Capítulo 12 - Cuidado, Gerard.

A campainha tocou me despertando dos pensamentos. Me levantei e vesti um short já que eu costumava dormir apenas de cueca. Era Alicia e Mikey.

- brincadeira em Gerard! – disse Alicia entrando na minha casa toda emburrada.

- que foi? – perguntei assustado.

- se entendam vocês. Eu não tenho nada a ver com isso. – disse Mikey se esparramando no sofá.

- “o que foi”? Ainda me pergunta? Eu te apresento minha amiga e você fica que nem um bocó.

- por que está dizendo isso? Eu não fiz nada com ela.

- por isso mesmo. Nossa! Você já foi menos lento, viu?

- o que você queria que eu fizesse?

- pelo menos um beijo de despedida. – Mikey botou pilha e eu fiz cara de raiva pra ele que tentou se explicar. - você não sabe o que eu tive que ouvir dela a noite toda.

- mas Alicia. Eu nem a conhecia.

- e precisa conhecer pra beijar alguém? Cadê o Gerard galinha? Alô!

- peraí... – tentei falar, mas ela não deixou.

- não to dizendo pra ser aquele galinha de novo, mas pelo menos um beijinho na minha amiga pra mostrar interesse tinha que rolar, né Gerard? Fiquei sem saber o que dizer pra coitada. Você vacilou legal, Gerard.

- olha Gerard, devo concordar com a Alicia. Eu até achei estranho você não ter feito “coisas a mais” com a menina.

- eu agora sou diferente.

- to vendo. – continuou Alicia reclamando enquanto Mikey ria da minha cara do meu lado. – ela disse que você quase nem deu atenção à ela e estava com a cabeça em outro lugar. Você tem outra, é isso? Poxa devia ter me dito antes, por que aí não iludia a garota.

- calma! Calma! – disse pra Alicia que me olhou brava. – ei! Eu não tenho ninguém, e admito que estava aéreo mesmo. Estava cheio de coisas na cabeça naquele dia, mas não importa. Olha, eu prometo que vou recompensá-la. Quando podemos marcar outra coisa?

- eu vou ligar pra ela. Olha, eu acho bom mesmo você querer se remediar com ela. – disse se levantando e saindo da minha casa com o celular na mão.

- cara o que deu nela?

- tpm meu caro. Prepare-se pra quando for se casar com a amiga dela.

- nossa! Já ta pensando nisso?

- lógico. A menina é maneira. Aquela é pra casar. E além do mais ela faz seu tipo.

- é... – concordei em meios. Se fosse uma outra hora com certeza eu cairia de quatro por aquela garota, mas no momento estava muito ligado à Emily.

- eu até estranhei você não ter ficado com ela.

- mas pode deixar. Eu vou ficar com ela. Se é o que tanto a Alicia quer. Só não entendi por que essa obsessão por isso.

- é que estamos planejando um luau no natal e a Alicia cismou que tem que arrumar uma mulher pra você nessas duas semanas antes do natal.

- que pica que você me arrumou, em?

- eu? Nem falei nada. Mas cara, você não ta afim da garota?

- poxa, ela é bonita e até legal, mas...Não sei.

- se for sair com ela, ok, mas vê se não zoa a garota, sabe como é a Alicia, ainda mais que é amiga dela. Só eu sei o que eu terei que aturar e fora que a garota é maneira e não merece isso.

- eu não vou vacilar. Pode deixar.

- pronto. – disse Alicia entrando na casa novamente. – marquei com ela pra hoje à noite.

- hoje à noite? – disse fazendo cara de má vontade.

- é. Ela vai te esperar nesse endereço. Vá buscá-la às sete.

- tão tarde assim? – e ao ver a cara que ela fazia eu cocei a cabeça e concordei. – ok.

Eles foram embora e quase que na mesma hora a campainha tocou pensei até que fossem eles de novo, mas quando abri dei de cara com o Ronald e dois outros caras que já conhecia de vista da danceteria comprando mercadoria como eu.

- e aí, Gerard. Beleza? – disse Ronald todo cheio de sorrisos e entrando na casa antes mesmo de eu convidar. – casa bonita. – disse olhando em volta.

- o que faz aqui?

- vim visitar meu cliente.

- EX cliente. – disse deixando bem claro que havia desistido daquela vida.

- como assim ex cliente? – disse cruzando os braços e me encarando.

- saí dessa vida pra melhor.

- a gente só saí dessa vida pra melhor no dia da nossa morte. – disse ele rindo.

- é...Mas eu to falando sério.

- hum. – e ele me olhou sério. – bom, vou perder um ótimo cliente. Uma perda bem significativa então...Acho que mereço ganhar algo em troca, não acha?

- mas eu não quero mais comprar nada em você.

- é, mas eu acho que mereço um agrado, você não acha? – quando ele disse isso os outros dois que o acompanha se aproximaram de mim de braços cruzados.

- ok. Se é dinheiro que você quer, eu te dou. De quanto você precisa?

- uns...Dez ou quinze mil.

- o que? Eu nunca comprei nem isso em você.

- é, mas isso é pelo desfalque que terei durante os meses sem suas compras. E outra, você ta reclamando do que cara? Isso não é nem a metade da metade que você ganha num show. Eu poderia até pedir muito mais.

- mas eu dou duro pra ganhar isso, né? – tive vontade de falar umas poucas e boas a mais, só que eu não queria apanhar então me calei. – ok. Vou pegar, espere aí.

- esse cara ta merecendo um surra. – disse um dos caras que acompanhava o tal de Ronald.

- ele vai ter o que merece. – disse Ronald planejando algo.

Desci com o dinheiro e eles falavam algo que pararam quando ouviram meus passos se aproximando.

- aqui está. – disse entregando um bolo de notas de cem pra ele.

- obrigada. – disse ele rindo e contando as notas depois passou pro cara à esquerda que guardou tudo no bolso da camisa. – foi bom fazer negócios com você, Gerard.

- infelizmente não posso dizer o mesmo. – respondi. E ele riu cínico. Abri a porta e eles se foram. Quando tranquei a porta e me virei, Emily estava ali a me olhar.

- Gerard, você tem que tomar cuidado.

- com o que? Esses caras? Eles não vão mais importunar. Eu larguei as drogas. Esses...Vigaristas! Eu não era obrigado a pagar nada mais a eles.

- eu não confio neles Gerard. Promete pra mim que vai tomar cuidado quando sair na rua?

- por que está dizendo isso? Você ouviu alguma coisa enquanto eles estavam aqui?

- eu não posso dizer. Não devo contar nada da conversa alheia mesmo sendo pra você.

- ouviu alguma coisa, não foi?

- devo parar por aqui, tchau.

- calma. – gritei e ela ficou me olhando esperando o que eu queria. Dessa vez ela não sumiu como sempre me deixando falar sozinho. – eu prometo tomar cuidado ta? – e ela balançou a cabeça positivamente. – ainda está chateada comigo?

- eu não sinto isso. Até mais. – e ela sumiu.