Face do Passado

Capítulo 17 - Será um adeus?


Quando acordei, estava sozinho em minha cama. Me levantei e vesti minha roupa que no momento estava espalhada pelo chão. Olhei de um lado a outro e nenhum sinal dela.

- será que eu imaginei tudo? Impossível... – peguei minha camisa no chão e quando vestia eu ouvi alguém abrir a porta do quarto.

- oi. – disse ela entrando no quarto vestindo uma camisa minha que nela virou uma camisola.

- graças a Deus! – disse abraçando ela.

- O que foi? – disse me abraçando também assustada.

- pensei ter sonhado. Acordei e não estava aqui. Fiquei com medo de te perder.

- é que eu senti uma fome imensa e tive que comer alguma coisa. Faz tanto tempo que não como nada. É tudo tão novo para mim. Tinha até me esquecido o que era fome e o gosto da comida. *risos*

- eu te amo demais.

- eu também te amo demais, Gee.

- meu anjo, minha Emy. – e a beijei. – você dormiu bem?

- muito. Me senti segura em seus braços como nunca senti antes. Obrigado pela noite maravilhosa.

- essa é a primeira de muitas outras. – o sorriso em seu rosto sumiu e ela me olhou estranho como se algo a fizesse ficar incomodada e saiu dos meus braços.

- tenho algo pra falar com você, Gerard. É algo muito sério.

- o que foi? – e ela se virou com cara de quem ia chorar. – está me deixando assustado desse jeito.

- não vou ficar aqui pra sempre.

- como assim? Por que? Agora você é como eu. Veio pra ficar comigo. Aquele negócio de sumir acabou e não nos esqueceremos um do outro.

- quem me dera se fosse só isso.

- o que vai acontecer?

- eu cometi o pecado da carne, Gerard. Agora sofrerei as conseqüências. Desisti de tudo por você. Eu restringi uma das regras que era não se apaixonar pelo seu protegido e eu me apaixonei. Me apaixonei desde quando nos conhecemos pela primeira vez. E eu fiz pior, eu quis ter você comigo. Eu renunciei meu lugar de anjo e toda minha inocência só pra ficar ao seu lado.

- Emy...

- deixa eu continuar, por favor. – pediu ela bem calma. - Antes que eu não tenha mais tempo pra isso... – e enxugou as lágrimas que escorriam de seus olhos. – eu nunca te disse, mas quando disputei pra ser seu anjo, era por que ao te ver eu senti que seria meu. Eu não sei explicar direito que sensação foi aquela, mas desde o começo eu sabia que fomos feito um para o outro e que tínhamos uma ligação muito forte. Eu sempre te amei, Gerard. Sempre! Me desculpa se eu te iludi essa noite. Mas é que eu queria te sentir como sempre quis.

- você não me iludiu. Você me ama, é recíproco o nosso amor.

- eu cometi o pecado de te amar e desistir de tudo por você. Agora sofrerei as conseqüências. Mas quando fui avisada eu não quis saber, eu preferi ter uma chance de ter uma noite de amor com você do que nenhuma. Queria ter a chance de beijar esses lábios que sempre desejei em silêncio. Queria ter-me em meus braços e ser sua pelo menos uma vez na vida. Isso Gerard, não tem preço e se eu tiver que morrer, eu irei feliz. Eu tive a chance de te amar e de te sentir.

- não diga essas coisas! Você é minha agora. E ninguém vai nos separar.

- sabe aquele ditado, até que a morte nos separe...?

- não fala isso! Você não vai morrer.

- é a regra. Eu tenho que morrer, não posso ficar aqui na terra. Eu sei muita coisa que não devia...

- Não Emy. Eu ainda não te tive por tempo suficiente. Eu...Eu...Eu ainda não te levei pra conhecer o mundo, não cantei pra você dormir...

- quer saber de algo engraçado? Eu infringi muitas regras e uma delas era não me meter em suas horas intimas, nós anjos, quero dizer, os anjos não devem ver essas coisas, mas eu via você com outras e desejava estar no lugar delas. Queria que me fizesse gritar daquele jeito, sentir seus toques, sentir seus beijos...Eu sentia uma atração louca por você, eu tinha sentimentos, entende agora por que sempre te disse que não tinha vocação?

- Emy! – eu a abracei e ela agarrou minha camisa bem forte.

- promete que não vai me esquecer? Promete pra mim Gerard. – dizia desesperada.

- você não vai morrer, Emily. Eu não vou deixar.

- Outra coisa que eu ia me esquecendo de te dizer antes de partir é que, uma das milhares de razões de desistir de tudo foi por que não queria te esquecer e não queria que você me esquecesse.

- você...Não Vai...Partir...Eu te amo. – dizia entre um beijo e outro.

- sinto muito. – e se soltou de meus braços e eu me sentei na cama desolado.

- quando?

- eu não sei. Pode ser a qualquer momento.

Me aproximei dela e a beijei. Nos beijamos como se o mundo fosse acabar e fosse nossa ultima vez juntos e realmente era. A pessoa que eu amava iria partir. Eu a peguei no colo e a imprensei na parede e tirei a minha camisa que ela vestia fazendo-se de camisola. Acariciei todo seu corpo, Toquei-a como se fosse a ultima vez. Beijei sua boca e seu corpo delicado, beijei-a como se fosse a ultima vez. E depois amei-a como se fosse a ultima vez.

Como ela mesma me disse, realmente não teríamos muito tempo. Andávamos apreensivos por causa daquela hipótese dela partir e quase nem tínhamos tempo pra aproveitarmos um ao outro.