisquei meus olhos pensando ser uma alucinação minha, mas ela continuava ali de pé na porta. No mesmo instante me sentei assustado num pulo e quando olhei novamente ela já não estava mais lá.
- cara, você ta bem? – perguntou Roger e os outros me olhavam assustados.
- vocês também a viram? – perguntei ainda assustado com aquela aparição e olhando fixo pra porta.
- viu quem? – perguntou Mark.
- cara, você ta doidão. – disse Trevis fazendo os outros rirem. Eu também ri pra não ficar sem graça na historia. Depois olhei novamente pra porta do corredor e não havia nada além do escuro.
No dia seguinte eu acordei no chão da sala e o relógio marcava duas e meia da tarde. Olhei em volta e estava a maior bagunça. Minha cabeça latejava. A campainha tocou fazendo minha cabeça latejar mais ainda. Me levantei e fui meio tonto até a porta e me segurava nela pra não cair no chão.
- Gerard, você está bem? – disse Mikey me olhando preocupado.
- estou ótimo veja! – disse abrindo os braços e no mesmo instante quase caindo senão fosse pelo Mikey que me segurou, eu ia direto pro chão.
- to vendo. Vem, vou te botar no sofá. – disse ele me ajudando a andar só que eu parei de na metade do caminho.
- o que foi? – perguntou me olhando e depois olhando pra porta do corredor que era pra onde eu olhava.
Só agora havia me lembrado daquela imagem. Um rosto delicado, cabelos loiros e olhos azuis e reluzentes. Fazia tanto tempo que não via aquele rosto, eu já havia me esquecido que um dia a conheci, ou imaginei. Pensei estar ficando louco de novo.
- Gerard, o que foi?
- nada. – disse acordando do transe.
- vem, senta. – e ele me colocou no sofá depois olhou em volta examinando minha sala. - a festa foi boa ontem, em?
- chega de sermões, Mikey, por favor. Eu estou cheio de dor de cabeça.
- sério? Devia estar sempre pra aprender. Você tem que parar com isso Gerard. Vai acabar se matando desse jeito.
- cuida da sua vida que eu cuido da minha.
- ta bom. Não ta mais aqui quem falou. Eu só vim te lembrar que temos um show hoje se é que ainda lembra.
- é mesmo. Tinha me esquecido.
- às sete estaremos passando aqui pra te pegar.
- ok. – respondia impaciente torcendo pra que ele fosse logo embora.
- tem certeza que vai ficar bem?
- Mikey, tchau. – disse expulsando ele e acenando.
- tchau. – quando ele abriu a porta se virou pra mim novamente. – ah! O que aconteceu com a garagem? Você atropelou a porta?
- é, vou ter que mandar concertar isso aí. Eu me esqueci de abrir a porta. Falta de atenção. – menti sem graça.
- sei...Bom, não falo mais nada Gerard. To indo, tchau. Às sete em. – gritou ele enquanto fechava a porta.
- ta. – gritei do sofá com raiva dos sermões dele. Depois pensei no que tinha visto ali na porta que dava acesso ao corredor. – impossível ser ela... – disse me lembrando novamente daquela imagem. – isso não pode estar acontecendo. Ela não existe. – disse pra mim mesmo.
Mais tarde eu estava no banheiro fumando o terceiro cigarro consecutivo, quando a campainha tocou. Apaguei o cigarro depressa e guardei pra terminar mais tarde. Escondi tudo dentro de um fundo falso no espelho e depois espirrei um pouco de bom-ar pelo banheiro. Me olhei no espelho ajeitando meu cabelo e coloquei uma bala na boca pra disfarçar o hálito. Abri a porta e era o Frank.
- pronto? – perguntou ele sorridente.
- claro, cara. – disse me virando para trancar a porta.
- então vamos que temos um show grande pra fazer. Nossa! Tu ta cheirando à bom ar. Que barrigada foi essa, em? – ele dizia enquanto eu trancava a porta da minha casa. Eu tive que rir com os comentários dele.
- vamos nessa. – e fomos pra van que nos aguardava em frente à minha casa.
- me dá uma bala. – disse ele quando entramos na van.
- acabou. Essa era a ultima.
Olhei pro Mikey e ele me olhava com reprovação. Ele provavelmente sabia que aquela bala era pra disfarçar que eu havia fumado. Ele já conhecia todas as minhas artimanhas, era quase impossível enganá-lo.
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