Extinção

Renesmee- Pequeno Milagre


Quando acordei, o primeiro rosto que vi foi o de Liah, sua expressão preocupada se suavizando quando percebeu que eu estava consciente.

— Liah... — murmurei, tentando me sentar.

Ela colocou uma mão gentil em meu ombro, me ajudando a levantar devagar.

— Você está em uma enfermaria que montamos no vilarejo — explicou Liah. — Minha mãe e eu a organizamos para casos de emergência. Sua avó Renée esteve aqui, faz alguns minutos que Charlie a convenceu a ir descansar depois que mamãe deu certeza que você estava bem.

— Eu estou bem – Sussurrei olhando ao redor e vi que estava realmente deitada em uma maca, cercada por suprimentos médicos improvisados. Sentei-me na maca, tirando o lençol que cobria meu corpo. Foi então que percebi um pequeno inchaço em minha barriga. O susto no rosto de Liah foi evidente.

— Isso é o que estou pensando? — Liah perguntou, sua voz cheia de surpresa e preocupação.

Eu fiquei surpresa e sem saber como reagir. Minha mente corria em círculos, tentando entender o que estava acontecendo.

— Minha barriga não estava assim até eu desmaiar — disse, tentando controlar a confusão na minha voz.

Liah franziu a testa, ainda tentando compreender a situação.

— Nessie, você tem ciclos como as mulheres humanas? — Ela perguntou, cuidadosamente – Você sabe do que estou falando não sabe, é, como posso explicar.

A olhei tentando entender sua pergunta, mas depois vi dento de sua mente do que ela estava falando.

— Não — respondi, balançando a cabeça. — Aconteceu apenas uma vez, quando eu tinha seis anos de existência e me tornei uma adulta completa. Foi uma situação bem incomum e eu tive que me esconder por uns dias já que o cheiro do meu sangue era atormentador até mesmo para os meus pais.

Toquei minha barriga novamente, a surpresa ainda se misturando com uma estranha sensação de alegria. Um sorriso suave surgiu em meus lábios ao pensar na possibilidade.

Liah me observou atentamente, sua expressão se suavizando.

— Nessie, você está grávida — disse ela, com um tom de certeza.

O peso das palavras dela me atingiu em cheio. Grávida. Eu, Renesmee Cullen, estava esperando um filho. A mistura de emoções — meu coração se dividiu entre alegria e medo. Alegria porque seria mãe, ele era meu pequeno milagre e porque uma parte de nós dois estava crescendo dentro de mim. Mas medo também, porque tudo parecia tão incerto, tão perigoso.

Jacob era o amor da minha vida, mas ele também era um lobisomem, e eu uma criatura meio-humana, meio-vampira. O que isso significava para o nosso filho? Como seria a vida de uma criança que carregava em si a mistura de duas raças tão diferentes e muitas vezes hostis uma à outra?
Por um breve momento senti pânico. Não sabia como agir. Sabia apenas que precisava proteger meu filho a todo custo. Mas como fazer isso quando o pai dele estava em perigo nas mãos dos Volturi?

— Jacob precisa saber — murmurei, minha voz firme apesar do turbilhão de sentimentos.

Liah assentiu, compreendendo a urgência da situação.

— Vamos descobrir mais sobre isso depois. Porém eu acho melhor ninguém ficar sabendo disso — disse ela, sua voz recuperando a firmeza. - Algumas pessoas temem você e se descobrirem podem criar uma nova situação conflitosa. Além disso, se os Volturi souberem eles não hesitarão em usar isso contra vocês.

Assenti, Liah tinha razão, agora eu tinha uma nova responsabilidade que carregava. Jacob precisava de mim, e agora havia ainda mais em jogo.

— Onde estão os outros? — Perguntei, tentando me levantar da maca.

— Estão reunidos na casa de Sam — respondeu Liah, ajudando-me a ficar de pé. — Billy Black pediu uma reunião, haverá uma votação, pois, mesmo se tratando do tio Jay não podem obrigar a todos, muitos têm família.

Respirei fundo, sentindo a urgência da situação. Mas eu entendia a situação agora que eu também carregava um pequeno ser dentro de mim — Vamos até eles.

Liah me deu um olhar preocupado – Precisa esconder sua barriga – Ela falou me mostrando que a roupa que eu usava mostrava perfeitamente o meu inchaço.

Eu assenti – Encontro você na casa de Sam.

Eu nunca havia usado minha velocidade da forma como fiz naquela noite. Era arriscado, sabia disso. Mas precisava agir rápido, sem deixar rastros, sem que ninguém soubesse.

Deslizei pelas sombras, atravessando as ruas vazias e silenciosas. Meus pés mal tocavam o chão, minha respiração era apenas um sussurro. Cheguei à casa de meus avós sem ser notada, sem acordar ninguém. Abri a janela com cuidado, como se estivesse entrando em um mundo proibido. Minha mochila estava ali, escondida debaixo da cama. E dentro dela, a jaqueta de moletom de Jacob. Peguei-a com mãos trêmulas, sentindo o tecido macio e ainda impregnado com o seu cheiro. Fechei os olhos por um momento, deixando-me envolver por aquela lembrança dele.

Mas não podia me demorar. Não podia me perder na saudade, na dor da separação. Eu tinha um objetivo, uma promessa a cumprir. Prometi a mim mesma que o resgataria, que faria de tudo para tê-lo de volta.

Vesti a jaqueta por cima da minha própria roupa, deixando-a como um vestido que caía até os joelhos. Alisei o tecido, sentindo o conforto e a segurança que aquele simples item me trazia. Toquei o pequeno volume do meu abdômen, onde nosso filho estava crescendo, e sorri. Era por ele, por nós dois, que eu estava fazendo aquilo.

Respirei fundo, focando na missão que me aguardava. Saí pela janela tão silenciosamente quanto entrei, como se nunca tivesse estado ali.

Ao entrar na casa de Sam, fui recebida com olhares de preocupação por parte de todos. Billy foi o primeiro a se aproximar, seu rosto demonstrando uma mistura de curiosidade e apreensão.

— Nessie, você está bem? Ele perguntou, sua voz carregada de preocupação.

Forcei um sorriso, e olhei para Liah, ela sorriu e vi em seu pensamento “ pensa rápido Nessie”, enquanto pensava em algo para desviar o assunto do meu desmaio e evitando que fizessem mais perguntas.

— Estou bem, Billy, não se preocupem- Respondi rapidamente, tentando parecer o mais normal possível. - Acho que foi apenas pelo fato de ter usado meu dom ao máximo para localizar o Jake.

Liah pigarreou e pensou “ Para quem nem sabia mentir, se tornou uma grande mentirosa. ”

Ignorei Liah e me concentrei na conversa, a tensão era palpável. Estavam todos reunidos, discutindo sobre o resgate de Jacob. As notícias não eram boas. As chances de sucesso eram mínimas, mesmo que todos concordassem em nos unir para tentar.

— Mesmo que consigamos convencer todos a aceitarem a nossa ajuda, ainda seremos minoria- Disse Sam, sua voz carregada de preocupação. - E Jake não ficaria feliz em ver todos nós nos lançando em um suicídio coletivo.

Eu sentia um nó se formando em minha garganta. Não podíamos desistir, não podíamos deixar Jacob para trás. Mas as palavras de Sam tinham um peso de realidade difícil de ignorar.

Foi então que algo dentro de mim se acendeu. Uma determinação feroz, uma vontade inabalável de fazer o impossível se tornar possível.

— Se precisamos de um exército, nós teremos um exército- Disse eu, minha voz firme e decidida. - Não podemos desistir sem tentar tudo o que estiver ao nosso alcance.

Sam me olhou com surpresa, mas também com um brilho de esperança em seus olhos. Sabia que eu estava certa, que precisávamos lutar até o fim.

— Onde vamos conseguir um exército? Perguntou Sam.

— Encontro vocês ao amanhecer – Respondi.

Saí da casa de Sam e subi até o topo de um prédio no vilarejo. Ali, eu estava o mais próximo possível do céu, das estrelas que brilhavam como pequenas promessas de esperança.

Fechei os olhos e me concentrei. Busquei em todas as mentes do mundo, procurando por uma conhecida que poderia nos ajudar, alguém que tinha os meios e o poder necessários para fazer a diferença.

E então, encontrei. Senti sua presença em minha mente, seu amor e sua preocupação.

“ Finalmente filha, você despertou.”